‘Mão firme’ ou ‘decepção’: a mistura de sentimentos em Nova York, cidade de Trump
Na capital financeira e meca do turismo, com forte inclinação democrata, muitos imigrantes com direito ao voto confiaram no magnata, que centrou sua campanha em um discurso anti-imigração. A vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais levou a uma mistura de sentimentos em Nova York, uma cidade de imigrantes, onde a "decepção" dividia espaço com os defensores da "mão firme". Papel importante em vitória nos EUA: Trump avança em estados democratas, graças ao apoio de eleitorado latino, negro e rural Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Na capital financeira e meca do turismo, com forte inclinação democrata, muitos imigrantes com direito ao voto confiaram no magnata, que centrou sua campanha em um discurso anti-imigração. Nos últimos dois anos, a metrópole recebeu mais de 200 mil imigrantes, o que gerou uma crise sem precedentes para as finanças públicas. "Precisamos de um presidente com mão firme", que enfrente a imigração "desordenada" e cuide da economia, já que a inflação "não permite mais economizar nada", diz o filho de mãe portorriquenha e pai colombiano, Paul Meza, de 43 anos. Embora não tenha votado por questões administrativas, ele acredita que o governo democrata de Joe Biden se preocupou mais em ajudar os estrangeiros do que aos cidadãos americanos, "às custas dos nossos impostos", afirmou à AFP. O colombiano Diego Chávez, 62 anos, que trabalha na manutenção de um prédio comercial em Nova York, votou no ex-presidente republicano. "Por conveniência", disse à AFP, pois "a imigração é um problema", além da insegurança. Em sua casa, a mulher e a filha, estudante de jornalismo, também votaram no magnata do setor imobiliário, embora ele não tenha vencido em sua cidade natal, nem no estado. A democrata Kamala Harris ganhou com 55,8% dos votos. A jovem garçonete Josefina (ela prefere não revelar seu sobrenome), 31 anos, de origem mexicana e nascida nos Estados Unidos, também votou em Trump. "Não é justo" que os imigrantes que chegaram durante o governo Biden "recebam tantas ajudas, apartamentos gratuitos, escola para os filhos, enquanto aqueles que estão aqui há muito mais tempo não tenham nada disso", argumenta. Quando assumir a Presidência, caso cumpra o prometido em sua campanha eleitoral, Trump revogará o Status de Proteção Temporária (TPS), que beneficia cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos, e fará a "maior deportação da história dos Estados Unidos" de imigrantes sem documentos. De pária a presidente eleito: Como Trump (re)construiu seu caminho de volta à Casa Branca O republicano, que ocupou a Casa Branca de 2017 a 2021, prometeu revogar o direito de 'jus soli' (nacionalidade automática por nascimento), proibir a escolarização de filhos de indocumentados, separar crianças de seus pais na fronteira e desmantelar o sistema de asilo. Essas medidas podem afetar mais de 11 milhões de pessoas, em grande parte mexicanas, que vivem, trabalham e pagam impostos no país — em média, há 15 anos — sem conseguirem regularizar sua situação. Sonhos em cheque "Não conheço ninguém que não esteja preocupado hoje", comenta Iztel Hernández, uma mexicana de 31 anos que chegou aos Estados Unidos há 20 e é beneficiária do programa Daca, voltado para imigrantes que chegaram ao país ainda crianças, também conhecidos como "sonhadores". "Além do medo", o que se sente é "decepção", pois "a retórica venceu os fatos", disse ela por telefone à AFP. Em sua inflamada retórica contra a imigração, Trump descreve os estrangeiros como "animais" que estão "envenenando o sangue" do país, que teria se tornado "a lixeira do mundo". Ainda assim, ele deve sua vitória nesta eleição histórica, em parte, aos latinos, que representam 12% do eleitorado. Sem forças: Kamala anuncia que não vai discursar esta madrugada, em sinal de desânimo com votação nos EUA Segundo uma contagem da rede CBS, o republicano recebeu o apoio de 45% dos latinos que foram às urnas, em comparação com 53% de Kamala, uma enorme mudança em relação às eleições de 2020, quando 32% votaram em Trump e 65% em Joe Biden. O país não "crescerá sem imigração", afirma Iztel, que, diferentemente de Trump, considera os Estados Unidos "um belo caldeirão de pessoas de todo o mundo". "Sei que parece contraditório, mas acredito que a maioria dos americanos — e as pesquisas mostraram isso — apoia que as pessoas que estão aqui há muito tempo fiquem e querem também uma forma humana de entrar no país", conclui.
