Irã x Israel: No caso de uma guerra, quais são as capacidades de ataque e defesa de ambos os lados? Veja em gráfico
Exército persa é quatro vezes maior que o judeu e também possui artilharia numericamente superior, mas muitos equipamentos estão defasados, segundo especialistas O Irã disparou cerca de 200 projéteis contra Israel nesta terça-feira, ativando sirenes de alerta em Tel Aviv, Jerusalém e outras regiões. Sistemas de defesa antiaérea israelenses foram acionados, e houve um impacto direto em um prédio no norte de Tel Aviv, segundo a mídia local, mas sem mortes relatadas e poucos feridos levemente. A Guarda Revolucionária do Irã assumiu a responsabilidade pelo ataque, que ocorreu em resposta às mortes do chefe do grupo xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, na semana passada, e do líder do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, morto em Teerã em julho, e ameaçou novos disparos caso Israel retalie a ação. Entenda: Como funciona a República Islâmica, que oscila entre teocracia xiita e ditadura militar Irã x Israel, de amigos a inimigos: Entenda como aliança do passado desmoronou até ataque iraniano a território israelense Os eventos são mais um capítulo da recente escalada de tensão no Oriente Médio, com Israel lançando uma série de ataques contra redutos do Hezbollah no Líbano e uma incursão terrestre "limitada" em regiões ao sul do território libanês. Em uma guerra hipotética entre essas duas potências militares do Oriente Médio, quem levaria a melhor? Capacidades militares de Israel e Irã Editoria de Arte Programa de mísseis Embora Israel tenha uma das Forças Armadas mais poderosas do Oriente Médio, com sistemas de monitoramento, defesa e ataque avançados, seu exército é considerado o 17º mais forte do mundo, enquanto o Exército iraniano ocupa a 14ª posição, segundo o Global Firepower, um ranking especializado em potências militares que analisa o arsenal de 145 países. A comparação é medida a partir do contingente e das capacidades militares de cada país. De acordo com o Global Firepower, Israel tem 169,5 mil militares ativos nas Forças Armadas, além de 35 mil paramilitares e 465 mil reservistas. O Irã, por sua vez, tem 610 mil militares ativos, 220 mil paramilitares e 350 mil reservistas, ou seja, um contingente ativo quatro vezes maior que o israelense. Estimativas de fontes de inteligência dos Estados Unidos indicam que o regime dos aiatolás conta com mais de 3 mil mísseis balísticos, de tipos e com alcances variados, incluindo alguns capazes de alcançar Israel. Uma dessas armas é o míssil Kheibar Shekan, com autonomia para atingir alvos a 1.450 km, distância similar à do país islâmico até Tel Aviv. A preocupação com esse míssil aumentou em janeiro, quando a Guarda Revolucionária o utilizou para atingir alvos inimigos na Síria. As Forças Armadas do Irã possuem ainda mísseis como o Sejjil, comprovadamente operacional, com capacidade de atingir um alvo a 2.000 km, de acordo com o Missile Defense Project, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), com base em Washington. A distância é suficiente para ameaçar Israel, Arábia Saudita e mesmo o sul da Europa. Há ainda o Soumar, míssil de cruzeiro com capacidade nuclear, desenvolvido a partir de um míssil russo, que está “presumivelmente” operacional e pode alcançar até 3.000 km, segundo o Missile Defense Project. Superioridade defasada O desenvolvimento de um arsenal de mísseis modernos se tornou uma prioridade para o Irã, como forma de projetar poder para além de suas fronteiras. De acordo com o Centro de Políticas dos Emirados Árabes Unidos, Teerã reservou 41% de seu orçamento militar do ano passado para o programa de mísseis. No entanto, enquanto projéteis cada vez mais tecnológicos, precisos e aerodinâmicos são desenvolvidos no Irã, organizações como o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), de Londres, avaliam que equipamentos das Forças Armadas, como tanques e aeronaves de combate, estão defasados. O sistema de detecção e destruição de mísseis do Irã também é inferior ao de Israel. As Forças Armadas israelenses contam com uma variedade de sistemas para bloquear ataques aéreos, entre eles o famoso Domo de Ferro, dedicado a foguetes de curto alcance (até 70 km de distância), e o Arrow, capaz de interceptar mísseis até 2.400 km de distância. Já os sistemas iranianos alcançam uma distância máxima de 320 km com o Bavar-373, lançado em 2019. Do mesmo modo, o orçamento de Defesa dos países é bastante discrepante: Israel possui uma despesa prevista de US$ 24,4 bilhões (R$ 126,5 bilhões) para este ano, enquanto a cifra iraniana é de US$ 9,9 bilhões (R$ 51,3 bilhões), segundo o Global Firepower com dados de abril. Armamento nuclear Por outro lado, há a questão dos armamentos nucleares. Ao contrário de Israel, oficialmente, o Irã não possui armas desse tipo. No entanto, uma fonte de inteligência israelense ouvida em anonimato pelo GLOBO afirmou que o país já tem a plataforma para lançamento de bombas nucleares (mísseis) e que a quantidade de urânio enriquecido necessária para fabricar
