Irã x Israel: entenda os riscos e as vantagens da alta do petróleo para o Brasil

A escalada do conflito no Oriente Médio, com o ataque de Irã a Israel, nesta terça-feira, levou o barril do petróleo a fechar com uma alta forte para um dia, de 2,6%, com o barril chegando a US$ 73,56 . Segundo analistas é cedo para dizer qual será a curva de preços do petróleo nesse cenário de guerra. No início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o preço do barril chegou aos US$ 100; de lá para cá, no entanto, a oferta de óleo no mercado cresceu, inclusive com aumento do volume produzido pelo Brasil, a demanda caiu, com o arrefecimento da economia chinesa, e as cotações chegaram ao patamar de US$ 70. Análise: Ataque contra Israel mostra 'vitória' da linha-dura do Irã, mesmo com riscos à sobrevivência do regime O maior risco para uma explosão de preços é o fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa um terço do petróleo produzido no mundo, diz Adriano Pires, sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie). Pires diz que o Brasil, como grande exportador, pode lucrar com essa alta, mas que aumenta a pressão sobre a inflação. — Do ponto de vista estrutural, num primeiro momento, não há por que subir muito. A oferta de petróleo no mundo aumentou e houve uma queda na demanda. O que pode fazer ele subir é essa questão geopolítica, dependendo de como Irã, que é um grande produtor, vai entrar e se vai entrar na guerra, se de uma maneira mais tímida, se é de uma maneira mais violenta, se vai fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa um terço da produção global do petróleo. Se isso acontecer, o petróleo vai a mais de US$ 100 — diz Pires. Pires lembra que o Brasil é hoje o novo produtor mundial de petróleo. O óleo, é hoje, o produto mais importante da nossa balança comercial. Uma alta do barril, portanto, teria efeito positivo na balança comercial brasileira e também na arrecadação de royalties, que beneficia de forma significativa o estado do Rio. Por outro lado, há o impacto sobre a inflação. Acompanhe ao vivo: Irã lança dezenas de mísseis contra Israel, que aciona sistema de defesa em todo o país — O Brasil é hoje o maior exportador de petróleo da América Latina. Então, o aumento do petróleo no mercado internacional é bom para o Brasil se pensarmos o país como um grande exportador e incrementa a arrecadação de royalties, o que beneficia o Rio. Por outro lado, a alta do petróleo repercute na inflação, se aumentar a gasolina e o diesel, e a taxa já está no limite do teto, o que é ruim para o Brasil. Se o aumento do mercado externo não for repassado para evitar essa contaminação também é ruim, pois isso vai significar, mais uma vez, o uso político da Petrobras — explica. Independente do que venha a acontecer, a incerteza já imprime uma tendência de alta nesse mercado, que tem como característica a grande volatilidade de preço. Em 12 meses fechados em setembro, o barril teve cotação mínima de US$ 69 e máxima de US$ 93, destaca o professor Helder Queiroz, coordenador do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da UFRJ. — E no preço de petróleo hoje em dia não é só inclusive o mercado físico que conta. Hoje em dia qualquer fundo de investimento tem na sua cesta contratos de petróleo. Então, quando acontecem eventos assim, começa a ter uma tendência de aumento da demanda por contratos, são contratos de hedge, de cobertura, que acabam retroalimentando, reforçando a tendência altista até por questões especulativas, porque ninguém sabe o que vai acontecer. Para Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, se considerarmos outros momentos de tensão e o gráfico recente, não seria difícil visualizar o preço na faixa dos US$ 80, inclusive foi o patamar de preço mais negociado nos últimos seis meses. Bolsa e dólar Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, lembra que, em termos de infraestrutura, o Irã produz cerca de 3 milhões de barris de petróleo por dia, e, para que os mísseis cheguem a Israel, eles passariam pelo território iraquiano. O Iraque, por sua vez, produz aproximadamente 4 milhões de barris diários. Dependendo da rota dos mísseis, o Líbano ou a Síria também podem ser afetados. — Somando as produções do Irã e do Iraque, estamos falando de cerca de 7 milhões de barris diários em risco, o que corresponde a aproximadamente 7% da demanda global de petróleo. Esse cenário aumenta a vulnerabilidade da oferta, o que é rapidamente refletido nos preços do mercado — explica. O Ibovespa apresentou alta na sessão de hoje. O índice avançou 0,51%, aos 132.495 pontos, variando entre 131.817 na mínima e 133.405 pontos na máxima, impulsionado pela subida mais expressiva das ações da Petrobras. Segundo ele, com a alta dos preços do petróleo, as ações dessas empresas tendem a se valorizar. Papéis de petrolíferas brasileiras ligadas à commodity acompanharam o barril: os papéis preferenciais da Petrobras (PN, sem voto) e ordinários (ON, sem voto) subiram 2,67% cada, a R$ 36,97 (PN) e R$ 40,32 (ON); a Prio subiu 2,15%, a R$ 44,26, enquanto a Brava (ex-3R) sub

Oct 2, 2024 - 02:29
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Irã x Israel: entenda os riscos e as vantagens da alta do petróleo para o Brasil

