Europa busca frente unida após retorno de Trump à Presidência dos EUA
Volta do republicano à Casa Branca e o colapso da aliança governamental na Alemanha conduziu a reunião com líderes europeus Os líderes europeus iniciaram uma reunião em Budapeste, capital da Hungria, nesta quinta-feira com uma agenda focada na economia e na migração, mas também marcada pela necessidade de mostrar uma frente unida diante de Donald Trump, após sua vitória contundente nas eleições presidenciais dos EUA. Eleições americanas 2024: Trump deve começar a definir novo Gabinete; acompanhe ao vivo Com controle do Congresso e Judiciário 'aliado': Trump deve governar sem contrapesos em novo mandato — A situação na Europa é difícil, complicada e perigosa — disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, anfitrião do evento. O presidente francês, Emmanuel Macron, por sua vez, afirmou que o continente europeu estava vivendo um momento “decisivo”. Um total de 47 líderes europeus participam da quinta cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE), que reúne os 27 membros da União Europeia e cerca de 20 convidados. Também na cidade de Budapeste, uma outra cúpula da União Europeia está programada para esta sexta-feira. A CPE chegou a programar mesas redondas temáticas sobre migração e segurança econômica, mas o resultado das eleições nos EUA tornou-se claramente a questão mais importante do encontro. Além disso, o colapso da aliança governamental na Alemanha, na quarta-feira, levantou outro ponto de interrogação política para o bloco europeu. Rússia e Coreia do Norte: Secretário-geral da Otan quer conversa com Trump sobre aliança O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse, em sua chegada à reunião, que tinha confiança nas “instituições democráticas alemãs”. O primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, enfatizou que é preciso "um governo forte e unido na Alemanha". Em vista da gravidade da crise, o chefe do governo alemão, o chanceler Olaf Scholz, afirmou que planeja chegar a Budapeste apenas no final da tarde desta quinta-feira, após o término da cúpula. Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lembrou que “nas democracias, temos eleições e construção de governos”. Macron — que ainda se recupera de uma derrota nas recentes eleições legislativas — comentou que essa era uma oportunidade de recuperar a defesa da autonomia do bloco. — É hora de agir, defender nossos interesses nacionais e europeus, acreditar em nossa soberania, em uma autonomia estratégica. Presidente da França, Emmanuel Macron (esq.), é cumprimentado pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, ao chegar para a Cúpula da Comunidade Política Europeia em Budapeste Ferenc ISZA / AFP Initial plugin text 'Hora de despertarmos' O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, por sua vez, afirmou que “chegou a hora de despertarmos de nossa inocência geopolítica". — Precisamos ser realistas. Não podemos manter uma parceria transatlântica em uma posição de fragilidade — disse ele. Guga Chacra: Trump, Gaza e Ucrânia A percepção generalizada, com base nas declarações de Trump durante a campanha, é que o continente europeu deve mostrar unidade e se preparar para as dificuldades na área comercial. Na campanha, Trump disse que a UE era uma “mini-China” que abusa de seus parceiros americanos em busca de superávits comerciais. E adiantou que considerava a ideia de adotar tarifas entre 10% e 20% sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos, cenário que preocupa muitos líderes europeus. — Trabalharemos de forma positiva com o novo governo Trump. Tenho alguma experiência de trabalho com Trump durante seu primeiro mandato. Acho que é muito importante que analisemos juntos quais são nossos interesses comuns — disse Von der Leyen nesta quinta-feira. Situação da Ucrânia Se a eleição de Trump levanta questões na Europa sobre o futuro das relações comerciais e o papel da Otan — a aliança militar ocidental, liderada pelos EUA —, a questão é particularmente sensível em relação à Ucrânia. Trump já questionou várias vezes a ajuda de Washington a Kiev, em uma postura que levantou preocupações óbvias nas capitais europeias. Entenda: Com Trump reeleito, EUA podem retirar o apoio à Ucrânia na guerra com a Rússia? O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participa da sessão plenária de abertura da Cúpula da Comunidade Política Europeia em Budapeste Foto de Attila KISBENEDEK / AFP Ao sediar a reunião da CPE e a cúpula da UE, o primeiro-ministro húngaro claramente se posiciona como um interlocutor necessário entre os países europeus e Trump. Além disso, não faz segredo de suas boas relações com o presidente russo Vladimir Putin, assumindo, assim, um papel central. Para o primeiro-ministro finlandês, o bloco europeu deve enviar uma “mensagem clara aos Estados Unidos e ao novo governo de que apoiaremos a Ucrânia tanto quanto necessário". — Deve ser uma mensagem clara e forte — enfatizou Petteri Orpo. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participou como convidado da cúpula, mas não fez nenhuma declar
