Ditadura militar, impasse na direita e brigas: debate da Globo em BH tem ataques entre adversários e prefeito como alvo
Candidatos à prefeitura participaram de último encontro antes do primeiro turno; pesquisas apontam cenário embolado com três postulantes empatados em primeiro lugar Os sete principais candidatos à prefeitura de Belo Horizonte se reúnem nesta quinta-feira para o último debate antes do primeiro turno, promovido pela Globo. Participam Bruno Engler (PL), Carlos Viana (Podemos), Duda Salabert (PDT), Gabriel Azevedo (MDB), Fuad Noman (PSD), Rogério Correia (PT) e Mauro Tramonte (Republicanos). Em uma corrida pela reeleição, o prefeito Fuad Noman se tornou alvo da maior parte dos candidatos. No Datafolha divulgado hoje, o gestor está empatado tecnicamente em primeiro lugar com Tramonte e Engler. Todos tem 21% das intenções de voto. Na parte programática, o programa tratou sobre temas urgentes no cotidiano belo-horizontino como a limpeza da Lagoa da Pampulha, o trânsito e o atendimento na saúde. Logo no primeiro bloco, um impasse se deu entre o prefeito e a deputada federal Duda Salabert. Em primeiro plano, a discussão envolveu a comunidade LGBTQIA+, mas depois se tornou um conflito sobre a ditadura militar. Tudo começou com uma tentativa de Fuad em acenar para a esquerda e associar Bruno Engler à transfobia. O prefeito elencou propostas tidas como preconceituosas que teriam sido apresentadas pelo parlamentar na Assembleia Legislativa e pediu que a pedetista comentasse. O tiro, contudo, saiu pela culatra. Além de se esquivar, Duda mirou críticas na prefeitura. — Sobre a transfobia, a maioria desses projetos são inconstitucionais. Minha preocupação, prefeito, é que em Belo Horizonte, pessoas estão passando fome. O tempo da fome não é tempo da ideologia. Sou candidata para discutir problemas reais, não vou discutir espantalhos da extrema-direita. O prefeito, por sua vez, retrucou que fica assustado quando propostas não inclusivas são apresentadas e detalhou avanços que fez ao grupo, como a construção de casas de assistência para a minoria. A pedetista afirmou que o discurso do prefeito não faz sentido, uma vez que ele teria sancionado uma lei vedando a utilização de banheiros a mulheres transexuais — afirmou a candidata que é a primeira mulher transexual a disputar o Executivo municipal de uma capital. Em sequência, a deputada escolheu o prefeito para responder um questionamento, que começou com uma espécie de pegadinha, já que ela apenas pediu para que ele contasse sua trajetória até a política. Ao não dar detalhes sobre a carreira militar, Duda insinuou que ele teria participado da ditadura. — Ele (Fuad Noman) serviu e trabalhou no Exército no período duro da Ditadura Militar. E o senhor serviu no décimo segundo batalhão, que segundo a Comissão da Verdade, houve tortura. O senhor se arrepende deste período? — questionou. Fuad respondeu que não teve participação na ditadura militar, mas cometeu gafe ao chamar o período de revolução: — Eu quero dizer claramente é que minha história é limpa. Se você olhar as histórias da revolução, não vai achar meu nome porque nunca participei de nada de ditadura. No bloco seguinte, ela retornou ao tema, ao corrigir o prefeito de que não houve um revolução em 1964, mas uma ditadura. Gabriel Azevedo, posteriormente, engrossou o coro e fez um repúdio por o prefeito ter chamado o golpe de evolução. Dobradinhas improváveis No terceiro bloco, a ditadura militar voltou a ser tratado pela pedetista em dobradinha improvável com o deputado estadual Mauro Tramonte. O candidato do Republicanos questionou a adversária sobre o apoio que Fuad Noman tem do ex-governador Aécio Neves (PSDB). — Pior do que o Aécio Neves foi o período ditatorial deste país. E é trágico o prefeito de uma das maiores capitais do país relativizar e chamar de revolução — iniciou Duda, que condenou o movimento de voto útil no prefeito — É trágico ver que, mesmo com essa resolução, setores do nosso segmento pedindo voto útil para ele. Na semana passada, militantes do PV, PCdoB e PSOL fizeram um manifesto de apoio a Fuad. O movimento tem como objetivo tentar impedir um segundo turno entre dois candidatos da direita, Tramonte e Engler. Enquanto um é apoiado pelo governador Romeu Zema (Novo), o outro tem a benção do ex-presidente Jair Bolsonaro. Já no quarto bloco, Rogério Correia perguntou a Viana sobre sua proposta para geração de empregos. O que surpreendeu foram os elogios que sucederam: o petista disse que o candidato que não é extremista e não enrola. Por fim, questionou sua proposta para geração de empregos. Empresários de ônibus Questão que vem sendo recorrente nos debates, os empresários de ônibus, rendeu direitos de respostas ao Gabriel Azevedo ter acusado Fuad Noman de ser financiado por este grupo. Ao responder o adversário, o prefeito disse que ele que estaria sendo financiado por construtoras. A pauta dos empresários de ônibus voltou a ser questionada por Tramonte, em outro confronto, e perguntou ao prefeito se ele irá receber dinheiro durante o seu mandato: — Vamos respeitar as pessoas. O senhor precisa
