De pária a presidente eleito: Como Trump (re)construiu seu caminho de volta à Casa Branca

Trajetória do magnata é produto da previsão e do acaso, do cálculo descarado e das suas habilidades políticas intuitivas, em meio a uma instável corrida eleitoral No fim de janeiro de 2021, apenas alguns dias após o início da nova e infeliz vida de Donald Trump como ex-presidente, seu mundo havia encolhido a um tamanho que ele não conseguia suportar. Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Análise: É a economia, estúpido, que encaminha Trump à Casa Branca Autoexilado na Flórida como um semiparasita duas vezes acusado de impeachment, ele jogava golfe e fazia birra, mordido com sua derrota em 2020 e ainda se recusando a reconhecer sua legitimidade. Suas gritarias nas redes sociais foram silenciadas depois de 6 de janeiro, com o Twitter citando "o risco de mais incitação à violência". Seu círculo havia se reduzido a um punhado de assessores juniores, que se esforçavam para mantê-lo nos trilhos e longe da televisão. — Chame a imprensa — instruiu Trump em um determinado momento, referindo-se ao grupo de repórteres que o acompanhava diariamente como presidente. — Quero fazer uma declaração. Disseram a ele que não tinha mais uma. No fim de fevereiro, Trump já havia esperado o suficiente. Em sua primeira aparição pública como um novo cidadão privado, aceitou um convite para ir a Orlando para uma conferência de ativistas de direita. — Vocês já sentem minha falta? — perguntou o republicano, com os braços abertos, como se estivesse esperando ser abraçado. Já tinham passado cinco semanas. Fora daquela sala, a maioria dos americanos não parecia sentir muita falta dele. Guga Chacra: Empoderado e messiânico, Trump se vinga e volta à Casa Branca Agora, menos de quatro anos depois, o arco de Trump de volta ao poder está completo — uma reviravolta extraordinária realizada por um homem que nunca mudou muito, nunca aceitou a realidade de sua derrota em 2020, nunca deixou de entender o cerne de seu próprio apelo desenfreado, nunca duvidou de que poderia esmagar qualquer um em seu caminho. No entanto, se Trump, com suas sete vidas, pode parecer divinamente destinado, na visão de seus aliados — transcendendo escândalos, condenações por crimes, duas tentativas de assassinato — o que fica claro em uma análise detalhada da trajetória de Trump desde 2021 é que nada disso era inevitável. Seu caminho de volta a Washington foi o produto da previsão e do acaso, do cálculo descarado e das habilidades políticas intuitivas de Trump em meio a uma volatilidade de campanha quase insondável. Além disso, foi necessário que figuras de todos os níveis da vida cívica e política americana fizessem escolhas que ajudaram Trump a chegar a esse ponto. Derrotados: Democratas precisam lamber feridas e entender se urnas indicam país radicalmente diferente de 2016 Os senadores republicanos o absolveram após o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro, mesmo quando alguns pareciam esperar que ele fosse afastado. As autoridades abriram quatro processos criminais contra ele, um dos quais levou à sua condenação por 34 acusações de crime, mas suas ações apenas aprofundaram o apego de sua base ao líder. Os doadores, os titãs da imprensa conservadora e os executivos da rede social acabaram determinando que a oposição a Trump era insustentável. Os democratas inicialmente se mantiveram fiéis a um titular impopular e visivelmente envelhecido. E os eleitores, avaliando tudo isso, acharam por bem reeleger Trump. Fim do exílio político Vários legisladores republicanos foram inequívocos: seja qual for sua próxima tentativa, Trump estava acabado. Cinquenta e sete senadores o consideraram culpado de "incitação à insurreição" após o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio. Mas eles não atingiram a maioria de dois terços necessária para condená-lo, o que teria permitido que o Senado o desqualificasse para ocupar cargos futuros. De qualquer forma, muitos presumiram que sua carreira política estava encerrada. — Simplesmente não vejo como Donald Trump será reeleito para a presidência novamente — disse na época a senadora Lisa Murkowski, do Alasca, um dos sete republicanos que votaram a favor da condenação. Trump foi excluído das plataformas de rede social, uma reflexão tardia para os principais meios de comunicação, alegremente ignorado pelos democratas. Mas a verdade é que ele nunca foi tão reduzido quanto parecia — ou como seus oponentes esperavam. Análise: Trump pediu permissão para fazer tudo o que prometeu. Os americanos disseram 'sim' Muitos republicanos seniores — especialmente Mitch McConnell, o líder da minoria no Senado, que se insurgiu contra Trump, mas votou pela sua absolvição — não ficaram muito entusiasmados quando Trump deixou claro que planejava desempenhar um papel importante nas eleições de meio de mandato de 2022. Candidatos ambiciosos foram até sua propriedade em Mar-a-Lago para bajulá-lo, jogar golfe com ele e implorar por seu endosso, que ainda era a mercadoria mais valiosa do partido. Uma das pr

