De Anitta a Xande de Pilares, veja as chances de brasileiros no Grammy Latino, nesta quinta-feira (25)
A 25ª edição do prêmio será sediada em Miami, num ano com número recorde de indicações de estrelas nacionais Pela terceira vez em Miami, cidade que abriga a Academia Latina da Gravação, acontece hoje o 25º Grammy Latino, que contará com cobertura ao vivo do Globoplay e do Canal Bis, a partir de 21h. Uma semana após a vitória avassaladora de Donald Trump, a premiação volta ao estado que se tornou nos últimos anos um reduto republicano e no qual o presidente eleito dos Estados Unidos mantém sua mansão de Mar-a-Lago. Outro momento: Luciano Camargo celebra carreira gospel e detalha relação com o irmão Zezé: 'Cada um na sua' 'Baby Brumilla': Ludmilla explica como Brunna Gonçalves engravidou por meio de método ROPA: 'Vamos ser mamães' A coincidência passou ao largo em muitos dos eventos dos últimos dias. Organizados pela Academia Latina da Gravação ou por empresas com interesses afins, como Spotify, YouTube, Amazon, Meta, Universal Music e Billboard ou artistas (da colombiana Karol G à brasileira Luísa Sonza) e seus escritórios, eles se espalharam por solenidades, festas, encontros de discussão em diferentes instituições de Miami. Em praticamente todos uma mesma ausência se manifestou: referência zero à eleição presidencial dos EUA. Na terça-feira, em um grupo de mensagens da comunidade artística brasileira, outra pauta política surgiu: que artistas indicados usassem o evento para apoiar o fim da escala 6x1 de trabalho. A maior expectativa para alguns artistas nacionais é saber se conseguirão prêmios nas categorias em que concorrem juntos a nuestros hermanos latino-americanos. As chances aumentaram, já que 2024 é o ano com a maior participação do Brasil. Tanto nos eventos, trazendo a Miami quase 400 pessoas, quanto no número de indicados nas categorias gerais. Nestas, nas 24 premiações anteriores foram, teve em média dois ou três troféus. O melhor desempenho se deu em 2002, com cinco prêmios. Quando ganhamos é principalmente nas categorias técnicas (engenharia de gravação, mixagem, masterização, tanto que, em 2024, pelo segundo ano consecutivo, o Brasil monopolizou as indicações para melhor masterização) e de jazz/jazz latino, instrumental e música clássica, nas quais predominam obras sem canto — mais uma evidência de que a barreira do idioma se impõe. Historicamente, como uma ilha gigante, a música do maior mercado da América Latina no setor está restrita às nove categorias em Língua Portuguesa — estas, com participação pequena de artistas de Portugal e menor ainda daqueles vindos dos países luso-africanos. Para Felipe Tichauer, brasileiro radicado há três décadas em Miami, onde mantém um estúdio de masterização, o idioma nem sempre é um empecilho. — Percebo pelos amigos americanos de meus filhos adolescentes. Eles adoram e cantam os sucessos do funk brasileiro, incluindo todos os palavrões — diz Tichauer, que coleciona 16 troféus do Grammy Latino e 122 indicações (entre o Grammy original e o latino). Em 2024, há quatro artistas brasileiros disputando nas quatro categorias principais. Incluindo alguém que já furou a bolha, Anitta, disputando este ano o de gravação do ano (com “Mil veces”). Já em revelação as chances se dividem entre a cantora Cacá Magalhães e o grupo Os Garotin; enquanto, em álbum do ano, Xande de Pilares concorre com “Xande canta Caetano”. Ainda sobre Anitta, em outra prova de que já atravessou a fronteira, na última sexta-feira ela também foi indicada para o Grammy dos Estados Unidos (marcado para fevereiro de 2025, em Los Angeles), com o álbum de pop latino com “Funk generation”. Gene de Souza, outro brasileiro baseado em Miami desde os anos 1990, responsável por turnês por cidades americanas de Marisa Monte, Lulu Santos, Alceu Valença e Yamandu Costa, entende Anitta como um fenômeno à parte: — Ela construiu uma imagem, sabe causar nas redes, no streaming, mas tudo isso não é o suficiente para conseguir grandes plateias em uma turnê. Reconhecimento a Lulu Santos Durante a semana, foram muitas as preliminares para a noite de hoje. No domingo, no grande teatro do Arsht Center, a entrega dos prêmios especiais do Grammy Latino começou com a entrega do Trustees Award para dois cantores, compositores e produtores: o mexicano Chucho Rincón e o porto-riquenho Ángel “Cucco” Peña. Em seguida, Lulu Santos foi o último homenageado do Lifetime Achievement, que, seguindo ordem alfabética, foi dado a mais cinco artistas. Com exceção do ex-Menudo Draco Rosa, estes eram pouco conhecidos no Brasil: as cantoras cubana Albita e espanhola Lolita Flores, o argentino Alejandro Lerner e o grupo mexicano Los Ángeles Azules. Para entregar a estatueta a Lulu, Gloria Groove, ou melhor, em sua versão à paisana, Daniel Garcia Felicione Napoleão impressionou a plateia com seu fluente domínio do espanhol. Pena que, na segunda parte de sua inspirada fala, ao trocar para o português, entrou em ritmo acelerado demais para quem não domina o idioma de Camões e Cartola: — Lulu é uma daquelas lendas que só aparecem de tempos
