Imigrantes como os brasileiros podem votar nas eleições nos EUA? Entenda

Lei americana veta não cidadãos de participarem de eleições federais, e apurações independentes indicam que número de casos é mínimo, apesar das alegações contrárias de ,Trump Em sua nova tentativa de chegar à Casa Branca, o ex-presidente Donald Trump e seus apoiadores repetiram um argumento que atacou frontalmente a integridade do processo eleitoral americano. Em uma narrativa que remonta as denúncias infundadas de Trump sobre fraude que sustenta desde 2020, os republicanos afirmaram reiteradamente que eleitores irregulares — incluindo imigrantes ilegais — estariam votando para presidente — algo refutado por opositores, autoridades e observadores dos campos progressista e conservador. Eleições americanas: Acompanhe a cobertura completa da disputa entre Trump x Kamala Eleições nos EUA: Quais são os estados que definirão o vencedor e como votaram em 2020? As alegações de Trump, reforçadas por apoiadores com grande projeção, como o bilionário Elon Musk e o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, afirmam que imigrantes e pessoas sem direito a voto estariam participando do processo eleitoral em curso. Em outros momentos, foi sugerido que o Partido Democrata estaria "importando eleitores" para garantir maioria — tema abordado por Musk em 22 publicações desde julho em suas redes sociais, segundo uma análise feita pela BBC Verify, em parceria com a empresa de análise de dados Node XL. — Nossas eleições são ruins, e estão tentando colocar muitos desses imigrantes ilegais que estão chegando para votar — disse Trump durante o debate presidencial com Kamala Harris, em setembro. Initial plugin text Apesar de apontado repetidamente como uma ameaça à integridade das eleições, a lei americana proíbe o voto de imigrantes na eleição para presidente. Legalmente, apenas cidadãos americanos podem votar nas eleições presidenciais — com um número diminuto de condados permitindo que outras pessoas em situação legal no país (como residentes permanentes, por exemplo) votem em eleições locais apenas. A lei sobre eleições federais e estaduais sequer faz distinção entre imigrantes em situação regular ou irregular: mesmo quem detém o "green card", ou seja, o direito à residência permanente, é impedido de votar para eleger o ocupante da Casa Branca. A única alternativa para uma pessoa nascida fora dos EUA e sem nacionalidade americana de ter direito a votar para presidente, é passar por um processo de naturalização — o que envolve uma burocracia ainda mais difícil de superar do que a necessária para conseguir o green card. Quem tentar burlar o sistema podem pegar até cinco anos de prisão, a ser cumprida em presídio federal, além de ficar sujeito a outras consequências migratórias, como deportação. Tracker do GLOBO: Pesquisa revela eleição acirrada entre Kamala e Trump nos EUA; veja cenários Sem registro de ilegalidades Apesar da vedação legal, Trump, apoiadores e alguns centros de estudo conservadores afirmam exatamente que os votos do eleitorado imigrante está sendo confirmado de maneira ilegal pelos centros de votação — uma alegação que contraria relatórios e estudos estatísticos, incluindo alguns realizados por centros conservadores, que mostram um número de casos nulo perante o total de eleitores. Uma análise de 2017 do Brennan Center for Justice, uma organização progressista sem fins lucrativos, mostrou que autoridades eleitorais em 42 jurisdições encontraram apenas cerca de 30 incidentes de potencial voto de não-cidadãos na eleição de 2016 — entre mais de 23,5 milhões de votos emitidos. O Cato Institute, um think tank libertário, chamou as alegações de votação em massa por não-cidadãos de "falsas" neste ano, após revisar políticas estaduais e auditorias anteriores. Entenda o que é o Colégio Eleitoral, sistema adotado na eleição para presidente dos EUA Mesmo a Heritage Foundation, o think tank conservador por trás do polêmico Projeto 2025, que vem repercutindo e amplificando a narrativa de Trump com a preocupação com votos ilegais — tendo inclusive publicado um vídeo viral que apresentou como prova de que pessoas sem cidadania estariam registrados para votar na Geórgia, em uma estimativa de 47 mil pessoas — publicou estudos que demonstram que o total de votos confirmados por não-cidadãos é mínima ao longo dos anos. Uma revisão feita pelo Washington Post em um banco de dados da organização aponta que a Heritage documentou apenas 85 casos relacionados a alegações de não-cidadãos votando entre 2002 e 2023. O secretário de Estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, afirmou que a estimativa divulgada era uma "farsa", e refutou que o estado estivesse registrando eleitores indiscriminadamente. Autoridades locais que investigaram as alegações também disseram não ter encontrado nenhum registro irregular das pessoas filmadas pela organização. Pressionado por Trump em 2020 para "encontrar votos" em seu favor, Raffensperger anunciou em outubro que o estado havia encontrado apenas 20 não-cidadãos entre 8,2 milhõe

Nov 5, 2024 - 15:36
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Imigrantes como os brasileiros podem votar nas eleições nos EUA? Entenda

