Entrevista: 'Núcleo do governo tem que entender melhor as pessoas', diz Camilo Santana
Titular do MEC avalia que falta à gestão Lula encaixar melhor a comunicação, pede ‘reflexão’ ao PT diante dos recados da eleição municipal e diz que responsabilidade fiscal é necessária para entregar resultados Único ministro do PT a eleger um aliado em capital, com Evandro Leitão (PT) em Fortaleza, Camilo Santana afirma que o governo precisa fazer uma reflexão profunda para entender quais são as prioridades das pessoas e verificar por que parte da população mais empobrecida, principal beneficiária de programas sociais, não está mais votando no PT. Fim da escala 6x1: ainda engatinhando na Câmara, PEC de Erika Hilton ganha fôlego nas redes sociais Sem precedentes, negociação por anistia a Bolsonaro enfrenta entraves políticos e jurídicos; entenda Em entrevista ao GLOBO, o ministro da Educação pede que o partido faça uma avaliação com “humildade” do resultado eleitoral, diz que falta comunicação ao governo e defende que o Congresso aprove até o fim do ano o projeto que proíbe o uso de celular nas escolas. Leia a entrevista completa: O PL elegeu quatro prefeitos em capitais, dois deles no Nordeste (Maceió e Aracaju). O que explica esse avanço da direita numa região onde o PT costuma ser forte? Não vejo isso. Existe essa polarização. Do ponto de vista nacional, o (ex-presidente Jair) Bolsonaro perdeu. O país foi muito mais para o centrão e para a centro-direita. A maior parte da densidade eleitoral do PT hoje está concentrada no Nordeste. Como reconquistar a relevância em outras regiões? É um momento importante para o PT fazer uma reflexão, principalmente no Sudeste, em São Paulo, que foi o berço do partido. E fazer uma avaliação com muita humildade, tranquilidade, para entender o que tem mudado no cenário político, na comunicação com as pessoas. Precisamos renovar os quadros. Digo isso não só do ponto de vista político, partidário e eleitoral, mas do ponto de vista do governo. O PT é o partido que mais criou programas sociais para olhar para os mais pobres, e parte dessa população não votou no PT. Então, precisamos entender a falta de comunicação. E não é falta de propaganda. É preciso compreender de que forma estamos nos relacionando com a população enquanto governo. Se o governo prioriza os mais pobres com suas políticas, por que uma parte dessa população não vota no PT? A gente precisa fazer pesquisas científicas, qualitativas, para entender um pouco o sentimento das pessoas. Quais são as prioridades delas? Tem que entender essa dinâmica. E não é só no Brasil, é no mundo inteiro. Tem eleição do (Donald) Trump nos Estados Unidos, do (Javier) Milei na Argentina... O governo precisa fazer uma reflexão para compreender essa dinâmica que está acontecendo e ver as estratégias que são importantes para dialogar melhor com a população, com a família e com o sentimento das pessoas. Considero que um dos temas que abala e atinge a grande maioria da população brasileira é a segurança. O Brasil não é um país produtor de droga, ela entra pelas fronteiras. As organizações criminosas tomaram conta de alguns espaços no país. Nenhum governador sozinho vai conseguir resolver esse problema. O senhor defende uma virada no governo? Não é questão de virada. O Lula é um grande estadista e o maior presidente da História desse país. Mas o núcleo central do governo precisa estar com todas as informações científicas, qualitativas, para que a gente possa entender melhor essa dinâmica e qual estratégia a gente precisa. Porque, às vezes, as pessoas não têm a compreensão. O senhor foi o único ministro do PT que conseguiu eleger aliado em capital. O que falta para o partido reconquistar votos nas maiores cidades brasileiras? Cada estado tem uma realidade diferente. No caso específico do Ceará, nós temos um projeto que tem trazido resultados importantes para o estado, com avanços importantes na educação, na economia e no crescimento do estado. As pessoas estão reconhecendo isso. Nas capitais, é um público que depende menos do Estado, das políticas públicas. Qual deve ser o norte para a construção da aliança de