Com controle do Congresso e Judiciário 'aliado', Trump deve governar sem contrapesos em novo mandato
Além da vitória no Colégio Eleitoral, republicanos devem controlar as duas Casas do Legislativo, e Departamento de Justiça será comandado por nome leal Ao assumir pela segunda vez o governo dos EUA, em janeiro do ano que vem, Donald Trump estará diante de uma conjunção de fatores extremamente favoráveis: com o controle do Senado (e possivelmente da Câmara), uma Suprema Corte aliada, o Departamento de Justiça leal e regras que inibem processos contra presidentes, o republicano virtualmente não terá limites às suas ações, e testará, mais uma vez, todo o sistema de pesos e contrapesos do país. Após vencer eleições: Trump fica R$ 6 bi mais rico em ações de mídia social 'Torne a América grande de novo': Entenda o significado do slogan da campanha de Trump Além de ser eleito com folga no Colégio Eleitoral, e se tornar o primeiro republicano desde George W. Bush a vencer na votação nacional, Trump foi crucial para garantir a retomada do Senado pelo partido, com vitórias que tiveram sua participação direta. Até a noite de ontem, seus aliados tinham 52 cadeiras, duas a mais do que o necessário para a maioria. Na Câmara, embora a definição possa levar semanas, os republicanos conseguiram reverter mais cadeiras do que apontavam as pesquisas e devem manter o controle. Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Trump sabe que terá uma base fiel. Seu apoio nas primárias foi crucial para filtrar dissidências, e hoje, ao invés dos ideais do Partido Republicano, mesmo com todas suas divisões internas no passado, o que pauta senadores e deputados é a lealdade ao trumpismo. Análise: Trump pediu permissão para fazer tudo o que prometeu. Os americanos disseram 'sim' Com isso, terá a garantia, pelo menos até as eleições de meio de mandato, em 2026, de que não será alvo de processos de impeachment ou inquéritos legislativos. Pelo contrário: os parlamentares podem avançar contra figuras como o presidente Joe Biden e seu filho, Hunter. Na campanha, Trump disse, mais de uma vez, que perseguiria seus adversários se fosse eleito. “Quando eu ganhar, essas pessoas que trapacearam serão processadas em toda a extensão da Lei, o que incluirá sentenças de prisão de longo prazo para que essa Depravação da Justiça não aconteça novamente”, escreveu Trump, em setembro, em sua rede social, o Truth Social. “Aqueles envolvidos em comportamento inescrupuloso serão procurados, capturados e processados em níveis, infelizmente, nunca vistos antes em nosso país”. Lealdade x competência Dentro do sistema americano, o Departamento de Justiça também desempenha funções similares à da Procuradoria-Geral da República, abrindo processos, recebendo denúncias e ordenar inquéritos. Antes mesmo de ser eleito, Trump dizia que esse era um posto-chave, do qual exigiria do secretário de Justiça alinhamento total, para lançar ações contra rivais e também para criar uma proteção contra instâncias inferiores. — Lealdade é a coisa mais importante. Competência provavelmente é a segunda — disse ao portal Politico Ty Cobb, um ex-advogado do governo Trump que se tornou um crítico do ex-presidente. — Acho que ele está procurando alguém que seja totalmente subserviente. Kamala reconhece vitória, mas envia recado para Trump: 'Admito derrota, mas não vou ceder nas lutas que impulsionaram campanha' Trump não quer apenas colocar seus algozes na cadeia ou tirá-los da vista pública, mas também se livrar dos problemas com a Justiça. Condenado por pagar pelo silêncio de uma ex-atriz pornô, relacionado a um caso extraconjugal, o presidente eleito está no banco dos réus em processos ligados ao ataque ao Capitólio, em janeiro de 2021, à sua tentativa de reverter a derrota para Biden em 2020 e sobre o manuseio de documentos sigilosos. Lula diz que espera ‘relação civilizada’ com Trump: ‘Quando a gente tiver assunto, se conversa por telefone’ O promotor especial Jack Smith, encarregado pelos processos federais, já discute, segundo a rede CNN, maneiras para encerrar os casos, e se prepara para uma iminente blitz legal: com a demissão dada como certa, Smith pode ser processado por um Departamento de Justiça dócil a Trump, e os recados já começam a vir do campo republicano. “É hora de olhar para um novo capítulo em suas carreiras jurídicas, já que essas acusações politicamente motivadas contra o presidente Trump atingiram um muro”, escreveu o senador Lindsey Graham no X, em uma mensagem a Smith e sua equipe. “O povo americano merece um reembolso.” Trump ainda será beneficiado por uma decisão, aprovada pela Suprema Corte em julho, que estabelece que ex-chefes de Estado têm imunidade absoluta contra processos por ações tomadas oficialmente durante o mandato, mas que o mesmo não se aplica para atos como pessoa física, fora das competências do cargo. Um limite tênue, que pode ser adequado pelos promotores do Departamento de Estado, corroborado pelo Congresso e, mais importante, reiterado por uma Suprema Corte onde a atual maioria
