Crise na UFRJ: Justiça ordena que Light reestabeleça o fornecimento de energia da universidade
Logo após a energia ser cortada, a Águas do Rio também anunciou a interrupção do abastecimento de água na universidade devido a uma dívida de R$ 18 milhões O Tribunal Regional Federal (TRF) do Rio ordenou que a Ligth reestabeleça o fornecimento de energia nos prédios da Universidade Federal do Rio (UFRJ). Em sua decisão, o desembargador Alcides Martins ainda determinou que a empresa não realize mais cortes e que em até 60 dias a UFRJ pague R$ 5 milhões à concessionária. Após corte de luz por falta de pagamento: Parte dos alunos da UFRJ terá aulas nas áreas externas do campus do Fundão Às vésperas do 'Janjapalooza', chuva no Rio preocupa primeira-dama: 'Vamos jogar um sabãozinho para Santa Clara' Segundo a decisão do desembargador, a UFRJ "afirma que está sofrendo coação para o pagamento das parcelas atrasadas mediante o corte no fornecimento de luz e que, como forma de demonstração de boa-vontade, em 11/11/2024, houve o pagamento da parcela referente ao fornecimento de setembro/2024". Após a decisão do desembargador, o juiz federal José Arthur Diniz Borges, que julga o processo de litígio entre UFRJ e a Light, ordenou a citação da empresa e marcou uma audiência presencial de conciliação para o dia 21 de novembro às 14 horas. Crise financeira O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, disse, durante uma aula pública convocada nesta quarta-feira, que não havia previsão para o restabelecimento da luz em parte da universidade. Quatro espaços da universidade estão sem energia elétrica desde terça-feira, quando a Light interrompeu o fornecimento em razão de uma dívida de mais de R$ 35 milhões. Medronho enfatizou que se preocupa com o mantimento dos materiais de pesquisa e artefatos que estão na universidade. Um dos locais que correu risco de ter a energia desligada foi o espaço onde está guardado o manto Tupinambá, devolvido ao Brasil pelo Museu Nacional da Dinamarca para recompor o acervo, destruído no incêndio há seis anos. Já a Light afirma que as unidades cadastradas como essenciais, como os serviços de saúde e segurança, foram poupadas da suspensão para garantir a continuidade desses atendimentos à população. — De forma arbitrária, eles (a Light) decidiram quais as edificações que serão cortadas. Inicialmente cortaram a luz do prédio do Palácio, onde está uma das edificações em que está o Museu Nacional, não é a única. E aí eles viram o que fizeram, que isso ia parar o projeto de reconstrução nacional, e religaram. Desceram para o Horto Botânico do Museu Nacional, onde está o manto tupinambá e iam desligar lá. Aquele manto, se não tiver com a temperatura e a umidade do ar perfeitas, ele se degrada. Um ancestral de 400 anos. Meninos envenenados: ex-padrasto suspeito do crime se entrega à polícia Lula participa da cerimônia de celebração do retorno do Manto Tupinambá ao Brasil Ricardo Stuckert / PR Medronho afirmou que a concessionária desligou luz no campus de São Cristóvão, que fica do outro lado da rua do Museu Nacional. — O local abriga uma coleção de invertebrados, que está preservada em soluções alcoólicas. Com as temperaturas de ontem, o risco de incêndio ia ser imenso. Felizmente, a temperatura caiu, mas eles não religaram. A situação é dramática — conta Medronho. Estão sem luz a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a Escola de Belas Artes, o estacionamento do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead) e a reitoria da UFRJ. Manto sagrado tupinambá: 'Líder indígena usava para sacrificar inimigo e recebia poderes de aves', afirma antropóloga A operação de corte foi suspensa após intervenção da Procuradoria da universidade. De acordo com a Light, a medida foi tomada por inadimplência. A dívida total da UFRJ com a concessionária soma R$ 31,8 milhões, referente a faturas vencidas entre março e novembro de 2024, além de R$ 3,9 milhões em parcelas não quitadas de um acordo firmado em 2020. Água também cortada Logo após a luz ser cortada, a Águas do Rio anunciou a interrupção do abastecimento de água na UFRJ devido a uma dívida de R$ 18 milhões. A empresa informou que fez várias reuniões com a reitoria da universidade para que se chegasse a um acordo. No último encontro, na sexta-feira, foi formalizada uma proposta de desconto. No entanto, a Águas do Rio pontua que o prazo para a proposta se encerrou na terça-feira e, como não houve retorno, foi iniciado o corte do fornecimento de água em algumas unidades. "Vale destacar que nenhuma unidade de serviço essencial será impactada", diz a empresa. O reitor ressaltou que o corte de energia e água na UFRJ pode impactar diretamente toda a comunidade acadêmica, composta por 4,9 mil docentes, 9,1 mil técnicos administrativos e 70 mil alunos de graduação e pós-graduação. Novo contrato: Imagens de câmeras corporais da PM do Rio serão guardadas por 90 dias Medronho explica que a situação se agravou devido ao déficit orçamentário da universidade, que atualmente chega a R$ 192 milhões, acumulado nos últim
