Julio Bocca, ex-dançarino estrela do American Ballet Theater, comandará o Ballet Nacional da Argentina
Bailarino argentino pretende enfrentar burocracias envolvendo horários de trabalho e aposentadoria dos funcionários do Teatro Colón, em Buenos Aires Julio Bocca, o mais famoso dançarino argentino da memória recente, será o próximo diretor artístico da companhia nacional de balé da Argentina, a partir de fevereiro, anunciou o Teatro Colón, em Buenos Aires, na terça-feira. Como estrela do American Ballet Theater, Bocca ficou conhecido por seu ardor e pela química explosiva no palco com a bailarina Alessandra Ferri. Quando ele se aposentou do balé, em 2007, a expectativa era que um dia pudesse dirigir a trupe nacional de balé da Argentina, sediada no venerável Teatro Colón, onde Bocca foi treinado e começou sua carreira profissional. Agora isso se tornou realidade. — O que eu quero é que esta companhia encontre seu lugar entre as melhores do mundo. Quero que o que acontece dentro do Teatro Colón seja tão celebrado quanto o próprio teatro — disse Bocca, numa videochamada de Buenos Aires. Aos 57 anos, ele será o eixo de uma nova equipe de liderança no Teatro Colón, incluindo novos diretores para a ópera e orquestra sinfônica, liderados pelo uruguaio Gerardo Grieco, um gerente experiente, que recentemente se tornou o diretor geral do teatro. Bocca e Grieco trabalharam juntos no Ballet Nacional Sodre em Montevidéu, Uruguai, onde Bocca foi o diretor de 2010 a 2017. Condições impossíveis O Teatro Colón em Buenos Aires, em 11 de novembro de 2024 Anita Pouchard Serra/The New York Times Bocca recusou duas vezes ofertas do Colón. Ele estava interessado, disse, mas "todas as vezes, quando eu dava minhas condições, me diziam que elas eram simplesmente impossíveis de cumprir". Essas condições incluíam mais horas de trabalho para os dançarinos, mais apresentações para a companhia, a presença dos dançarinos nas aulas diárias e a autonomia para tomar decisões artísticas sobre elenco e repertório. O que mudou? O governo da cidade, que controla o teatro, tem uma nova liderança desde o ano passado. A nova secretária de cultura, Gabriela Ricardes, fez da reforma do Colón uma prioridade. Numa entrevista por telefone, Ricardes disse que estava determinada a "encontrar as melhores pessoas". Era essencial, ela disse, mudar de um "modelo personalista e de cima para baixo para um modelo baseado no trabalho em equipe". Bocca era central para sua visão. "Ele representa tudo o que nós, argentinos, somos capazes", ela disse, "o melhor de nós". Revendo horários e aposentadorias É importante que Bocca chegue com o apoio de Ricardes e de Grieco, que tem longa experiência em negociações com sindicatos poderosos. "Eu carrego as cicatrizes", disse ele. Diretores de balé anteriores não tiveram esse apoio. Em 2022, Paloma Herrera — também uma estrela internacional estabelecida — renunciou ao cargo de diretora da companhia, citando desafios intratáveis: tempo de ensaio insuficiente e interferência nas decisões de elenco. "É impossível fazer mudanças significativas sem apoio político ou da direção", disse Herrera em uma mensagem do WhatsApp, "e eu nunca tive isso". Grieco já conseguiu adicionar uma hora extra à jornada de trabalho (para um total de seis), com um aumento salarial correspondente. Bocca espera que isso incentive os dançarinos a irem para a aula da manhã, que se enquadra no horário e que ele considera "parte do trabalho diário essencial necessário para atingir a excelência como dançarino". Outro desafio de longo prazo é que os dançarinos, como funcionários públicos, têm uma idade de aposentadoria de 65 anos. A maioria para de se apresentar muito antes dessa idade, então quase metade dos 88 membros da trupe não aparecem mais no palco. Dançarinos adicionais precisam ser contratados com contratos anuais. Ricardes e Grieco estão comprometidos em lidar com esse problema. Grieco disse que esperava que uma solução pudesse ser encontrada em dois ou três anos. "Estamos levando isso ao governo nacional", disse Ricardes, "e estamos nos esforçando muito para encontrar uma solução". Parcerias Julio Bocca levanta Xiomara Reyes em "Giselle" do American Ballet Theater, em Nova York, 12 de junho de 2006 Richard Termine/The New York Times Os planos de Bocca para a companhia são abrangentes: ele quer convidar coreógrafos como Christopher Wheeldon, Mats Ek e o espanhol Goyo Montero para fazer balés em Buenos Aires. Sua lista de desejos inclui obras de Nacho Duato, William Forsythe e Jiri Kylian, bem como o clássico do século XIX "Paquita". Ele gostaria de fazer coproduções com o Vienna State Ballet, agora liderado por Ferri, sua antiga parceira de dança; e o San Francisco Ballet, dirigido por Tamara Rojo, com quem também dançou. Bocca também planeja convidar instrutores convidados que desafiarão os dançarinos, incluindo José Manuel Carreño, um colega veterano do Ballet Theater, e Herrera. Ele está em negociações com a escola do Paris Opera Ballet sobre a criação de uma parceria com ela e a escola afiliada do Colón, o Instituto Superior de Arte. "A Óp