Além da vitória no Colégio Eleitoral, republicanos devem controlar as duas Casas do Legislativo, e Departamento de Justiça será comandado por nome leal Ao assumir pela segunda vez o governo dos EUA, em janeiro do ano que vem, Donald Trump estará diante de uma conjunção de fatores extremamente favoráveis: com o controle do Senado (e possivelmente da Câmara), uma Suprema Corte aliada, o Departamento de Justiça leal e regras que inibem processos contra presidentes, o republicano virtualmente não terá limites às suas ações, e testará, mais uma vez, todo o sistema de pesos e contrapesos do país. Após vencer eleições: Trump fica R$ 6 bi mais rico em ações de mídia social 'Torne a América grande de novo': Entenda o significado do slogan da campanha de Trump Além de ser eleito com folga no Colégio Eleitoral, e se tornar o primeiro republicano desde George W. Bush a vencer na votação nacional, Trump foi crucial para garantir a retomada do Senado pelo partido, com vitórias que tiveram sua participação direta. Até a noite de ontem, seus aliados tinham 52 cadeiras, duas a mais do que o necessário para a maioria. Na Câmara, embora a definição possa levar semanas, os republicanos conseguiram reverter mais cadeiras do que apontavam as pesquisas e devem manter o controle. Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Trump sabe que terá uma base fiel. Seu apoio nas primárias foi crucial para filtrar dissidências, e hoje, ao invés dos ideais do Partido Republicano, mesmo com todas suas divisões internas no passado, o que pauta senadores e deputados é a lealdade ao trumpismo. Análise: Trump pediu permissão para fazer tudo o que prometeu. Os americanos disseram 'sim' Com isso, terá a garantia, pelo menos até as eleições de meio de mandato, em 2026, de que não será alvo de processos de impeachment ou inquéritos legislativos. Pelo contrário: os parlamentares podem avançar contra figuras como o presidente Joe Biden e seu filho, Hunter. Na campanha, Trump disse, mais de uma vez, que perseguiria seus adversários se fosse eleito. “Quando eu ganhar, essas pessoas que trapacearam serão processadas em toda a extensão da Lei, o que incluirá sentenças de prisão de longo prazo para que essa Depravação da Justiça não aconteça novamente”, escreveu Trump, em setembro, em sua rede social, o Truth Social. “Aqueles envolvidos em comportamento inescrupuloso serão procurados, capturados e processados em níveis, infelizmente, nunca vistos antes em nosso país”. Lealdade x competência Dentro do sistema americano, o Departamento de Justiça também desempenha funções similares à da Procuradoria-Geral da República, abrindo processos, recebendo denúncias e ordenar inquéritos. Antes mesmo de ser eleito, Trump dizia que esse era um posto-chave, do qual exigiria do secretário de Justiça alinhamento total, para lançar ações contra rivais e também para criar uma proteção contra instâncias inferiores. — Lealdade é a coisa mais importante. Competência provavelmente é a segunda — disse ao portal Politico Ty Cobb, um ex-advogado do governo Trump que se tornou um crítico do ex-presidente. — Acho que ele está procurando alguém que seja totalmente subserviente. Kamala reconhece vitória, mas envia recado para Trump: 'Admito derrota, mas não vou ceder nas lutas que impulsionaram campanha' Trump não quer apenas colocar seus algozes na cadeia ou tirá-los da vista pública, mas também se livrar dos problemas com a Justiça. Condenado por pagar pelo silêncio de uma ex-atriz pornô, relacionado a um caso extraconjugal, o presidente eleito está no banco dos réus em processos ligados ao ataque ao Capitólio, em janeiro de 2021, à sua tentativa de reverter a derrota para Biden em 2020 e sobre o manuseio de documentos sigilosos. Lula diz que espera ‘relação civilizada’ com Trump: ‘Quando a gente tiver assunto, se conversa por telefone’ O promotor especial Jack Smith, encarregado pelos processos federais, já discute, segundo a rede CNN, maneiras para encerrar os casos, e se prepara para uma iminente blitz legal: com a demissão dada como certa, Smith pode ser processado por um Departamento de Justiça dócil a Trump, e os recados já começam a vir do campo republicano. “É hora de olhar para um novo capítulo em suas carreiras jurídicas, já que essas acusações politicamente motivadas contra o presidente Trump atingiram um muro”, escreveu o senador Lindsey Graham no X, em uma mensagem a Smith e sua equipe. “O povo americano merece um reembolso.” Trump ainda será beneficiado por uma decisão, aprovada pela Suprema Corte em julho, que estabelece que ex-chefes de Estado têm imunidade absoluta contra processos por ações tomadas oficialmente durante o mandato, mas que o mesmo não se aplica para atos como pessoa física, fora das competências do cargo. Um limite tênue, que pode ser adequado pelos promotores do Departamento de Estado, corroborado pelo Congresso e, mais importante, reiterado por uma Suprema Corte onde a atual maioria conservadora pode ser ampliada. Eleições EUA: As pesquisas erraram ao não prever a vitória com folga de Trump? Entenda Diante da possibilidade de vitória de Trump, democratas defenderam que duas juízas da ala progressista da Corte, Elena Kagan e Sonia Sotomayor, deixassem seus postos o quanto antes para que fossem substituídas por nomes indicados por Joe Biden. Até o momento, o apelo não surtiu efeito, e não se descarta um pedido de aposentadoria de Sotomayor, de 70 anos e que tem problemas de saúde, que abriria espaço para mais um nome de Trump. Uma maioria conservadora de 7 a 2 ou até 8 a 1 teria efeitos duradouros, reduzindo dissidências em pautas cruciais, como sobre os direitos reprodutivos das mulheres ou direitos de imigrantes. Sem contar uma eventual blindagem a ações ligadas a Trump e seus aliados próximos.
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