Lei americana veta não cidadãos de participarem de eleições federais, e apurações independentes indicam que número de casos é mínimo, apesar das alegações contrárias de ,Trump Em sua nova tentativa de chegar à Casa Branca, o ex-presidente Donald Trump e seus apoiadores repetiram um argumento que atacou frontalmente a integridade do processo eleitoral americano. Em uma narrativa que remonta as denúncias infundadas de Trump sobre fraude que sustenta desde 2020, os republicanos afirmaram reiteradamente que eleitores irregulares — incluindo imigrantes ilegais — estariam votando para presidente — algo refutado por opositores, autoridades e observadores dos campos progressista e conservador. Eleições americanas: Acompanhe a cobertura completa da disputa entre Trump x Kamala Eleições nos EUA: Quais são os estados que definirão o vencedor e como votaram em 2020? As alegações de Trump, reforçadas por apoiadores com grande projeção, como o bilionário Elon Musk e o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, afirmam que imigrantes e pessoas sem direito a voto estariam participando do processo eleitoral em curso. Em outros momentos, foi sugerido que o Partido Democrata estaria "importando eleitores" para garantir maioria — tema abordado por Musk em 22 publicações desde julho em suas redes sociais, segundo uma análise feita pela BBC Verify, em parceria com a empresa de análise de dados Node XL. — Nossas eleições são ruins, e estão tentando colocar muitos desses imigrantes ilegais que estão chegando para votar — disse Trump durante o debate presidencial com Kamala Harris, em setembro. Initial plugin text Apesar de apontado repetidamente como uma ameaça à integridade das eleições, a lei americana proíbe o voto de imigrantes na eleição para presidente. Legalmente, apenas cidadãos americanos podem votar nas eleições presidenciais — com um número diminuto de condados permitindo que outras pessoas em situação legal no país (como residentes permanentes, por exemplo) votem em eleições locais apenas. A lei sobre eleições federais e estaduais sequer faz distinção entre imigrantes em situação regular ou irregular: mesmo quem detém o "green card", ou seja, o direito à residência permanente, é impedido de votar para eleger o ocupante da Casa Branca. A única alternativa para uma pessoa nascida fora dos EUA e sem nacionalidade americana de ter direito a votar para presidente, é passar por um processo de naturalização — o que envolve uma burocracia ainda mais difícil de superar do que a necessária para conseguir o green card. Quem tentar burlar o sistema podem pegar até cinco anos de prisão, a ser cumprida em presídio federal, além de ficar sujeito a outras consequências migratórias, como deportação. Tracker do GLOBO: Pesquisa revela eleição acirrada entre Kamala e Trump nos EUA; veja cenários Sem registro de ilegalidades Apesar da vedação legal, Trump, apoiadores e alguns centros de estudo conservadores afirmam exatamente que os votos do eleitorado imigrante está sendo confirmado de maneira ilegal pelos centros de votação — uma alegação que contraria relatórios e estudos estatísticos, incluindo alguns realizados por centros conservadores, que mostram um número de casos nulo perante o total de eleitores. Uma análise de 2017 do Brennan Center for Justice, uma organização progressista sem fins lucrativos, mostrou que autoridades eleitorais em 42 jurisdições encontraram apenas cerca de 30 incidentes de potencial voto de não-cidadãos na eleição de 2016 — entre mais de 23,5 milhões de votos emitidos. O Cato Institute, um think tank libertário, chamou as alegações de votação em massa por não-cidadãos de "falsas" neste ano, após revisar políticas estaduais e auditorias anteriores. Entenda o que é o Colégio Eleitoral, sistema adotado na eleição para presidente dos EUA Mesmo a Heritage Foundation, o think tank conservador por trás do polêmico Projeto 2025, que vem repercutindo e amplificando a narrativa de Trump com a preocupação com votos ilegais — tendo inclusive publicado um vídeo viral que apresentou como prova de que pessoas sem cidadania estariam registrados para votar na Geórgia, em uma estimativa de 47 mil pessoas — publicou estudos que demonstram que o total de votos confirmados por não-cidadãos é mínima ao longo dos anos. Uma revisão feita pelo Washington Post em um banco de dados da organização aponta que a Heritage documentou apenas 85 casos relacionados a alegações de não-cidadãos votando entre 2002 e 2023. O secretário de Estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, afirmou que a estimativa divulgada era uma "farsa", e refutou que o estado estivesse registrando eleitores indiscriminadamente. Autoridades locais que investigaram as alegações também disseram não ter encontrado nenhum registro irregular das pessoas filmadas pela organização. Pressionado por Trump em 2020 para "encontrar votos" em seu favor, Raffensperger anunciou em outubro que o estado havia encontrado apenas 20 não-cidadãos entre 8,2 milhões de eleitores registrados. Uma auditoria anterior que ele conduziu em 2022, revisando pleitos dos últimos 25 anos, identificou 1.634 pessoas que tentaram se registrar para votar, mas cuja cidadania não pôde ser verificada. Nenhuma foi autorizada a ir às urnas. (Com NYT)

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