Grande avanço na luta contra o câncer é a maior compreensão da doença, dizem especialistas em live
No encontro realizado nesta quarta-feira, médicos falaram sobre prevenção, tratamento, diagnóstico, inteligência artificial e importância do acesso Muitos avanços na prevenção, no diagnóstico e no tratamento do câncer foram feitos nos últimos anos. E muito mais está por vir, de acordo com os especialistas que participaram ontem da terceira live “O futuro da luta contra o câncer”, a terceira e última live do hub Viver o Câncer. O encontro foi realizado pelos jornais O GLOBO e Extra e teve patrocínio da Oncoclínicas&Co. Participaram da live o oncologista Bruno Andraus Filardi, que é oncogeneticista e pesquisador na Biomab e na DNA Guide; João Viola, coordenador de Pesquisa e Inovação e vice-diretor geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca); e Tatiane Montella, colíder nacional de oncologia torácica da Oncoclínicas&Co, coordenadora de oncologia da Casa de Saúde São José e oncologista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A mediação foi da editora-assistente de Saúde, Constança Tatsch. Tatiane Montella começou explicando o grande divisor de águas no combate ao câncer: a maior compreensão da doença: — As últimas décadas mostraram o quanto a ciência e a tecnologia colaboraram no combate ao câncer, mas eu daria enfoque principal ao entendimento da doença em si. Hoje compreendemos melhor o câncer do que no passado. Antes, entendíamos como uma doença única, e agora já entendemos como várias. De acordo com João Viola, hoje o câncer já pode ser considerado 150 ou até 200 doenças. E é a partir dessas descobertas que nasce a medicina de precisão: — Os tumores têm as suas assinaturas, que podem ser individualizadas até para o mesmo tipo tumoral, mas que em pessoas diferentes podem ser diferentes. Tem que individualizar e entender qual o melhor tratamento para a paciente A, B ou C, mesmo que todas elas digam “eu tenho câncer de mama”. Isso é a individualização do tratamento, ou medicina de precisão. Consequentemente, as respostas terapêuticas serão melhores, haverá menos efeitos colaterais e direcionaremos tratamentos mais eficazes. E isso já acontece para todos os tipo tumorais. É o futuro, que já chegou, mas ainda vai andar muito. No encontro, os especialistas também falaram sobre a prevenção. — Os fatores de risco estão diretamente relacionados a essa doença. É aquilo que a gente já fala: cigarro, álcool, a obesidade são grandes fatores de risco. Hoje temos abordagens diferentes e mais modernas para falar da prevenção — diz a oncologista. Bruno Andraus Filardi explicou a equação entre risco e fatores ambientais. — A epigenética é como um disjuntor: às vezes tenho uma alteração genética, mas o que leva ao processo de doença, que vai expressar ou não a proteína? Tenho uma pessoa com uma predisposição hereditária a um tipo de câncer, mas ela pode desligar essa proteína (graças aos fatores ambientais). É o fator a que se atribui a epidemia de câncer em pessoas jovens — explicou. Tecnologias A inteligência artificial também foi tema da conversa. — Padrões específicos podem ser reconhecidos pelas máquinas e se a gente treina a máquina para ver esse padrão, ela vai reconhecer toda vez que vê aquilo. Eu posso mostrar a lesão num raio-X de pulmão para a máquina e ela vai ver isso 1 milhão, 2 milhões, 200 milhões de vezes e aprenderá a identificar sempre aquela imagem. Isso vai ajudar muito em termos de rapidez e acesso— afirmou Viola. Os avanços também aconteceram no tratamento do câncer, e Tatiane Montella resumiu algumas dessas mudanças: — Hoje a gente fala em oncologia e cirurgias minimamente invasivas, inclusive com as cirurgias robóticas que têm bons resultados e menor tempo de internação. Também tivemos ganhos na radioterapia, que a melhorou com a tecnologia, diminuindo efeitos colaterais e oferecendo melhores desfechos. Um grande marco em relação tratamento foram as terapia-alvo direcionadas e no cenário da imunoterapia, quando a gente estimula o nosso próprio sistema imune para que entenda que aquela célula não é saudável e a combata. Diante de tantas novidades, os médicos falaram da necessidade de levar esses recursos ao maior número possível de brasileiros. — Nenhum avanço vai fazer sentido se nós, como país, não conseguirmos organizar isso e levar para a população como um todo. Nós vemos a disparidade hoje de levar a tecnologia para o SUS, não é simples de resolver, mas o foco deveria ser esse: dar acesso. É a diferença entre eficácia e efetividade: não adianta ter terapia eficaz, se não chegar às pessoas, não tem efetividade nenhuma — afirmou Bruno Filardi. Do Inca, João Viola ainda complementou: — As políticas de prevenção são fundamentais, principalmente, os avanços recentes são enormes em termos de diagnóstico e tratamento, mas o principal é dar acesso à toda população que tem necessidade. Com novas tecnologias, o custo também aumenta, e ele tem que ser minorizado ou pode colocar os sistemas em não funcionamento. Então a gente tem que ter políticas de incorporação, temos que fazer bem feito