Logo após a energia ser cortada, a Águas do Rio também anunciou a interrupção do abastecimento de água na universidade devido a uma dívida de R$ 18 milhões O Tribunal Regional Federal (TRF) do Rio ordenou que a Ligth reestabeleça o fornecimento de energia nos prédios da Universidade Federal do Rio (UFRJ). Em sua decisão, o desembargador Alcides Martins ainda determinou que a empresa não realize mais cortes e que em até 60 dias a UFRJ pague R$ 5 milhões à concessionária. Após corte de luz por falta de pagamento: Parte dos alunos da UFRJ terá aulas nas áreas externas do campus do Fundão Às vésperas do 'Janjapalooza', chuva no Rio preocupa primeira-dama: 'Vamos jogar um sabãozinho para Santa Clara' Segundo a decisão do desembargador, a UFRJ "afirma que está sofrendo coação para o pagamento das parcelas atrasadas mediante o corte no fornecimento de luz e que, como forma de demonstração de boa-vontade, em 11/11/2024, houve o pagamento da parcela referente ao fornecimento de setembro/2024". Após a decisão do desembargador, o juiz federal José Arthur Diniz Borges, que julga o processo de litígio entre UFRJ e a Light, ordenou a citação da empresa e marcou uma audiência presencial de conciliação para o dia 21 de novembro às 14 horas. Crise financeira O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, disse, durante uma aula pública convocada nesta quarta-feira, que não havia previsão para o restabelecimento da luz em parte da universidade. Quatro espaços da universidade estão sem energia elétrica desde terça-feira, quando a Light interrompeu o fornecimento em razão de uma dívida de mais de R$ 35 milhões. Medronho enfatizou que se preocupa com o mantimento dos materiais de pesquisa e artefatos que estão na universidade. Um dos locais que correu risco de ter a energia desligada foi o espaço onde está guardado o manto Tupinambá, devolvido ao Brasil pelo Museu Nacional da Dinamarca para recompor o acervo, destruído no incêndio há seis anos. Já a Light afirma que as unidades cadastradas como essenciais, como os serviços de saúde e segurança, foram poupadas da suspensão para garantir a continuidade desses atendimentos à população. — De forma arbitrária, eles (a Light) decidiram quais as edificações que serão cortadas. Inicialmente cortaram a luz do prédio do Palácio, onde está uma das edificações em que está o Museu Nacional, não é a única. E aí eles viram o que fizeram, que isso ia parar o projeto de reconstrução nacional, e religaram. Desceram para o Horto Botânico do Museu Nacional, onde está o manto tupinambá e iam desligar lá. Aquele manto, se não tiver com a temperatura e a umidade do ar perfeitas, ele se degrada. Um ancestral de 400 anos. Meninos envenenados: ex-padrasto suspeito do crime se entrega à polícia Lula participa da cerimônia de celebração do retorno do Manto Tupinambá ao Brasil Ricardo Stuckert / PR Medronho afirmou que a concessionária desligou luz no campus de São Cristóvão, que fica do outro lado da rua do Museu Nacional. — O local abriga uma coleção de invertebrados, que está preservada em soluções alcoólicas. Com as temperaturas de ontem, o risco de incêndio ia ser imenso. Felizmente, a temperatura caiu, mas eles não religaram. A situação é dramática — conta Medronho. Estão sem luz a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a Escola de Belas Artes, o estacionamento do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead) e a reitoria da UFRJ. Manto sagrado tupinambá: 'Líder indígena usava para sacrificar inimigo e recebia poderes de aves', afirma antropóloga A operação de corte foi suspensa após intervenção da Procuradoria da universidade. De acordo com a Light, a medida foi tomada por inadimplência. A dívida total da UFRJ com a concessionária soma R$ 31,8 milhões, referente a faturas vencidas entre março e novembro de 2024, além de R$ 3,9 milhões em parcelas não quitadas de um acordo firmado em 2020. Água também cortada Logo após a luz ser cortada, a Águas do Rio anunciou a interrupção do abastecimento de água na UFRJ devido a uma dívida de R$ 18 milhões. A empresa informou que fez várias reuniões com a reitoria