Exército persa é quatro vezes maior que o judeu e também possui artilharia numericamente superior, mas muitos equipamentos estão defasados, segundo especialistas O Irã disparou cerca de 200 projéteis contra Israel nesta terça-feira, ativando sirenes de alerta em Tel Aviv, Jerusalém e outras regiões. Sistemas de defesa antiaérea israelenses foram acionados, e houve um impacto direto em um prédio no norte de Tel Aviv, segundo a mídia local, mas sem mortes relatadas e poucos feridos levemente. A Guarda Revolucionária do Irã assumiu a responsabilidade pelo ataque, que ocorreu em resposta às mortes do chefe do grupo xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, na semana passada, e do líder do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, morto em Teerã em julho, e ameaçou novos disparos caso Israel retalie a ação. Entenda: Como funciona a República Islâmica, que oscila entre teocracia xiita e ditadura militar Irã x Israel, de amigos a inimigos: Entenda como aliança do passado desmoronou até ataque iraniano a território israelense Os eventos são mais um capítulo da recente escalada de tensão no Oriente Médio, com Israel lançando uma série de ataques contra redutos do Hezbollah no Líbano e uma incursão terrestre "limitada" em regiões ao sul do território libanês. Em uma guerra hipotética entre essas duas potências militares do Oriente Médio, quem levaria a melhor? Capacidades militares de Israel e Irã Editoria de Arte Programa de mísseis Embora Israel tenha uma das Forças Armadas mais poderosas do Oriente Médio, com sistemas de monitoramento, defesa e ataque avançados, seu exército é considerado o 17º mais forte do mundo, enquanto o Exército iraniano ocupa a 14ª posição, segundo o Global Firepower, um ranking especializado em potências militares que analisa o arsenal de 145 países. A comparação é medida a partir do contingente e das capacidades militares de cada país. De acordo com o Global Firepower, Israel tem 169,5 mil militares ativos nas Forças Armadas, além de 35 mil paramilitares e 465 mil reservistas. O Irã, por sua vez, tem 610 mil militares ativos, 220 mil paramilitares e 350 mil reservistas, ou seja, um contingente ativo quatro vezes maior que o israelense. Estimativas de fontes de inteligência dos Estados Unidos indicam que o regime dos aiatolás conta com mais de 3 mil mísseis balísticos, de tipos e com alcances variados, incluindo alguns capazes de alcançar Israel. Uma dessas armas é o míssil Kheibar Shekan, com autonomia para atingir alvos a 1.450 km, distância similar à do país islâmico até Tel Aviv. A preocupação com esse míssil aumentou em janeiro, quando a Guarda Revolucionária o utilizou para atingir alvos inimigos na Síria. As Forças Armadas do Irã possuem ainda mísseis como o Sejjil, comprovadamente operacional, com capacidade de atingir um alvo a 2.000 km, de acordo com o Missile Defense Project, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), com base em Washington. A distância é suficiente para ameaçar Israel, Arábia Saudita e mesmo o sul da Europa. Há ainda o Soumar, míssil de cruzeiro com capacidade nuclear, desenvolvido a partir de um míssil russo, que está “presumivelmente” operacional e pode alcançar até 3.000 km, segundo o Missile Defense Project. Superioridade defasada O desenvolvimento de um arsenal de mísseis modernos se tornou uma prioridade para o Irã, como forma de projetar poder para além de suas fronteiras. De acordo com o Centro de Políticas dos Emirados Árabes Unidos, Teerã reservou 41% de seu orçamento militar do ano passado para o programa de mísseis. No entanto, enquanto projéteis cada vez mais tecnológicos, precisos e aerodinâmicos são desenvolvidos no Irã, organizações como o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), de Londres, avaliam que equipamentos das Forças Armadas, como tanques e aeronaves de combate, estão defasados. O sistema de detecção e destruição de mísseis do Irã também é inferior ao de Israel. As Forças Armadas israelenses contam com uma variedade de sistemas para bloquear ataques aéreos, entre eles o famoso Domo de Ferro, dedicado a foguetes de curto alcance (até 70 km de distância), e o Arrow, capaz de interceptar mísseis até 2.400 km de distância. Já os sistemas iranianos alcançam uma distância máxima de 320 km com o Bavar-373, lançado em 2019. Do mesmo modo, o orçamento de Defesa dos países é bastante discrepante: Israel possui uma despesa prevista de US$ 24,4 bilhões (R$ 126,5 bilhões) para este ano, enquanto a cifra iraniana é de US$ 9,9 bilhões (R$ 51,3 bilhões), segundo o Global Firepower com dados de abril. Armamento nuclear Por outro lado, há a questão dos armamentos nucleares. Ao contrário de Israel, oficialmente, o Irã não possui armas desse tipo. No entanto, uma fonte de inteligência israelense ouvida em anonimato pelo GLOBO afirmou que o país já tem a plataforma para lançamento de bombas nucleares (mísseis) e que a quantidade de urânio enriquecido necessária para fabricar armas está perto de ser alcançada. Israel trabalha com uma estimativa de que a arma possa ser alcançada em dois anos. Em um relatório confidencial recente, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) revelou ter "preocupações" com o programa iraniano. Os dados do documento mostraram que Teerã aumentou a quantidade de urânio enriquecido nos últimos meses, superando os limites impostos pelo Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA, em inglês), um acordo firmado em 2015 — um texto considerado quase morto desde que foi abandonado pelos EUA, durante a administração Trump, e para o qual os americanos nunca retornaram. (Colaboraram Thayz Guimarães e Renato Vasconcelos).
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