A escalada do conflito no Oriente Médio, com o ataque de Irã a Israel, nesta terça-feira, levou o barril do petróleo a fechar com uma alta forte para um dia, de 2,6%, com o barril chegando a US$ 73,56 . Segundo analistas é cedo para dizer qual será a curva de preços do petróleo nesse cenário de guerra. No início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o preço do barril chegou aos US$ 100; de lá para cá, no entanto, a oferta de óleo no mercado cresceu, inclusive com aumento do volume produzido pelo Brasil, a demanda caiu, com o arrefecimento da economia chinesa, e as cotações chegaram ao patamar de US$ 70. Análise: Ataque contra Israel mostra 'vitória' da linha-dura do Irã, mesmo com riscos à sobrevivência do regime O maior risco para uma explosão de preços é o fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa um terço do petróleo produzido no mundo, diz Adriano Pires, sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie). Pires diz que o Brasil, como grande exportador, pode lucrar com essa alta, mas que aumenta a pressão sobre a inflação. — Do ponto de vista estrutural, num primeiro momento, não há por que subir muito. A oferta de petróleo no mundo aumentou e houve uma queda na demanda. O que pode fazer ele subir é essa questão geopolítica, dependendo de como Irã, que é um grande produtor, vai entrar e se vai entrar na guerra, se de uma maneira mais tímida, se é de uma maneira mais violenta, se vai fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa um terço da produção global do petróleo. Se isso acontecer, o petróleo vai a mais de US$ 100 — diz Pires. Pires lembra que o Brasil é hoje o novo produtor mundial de petróleo. O óleo, é hoje, o produto mais importante da nossa balança comercial. Uma alta do barril, portanto, teria efeito positivo na balança comercial brasileira e também na arrecadação de royalties, que beneficia de forma significativa o estado do Rio. Por outro lado, há o impacto sobre a inflação. Acompanhe ao vivo: Irã lança dezenas de mísseis contra Israel, que aciona sistema de defesa em todo o país — O Brasil é hoje o maior exportador de petróleo da América Latina. Então, o aumento do petróleo no mercado internacional é bom para o Brasil se pensarmos o país como um grande exportador e incrementa a arrecadação de royalties, o que beneficia o Rio. Por outro lado, a alta do petróleo repercute na inflação, se aumentar a gasolina e o diesel, e a taxa já está no limite do teto, o que é ruim para o Brasil. Se o aumento do mercado externo não for repassado para evitar essa contaminação também é ruim, pois isso vai significar, mais uma vez, o uso político da Petrobras — explica. Independente do que venha a acontecer, a incerteza já imprime uma tendência de alta nesse mercado, que tem como característica a grande volatilidade de preço. Em 12 meses fechados em setembro, o barril teve cotação mínima de US$ 69 e máxima de US$ 93, destaca o professor Helder Queiroz, coordenador do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da UFRJ. — E no preço de petróleo hoje em dia não é só inclusive o mercado físico que conta. Hoje em dia qualquer fundo de investimento tem na sua cesta contratos de petróleo. Então, quando acontecem eventos assim, começa a ter uma tendência de aumento da demanda por contratos, são contratos de hedge, de cobertura, que acabam retroalimentando, reforçando a tendência altista até por questões especulativas, porque ninguém sabe o que vai acontecer. Para Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, se considerarmos outros momentos de tensão e o gráfico recente, não seria difícil visualizar o preço na faixa dos US$ 80, inclusive foi o patamar de preço mais negociado nos últimos seis meses. Bolsa e dólar Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, lembra que, em termos de infraestrutura, o Irã produz cerca de 3 milhões de barris de petróleo por dia, e, para que os mísseis cheguem a Israel, eles passariam pelo território iraquiano. O Iraque, por sua vez, produz aproximadamente 4 milhões de barris diários. Dependendo da rota dos mísseis, o Líbano ou a Síria também podem ser afetados. — Somando as produções do Irã e do Iraque, estamos falando de cerca de 7 milhões de barris diários em risco, o que corresponde a aproximadamente 7% da demanda global de petróleo. Esse cenário aumenta a vulnerabilidade da oferta, o que é rapidamente refletido nos preços do mercado — explica. O Ibovespa apresentou alta na sessão de hoje. O índice avançou 0,51%, aos 132.495 pontos, variando entre 131.817 na mínima e 133.405 pontos na máxima, impulsionado pela subida mais expressiva das ações da Petrobras. Segundo ele, com a alta dos preços do petróleo, as ações dessas empresas tendem a se valorizar. Papéis de petrolíferas brasileiras ligadas à commodity acompanharam o barril: os papéis preferenciais da Petrobras (PN, sem voto) e ordinários (ON, sem voto) subiram 2,67% cada, a R$ 36,97 (PN) e R$ 40,32 (ON); a Prio subiu 2,15%, a R$ 44,26, enquanto a Brava (ex-3R) subiu 1,87, a R$ 17,96. Durante as negociações, algumas alcançaram alta expressiva, de mais de 4%. Arbetman salienta que, além disso, ativos relacionados ao setor de defesa e combate no Brasil também sofrem impactos, especialmente porque muitos investidores optam por operar no setor de commodities por meio de ações. No caso do Brasil, as empresas juniores do setor de petróleo têm atraído mais atenção, já que, ao investir nelas, se elimina o risco político presente na Petrobras. Em relação ao dólar, o analista considera que ainda é cedo para prever os impactos dessa situação, pois essa não é a primeira vez que o Irã realiza um ataque desse tipo. A moeda fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 5,4640. — Precisamos acompanhar os desdobramentos para entender melhor como isso pode influenciar o mercado de câmbio e a Bolsa de Valores. Neste momento, os maiores efeitos estão concentrados no petróleo, mas a situação está em evolução.

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