Na capital financeira e meca do turismo, com forte inclinação democrata, muitos imigrantes com direito ao voto confiaram no magnata, que centrou sua campanha em um discurso anti-imigração. A vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais levou a uma mistura de sentimentos em Nova York, uma cidade de imigrantes, onde a "decepção" dividia espaço com os defensores da "mão firme". Papel importante em vitória nos EUA: Trump avança em estados democratas, graças ao apoio de eleitorado latino, negro e rural Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Na capital financeira e meca do turismo, com forte inclinação democrata, muitos imigrantes com direito ao voto confiaram no magnata, que centrou sua campanha em um discurso anti-imigração. Nos últimos dois anos, a metrópole recebeu mais de 200 mil imigrantes, o que gerou uma crise sem precedentes para as finanças públicas. "Precisamos de um presidente com mão firme", que enfrente a imigração "desordenada" e cuide da economia, já que a inflação "não permite mais economizar nada", diz o filho de mãe portorriquenha e pai colombiano, Paul Meza, de 43 anos. Embora não tenha votado por questões administrativas, ele acredita que o governo democrata de Joe Biden se preocupou mais em ajudar os estrangeiros do que aos cidadãos americanos, "às custas dos nossos impostos", afirmou à AFP. O colombiano Diego Chávez, 62 anos, que trabalha na manutenção de um prédio comercial em Nova York, votou no ex-presidente republicano. "Por conveniência", disse à AFP, pois "a imigração é um problema", além da insegurança. Em sua casa, a mulher e a filha, estudante de jornalismo, também votaram no magnata do setor imobiliário, embora ele não tenha vencido em sua cidade natal, nem no estado. A democrata Kamala Harris ganhou com 55,8% dos votos. A jovem garçonete Josefina (ela prefere não revelar seu sobrenome), 31 anos, de origem mexicana e nascida nos Estados Unidos, também votou em Trump. "Não é justo" que os imigrantes que chegaram durante o governo Biden "recebam tantas ajudas, apartamentos gratuitos, escola para os filhos, enquanto aqueles que estão aqui há muito mais tempo não tenham nada disso", argumenta. Quando assumir a Presidência, caso cumpra o prometido em sua campanha eleitoral, Trump revogará o Status de Proteção Temporária (TPS), que beneficia cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos, e fará a "maior deportação da história dos Estados Unidos" de imigrantes sem documentos. De pária a presidente eleito: Como Trump (re)construiu seu caminho de volta à Casa Branca O republicano, que ocupou a Casa Branca de 2017 a 2021, prometeu revogar o direito de 'jus soli' (nacionalidade automática por nascimento), proibir a escolarização de filhos de indocumentados, separar crianças de seus pais na fronteira e desmantelar o sistema de asilo. Essas medidas podem afetar mais de 11 milhões de pessoas, em grande parte mexicanas, que vivem, trabalham e pagam impostos no país — em média, há 15 anos — sem conseguirem regularizar sua situação. Sonhos em cheque "Não conheço ninguém que não esteja preocupado hoje", comenta Iztel Hernández, uma mexicana de 31 anos que chegou aos Estados Unidos há 20 e é beneficiária do programa Daca, voltado para imigrantes que chegaram ao país ainda crianças, também conhecidos como "sonhadores". "Além do medo", o que se sente é "decepção", pois "a retórica venceu os fatos", disse ela por telefone à AFP. Em sua inflamada retórica contra a imigração, Trump descreve os estrangeiros como "animais" que estão "envenenando o sangue" do país, que teria se tornado "a lixeira do mundo". Ainda assim, ele deve sua vitória nesta eleição histórica, em parte, aos latinos, que representam 12% do eleitorado. Sem forças: Kamala anuncia que não vai discursar esta madrugada, em sinal de desânimo com votação nos EUA Segundo uma contagem da rede CBS, o republicano recebeu o apoio de 45% dos latinos que foram às urnas, em comparação com 53% de Kamala, uma enorme mudança em relação às eleições de 2020, quando 32% votaram em Trump e 65% em Joe Biden. O país não "crescerá sem imigração", afirma Iztel, que, diferentemente de Trump, considera os Estados Unidos "um belo caldeirão de pessoas de todo o mundo". "Sei que parece contraditório, mas acredito que a maioria dos americanos — e as pesquisas mostraram isso — apoia que as pessoas que estão aqui há muito tempo fiquem e querem também uma forma humana de entrar no país", conclui.
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