Diabetes: OMS pede 'ação urgente' após número de pacientes quadruplicar nos últimos 30 anos
Entre 1990 e 2022, planeta atingiu a marca de 828 milhões de pessoas vivendo com os tipos 1 e 2 da doença O número de adultos vivendo com diabetes no mundo quadruplicou nas últimas três décadas, entre 1990 e 2022, e atingiu a marca de 828 milhões. É o que mostra uma análise global publicada na revista científica The Lancet nesta quinta-feira, Dia Mundial da Diabetes. O trabalho destaca ainda que a maioria dos pacientes (59% do total) não recebiam tratamento no ano mais recente, 3,5 vezes mais que o número de 1990. O estudo foi conduzido por uma colaboração de pesquisadores com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e é a primeira análise global de tendências nas taxas e no tratamento que inclui todos os países. Foram avaliados dados de mais 140 milhões de pessoas com 18 anos ou mais, contemplados em mais de mil trabalhos feitos ao redor do planeta. — Observamos um aumento alarmante da diabetes nas últimas três décadas, o que reflete o aumento da obesidade, agravado pelos impactos da comercialização de alimentos não saudáveis, falta de atividade física e dificuldades econômicas — disse o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. — Para controlar a epidemia global de diabetes, os países precisam agir com urgência. Isso começa com a adoção de políticas que apoiem dietas saudáveis e atividade física e, o mais importante, sistemas de saúde que ofereçam prevenção, detecção precoce e tratamento — continuou. Em resposta ao aumento da doença, a organização lança, também nesta quinta-feira, uma nova estrutura de monitoramento global da diabetes. O objetivo é fornecer “orientação abrangente aos países para medir e avaliar a prevenção, os cuidados, os resultados e os impactos” do diagnóstico, explica em nota. “Ao acompanhar os principais indicadores, como o controle glicêmico, a hipertensão e o acesso a medicamentos essenciais, os países podem melhorar as intervenções direcionadas e as iniciativas políticas. Essa abordagem padronizada permite que os países priorizem os recursos de forma eficaz, promovendo melhorias significativas na prevenção e no tratamento do diabetes”, continua. Em 2022, a OMS estabeleceu cinco metas globais em relação à diabetes para serem alcançadas até 2030. Uma delas é garantir que 80% dos pacientes sejam diagnosticados e alcancem um bom controle glicêmico (taxas adequadas de açúcar no sangue) pelo tratamento, um desafio hoje já que 6 em cada 10 pacientes tampouco acessam as terapias. Os novos dados, que englobam os casos de diabetes tipos 1 e 2, revelam que mais de um quarto das pessoas com a doença (212 milhões) vivem na Índia. O país é seguido pela China, com 148 milhões; Estados Unidos, com 42 milhões; Paquistão, com 36 milhões e Indonésia, com 25 milhões. O Brasil é o sexto da lista, com 22 milhões de habitantes com diabetes. A prevalência – proporção de casos na população mundial – subiu de 7% para 14% dos adultos entre 1990 e 2022. O crescimento foi maior em países de média e baixa renda. No Paquistão, que registrou o maior salto e a maior prevalência, a taxa saltou de 9% para 30,9%. Enquanto isso, alguns países de renda mais alta não tiveram alterações ou até mesmo relataram uma pequena redução na proporção de pacientes ao longo do período. Aqueles com as menores taxas, que variaram entre 2% e 5%, foram França, Dinamarca, Espanha, Suíça e Suécia. Além disso, os pesquisadores destacam que, apesar do crescimento mais pronunciado, os níveis de tratamento permaneceram baixos nos países mais pobres. 90% dos 450 milhões de pacientes que estão sem acesso às terapias vivem nesses locais. Na outra ponta, as taxas de tratamento mais altas foram estimadas na Bélgica, com 86% para mulheres e 77% para homens. — Nosso estudo destaca as crescentes desigualdades globais na diabetes, com taxas de tratamento estagnadas em muitos países de baixa e média renda, onde o número de adultos com diabetes está aumentando drasticamente. Isso é especialmente preocupante, pois as pessoas com diabetes tendem a ser mais jovens em países de baixa renda e, na ausência de tratamento eficaz, correm o risco de complicações ao longo da vida, incluindo amputação, doenças cardíacas, danos aos rins ou perda de visão - ou, em alguns casos, morte prematura — alerta o autor sênior do estudo e professor do Imperial College of London, no Reino Unido, Majid Ezzati. Ranjit Mohan Anjana, da Fundação para Pesquisa em Diabetes Madras, na Índia, destaca que importantes fatores que levam ao aumento da diabetes pelo mundo são a obesidade e a má qualidade da alimentação. Ela enfatiza a necessidade de políticas públicas pensadas para combater esses gargalos: — Nossas descobertas destacam a necessidade de políticas mais ambiciosas, especialmente em regiões de baixa renda do mundo, que restrinjam alimentos não saudáveis, tornem os alimentos saudáveis acessíveis e melhorem as oportunidades de exercício por meio de medidas como subsídios para alimentos saudáveis e refeições escolares saudáveis gratuitas, além de promover locais segur