Candidatos à prefeitura participaram de último encontro antes do primeiro turno; pesquisas apontam cenário embolado com três postulantes empatados em primeiro lugar Os sete principais candidatos à prefeitura de Belo Horizonte se reúnem nesta quinta-feira para o último debate antes do primeiro turno, promovido pela Globo. Participam Bruno Engler (PL), Carlos Viana (Podemos), Duda Salabert (PDT), Gabriel Azevedo (MDB), Fuad Noman (PSD), Rogério Correia (PT) e Mauro Tramonte (Republicanos). Em uma corrida pela reeleição, o prefeito Fuad Noman se tornou alvo da maior parte dos candidatos. No Datafolha divulgado hoje, o gestor está empatado tecnicamente em primeiro lugar com Tramonte e Engler. Todos tem 21% das intenções de voto. Na parte programática, o programa tratou sobre temas urgentes no cotidiano belo-horizontino como a limpeza da Lagoa da Pampulha, o trânsito e o atendimento na saúde. Logo no primeiro bloco, um impasse se deu entre o prefeito e a deputada federal Duda Salabert. Em primeiro plano, a discussão envolveu a comunidade LGBTQIA+, mas depois se tornou um conflito sobre a ditadura militar. Tudo começou com uma tentativa de Fuad em acenar para a esquerda e associar Bruno Engler à transfobia. O prefeito elencou propostas tidas como preconceituosas que teriam sido apresentadas pelo parlamentar na Assembleia Legislativa e pediu que a pedetista comentasse. O tiro, contudo, saiu pela culatra. Além de se esquivar, Duda mirou críticas na prefeitura. — Sobre a transfobia, a maioria desses projetos são inconstitucionais. Minha preocupação, prefeito, é que em Belo Horizonte, pessoas estão passando fome. O tempo da fome não é tempo da ideologia. Sou candidata para discutir problemas reais, não vou discutir espantalhos da extrema-direita. O prefeito, por sua vez, retrucou que fica assustado quando propostas não inclusivas são apresentadas e detalhou avanços que fez ao grupo, como a construção de casas de assistência para a minoria. A pedetista afirmou que o discurso do prefeito não faz sentido, uma vez que ele teria sancionado uma lei vedando a utilização de banheiros a mulheres transexuais — afirmou a candidata que é a primeira mulher transexual a disputar o Executivo municipal de uma capital. Em sequência, a deputada escolheu o prefeito para responder um questionamento, que começou com uma espécie de pegadinha, já que ela apenas pediu para que ele contasse sua trajetória até a política. Ao não dar detalhes sobre a carreira militar, Duda insinuou que ele teria participado da ditadura. — Ele (Fuad Noman) serviu e trabalhou no Exército no período duro da Ditadura Militar. E o senhor serviu no décimo segundo batalhão, que segundo a Comissão da Verdade, houve tortura. O senhor se arrepende deste período? — questionou. Fuad respondeu que não teve participação na ditadura militar, mas cometeu gafe ao chamar o período de revolução: — Eu quero dizer claramente é que minha história é limpa. Se você olhar as histórias da revolução, não vai achar meu nome porque nunca participei de nada de ditadura. No bloco seguinte, ela retornou ao tema, ao corrigir o prefeito de que não houve um revolução em 1964, mas uma ditadura. Gabriel Azevedo, posteriormente, engrossou o coro e fez um repúdio por o prefeito ter chamado o golpe de evolução. Dobradinhas improváveis No terceiro bloco, a ditadura militar voltou a ser tratado pela pedetista em dobradinha improvável com o deputado estadual Mauro Tramonte. O candidato do Republicanos questionou a adversária sobre o apoio que Fuad Noman tem do ex-governador Aécio Neves (PSDB). — Pior do que o Aécio Neves foi o período ditatorial deste país. E é trágico o prefeito de uma das maiores capitais do país relativizar e chamar de revolução — iniciou Duda, que condenou o movimento de voto útil no prefeito — É trágico ver que, mesmo com essa resolução, setores do nosso segmento pedindo voto útil para ele. Na semana passada, militantes do PV, PCdoB e PSOL fizeram um manifesto