A 25ª edição do prêmio será sediada em Miami, num ano com número recorde de indicações de estrelas nacionais Pela terceira vez em Miami, cidade que abriga a Academia Latina da Gravação, acontece hoje o 25º Grammy Latino, que contará com cobertura ao vivo do Globoplay e do Canal Bis, a partir de 21h. Uma semana após a vitória avassaladora de Donald Trump, a premiação volta ao estado que se tornou nos últimos anos um reduto republicano e no qual o presidente eleito dos Estados Unidos mantém sua mansão de Mar-a-Lago. Outro momento: Luciano Camargo celebra carreira gospel e detalha relação com o irmão Zezé: 'Cada um na sua' 'Baby Brumilla': Ludmilla explica como Brunna Gonçalves engravidou por meio de método ROPA: 'Vamos ser mamães' A coincidência passou ao largo em muitos dos eventos dos últimos dias. Organizados pela Academia Latina da Gravação ou por empresas com interesses afins, como Spotify, YouTube, Amazon, Meta, Universal Music e Billboard ou artistas (da colombiana Karol G à brasileira Luísa Sonza) e seus escritórios, eles se espalharam por solenidades, festas, encontros de discussão em diferentes instituições de Miami. Em praticamente todos uma mesma ausência se manifestou: referência zero à eleição presidencial dos EUA. Na terça-feira, em um grupo de mensagens da comunidade artística brasileira, outra pauta política surgiu: que artistas indicados usassem o evento para apoiar o fim da escala 6x1 de trabalho. A maior expectativa para alguns artistas nacionais é saber se conseguirão prêmios nas categorias em que concorrem juntos a nuestros hermanos latino-americanos. As chances aumentaram, já que 2024 é o ano com a maior participação do Brasil. Tanto nos eventos, trazendo a Miami quase 400 pessoas, quanto no número de indicados nas categorias gerais. Nestas, nas 24 premiações anteriores foram, teve em média dois ou três troféus. O melhor desempenho se deu em 2002, com cinco prêmios. Quando ganhamos é principalmente nas categorias técnicas (engenharia de gravação, mixagem, masterização, tanto que, em 2024, pelo segundo ano consecutivo, o Brasil monopolizou as indicações para melhor masterização) e de jazz/jazz latino, instrumental e música clássica, nas quais predominam obras sem canto — mais uma evidência de que a barreira do idioma se impõe. Historicamente, como uma ilha gigante, a música do maior mercado da América Latina no setor está restrita às nove categorias em Língua Portuguesa — estas, com participação pequena de artistas de Portugal e menor ainda daqueles vindos dos países luso-africanos. Para Felipe Tichauer, brasileiro radicado há três décadas em Miami, onde mantém um estúdio de masterização, o idioma nem sempre é um empecilho. — Percebo pelos amigos americanos de meus filhos adolescentes. Eles adoram e cantam os sucessos do funk brasileiro, incluindo todos os palavrões — diz Tichauer, que coleciona 16 troféus do Grammy Latino e 122 indicações (entre o Grammy original e o latino). Em 2024, há quatro artistas brasileiros disputando nas quatro categorias principais. Incluindo alguém que já furou a bolha, Anitta, disputando este ano o de gravação do ano (com “Mil veces”). Já em revelação as chances se dividem entre a cantora Cacá Magalhães e o grupo Os Garotin; enquanto, em álbum do ano, Xande de Pilares concorre com “Xande canta Caetano”. Ainda sobre Anitta, em outra prova de que já atravessou a fronteira, na última sexta-feira ela também foi indicada para o Grammy dos Estados Unidos (marcado para fevereiro de 2025, em Los Angeles), com o álbum de pop latino com “Funk generation”. Gene de Souza, outro brasileiro baseado em Miami desde os anos 1990, responsável por turnês por cidades americanas de Marisa Monte, Lulu Santos, Alceu Valença e Yamandu Costa, entende Anitta como um fenômeno à parte: — Ela construiu