Governo Lula vê com 'preocupação' vitória de Trump diante de protecionismo, impacto sobre real e negacionismo climático
Interlocutores do presidente também demonstram receio com a aproximação entre o americano e o bolsonarismo Diante da vitória de Donald Trump na eleição dos Estados Unidos, o clima em Brasília é de "preocupação", segundo integrantes do governo Lula. Com base no que ocorreu no primeiro mandato do republicano, há o temor de aumento do protecionismo, volta do negacionismo climático e impacto negativo na economia. Apuração: veja contagem dos votos ao vivo Mudança: vitória de Trump indica guinada radical na relação da Casa Branca com a América Latina O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre demonstrou predileção por Kamala Harris. Na última sexta-feira, o presidente chegou a dizer que estava "torcendo" para a democrata ganhar. Há dúvidas se essa declaração, dada em entrevista ao canal francês TF1, poderá afetar o humor de Trump nas relações com o Brasil. — Como eu sou amante da democracia, acho que é a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para bem governar nosso planeta, eu obviamente fico torcendo para Kamala Harris ganhar as eleições — afirmou. Nas palavras de um integrante da área econômica, a volta de Trump à Casa Branca "vai ser um desastre". Conforme O GLOBO mostrou no último sábado, entre as preocupações do governo Lula, uma delas é a proximidade de Trump com o bolsonarismo. Projetos de interesse do Brasil poderiam ser afetados por influência de membros da oposição brasileira com acesso ao republicano. Um deles seria Eduardo, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e deputado federal pelo PL de São Paulo. Um integrante do governo brasileiro disse que o Brasil buscará manter boas relações com os EUA. Os dois países têm uma agenda "histórica e densa", e não seria a troca de mandatário que acabaria com o pragmatismo que sempre houve. Além disso, a expectativa é que a América Latina se torne ainda menos prioritária para a Casa Branca, que se voltará ainda mais para outras regiões, como Oriente Médio e Ásia. No entanto, a avaliação de técnicos da área econômica é que a economia brasileira poderá ser afetada negativamente. Trump prometeu aumentar as tarifas de importação a níveis elevados para proteger os produtores nacionais e reduzir impostos domésticos, alimentando a inflação, os juros e o protecionismo americano, com consequências para o Brasil e outros países em desenvolvimento. Como fez em seu primeiro mandato, Trump deve trabalhar para conter o avanço da China no comércio internacional. E a imposição de tarifas pesadas sobre os produtos chineses, em um momento em que a economia do país asiático enfrenta dificuldades, também teria impacto sobre o real, com a redução da demanda por bens brasileiros. A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Sob o ponto de vista multilateral, existe o temor de retrocesso dos EUA em questões como medidas para combater o aquecimento global, a taxação dos super ricos e o combate à fome e à pobreza. O atual presidente americano, Joe Biden, poderá até dar aval a essas propostas na reunião de líderes do G20, este mês, no Rio de Janeiro. Mas suas posições tendem a cair no vazio, com uma possível reviravolta a partir do ano que vem.
Interlocutores do presidente também demonstram receio com a aproximação entre o americano e o bolsonarismo Diante da vitória de Donald Trump na eleição dos Estados Unidos, o clima em Brasília é de "preocupação", segundo integrantes do governo Lula. Com base no que ocorreu no primeiro mandato do republicano, há o temor de aumento do protecionismo, volta do negacionismo climático e impacto negativo na economia. Apuração: veja contagem dos votos ao vivo Mudança: vitória de Trump indica guinada radical na relação da Casa Branca com a América Latina O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre demonstrou predileção por Kamala Harris. Na última sexta-feira, o presidente chegou a dizer que estava "torcendo" para a democrata ganhar. Há dúvidas se essa declaração, dada em entrevista ao canal francês TF1, poderá afetar o humor de Trump nas relações com o Brasil. — Como eu sou amante da democracia, acho que é a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para bem governar nosso planeta, eu obviamente fico torcendo para Kamala Harris ganhar as eleições — afirmou. Nas palavras de um integrante da área econômica, a volta de Trump à Casa Branca "vai ser um desastre". Conforme O GLOBO mostrou no último sábado, entre as preocupações do governo Lula, uma delas é a proximidade de Trump com o bolsonarismo. Projetos de interesse do Brasil poderiam ser afetados por influência de membros da oposição brasileira com acesso ao republicano. Um deles seria Eduardo, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e deputado federal pelo PL de São Paulo. Um integrante do governo brasileiro disse que o Brasil buscará manter boas relações com os EUA. Os dois países têm uma agenda "histórica e densa", e não seria a troca de mandatário que acabaria com o pragmatismo que sempre houve. Além disso, a expectativa é que a América Latina se torne ainda menos prioritária para a Casa Branca, que se voltará ainda mais para outras regiões, como Oriente Médio e Ásia. No entanto, a avaliação de técnicos da área econômica é que a economia brasileira poderá ser afetada negativamente. Trump prometeu aumentar as tarifas de importação a níveis elevados para proteger os produtores nacionais e reduzir impostos domésticos, alimentando a inflação, os juros e o protecionismo americano, com consequências para o Brasil e outros países em desenvolvimento. Como fez em seu primeiro mandato, Trump deve trabalhar para conter o avanço da China no comércio internacional. E a imposição de tarifas pesadas sobre os produtos chineses, em um momento em que a economia do país asiático enfrenta dificuldades, também teria impacto sobre o real, com a redução da demanda por bens brasileiros. A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Sob o ponto de vista multilateral, existe o temor de retrocesso dos EUA em questões como medidas para combater o aquecimento global, a taxação dos super ricos e o combate à fome e à pobreza. O atual presidente americano, Joe Biden, poderá até dar aval a essas propostas na reunião de líderes do G20, este mês, no Rio de Janeiro. Mas suas posições tendem a cair no vazio, com uma possível reviravolta a partir do ano que vem.
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