Lula em 2026? Atrair o centro e a direita são prioridades? Quanto mais a gente conseguir unir e agregar. Eu fui governador com apoio dos partidos de centro, PP, PSD, MDB e Republicanos. Agora mesmo, o Evandro (Leitão, prefeito eleito de Fortaleza) tem apoio do PP, PSD e Republicanos. Defendo que é importante o diálogo, construir consensos. Democracia é isso. Há grupos do PT que defendem maior protagonismo do senhor para discutir os rumos do partido. Pretende assumir esse papel? O meu estilo é de contribuir. Nada é pessoal, tudo é um projeto. E eu aceitei o convite do presidente para vir para cá, porque eu acredito que o caminho é por meio da educação. Nós não vamos conseguir resolver todos os problemas, mas você precisa priorizar aquilo que é mais importante. O que eu quero neste momento é contribuir com o governo do presidente Lula, que, para mim, é um grande líder, muito maior do que o próprio PT. Respeito muito a liderança da
Titular do MEC avalia que falta à gestão Lula encaixar melhor a comunicação, pede ‘reflexão’ ao PT diante dos recados da eleição municipal e diz que responsabilidade fiscal é necessária para entregar resultados Único ministro do PT a eleger um aliado em capital, com Evandro Leitão (PT) em Fortaleza, Camilo Santana afirma que o governo precisa fazer uma reflexão profunda para entender quais são as prioridades das pessoas e verificar por que parte da população mais empobrecida, principal beneficiária de programas sociais, não está mais votando no PT. Fim da escala 6x1: ainda engatinhando na Câmara, PEC de Erika Hilton ganha fôlego nas redes sociais Sem precedentes, negociação por anistia a Bolsonaro enfrenta entraves políticos e jurídicos; entenda Em entrevista ao GLOBO, o ministro da Educação pede que o partido faça uma avaliação com “humildade” do resultado eleitoral, diz que falta comunicação ao governo e defende que o Congresso aprove até o fim do ano o projeto que proíbe o uso de celular nas escolas. Leia a entrevista completa: O PL elegeu quatro prefeitos em capitais, dois deles no Nordeste (Maceió e Aracaju). O que explica esse avanço da direita numa região onde o PT costuma ser forte? Não vejo isso. Existe essa polarização. Do ponto de vista nacional, o (ex-presidente Jair) Bolsonaro perdeu. O país foi muito mais para o centrão e para a centro-direita. A maior parte da densidade eleitoral do PT hoje está concentrada no Nordeste. Como reconquistar a relevância em outras regiões? É um momento importante para o PT fazer uma reflexão, principalmente no Sudeste, em São Paulo, que foi o berço do partido. E fazer uma avaliação com muita humildade, tranquilidade, para entender o que tem mudado no cenário político, na comunicação com as pessoas. Precisamos renovar os quadros. Digo isso não só do ponto de vista político, partidário e eleitoral, mas do ponto de vista do governo. O PT é o partido que mais criou programas sociais para olhar para os mais pobres, e parte dessa população não votou no PT. Então, precisamos entender a falta de comunicação. E não é falta de propaganda. É preciso compreender de que forma estamos nos relacionando com a população enquanto governo. Se o governo prioriza os mais pobres com suas políticas, por que uma parte dessa população não vota no PT? A gente precisa fazer pesquisas científicas, qualitativas, para entender um pouco o sentimento das pessoas. Quais são as prioridades delas? Tem que entender essa dinâmica. E não é só no Brasil, é no mundo inteiro. Tem eleição do (Donald) Trump nos Estados Unidos, do (Javier) Milei na Argentina... O governo precisa fazer uma reflexão para compreender essa dinâmica que está acontecendo e ver as estratégias que são importantes para dialogar melhor com a população, com a família e com o sentimento das pessoas. Considero que um dos temas que abala e atinge a grande maioria da população brasileira é a segurança. O Brasil não é um país produtor de droga, ela entra pelas fronteiras. As organizações criminosas tomaram conta de alguns espaços no país. Nenhum governador sozinho vai conseguir resolver esse problema. O senhor defende uma virada no governo? Não é questão de virada. O