Nov 6, 2024 - 19:04
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De pária a presidente eleito: Como Trump (re)construiu seu caminho de volta à Casa Branca

Trajetória do magnata é produto da previsão e do acaso, do cálculo descarado e das suas habilidades políticas intuitivas, em meio a uma instável corrida eleitoral No fim de janeiro de 2021, apenas alguns dias após o início da nova e infeliz vida de Donald Trump como ex-presidente, seu mundo havia encolhido a um tamanho que ele não conseguia suportar. Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Análise: É a economia, estúpido, que encaminha Trump à Casa Branca Autoexilado na Flórida como um semiparasita duas vezes acusado de impeachment, ele jogava golfe e fazia birra, mordido com sua derrota em 2020 e ainda se recusando a reconhecer sua legitimidade. Suas gritarias nas redes sociais foram silenciadas depois de 6 de janeiro, com o Twitter citando "o risco de mais incitação à violência". Seu círculo havia se reduzido a um punhado de assessores juniores, que se esforçavam para mantê-lo nos trilhos e longe da televisão. — Chame a imprensa — instruiu Trump em um determinado momento, referindo-se ao grupo de repórteres que o acompanhava diariamente como presidente. — Quero fazer uma declaração. Disseram a ele que não tinha mais uma. No fim de fevereiro, Trump já havia esperado o suficiente. Em sua primeira aparição pública como um novo cidadão privado, aceitou um convite para ir a Orlando para uma conferência de ativistas de direita. — Vocês já sentem minha falta? — perguntou o republicano, com os braços abertos, como se estivesse esperando ser abraçado. Já tinham passado cinco semanas. Fora daquela sala, a maioria dos americanos não parecia sentir muita falta dele. Guga Chacra: Empoderado e messiânico, Trump se vinga e volta à Casa Branca Agora, menos de quatro anos depois, o arco de Trump de volta ao poder está completo — uma reviravolta extraordinária realizada por um homem que nunca mudou muito, nunca aceitou a realidade de sua derrota em 2020, nunca deixou de entender o cerne de seu próprio apelo desenfreado, nunca duvidou de que poderia esmagar qualquer um em seu caminho. No entanto, se Trump, com suas sete vidas, pode parecer divinamente destinado, na visão de seus aliados — transcendendo escândalos, condenações por crimes, duas tentativas de assassinato — o que fica claro em uma análise detalhada da trajetória de Trump desde 2021 é que nada disso era inevitável. Seu caminho de volta a Washington foi o produto da previsão e do acaso, do cálculo descarado e das habilidades políticas intuitivas de Trump em meio a uma volatilidade de campanha quase insondável. Além disso, foi necessário que figuras de todos os níveis da vida cívica e política americana fizessem escolhas que ajudaram Trump a chegar a esse ponto. Derrotados: Democratas precisam lamber feridas e entender se urnas indicam país radicalmente diferente de 2016 Os senadores republicanos o absolveram após o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro, mesmo quando alguns pareciam esperar que ele fosse afastado. As autoridades abriram quatro processos criminais contra ele, um dos quais levou à sua condenação por 34 acusações de crime, mas suas ações apenas aprofundaram o apego de sua base ao líder. Os doadores, os titãs da imprensa conservadora e os executivos da rede social acabaram determinando que a oposição a Trump era insustentável. Os democratas inicialmente se mantiveram fiéis a um titular impopular e visivelmente envelhecido. E os eleitores, avaliando tudo isso, acharam por bem reeleger Trump. Fim do exílio político Vários legisladores republicanos foram inequívocos: seja qual for sua próxima tentativa, Trump estava acabado. Cinquenta e sete senadores o consideraram culpado de "incitação à insurreição" após o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio. Mas eles não atingiram a maioria de dois terços necessária para condená-lo, o que teria permitido que o Senado o desqualificasse para ocupar cargos futuros. De qualquer forma, muitos presumiram que sua carreira política estava encerrada. — Simplesmente não vejo como Donald Trump será reeleito para a presidência novamente — disse na época a senadora Lisa Murkowski, do Alasca, um dos sete republicanos que votaram a favor da condenação. Trump foi excluído das plataformas de rede social, uma reflexão tardia para os principais meios de