Entre 1990 e 2022, planeta atingiu a marca de 828 milhões de pessoas vivendo com os tipos 1 e 2 da doença O número de adultos vivendo com diabetes no mundo quadruplicou nas últimas três décadas, entre 1990 e 2022, e atingiu a marca de 828 milhões. É o que mostra uma análise global publicada na revista científica The Lancet nesta quinta-feira, Dia Mundial da Diabetes. O trabalho destaca ainda que a maioria dos pacientes (59% do total) não recebiam tratamento no ano mais recente, 3,5 vezes mais que o número de 1990. O estudo foi conduzido por uma colaboração de pesquisadores com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e é a primeira análise global de tendências nas taxas e no tratamento que inclui todos os países. Foram avaliados dados de mais 140 milhões de pessoas com 18 anos ou mais, contemplados em mais de mil trabalhos feitos ao redor do planeta. — Observamos um aumento alarmante da diabetes nas últimas três décadas, o que reflete o aumento da obesidade, agravado pelos impactos da comercialização de alimentos não saudáveis, falta de atividade física e dificuldades econômicas — disse o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. — Para controlar a epidemia global de diabetes, os países precisam agir com urgência. Isso começa com a adoção de políticas que apoiem dietas saudáveis e atividade física e, o mais importante, sistemas de saúde que ofereçam prevenção, detecção precoce e tratamento — continuou. Em resposta ao aumento da doença, a organização lança, também nesta quinta-feira, uma nova estrutura de monitoramento global da diabetes. O objetivo é fornecer “orientação abrangente aos países para medir e avaliar a prevenção, os cuidados, os resultados e os impactos” do diagnóstico, explica em nota. “Ao acompanhar os principais indicadores, como o controle glicêmico, a hipertensão e o acesso a medicamentos essenciais, os países podem melhorar as intervenções direcionadas e as iniciativas políticas. Essa abordagem padronizada permite que os países priorizem os recursos de forma eficaz, promovendo melhorias significativas na prevenção e no tratamento do diabetes”, continua. Em 2022, a OMS estabeleceu cinco metas globais em relação à diabetes para serem alcançadas até 2030. Uma delas é garantir que 80% dos pacientes sejam diagnosticados e alcancem um bom controle glicêmico (taxas adequadas de açúcar no sangue) pelo tratamento, um desafio hoje já que 6 em cada 10 pacientes tampouco acessam as terapias. Os novos dados, que englobam os casos de diabetes tipos 1 e 2, revelam que mais de um quarto das pessoas com a doença (212 milhões) vivem na Índia. O país é seguido pela China, com 148 milhões; Estados Unidos, com 42 milhões; Paquistão, com 36 milhões e Indonésia, com 25 milhões. O Brasil é o sexto da lista, com 22 milhões de habitantes com diabetes. A prevalência – proporção de casos na população mundial – subiu de 7% para 14% dos adultos entre 1990 e 2022. O crescimento foi maior em países de média e baixa renda. No Paquistão, que registrou o maior salto e a maior prevalência, a taxa saltou de 9% para 30,9%. Enquanto isso, alguns países de renda mais alta não tiveram alterações ou até mesmo relataram uma pequena redução na proporção de pacientes ao longo do período. Aqueles com as menores taxas, que variaram entre 2% e 5%, foram França, Dinamarca, Espanha, Suíça e Suécia. Além disso, os pesquisadores destacam que, apesar do crescimento mais pronunciado, os níveis de tratamento permaneceram baixos nos países mais pobres. 90% dos 450 milhões de pacientes que estão sem acesso às terapias vivem nesses locais. Na outra ponta, as taxas de tratamento mais altas foram estimadas na Bélgica, com 86% para mulheres e 77% para homens. — Nosso estudo destaca as crescentes desigualdades globais na diabetes, com taxas de tratamento estagnadas em muitos países de baixa e média renda, onde o número de adultos com diabetes está aumentando drasticamente. Isso é especialmente preocupante, pois as pessoas com diabetes tendem a ser mais jovens em países de baixa renda e, na ausência de tratamento eficaz, correm o risco de complicações ao longo da vida, incluindo amputação, doenças cardíacas, danos aos rins ou perda de visão - ou, em alguns casos, morte prematura — alerta o autor sênior do estudo e professor do Imperial College of London, no Reino Unido, Majid Ezzati. Ranjit Mohan Anjana, da Fundação para Pesquisa em Diabetes Madras, na Índia, destaca que importantes fatores que levam ao aumento da diabetes pelo mundo são a obesidade e a má qualidade da alimentação. Ela enfatiza a necessidade de políticas públicas pensadas para combater esses gargalos: — Nossas descobertas destacam a necessidade de políticas mais ambiciosas, especialmente em regiões de baixa renda do mundo, que restrinjam alimentos não saudáveis, tornem os alimentos saudáveis acessíveis e melhorem as oportunidades de exercício por meio de medidas como subsídios para alimentos saudáveis e refeições escolares saudáveis gratuitas, além de promover locais seguros para caminhadas e exercícios, incluindo entrada gratuita em parques públicos e academias de ginástica.
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