No encontro realizado nesta quarta-feira, médicos falaram sobre prevenção, tratamento, diagnóstico, inteligência artificial e importância do acesso Muitos avanços na prevenção, no diagnóstico e no tratamento do câncer foram feitos nos últimos anos. E muito mais está por vir, de acordo com os especialistas que participaram ontem da terceira live “O futuro da luta contra o câncer”, a terceira e última live do hub Viver o Câncer. O encontro foi realizado pelos jornais O GLOBO e Extra e teve patrocínio da Oncoclínicas&Co. Participaram da live o oncologista Bruno Andraus Filardi, que é oncogeneticista e pesquisador na Biomab e na DNA Guide; João Viola, coordenador de Pesquisa e Inovação e vice-diretor geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca); e Tatiane Montella, colíder nacional de oncologia torácica da Oncoclínicas&Co, coordenadora de oncologia da Casa de Saúde São José e oncologista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A mediação foi da editora-assistente de Saúde, Constança Tatsch. Tatiane Montella começou explicando o grande divisor de águas no combate ao câncer: a maior compreensão da doença: — As últimas décadas mostraram o quanto a ciência e a tecnologia colaboraram no combate ao câncer, mas eu daria enfoque principal ao entendimento da doença em si. Hoje compreendemos melhor o câncer do que no passado. Antes, entendíamos como uma doença única, e agora já entendemos como várias. De acordo com João Viola, hoje o câncer já pode ser considerado 150 ou até 200 doenças. E é a partir dessas descobertas que nasce a medicina de precisão: — Os tumores têm as suas assinaturas, que podem ser individualizadas até para o mesmo tipo tumoral, mas que em pessoas diferentes podem ser diferentes. Tem que individualizar e entender qual o melhor tratamento para a paciente A, B ou C, mesmo que todas elas digam “eu tenho câncer de mama”. Isso é a individualização do tratamento, ou medicina de precisão. Consequentemente, as respostas terapêuticas serão melhores, haverá menos efeitos colaterais e direcionaremos tratamentos mais eficazes. E isso já acontece para todos os tipo tumorais. É o futuro, que já chegou, mas ainda vai andar muito. No encontro, os especialistas também falaram sobre a prevenção. — Os fatores de risco estão diretamente relacionados a essa doença. É aquilo que a gente já fala: cigarro, álcool, a obesidade são grandes fatores de risco. Hoje temos abordagens diferentes e mais modernas para falar da prevenção — diz a oncologista. Bruno Andraus Filardi explicou a equação entre risco e fatores ambientais. — A epigenética é como um disjuntor: às vezes tenho uma alteração genética, mas o que leva ao processo de doença, que vai expressar ou não a proteína? Tenho uma pessoa com uma predisposição hereditária a um tipo de câncer, mas ela pode desligar essa proteína (graças aos fatores ambientais). É o fator a que se atribui a epidemia de câncer em pessoas jovens — explicou. Tecnologias A inteligência artificial também foi tema da conversa. — Padrões específicos podem ser reconhecidos pelas máquinas e se a gente treina a máquina para ver esse padrão, ela vai reconhecer toda vez que vê aquilo. Eu posso mostrar a lesão num raio-X de pulmão para a máquina e ela vai ver isso 1 milhão, 2 milhões, 200 milhões de vezes e aprenderá a identificar sempre aquela imagem. Isso vai ajudar muito em termos de rapidez e acesso— afirmou Viola. Os avanços também aconteceram no tratamento do câncer, e Tatiane Montella resumiu algumas dessas mudanças: — Hoje a gente fala em oncologia e cirurgias minimamente invasivas, inclusive com as cirurgias robóticas que têm bons resultados e menor tempo de internação. Também tivemos ganhos na radioterapia, que a melhorou com a tecnologia, diminuindo efeitos colaterais e oferecendo melhores desfechos. Um grande marco em relação tratamento foram as terapia-alvo direcionadas e no cenário da imunoterapia, quando a gente estimula o nosso próprio sistema imune para que entenda que aquela célula não é saudável e a combata. Diante de tantas novidades, os médicos falaram da necessidade de levar esses recursos ao maior número possível de brasileiros. — Nenhum avanço vai fazer sentido se nós, como país, não conseguirmos organizar isso e levar para a população como um todo. Nós vemos a disparidade hoje de levar a tecnologia para o SUS, não é simples de resolver, mas o foco deveria ser esse: dar acesso. É a diferença entre eficácia e efetividade: não adianta ter terapia eficaz, se não chegar às pessoas, não tem efetividade nenhuma — afirmou Bruno Filardi. Do Inca, João Viola ainda complementou: — As políticas de prevenção são fundamentais, principalmente, os avanços recentes são enormes em termos de diagnóstico e tratamento, mas o principal é dar acesso à toda população que tem necessidade. Com novas tecnologias, o custo também aumenta, e ele tem que ser minorizado ou pode colocar os sistemas em não funcionamento. Então a gente tem que ter políticas de incorporação, temos que fazer bem feito o que já fazemos bem, dos tratamentos e diagnósticos que já conhecemos, e incorporar de maneira racional o novo — diz. A live encontro ficará disponível no YouTube e Facebook do GLOBO e Facebook do Extra para quem quiser rever ou compartilhar esse conteúdo.
Qual é a sua reação?