Conselho de transição do Haiti destitui premier em meio a crise humanitária e violência de gangues no país
Decisão ocorreu após semanas de conflito; atual primeiro-ministro, Garry Conille denuncia a medida como ilegal O Conselho Presidencial de transição do Haiti decidiu destituir o primeiro-ministro do país, Garry Conille, após uma disputa política que se desenrolou em meio a uma onda de sequestros e assassinatos. Antigo chefe do escritório regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para a América Latina, o médico de 58 anos foi nomeado em maio para servir como premier interino do Haiti. Ele e o conselho do país têm como objetivo preparar o caminho para as eleições presidenciais do próximo ano. Crise: Total de deslocados pela violência de gangues no Haiti chega a 700 mil Violência: Primeiro contingente da polícia queniana chega ao Haiti para missão de segurança O órgão presidencial de nove membros nomeou Alix Didier Fils-Aimé, dono de uma rede de lavanderias e ex-candidato ao Senado haitiano, como substituto de Conille, segundo uma ordem executiva publicada no domingo no jornal oficial do país, o Le Moniteur. Ex-presidente da Câmara de Comércio do Haiti, Fils-Aimé estudou na Universidade de Boston e se descreve como “empreendedor” e “cidadão engajado”. A decisão do conselho abre um novo período de incertezas no país, que enfrenta décadas de pobreza, violência e instabilidade política. O último presidente do Haiti, Jovenel Moïse (1968-2021), foi assassinado por homens armados em julho de 2021. Desde então, não foram realizadas novas eleições, e o primeiro-ministro anterior, Ariel Henry, foi forçado a deixar o cargo no início deste ano por uma coalizão de gangues que tomou a capital, Porto Príncipe, atacando alvos como delegacias, penitenciárias e hospitais. Incapaz de retornar ao país após uma viagem ao exterior, ele renunciou em abril. A decisão de destituir Conille ocorreu após semanas de conflito entre o premier e o conselho de transição, que queria mudar os titulares das pastas de Justiça, Finanças, Defesa e Saúde, uma decisão a que Conille se opunha, de acordo com o Miami Herald. Fluente em inglês e visto como alguém afastado das políticas partidárias tradicionais do país, já que viveu no exterior por mais de uma década, o médico era considerado um favorito da comunidade internacional, que atua como importante doador financeiro e possui grande influência nos assuntos do Haiti. O premier também havia enviado nesta semana uma carta ao órgão presidencial pedindo a demissão de três dos seus membros envolvidos em um escândalo de corrupção. Alguns analistas compararam a decisão de destituí-lo a um golpe de motivação política e questionaram se o conselho tinha autoridade legal para tomar a decisão. A autoridade para destituir um primeiro-ministro no país pertence ao Parlamento, mas, como não houve eleições, o Haiti atualmente não tem um. Ao diretor da imprensa nacional, Conille afirmou que a resolução do conselho é ilegal. Esta é a segunda vez que Conille ocupa o cargo de primeiro-ministro. Ele renunciou em 2012, após apenas quatro meses, devido a crescentes tensões com o presidente da época. Agora, no entanto, a mudança na chefia de governo ocorre no pior momento para o Haiti, mergulhado em uma crise humanitária grave. O conselho votou por sua destituição na sexta-feira, no mesmo dia em que as Nações Unidas anunciaram que algumas áreas do país estavam atingindo condições semelhantes à fome. Cerca de 4,9 mil pessoas foram mortas entre janeiro e setembro, segundo a ONU. Esse número já ultrapassou as 4,7 mil pessoas mortas em todo o ano passado. Um massacre no mês passado resultou na morte de mais de 100 pessoas em Pont-Sondé, na região de Artibonite. Mais de 700 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas em todo o país. (Com AFP e New York Times)
Decisão ocorreu após semanas de conflito; atual primeiro-ministro, Garry Conille denuncia a medida como ilegal O Conselho Presidencial de transição do Haiti decidiu destituir o primeiro-ministro do país, Garry Conille, após uma disputa política que se desenrolou em meio a uma onda de sequestros e assassinatos. Antigo chefe do escritório regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para a América Latina, o médico de 58 anos foi nomeado em maio para servir como premier interino do Haiti. Ele e o conselho do país têm como objetivo preparar o caminho para as eleições presidenciais do próximo ano. Crise: Total de deslocados pela violência de gangues no Haiti chega a 700 mil Violência: Primeiro contingente da polícia queniana chega ao Haiti para missão de segurança O órgão presidencial de nove membros nomeou Alix Didier Fils-Aimé, dono de uma rede de lavanderias e ex-candidato ao Senado haitiano, como substituto de Conille, segundo uma ordem executiva publicada no domingo no jornal oficial do país, o Le Moniteur. Ex-presidente da Câmara de Comércio do Haiti, Fils-Aimé estudou na Universidade de Boston e se descreve como “empreendedor” e “cidadão engajado”. A decisão do conselho abre um novo período de incertezas no país, que enfrenta décadas de pobreza, violência e instabilidade política. O último presidente do Haiti, Jovenel Moïse (1968-2021), foi assassinado por homens armados em julho de 2021. Desde então, não foram realizadas novas eleições, e o primeiro-ministro anterior, Ariel Henry, foi forçado a deixar o cargo no início deste ano por uma coalizão de gangues que tomou a capital, Porto Príncipe, atacando alvos como delegacias, penitenciárias e hospitais. Incapaz de retornar ao país após uma viagem ao exterior, ele renunciou em abril. A decisão de destituir Conille ocorreu após semanas de conflito entre o premier e o conselho de transição, que queria mudar os titulares das pastas de Justiça, Finanças, Defesa e Saúde, uma decisão a que Conille se opunha, de acordo com o Miami Herald. Fluente em inglês e visto como alguém afastado das políticas partidárias tradicionais do país, já que viveu no exterior por mais de uma década, o médico era considerado um favorito da comunidade internacional, que atua como importante doador financeiro e possui grande influência nos assuntos do Haiti. O premier também havia enviado nesta semana uma carta ao órgão presidencial pedindo a demissão de três dos seus membros envolvidos em um escândalo de corrupção. Alguns analistas compararam a decisão de destituí-lo a um golpe de motivação política e questionaram se o conselho tinha autoridade legal para tomar a decisão. A autoridade para destituir um primeiro-ministro no país pertence ao Parlamento, mas, como não houve eleições, o Haiti atualmente não tem um. Ao diretor da imprensa nacional, Conille afirmou que a resolução do conselho é ilegal. Esta é a segunda vez que Conille ocupa o cargo de primeiro-ministro. Ele renunciou em 2012, após apenas quatro meses, devido a crescentes tensões com o presidente da época. Agora, no entanto, a mudança na chefia de governo ocorre no pior momento para o Haiti, mergulhado em uma crise humanitária grave. O conselho votou por sua destituição na sexta-feira, no mesmo dia em que as Nações Unidas anunciaram que algumas áreas do país estavam atingindo condições semelhantes à fome. Cerca de 4,9 mil pessoas foram mortas entre janeiro e setembro, segundo a ONU. Esse número já ultrapassou as 4,7 mil pessoas mortas em todo o ano passado. Um massacre no mês passado resultou na morte de mais de 100 pessoas em Pont-Sondé, na região de Artibonite. Mais de 700 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas em todo o país. (Com AFP e New York Times)
Qual é a sua reação?