Bailarino argentino pretende enfrentar burocracias envolvendo horários de trabalho e aposentadoria dos funcionários do Teatro Colón, em Buenos Aires Julio Bocca, o mais famoso dançarino argentino da memória recente, será o próximo diretor artístico da companhia nacional de balé da Argentina, a partir de fevereiro, anunciou o Teatro Colón, em Buenos Aires, na terça-feira. Como estrela do American Ballet Theater, Bocca ficou conhecido por seu ardor e pela química explosiva no palco com a bailarina Alessandra Ferri. Quando ele se aposentou do balé, em 2007, a expectativa era que um dia pudesse dirigir a trupe nacional de balé da Argentina, sediada no venerável Teatro Colón, onde Bocca foi treinado e começou sua carreira profissional. Agora isso se tornou realidade. — O que eu quero é que esta companhia encontre seu lugar entre as melhores do mundo. Quero que o que acontece dentro do Teatro Colón seja tão celebrado quanto o próprio teatro — disse Bocca, numa videochamada de Buenos Aires. Aos 57 anos, ele será o eixo de uma nova equipe de liderança no Teatro Colón, incluindo novos diretores para a ópera e orquestra sinfônica, liderados pelo uruguaio Gerardo Grieco, um gerente experiente, que recentemente se tornou o diretor geral do teatro. Bocca e Grieco trabalharam juntos no Ballet Nacional Sodre em Montevidéu, Uruguai, onde Bocca foi o diretor de 2010 a 2017. Condições impossíveis O Teatro Colón em Buenos Aires, em 11 de novembro de 2024 Anita Pouchard Serra/The New York Times Bocca recusou duas vezes ofertas do Colón. Ele estava interessado, disse, mas "todas as vezes, quando eu dava minhas condições, me diziam que elas eram simplesmente impossíveis de cumprir". Essas condições incluíam mais horas de trabalho para os dançarinos, mais apresentações para a companhia, a presença dos dançarinos nas aulas diárias e a autonomia para tomar decisões artísticas sobre elenco e repertório. O que mudou? O governo da cidade, que controla o teatro, tem uma nova liderança desde o ano passado. A nova secretária de cultura, Gabriela Ricardes, fez da reforma do Colón uma prioridade. Numa entrevista por telefone, Ricardes disse que estava determinada a "encontrar as melhores pessoas". Era essencial, ela disse, mudar de um "modelo personalista e de cima para baixo para um modelo baseado no trabalho em equipe". Bocca era central para sua visão. "Ele representa tudo o que nós, argentinos, somos capazes", ela disse, "o melhor de nós". Revendo horários e aposentadorias É importante que Bocca chegue com o apoio de Ricardes e de Grieco, que tem longa experiência em negociações com sindicatos poderosos. "Eu carrego as cicatrizes", disse ele. Diretores de balé anteriores não tiveram esse apoio. Em 2022, Paloma Herrera — também uma estrela internacional estabelecida — renunciou ao cargo de diretora da companhia, citando desafios intratáveis: tempo de ensaio insuficiente e interferência nas decisões de elenco. "É impossível fazer mudanças significativas sem apoio político ou da direção", disse Herrera em uma mensagem do WhatsApp, "e eu nunca tive isso". Grieco já conseguiu adicionar uma hora extra à jornada de trabalho (para um total de seis), com um aumento salarial correspondente. Bocca espera que isso incentive os dançarinos a irem para a aula da manhã, que se enquadra no horário e que ele considera "parte do trabalho diário essencial necessário para atingir a excelência como dançarino". Outro desafio de longo prazo é que os dançarinos, como funcionários públicos, têm uma idade de aposentadoria de 65 anos. A maioria para de se apresentar muito antes dessa idade, então quase metade dos 88 membros da trupe não aparecem mais no palco. Dançarinos adicionais precisam ser contratados com contratos anuais. Ricardes e Grieco estão comprometidos em lidar com esse problema. Grieco disse que esperava que uma solução pudesse ser encontrada em dois ou três anos. "Estamos levando isso ao governo nacional", disse Ricardes, "e estamos nos esforçando muito para encontrar uma solução". Parcerias Julio Bocca levanta Xiomara Reyes em "Giselle" do American Ballet Theater, em Nova York, 12 de junho de 2006 Richard Termine/The New York Times Os planos de Bocca para a companhia são abrangentes: ele quer convidar coreógrafos como Christopher Wheeldon, Mats Ek e o espanhol Goyo Montero para fazer balés em Buenos Aires. Sua lista de desejos inclui obras de Nacho Duato, William Forsythe e Jiri Kylian, bem como o clássico do século XIX "Paquita". Ele gostaria de fazer coproduções com o Vienna State Ballet, agora liderado por Ferri, sua antiga parceira de dança; e o San Francisco Ballet, dirigido por Tamara Rojo, com quem também dançou. Bocca também planeja convidar instrutores convidados que desafiarão os dançarinos, incluindo José Manuel Carreño, um colega veterano do Ballet Theater, e Herrera. Ele está em negociações com a escola do Paris Opera Ballet sobre a criação de uma parceria com ela e a escola afiliada do Colón, o Instituto Superior de Arte. "A Ópera de Paris traz essa qualidade de detalhe, essa excelência, é o que mais precisamos agora", disse Bocca. Bocca espera que, ao fazer essas mudanças, o nível da companhia aumente, encorajando os dançarinos mais talentosos a permanecerem. Nas décadas anteriores, muitos, como Bocca e Herrera, partiram para companhias no exterior. "Há tanto talento aqui", disse ele, "precisamos valorizá-lo e exibi-lo". Ele já entrou em contato com dançarinos argentinos que trabalham em todo o mundo, perguntando se eles considerariam retornar. "Alguns disseram: 'Eu gostaria, mas vamos ver como as coisas vão.' Isso diz muito", disse ele com uma risada. Mas ele não se deixou intimidar. “Quando a cortina subir”, disse ele, “as pessoas deverão ver o melhor dos melhores”.
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