comunicação, alegremente ignorado pelos democratas. Mas a verdade é que ele nunca foi tão reduzido quanto parecia — ou como seus oponentes esperavam. Análise: Trump pediu permissão para fazer tudo o que prometeu. Os americanos disseram 'sim' Muitos republicanos seniores — especialmente Mitch McConnell, o líder da minoria no Senado, que se insurgiu contra Trump, mas votou pela sua absolvição — não ficaram muito entusiasmados quando Trump deixou claro que planejava desempenhar um papel importante nas eleições de meio de mandato de 2022. Candidatos ambiciosos foram até sua propriedade em Mar-a-Lago para bajulá-lo, jogar golfe com ele e implorar por seu endosso, que ainda era a mercadoria mais valiosa do partido. Uma das principais prioridades de Trump era expulsar os republicanos da Câmara que haviam votado pelo seu impeachment. "Dois já foram, faltam 8!", se vangloriou em uma declaração quando dois deles anunciaram suas aposentadorias de um partido transformado. Embora alguns de seus candidatos tenham vencido, inclusive JD Vance, que ele apoiou para o Senado em Ohio, outros tiveram um desempenho desastroso. Ainda assim, Trump era claramente a voz mais poderosa do partido. Ajudou o fato de que os eventos de 6 de janeiro estavam sendo falsamente reenquadrados em uma faixa crescente de seu partido como uma difamação contra manifestantes, em sua maioria pacíficos, que combatiam a fraude eleitoral. Ajudou ainda mais, em agosto de 2022, quando as autoridades federais vasculharam Mar-a-Lago em busca de documentos confidenciais que, mais tarde, os promotores acusaram Trump de manter ilegalmente. 'Sobrevivente político': Trump passou de azarão a símbolo do radicalismo nos Estados Unidos Muitos eleitores e ativistas republicanos foram galvanizados pelo confronto. Os possíveis rivais nas primárias, como o governador Ron DeSantis, da Flórida, viram poucas opções a não ser defender Trump, restabelecendo o ex-presidente como o alfa inquestionável de seu partido. Naquela época, ansioso para anunciar sua campanha, Trump tinha em mente sua defesa criminal: acreditava, de acordo com amigos, que uma candidatura formal à Casa Branca reforçaria suas alegações de que qualquer investigação era um golpe político. E o desempenho melhor do que o esperado dos democratas nas eleições de meio de mandato parecia comprometê-los com uma aposta perigosa: com uma derrota, o presidente Joe Biden poderia ter sido pressionado a se afastar, como muitos eleitores esperavam que ele fizesse em sua idade avançada. Agora, ele estava apostando tudo. Trump queria sua revanche e não via ninguém capaz de detê-lo. Acusações vs. apoios Como candidato novamente, Trump prestou muita atenção à linguagem que os legisladores emitiam sobre sua candidatura. Ele disse a seus aliados que somente endossos entusiasmados eram aceitáveis. Expressões de apoio racionais eram insuficientes. Mas para muitos republicanos eleitos, Trump ainda parecia vulnerável. Os doadores estavam se aproximando de seus oponentes. Os principais órgãos da imprensa conservadora estavam efetivamente o evitando: a Fox News, que em 2023 chegou a um acordo de US$ 787,5 milhões depois de veicular alegações infundadas sobre a eleição de 2020, estava se abstendo de entrevistar Trump e dando uma cobertura mais gentil a alguns de seus concorrentes. Entenda: Com Trump reeleito, EUA podem retirar o apoio à Ucrânia na guerra com a Rússia? Legalmente, sua equipe implantou uma nevasca de táticas de adiamento com o objetivo de empurrar seus julgamentos para além da eleição de 2024. Politicamente, Trump queria manter as acusações contra ele no centro das atenções, uma abordagem espetacularmente arriscada. Alguns conselheiros seniores levantaram preocupações por motivos simples: ser acusado de crimes raramente é vantajoso do ponto de vista profissional. Mas o instinto de Trump não era apenas se apoiar nas acusações, mas organizar toda a sua campanha em torno delas. Como presidente, Trump havia treinado os republicanos para que viessem em sua defesa em meio à investigação do FBI sobre os vínculos de sua campanha de 2016 com a Rússia. Quando Alvin Bragg, o promotor distrital de Manhattan, apresentou acusações de suborno contra Trump em 2023, a campanha quase não precisou enviar pontos de discussão sobre o caso ser uma "caça às bruxas". Todo o universo da direita já sabia o que dizer. De repente, Trump estava em toda a Fox novamente, saudado agora como um mártir. Suas acusações criminais se tornaram espetáculos para a imprensa. Seus assessores entraram em contato com os produtores da emissora para transformar suas viagens de carro do aeroporto ao tribunal em eventos televisivos ao vivo, evocando a perseguição de O.J. Simpson no Bronco. Seus números de arrecadação de fundos e