Em delação, empresário morto em aeroporto prometia revelar hierarquia de esquema com o PCC e corrupção de policiais

Vinicius Gritzbach dizia ter informações sobre integrante da facção que é sócio da UPBus, empresa de ônibus investigada em SP O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, assassinado a tiros nesta sexta-feira no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos (SP), havia assinado acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) em março. Considerado uma “peça importante” nas investigações sobre o PCC, como definiu ao GLOBO uma fonte na promotoria, Gritzbach prometia revelar a “estrutura hierárquica, divisão de tarefas e modus operandi” do esquema de lavagem de dinheiro da facção. PCC já atua em 24 países, soma mais de 40 mil membros e envia drogas aos cinco continentes Racha no PCC: áudio em que Marcola chama comparsa de 'psicopata' põe em xeque os rumos da maior facção do país Multinacional do tráfico: como o PCC 'tomou' o Paraguai, a guerra com o CV e a 'paz' via acordo milionário Gritzbach se comprometeu a ajudar os investigadores na identificação e localização de integrantes da organização criminosa, e também a “apresentar informações referentes à prática de atos de corrupção envolvendo delegados de polícia e policiais”. Também se propôs a revelar bancos de dados e documentos do grupo, a apontar ‘laranjas’ e auxiliar na recuperação “total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela associação criminosa”. O empresário precisaria ainda pagar multa de R$ 15 milhões — sua defesa achou o valor alto e ofereceu R$ 10 milhões, que não foram aceitos. Em troca, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP ofereceu perdão judicial pelo crime de integrar organização criminosa, a redução da pena por lavagem de dinheiro em até um terço e a imposição do regime inicial aberto em caso de condenação. Uma das pessoas que Gritzbach prometia delatar é Silvio Luis Ferreira, conhecido como “Cebola”. Apontado como integrante da chamada “sintonia geral” do PCC, setor da facção responsável pelo tráfico, Cebola está foragido da Justiça. Ele é um dos sócios da UPBus, empresa de ônibus que atua na Zona Leste de São Paulo e que foi alvo da Operação Fim da Linha, em abril. O acordo de delação do empresário com o MP-SP foi homologado em junho pela Justiça. Gritzbach chegou a apresentar prints de conversas, comprovantes de transferências bancárias e contratos entre suas empresas e outros suspeitos de envolvimento no esquema. Dentre as denúncias feitas por Gritzbach estava a atuação de um integrante do PCC como sócio oculto de agência de jogadores de futebol. Nas conversas, são mencionados atletas de clubes como Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Torino-ITA. O empresário admitiu ter participado diretamente de atos de lavagem de dinheiro para a facção na venda de dois imóveis em Riviera de São Lourenço, no Litoral Norte de São Paulo, por valores que chegam a R$ 7,3 milhões. O Gaeco vai acompanhar as investigações a respeito da morte de Gritzbach. A apuração do caso é tocada pelo junto à Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), um carro supostamente usado pelos atiradores foi apreendido em uma avenida próxima ao aeroporto. Initial plugin text

Nov 8, 2024 - 20:50
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Em delação, empresário morto em aeroporto prometia revelar hierarquia de esquema com o PCC e corrupção de policiais

Vinicius Gritzbach dizia ter informações sobre integrante da facção que é sócio da UPBus, empresa de ônibus investigada em SP O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, assassinado a tiros nesta sexta-feira no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos (SP), havia assinado acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) em março. Considerado uma “peça importante” nas investigações sobre o PCC, como definiu ao GLOBO uma fonte na promotoria, Gritzbach prometia revelar a “estrutura hierárquica, divisão de tarefas e modus operandi” do esquema de lavagem de dinheiro da facção. PCC já atua em 24 países, soma mais de 40 mil membros e envia drogas aos cinco continentes Racha no PCC: áudio em que Marcola chama comparsa de 'psicopata' põe em xeque os rumos da maior facção do país Multinacional do tráfico: como o PCC 'tomou' o Paraguai, a guerra com o CV e a 'paz' via acordo milionário Gritzbach se comprometeu a ajudar os investigadores na identificação e localização de integrantes da organização criminosa, e também a “apresentar informações referentes à prática de atos de corrupção envolvendo delegados de polícia e policiais”. Também se propôs a revelar bancos de dados e documentos do grupo, a apontar ‘laranjas’ e auxiliar na recuperação “total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela associação criminosa”. O empresário precisaria ainda pagar multa de R$ 15 milhões — sua defesa achou o valor alto e ofereceu R$ 10 milhões, que não foram aceitos. Em troca, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP ofereceu perdão judicial pelo crime de integrar organização criminosa, a redução da pena por lavagem de dinheiro em até um terço e a imposição do regime inicial aberto em caso de condenação. Uma das pessoas que Gritzbach prometia delatar é Silvio Luis Ferreira, conhecido como “Cebola”. Apontado como integrante da chamada “sintonia geral” do PCC, setor da facção responsável pelo tráfico, Cebola está foragido da Justiça. Ele é um dos sócios da UPBus, empresa de ônibus que atua na Zona Leste de São Paulo e que foi alvo da Operação Fim da Linha, em abril. O acordo de delação do empresário com o MP-SP foi homologado em junho pela Justiça. Gritzbach chegou a apresentar prints de conversas, comprovantes de transferências bancárias e contratos entre suas empresas e outros suspeitos de envolvimento no esquema. Dentre as denúncias feitas por Gritzbach estava a atuação de um integrante do PCC como sócio oculto de agência de jogadores de futebol. Nas conversas, são mencionados atletas de clubes como Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Torino-ITA. O empresário admitiu ter participado diretamente de atos de lavagem de dinheiro para a facção na venda de dois imóveis em Riviera de São Lourenço, no Litoral Norte de São Paulo, por valores que chegam a R$ 7,3 milhões. O Gaeco vai acompanhar as investigações a respeito da morte de Gritzbach. A apuração do caso é tocada pelo junto à Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), um carro supostamente usado pelos atiradores foi apreendido em uma avenida próxima ao aeroporto. Initial plugin text

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