Desigualdade em creches é detalhada em pesquisa divulgada hoje
Maioria das crianças que mais precisam, por sua vulnerabilidade social, não estão matriculadas A maioria das crianças que mais necessitam de creche, por sua situação de vulnerabilidade social, não está matriculada nesses estabelecimentos. O dado consta de uma pesquisa que será divulgada hoje pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e revela, mais uma vez, o quanto a desigualdade no acesso a oportunidades educacionais é construída desde cedo no país. Essa desigualdade não é uma constatação nova. O Painel de Monitoramento das Metas do PNE, elaborado pelo Inep, mostra, por exemplo, que 54% das crianças em famílias que estão entre as 20% mais ricas do Brasil têm acesso a esses estabelecimentos, ao passo que somente 28% das mais pobres têm a mesma sorte. O indicador da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, em parceria com a consultoria Quantis, traz uma análise mais aprofundada da situação por considerar não apenas o nível de renda, mas, também, indicadores como famílias monoparentais, com crianças com alguma deficiência, ou aquelas em que o principal cuidador da criança trabalha ou poderia trabalhar caso houvesse acesso à creche. Por esses recortes combinados, das 4,6 milhões de crianças que deveriam ter prioridade no atendimento a creche, apenas 43% estão matriculados nesses estabelecimentos. Pé-de-meia: Perfil de quem faltou ao Enem mostra limites do programa para estimular participação Crianças com autismo: CNE faz acordo com o MEC E aprova mudanças para a educação A pesquisa identifica também as razões para a falta de acesso. Dessas crianças prioritárias sem acesso à creche, 56% não estudam por escolha dos pais ou responsáveis. Esse é um dado que mereceria mais aprofundamento, para entender se é devido à falta de opções melhores ou mesmo por convicção em relação ao que, no entendimento desses responsáveis, seria melhor para a criança. Mesmo assim, para os 44% desse grupo prioritário que citaram outros motivos pela não frequência, é muito provável que, caso houvesse vagas públicas disponíveis em localidades próximas à residência ou trabalho dos principais cuidadores (em sua maioria, mulheres), a escolha seria por matriculá-los em creches. O investimento na primeira infância é considerado um dos mais eficazes na redução da desigualdade no longo prazo. Crianças que nascem em famílias de menor renda e escolaridade, antes mesmo de entrar na escola, já vivenciam adversidades que prejudicam seu desenvolvimento pleno. Por outro lado, vários estudos acadêmicos rigorosos revelam impactos positivos e duradouros em programas que ofereceram a crianças em situação de vulnerabilidade atendimento adequado desde os primeiros anos de vida, o que envolve não apenas o acesso a creches e pré-escolas de qualidade, mas, também, a serviços de saúde e sociais, além de apoio e orientação às famílias. Os resultados desse investimento vão além da sala de aula, sendo verificados até na vida adulta, com menores taxas de gravidez precoce, desemprego ou envolvimento em crimes daqueles que, em sua infância, foram beneficiados por um atendimento de qualidade. Mas há também impactos imediatos nos responsáveis, pois a matrícula em creche aumenta a empregabilidade e a renda das mulheres, sobrecarregadas com os afazeres domésticos. Como quase sempre ocorre em se tratando de indicadores educacionais, é preciso ponderar que a situação já foi muito pior. Entre 1989 e 2023, por exemplo, o percentual de crianças de zero a três anos em creches saltou de 5% para 39%. Ainda falta, porém, muito a avançar, especialmente nos grupos mais vulneráveis.
Maioria das crianças que mais precisam, por sua vulnerabilidade social, não estão matriculadas A maioria das crianças que mais necessitam de creche, por sua situação de vulnerabilidade social, não está matriculada nesses estabelecimentos. O dado consta de uma pesquisa que será divulgada hoje pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e revela, mais uma vez, o quanto a desigualdade no acesso a oportunidades educacionais é construída desde cedo no país. Essa desigualdade não é uma constatação nova. O Painel de Monitoramento das Metas do PNE, elaborado pelo Inep, mostra, por exemplo, que 54% das crianças em famílias que estão entre as 20% mais ricas do Brasil têm acesso a esses estabelecimentos, ao passo que somente 28% das mais pobres têm a mesma sorte. O indicador da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, em parceria com a consultoria Quantis, traz uma análise mais aprofundada da situação por considerar não apenas o nível de renda, mas, também, indicadores como famílias monoparentais, com crianças com alguma deficiência, ou aquelas em que o principal cuidador da criança trabalha ou poderia trabalhar caso houvesse acesso à creche. Por esses recortes combinados, das 4,6 milhões de crianças que deveriam ter prioridade no atendimento a creche, apenas 43% estão matriculados nesses estabelecimentos. Pé-de-meia: Perfil de quem faltou ao Enem mostra limites do programa para estimular participação Crianças com autismo: CNE faz acordo com o MEC E aprova mudanças para a educação A pesquisa identifica também as razões para a falta de acesso. Dessas crianças prioritárias sem acesso à creche, 56% não estudam por escolha dos pais ou responsáveis. Esse é um dado que mereceria mais aprofundamento, para entender se é devido à falta de opções melhores ou mesmo por convicção em relação ao que, no entendimento desses responsáveis, seria melhor para a criança. Mesmo assim, para os 44% desse grupo prioritário que citaram outros motivos pela não frequência, é muito provável que, caso houvesse vagas públicas disponíveis em localidades próximas à residência ou trabalho dos principais cuidadores (em sua maioria, mulheres), a escolha seria por matriculá-los em creches. O investimento na primeira infância é considerado um dos mais eficazes na redução da desigualdade no longo prazo. Crianças que nascem em famílias de menor renda e escolaridade, antes mesmo de entrar na escola, já vivenciam adversidades que prejudicam seu desenvolvimento pleno. Por outro lado, vários estudos acadêmicos rigorosos revelam impactos positivos e duradouros em programas que ofereceram a crianças em situação de vulnerabilidade atendimento adequado desde os primeiros anos de vida, o que envolve não apenas o acesso a creches e pré-escolas de qualidade, mas, também, a serviços de saúde e sociais, além de apoio e orientação às famílias. Os resultados desse investimento vão além da sala de aula, sendo verificados até na vida adulta, com menores taxas de gravidez precoce, desemprego ou envolvimento em crimes daqueles que, em sua infância, foram beneficiados por um atendimento de qualidade. Mas há também impactos imediatos nos responsáveis, pois a matrícula em creche aumenta a empregabilidade e a renda das mulheres, sobrecarregadas com os afazeres domésticos. Como quase sempre ocorre em se tratando de indicadores educacionais, é preciso ponderar que a situação já foi muito pior. Entre 1989 e 2023, por exemplo, o percentual de crianças de zero a três anos em creches saltou de 5% para 39%. Ainda falta, porém, muito a avançar, especialmente nos grupos mais vulneráveis.
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