Lula é um grande estadista e o maior presidente da História desse país. Mas o núcleo central do governo precisa estar com todas as informações científicas, qualitativas, para que a gente possa entender melhor essa dinâmica e qual estratégia a gente precisa. Porque, às vezes, as pessoas não têm a compreensão. O senhor foi o único ministro do PT que conseguiu eleger aliado em capital. O que falta para o partido reconquistar votos nas maiores cidades brasileiras? Cada estado tem uma realidade diferente. No caso específico do Ceará, nós temos um projeto que tem trazido resultados importantes para o estado, com avanços importantes na educação, na economia e no crescimento do estado. As pessoas estão reconhecendo isso. Nas capitais, é um público que depende menos do Estado, das políticas públicas. Qual deve ser o norte para a construção da aliança de Lula em 2026? Atrair o centro e a direita são prioridades? Quanto mais a gente conseguir unir e agregar. Eu fui governador com apoio dos partidos de centro, PP, PSD, MDB e Republicanos. Agora mesmo, o Evandro (Leitão, prefeito eleito de Fortaleza) tem apoio do PP, PSD e Republicanos. Defendo que é importante o diálogo, construir consensos. Democracia é isso. Há grupos do PT que defendem maior protagonismo do senhor para discutir os rumos do partido. Pretende assumir esse papel? O meu estilo é de contribuir. Nada é pessoal, tudo é um projeto. E eu aceitei o convite do presidente para vir para cá, porque eu acredito que o caminho é por meio da educação. Nós não vamos conseguir resolver todos os problemas, mas você precisa priorizar aquilo que é mais importante. O que eu quero neste momento é contribuir com o governo do presidente Lula, que, para mim, é um grande líder, muito maior do que o próprio PT. Respeito muito a liderança da Gleisi (Hoffmann, presidente do PT) e vou contribuir onde for chamado. Mas sempre respeitando os espaços, a hierarquia e a grande liderança do presidente. Tem uma ala do PT que defende que um nome do Nordeste assuma o comando do PT, mas Lula tem outro candidato. O que o senhor acha? Acho que o partido não é do Nordeste, é do Brasil. E, repito: caberá a discussão, sob a liderança da nossa presidente (Gleisi). E sempre respeitando o nosso maior líder, que é o presidente Lula. O governo está discutindo um pacote de corte de gastos. O que a Fazenda pediu ao senhor? Quem fala de questões orçamentárias é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem feito um grande trabalho. Para um governo, responsabilidade fiscal é muito importante. Você não consegue fazer entrega se não tiver o país sob equilíbrio. E o presidente Lula tem compromisso com a educação. O deputado federal Eunício Oliveira (MDB-CE) disse que o senhor seria a melhor opção para suceder Lula na Presidência. Concorda? Isso é bondade dele. O meu candidato à eleição chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. Tenho um mandato de oito anos (no Senado) e nenhum interesse de ser candidato. Meu único foco neste momento é trabalhar muito pela educação. A Comissão de Educação da Câmara aprovou o projeto que proíbe celulares nas escolas. O MEC está de acordo com a íntegra do texto? A minha posição pessoal é que precisamos restringir o uso, porque todos os estudos mostram prejuízo. Não é só na escola, mas na vida das pessoas. Vários países no mundo já fizeram isso. A ideia é essa, restringir totalmente aos alunos mais novos, no ensino fundamental um, e liberar para os mais velhos e do ensino médio com a orientação pedagógica do professor para a aula. Claro que tem as exceções, como problemas de saúde. Vai ser uma medida importante. Espero que o Congresso vote ainda neste ano. A Polícia Federal está investigando vazamento de imagens do Enem. Isso pode prejudicar outros candidatos? A informação que eu tenho é que isso aconteceu por volta das 16h. Depois que o aluno entra em sala de aula e está lá com os portões fechados, ele fica incomunicável. Então, ao meu ver, claro que não há nenhum prejuízo para os alunos que fizeram as provas. Cada vez mais precisamos ter mais rigor nisso.
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