uma imagem, sabe causar nas redes, no streaming, mas tudo isso não é o suficiente para conseguir grandes plateias em uma turnê. Reconhecimento a Lulu Santos Durante a semana, foram muitas as preliminares para a noite de hoje. No domingo, no grande teatro do Arsht Center, a entrega dos prêmios especiais do Grammy Latino começou com a entrega do Trustees Award para dois cantores, compositores e produtores: o mexicano Chucho Rincón e o porto-riquenho Ángel “Cucco” Peña. Em seguida, Lulu Santos foi o último homenageado do Lifetime Achievement, que, seguindo ordem alfabética, foi dado a mais cinco artistas. Com exceção do ex-Menudo Draco Rosa, estes eram pouco conhecidos no Brasil: as cantoras cubana Albita e espanhola Lolita Flores, o argentino Alejandro Lerner e o grupo mexicano Los Ángeles Azules. Para entregar a estatueta a Lulu, Gloria Groove, ou melhor, em sua versão à paisana, Daniel Garcia Felicione Napoleão impressionou a plateia com seu fluente domínio do espanhol. Pena que, na segunda parte de sua inspirada fala, ao trocar para o português, entrou em ritmo acelerado demais para quem não domina o idioma de Camões e Cartola: — Lulu é uma daquelas lendas que só aparecem de tempos em tempos. Sábio, intuitivo, intenso, destemido. Lulu mostra com a própria vida que ser autêntico não é apenas possível, mas sim necessário. Àquela altura, após mais de quatro horas de coquetel no lobby do teatro e da louvação sem fim, tudo já era festa. Que, para Lulu, prosseguiu na casa noturna que estava lotada de pagantes, também brasileiros em sua maioria. A extensa agenda prévia dessa semana incluiu o encontro de artistas indicados em todos os estilos, na segunda-feira à noite, no Frost Museum. Em meio a tubarões, tartarugas, arraias dos aquários do museu de ciência, artistas de diversas partes da América Latina e de Portugal e Espanha receberam as medalhas referentes às suas categorias, posaram para fotos oficiais e trocaram experiências. Inaugurada com sucesso no ano passado, na cidade espanhola de Sevilha, na primeira vez que uma cerimônia do Grammy Latino aconteceu fora dos EUA, a programação dos indicados foi incluída no calendário da semana. Que incluiu mais eventos oficiais, como o Leading Ladies of Entertainment (na manhã de segunda, no Loews Hotel, exclusivo de mulheres, instrumentistas, cantoras, compositoras) e o Best New Artist Showcase (na noite de terça, no Faena Forum, com apresentações de alguns dos indicados na categoria revelação). A noite de ontem, no Centro de Convenções de Miami Beach, foi reservada para o cantor, compositor e ator colombiano Carlos Vives, com prêmio especial de Personalidade do Ano — o mesmo Vives, que, no domingo, foi o escolhido para entregar o Lifetime Achievement a Alejandro Lerner. Ainda entre os eventos paralelos que se espalharam pelo condado de Miami, na tarde de segunda, um hotel vintage de Miami concentrou muitos brasileiros e sediou o encontro Brasil + Latin Marketing, com produtores e empresários da cadeia produtiva da música procurando formas de aumentar o intercâmbio. Potência nacional Em quatro rodas de conversa, reunindo cerca de 20 profissionais da indústria cultural, um dos consensos foi de que aos brasileiros sobram talento artístico, diversidade de estilos e capacidade de improvisar. Mas faltam foco, disposição para trocar o sucesso por um recomeço nesses novos mercados e logística. Vale lembrar que, nas categorias principais do Grammy Latino, o Brasil só levou o troféu três vezes, com Maria Rita (revelação em 2004), Ivan Lins (álbum do ano, 2005) e Caetano & Tom Veloso (gravação do ano, 2021) — Se o Brasil soubesse planejar como consegue improvisar, já tínhamos conquistado o mundo com nossa música — sintetizou Marcelo Castello Branco, CEO da União Brasileira de Compositores (UBC). De volta à noite de hoje, mais brasileiros têm chances em categorias compartilhadas. Temos, entre outras, performance de música eletrônica latina (Alok), canção de cantor-compositor (Tiago Iorc), álbum instrumental (Yamandu Costa & Armandinho Macêdo e Hamilton De Holanda & C4 Trio), álbum de jazz latino (Hamilton de Holanda & Gonzalo Rubalcaba e Hermeto Pascoal & Grupo), melhor pacote de gravação (Jair Oliveira) e arranjo instrumental (Orquestra Jazz De Matosinhos, Gabi Guedes e Kiko Freitas). Os votos, por via eletrônica, já foram computados, logo mais o mundo vai conhecer os vencedores.
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