Volta do republicano à Casa Branca e o colapso da aliança governamental na Alemanha conduziu a reunião com líderes europeus Os líderes europeus iniciaram uma reunião em Budapeste, capital da Hungria, nesta quinta-feira com uma agenda focada na economia e na migração, mas também marcada pela necessidade de mostrar uma frente unida diante de Donald Trump, após sua vitória contundente nas eleições presidenciais dos EUA. Eleições americanas 2024: Trump deve começar a definir novo Gabinete; acompanhe ao vivo Com controle do Congresso e Judiciário 'aliado': Trump deve governar sem contrapesos em novo mandato — A situação na Europa é difícil, complicada e perigosa — disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, anfitrião do evento. O presidente francês, Emmanuel Macron, por sua vez, afirmou que o continente europeu estava vivendo um momento “decisivo”. Um total de 47 líderes europeus participam da quinta cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE), que reúne os 27 membros da União Europeia e cerca de 20 convidados. Também na cidade de Budapeste, uma outra cúpula da União Europeia está programada para esta sexta-feira. A CPE chegou a programar mesas redondas temáticas sobre migração e segurança econômica, mas o resultado das eleições nos EUA tornou-se claramente a questão mais importante do encontro. Além disso, o colapso da aliança governamental na Alemanha, na quarta-feira, levantou outro ponto de interrogação política para o bloco europeu. Rússia e Coreia do Norte: Secretário-geral da Otan quer conversa com Trump sobre aliança O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse, em sua chegada à reunião, que tinha confiança nas “instituições democráticas alemãs”. O primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, enfatizou que é preciso "um governo forte e unido na Alemanha". Em vista da gravidade da crise, o chefe do governo alemão, o chanceler Olaf Scholz, afirmou que planeja chegar a Budapeste apenas no final da tarde desta quinta-feira, após o término da cúpula. Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lembrou que “nas democracias, temos eleições e construção de governos”. Macron — que ainda se recupera de uma derrota nas recentes eleições legislativas — comentou que essa era uma oportunidade de recuperar a defesa da autonomia do bloco. — É hora de agir, defender nossos interesses nacionais e europeus, acreditar em nossa soberania, em uma autonomia estratégica. Presidente da França, Emmanuel Macron (esq.), é cumprimentado pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, ao chegar para a Cúpula da Comunidade Política Europeia em Budapeste Ferenc ISZA / AFP Initial plugin text 'Hora de despertarmos' O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, por sua vez, afirmou que “chegou a hora de despertarmos de nossa inocência geopolítica". — Precisamos ser realistas. Não podemos manter uma parceria transatlântica em uma posição de fragilidade — disse ele. Guga Chacra: Trump, Gaza e Ucrânia A percepção generalizada, com base nas declarações de Trump durante a campanha, é que o continente europeu deve mostrar unidade e se preparar para as dificuldades na área comercial. Na campanha, Trump disse que a UE era uma “mini-China” que abusa de seus parceiros americanos em busca de superávits comerciais. E adiantou que considerava a ideia de adotar tarifas entre 10% e 20% sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos, cenário que preocupa muitos líderes europeus. — Trabalharemos de forma positiva com o novo governo Trump. Tenho alguma experiência de trabalho com Trump durante seu primeiro mandato. Acho que é muito importante que analisemos juntos quais são nossos interesses comuns — disse Von der Leyen nesta quinta-feira. Situação da Ucrânia Se a eleição de Trump levanta questões na Europa sobre o futuro das relações comerciais e o papel da Otan — a aliança militar ocidental, liderada pelos EUA —, a questão é particularmente sensível em relação à Ucrânia. Trump já questionou várias vezes a ajuda de Washington a Kiev, em uma postura que levantou preocupações óbvias nas capitais europeias. Entenda: Com Trump reeleito, EUA podem retirar o apoio à Ucrânia na guerra com a Rússia? O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participa da sessão plenária de abertura da Cúpula da Comunidade Política Europeia em Budapeste Foto de Attila KISBENEDEK / AFP Ao sediar a reunião da CPE e a cúpula da UE, o primeiro-ministro húngaro claramente se posiciona como um interlocutor necessário entre os países europeus e Trump. Além disso, não faz segredo de suas boas relações com o presidente russo Vladimir Putin, assumindo, assim, um papel central. Para o primeiro-ministro finlandês, o bloco europeu deve enviar uma “mensagem clara aos Estados Unidos e ao novo governo de que apoiaremos a Ucrânia tanto quanto necessário". — Deve ser uma mensagem clara e forte — enfatizou Petteri Orpo. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participou como convidado da cúpula, mas não fez nenhuma declaração, nem conversou com jornalistas.
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