de apoio a Fuad. O movimento tem como objetivo tentar impedir um segundo turno entre dois candidatos da direita, Tramonte e Engler. Enquanto um é apoiado pelo governador Romeu Zema (Novo), o outro tem a benção do ex-presidente Jair Bolsonaro. Já no quarto bloco, Rogério Correia perguntou a Viana sobre sua proposta para geração de empregos. O que surpreendeu foram os elogios que sucederam: o petista disse que o candidato que não é extremista e não enrola. Por fim, questionou sua proposta para geração de empregos. Empresários de ônibus Questão que vem sendo recorrente nos debates, os empresários de ônibus, rendeu direitos de respostas ao Gabriel Azevedo ter acusado Fuad Noman de ser financiado por este grupo. Ao responder o adversário, o prefeito disse que ele que estaria sendo financiado por construtoras. A pauta dos empresários de ônibus voltou a ser questionada por Tramonte, em outro confronto, e perguntou ao prefeito se ele irá receber dinheiro durante o seu mandato: — Vamos respeitar as pessoas. O senhor precisa entender que existe história na vida das pessoas — respondeu Fuad. Crítica velada de Fuad a Kalil Um ineditismo aconteceu no debate ao Fuad Noman fazer uma crítica velada ao seu ex-aliado, o ex-prefeito Alexandre Kalil. Ao perguntar a Tramonte sobre a educação, ele disse que o ex-gestor havia sido o responsável pela indicação da ex-secretária Angela Dalben e afirmou que havia sido necessário demiti-la por má gestão. Fuad foi secretário de Fazenda no primeiro mandato de Alexandre Kalil na prefeitura de BH e vice no segundo. O economista assumiu o cargo em março de 2022, quando Kalil saiu para disputar o governo de Minas Gerais, sem sucesso. Hoje, o ex-prefeito está no palanque de Tramonte. Fogo amigo? Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, o senador Carlos Viana (Podemos), que recentemente passou a criticar o ex-aliado, questionou Bruno Engler (PL) sobre a vacina da Covid-19. A pergunta irritou o deputado estadual, que chamou Viana de "assessor do Rogério Correia". — Não sei se estou debatendo com uma cara da esquerda. Eu não tomei a vacina da Covid e sou a favor de que disponibilize as vacinas para quem quiser. Eu sou um cara de direita, mas você tem sido um papagaio nos debates. Em sua resposta, Viana comparou Engler a ex-presidente Dilma Rousseff (PT): — Parece a Dilma, um robô bem treinado para responder o que a equipe dele colocou, mas quando agente põe o dedo na ferida é diferente. Tramonte também é alvo Outro tema que vem pautando os adversários nesta semana em Belo Horizonte voltou a aparecer: a suposta baixa frequência de Tramonte nas sessões legislativas. Quem trouxe a pauta à tona foi Rogério Correia, que além de insinuar falta de trabalho, criticou o voto favorável do deputado estadual ao aumento de quase 300% no salário do governador Romeu Zema. — Todo brasileiro tem dois empregos. Eu não tenho vergonha disso. Quando se fala em trabalho na Assembleia, pode ficar tranquilo que eu trabalhei muito — disse o candidato do Republicanos. Em outro confronto, o petista voltou a questionar Tramonte, desta vez sobre privatizações e chamou a sua candidata a vice, a ex-secretária estadual de Planejamento Luísa Barreto (Novo), de "rainha das privatizações". Tramonte afirmou que não irá promover nenhuma terceirização. Quem também ironizou Tramonte foi o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo. Em dado momento, em pergunta sobre o meio ambiente, pediu para que o deputado falasse sobre a modernização da arborização "sem enrolar", o que não agradou seu adversário. — Eu não preciso enrolar, quem enrola é você que fica dizendo que tem PHD. Meu PHD é na favela, é no Barreiro. Eu também sou bacharel a prefeito e não fico falando de curso — rebateu. Brigas entre candidatos de Lula e Bolsonaro Alguns momentos do debate foram de polarização entre os candidatos apoiados por Lula e Bolsonaro, Rogério Correia e Bruno Engler. Os dois divergiram sobre segurança pública. De um lado, Engler afirmou que o petista "defende o bandido", enquanto Rogério o chamou de radical. Em outro confronto direto, Correia perguntou a Engler sobre como seria sua relação com o governo federal. O bolsonarista respondeu que se inspira no comportamento adotado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e reforçou que tem uma boa relação com Zema, ao contrário de Correia. — É um candidato desequilibrado. Este candidato não pode governar Belo Horizonte. Está se inspirando em Pablo Marçal.
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