da universidade para que se chegasse a um acordo. No último encontro, na sexta-feira, foi formalizada uma proposta de desconto. No entanto, a Águas do Rio pontua que o prazo para a proposta se encerrou na terça-feira e, como não houve retorno, foi iniciado o corte do fornecimento de água em algumas unidades. "Vale destacar que nenhuma unidade de serviço essencial será impactada", diz a empresa. O reitor ressaltou que o corte de energia e água na UFRJ pode impactar diretamente toda a comunidade acadêmica, composta por 4,9 mil docentes, 9,1 mil técnicos administrativos e 70 mil alunos de graduação e pós-graduação. Novo contrato: Imagens de câmeras corporais da PM do Rio serão guardadas por 90 dias Medronho explica que a situação se agravou devido ao déficit orçamentário da universidade, que atualmente chega a R$ 192 milhões, acumulado nos últimos oito anos. Apenas este ano, o déficit chega a R$ 70 milhões. A UFRJ informou que está redirecionando recursos destinados a outras finalidades para quitar parte da dívida e garantir o pagamento de uma parcela da conta de luz. A outra parte será coberta por um repasse emergencial do Ministério da Educação, no valor de R$ 1,5 milhão, previsto para ser liberado ainda nesta quarta-feira. Segundo o reitor Roberto Medronho, há também a expectativa de um projeto de repasse adicional de R$ 3 milhões. — Nós reconhecemos que temos esse déficit. Estamos negociando com eles que precisamos de suplementação orçamentária para poder ficar em dia. Como o ensino e a pesquisa são atividades essenciais, apelamos para eles não cortarem. Então, nós entramos com agravo regimental, junto ao Tribunal Regional Federal. Hoje pagaremos uma conta de energia elétrica. Estamos aguardando a suplementação orçamentária do MEC, para pagar uma segunda conta. Vamos mostrar para o juiz que não há má-fé da nossa parte, que nós reconhecemos a dívida, queremos pagar, mas que falta um recurso — lamenta Medronho. O reitor enfatizou que os alunos mais vulneráveis socialmente serão os principais prejudicados, pois o restaurante universitário e a residência estudantil também podem ficar sem energia: — Olha que crueldade: esse corte de energia vai atingir os mais vulneráveis. Os alunos que se alimentam no restaurante, os que vivem na residência estudantil e os alunos do curso noturno que não vão poder estudar sem iluminação. Então, afeta os mais vulneráveis, além de ser uma atitude extremamente arbitrária, ela é cruel. Muro de ginásio da Escola de Educação Física da UFRJ desaba e suspende aulas Reprodução As dívidas da universidade também refletem em problemas estruturais. O prédio da Escola de Educação Física e Dança está fechado devido a dois desmoronamentos em um período de sete meses. Segundo o Escritório Técnico Universitário, cerca de metade dos prédios da UFRJ precisa de reparos na edificação, com obras orçadas em R$ 780 milhões. — Precisamos de um apoio, de suplementação orçamentária para manter a nossa universidade. A conta de luz, água, vigilância, assistência estudantil e restaurante são nossas prioridades, mas o déficit é muito maior. Por isso, deixamos de pagar alguns meses à Light e à Águas do Rio, até mesmo a vigilância, para esse conjunto enorme de verbas que precisamos — alega Medronho. 'Medo de perder anos de trabalho' Professor titular de virologia da UFRJ, Almícar Tanuri relata que, apesar da situação estar normalizada nos prédios de saúde e biologia, o sentimento é de apreensão entre os alunos e educadores. Tanuri pontua que os laboratórios guardam 70 mil amostras que contam a história da pandemia da Covid-19 no Rio e necessitam de uma temperatura específica para não degradarem. — Ainda estamos com energia elétrica nos prédios, porém nós temos muita preocupação de acontecer algo. No nosso laboratório temos 70 mil amostras que contam a história da pandemia inteira. Elas são super preciosas e se ficarem sem congelamento têm o risco de degradarem. Temos geradores, mas não sei até quanto tempo eles conseguem sustentar porque 24h sem luz já é suficiente para acabar com tudo. Medo de perder anos de trabalho — detalha Tanuri. A segurança é um outro fator que está sendo prejudicado pela falta de luz. Tanuri lembra que pediu aos alunos para não permanecerem nas instalações da universidade depois das 17h: — A Light cortou a luz das vias, então quando escurece a segurança no campus fica super prejudicada. No meu laboratório os alunos costumam ficar trabalhando até às 20h. Com tudo isso acontecendo falei que ninguém mais pode sair depois das 17h.
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