França 'não está isolada' em oposição a acordo UE-Mercosul, diz Macron
Presidente francês é visto como principal obstáculo ao avanço do acordo. Haddad planeja conversar com ele sobre o assunto na noite de hoje O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou hoje, em intervalo das atividades do G20 no Brasil, que o seu país "não está isolado" em sua oposição ao estado atual do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, segundo informou a agência de notícias AFP. O presidente francês é apontado como o principal obstáculo para o avanço do acordo, já que sofre forte pressão de agricultores em seu país. Hoje, houve vários protestos da categoria na França contra o acordo e a possível concorrência com produtos agrícolas do Brasil e da Argentina, principalmente. Risco cibernético: Declaração do G20 alerta para o impacto 'dramático' da inteligência artificial na difusão de desinformação No G20: ministro reforça compromisso de tirar país do Mapa da Fome até 2026 e nega cortes no Bolsa Família e no BPC O texto, "por ter sido negociado há muitas décadas, baseia-se em condições prévias que estão desatualizadas", disse o presidente francês a jornalistas no Rio. Ele afirmou ainda que também surgiu a ideia de "repensar a relação com esta sub-região, seja o Mercosul, ou talvez o Brasil, porque entendo que a Argentina talvez não tenha interesse em fazê-lo em um marco regional". Macron afirmou que propôs a Lula empreender "novos trabalhos para tentar desenvolver um marco de investimentos conjunto, mas que proteja" a agricultura francesa e europeia. — Realmente não queremos importar produtos agrícolas que não respeitem as regras que nós mesmos nos autoimpusemos — afirmou o francês, referindo-se a normas ambientais e sanitárias que os agricultores franceses cobram do Mercosul como forma de impedir a entrada em vigor do acordo. A Comissão Europeia, com o apoio de vários países importantes do bloco, como Alemanha e Espanha, são favoráveis ao fechamento do acordo de livre comércio com o Mercosul antes do fim deste ano. As negociações se prolongam desde 1999. Se a Comissão Europeia levar o tratado adiante sem o consenso francês, Paris precisaria do apoio de outros países para bloquear a aprovação. Precisaria formar a chamada "minoria de bloqueio" com ao menos quatro dos 27 países da UE em caso de os apoiadores da decisão não alcançarem 65% da população do bloco. A Itália se juntou à oposição da França hoje. O ministro da Agricultura, Francesco Lollobrigida, criticou o acordo, afirmando que "em sua forma atual, não é aceitável". O que levou Macron a declarar hoje: — Contrariamente ao que muitos pensam, a França não está isolada, e muitos países nos apoiam. Haddad quer tentar convencê-lo O ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, pretendia abordar o tema com Macron durante as atividades de hoje no G20 e particularmente num jantar na noite de hoje, na Casa Firjan, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Segundo a colunista do GLOBO Renata Agostini, o jantar foi organizado pelo governo francês e não havia previsão de uma pauta específica. Haddad, contudo, foi preparado para abordar o acordo Mercosul-União Europeia com o mandatário. As últimas declarações do presidente francês preocuparam o governo brasileiro. Apesar das resistências da França serem conhecidas, a declaração enfática de Macron pareceu acrescentar camada adicional de dificuldade à ambição brasileira de finalizar o acordo ainda neste ano. O ministro deixou o jantar e entrou no hotel em que está hospedado em Copacabana sem falar com a imprensa. (Com AFP)
Presidente francês é visto como principal obstáculo ao avanço do acordo. Haddad planeja conversar com ele sobre o assunto na noite de hoje O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou hoje, em intervalo das atividades do G20 no Brasil, que o seu país "não está isolado" em sua oposição ao estado atual do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, segundo informou a agência de notícias AFP. O presidente francês é apontado como o principal obstáculo para o avanço do acordo, já que sofre forte pressão de agricultores em seu país. Hoje, houve vários protestos da categoria na França contra o acordo e a possível concorrência com produtos agrícolas do Brasil e da Argentina, principalmente. Risco cibernético: Declaração do G20 alerta para o impacto 'dramático' da inteligência artificial na difusão de desinformação No G20: ministro reforça compromisso de tirar país do Mapa da Fome até 2026 e nega cortes no Bolsa Família e no BPC O texto, "por ter sido negociado há muitas décadas, baseia-se em condições prévias que estão desatualizadas", disse o presidente francês a jornalistas no Rio. Ele afirmou ainda que também surgiu a ideia de "repensar a relação com esta sub-região, seja o Mercosul, ou talvez o Brasil, porque entendo que a Argentina talvez não tenha interesse em fazê-lo em um marco regional". Macron afirmou que propôs a Lula empreender "novos trabalhos para tentar desenvolver um marco de investimentos conjunto, mas que proteja" a agricultura francesa e europeia. — Realmente não queremos importar produtos agrícolas que não respeitem as regras que nós mesmos nos autoimpusemos — afirmou o francês, referindo-se a normas ambientais e sanitárias que os agricultores franceses cobram do Mercosul como forma de impedir a entrada em vigor do acordo. A Comissão Europeia, com o apoio de vários países importantes do bloco, como Alemanha e Espanha, são favoráveis ao fechamento do acordo de livre comércio com o Mercosul antes do fim deste ano. As negociações se prolongam desde 1999. Se a Comissão Europeia levar o tratado adiante sem o consenso francês, Paris precisaria do apoio de outros países para bloquear a aprovação. Precisaria formar a chamada "minoria de bloqueio" com ao menos quatro dos 27 países da UE em caso de os apoiadores da decisão não alcançarem 65% da população do bloco. A Itália se juntou à oposição da França hoje. O ministro da Agricultura, Francesco Lollobrigida, criticou o acordo, afirmando que "em sua forma atual, não é aceitável". O que levou Macron a declarar hoje: — Contrariamente ao que muitos pensam, a França não está isolada, e muitos países nos apoiam. Haddad quer tentar convencê-lo O ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, pretendia abordar o tema com Macron durante as atividades de hoje no G20 e particularmente num jantar na noite de hoje, na Casa Firjan, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Segundo a colunista do GLOBO Renata Agostini, o jantar foi organizado pelo governo francês e não havia previsão de uma pauta específica. Haddad, contudo, foi preparado para abordar o acordo Mercosul-União Europeia com o mandatário. As últimas declarações do presidente francês preocuparam o governo brasileiro. Apesar das resistências da França serem conhecidas, a declaração enfática de Macron pareceu acrescentar camada adicional de dificuldade à ambição brasileira de finalizar o acordo ainda neste ano. O ministro deixou o jantar e entrou no hotel em que está hospedado em Copacabana sem falar com a imprensa. (Com AFP)
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