pesquisas aumentaram. De economia à imigração: Como a vitória de Donald Trump nas eleições americanas pode impactar os brasileiros? O mais importante para os consultores é que os principais rivais de Trump para a indicação, DeSantis e Nikki Haley, se viram marginalizados e obrigados a defendê-lo, de forma desajeitada. Trump nem sequer se dignou a debatê-los. Ele ganhou a indicação facilmente e começou a pintar Biden como um tolo decadente. A equipe de Trump concordou com um debate antecipado, agendado para junho. Ele superaria suas expectativas mais loucas. Um verão inimaginável Trump subiu ao palco em Butler, Pensilvânia, no dia 13 de julho, como um líder sólido nas pesquisas contra um candidato à presidência que estava debilitado. Saiu, ensanguentado e com os punhos erguidos, como nada menos que uma figura do destino para muitos apoiadores. — Eu não deveria estar aqui esta noite — disse ele sobre a tentativa de assassinato na Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, cinco dias após o tiroteio. E uma sala em coro respondeu: — Sim, você devia! Dentro da arena, sua vitória poderia parecer quase predeterminada. E Biden estava se debatendo, em guerra com seu próprio partido, enquanto se recusava a abandonar sua candidatura. As coisas mudaram rapidamente. Quando a vice-presidente Kamala Harris subitamente se tornou sua oponente, Trump, de 78 anos, mostrou-se quase ostensivamente incapaz de se concentrar no argumento que seus assessores esperavam apresentar: que Kamala era uma extensão dos fracassos de Biden. 'Torne a América grande de novo': Entenda o significado do slogan da campanha de Trump Em vez disso, Trump não resistiu a questionar abertamente sua identidade como mulher negra. Ele divulgou conspirações infundadas da direita on-line sobre imigrantes haitianos comendo animais de estimação em Ohio. Quanto mais ele fazia campanha, mais ele lembrava alguns eleitores de sua presidência indisciplinada, que a névoa do tempo e da Covid-19 havia obscurecido. Mas mesmo quando Trump cometeu o que pareciam ser grandes erros espontâneos, seu pesquisador Tony Fabrizio viu melhorias em suas pesquisas internas. Depois de um ponto baixo no fim de agosto, quando Kamala o ultrapassou em vários estados-chave, Trump recuperou sua posição. Ele redobrou sua estratégia pré-Kamala. Evitou principalmente a grande imprensa, com exceção da Fox News. Gravou entrevistas com podcasters que têm um grande público, exatamente o tipo de pessoas que a campanha de Trump identificou como seus alvos mais férteis: homens jovens que são pessimistas em relação ao país, com uma visão parecida e, muitas vezes, não inclinados a votar. (O apoio deles era essencial, pois Trump parecia ter perdido terreno entre as mulheres depois de nomear três dos juízes da Suprema Corte que derrubaram a Roe v. Wade). Em seus comícios, era muitas vezes incoerente, falando sobre a brutalidade fictícia de Hannibal Lecter ou sobre a genitália de Arnold Palmer, mas raramente era entediante para seus apoiadores mais zelosos, que continuavam a se emocionar com sua fusão de política e entretenimento. Ele mostrou um pouco de agilidade na trilha da campanha: o homem com a torre dourada servindo batatas fritas no McDonald's. Entenda: Quando Trump assume Presidência dos EUA? Conheça as principais datas do processo eleitoral Também contou com a ajuda do homem mais rico do mundo. De uma maneira sem paralelo na história moderna, Elon Musk empregou seu tempo, sua energia e seus vastos recursos com o objetivo de fazer com que Trump fosse eleito. Depois de comprar o Twitter (que ele rebatizou de X), ele não apenas deu as boas-vindas a Trump de volta à plataforma, mas acabou transformando-a em uma máquina pró-Trump. Financiou pesadamente um comitê de ação superpolítica para apoiar uma iniciativa de divulgação do voto. E se juntou a Trump em comícios em Butler e no Madison Square Garden, onde o candidato zombou daqueles que estavam alarmados com os ecos cada vez mais autoritários em sua linguagem. — Quando eu digo 'o inimigo interno', o outro lado fica louco — provocou Trump. Após o ataque a tiros na Pensilvânia, algumas pessoas próximas a Trump insistiram que ele era um homem mudado, ansioso para se unir. Nos meses que se seguiram, ele pareceu ficar ainda menos inibido. A modulação nunca viria; e nunca precisou, como Trump havia apostado o tempo todo. Ele ainda está prometendo retaliação contra seus inimigos e uma campanha de deportação em massa. Ele ainda está convencido de que nunca perdeu uma eleição e nunca poderá perder. Ele ainda sabe o que seus seguidores veem nele — a fúria, a luta, o bálsamo do "nós" em um mundo de nós contra eles. Ele é quem ele é: o presidente eleito.

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