Censo 2022: Rocinha volta a ser considerada a maior favela do Brasil e é mais populosa que 91% dos municípios do país
Refinamento dos dados do IBGE mostram que a comunidade da Zona Sul do Rio tem mais moradores do que 5.112 cidades do país. Rio perdeu 43,3 mil pessoas em favelas Dados do Censo 2022 Favelas e Comunidades Urbanas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a Rocinha, na Zona Sul do Rio, permanece com o título de maior favela do país. A comunidade cresceu desde 2010, data do último censo: chegou a 72.021 moradores, 4% a mais, divididos em mais de 30 mil domicílios. O crescimento da Rocinha, no entanto, vai na direção oposta ao de toda cidade do Rio. A capital fluminense perdeu 43,3 mil moradores de comunidades e viu São Paulo ultrapassar e assumir o posto de cidade com o maior número de pessoas morando em favelas do país. Dados atuais: Veja quais são as maiores favelas do Rio pelo Censo 2022 Novo cenário: Capital perde favelas, mas interior do RJ tem aumento; Angra, Arraial do Cabo e Teresópolis estão entre as mais favelizadas pelo Censo 2022 Favelas mais populosas do Brasil Um dos nortes para o IBGE considerar uma área favela é a precarização da posse do terreno. Em 2023, um dado preliminar da pesquisa foi divulgado apontando a Sol Nascente, em Brasília, como a maior favela do país. No entanto, após o refinamento dos dados, o IBGE concluiu que a Rocinha nunca perdeu o posto. Os números mostram que, caso fosse um município independente, a favela do Rio superaria outras 5.112 cidades brasileiras, equivalente a 91,7%, em termos populacionais. — Os dados que foram apresentados para a Rocinha e para a São Nascente foram preliminares. Eles não estavam consolidados. Houve todo um processo de atualização do mapeamento entre dezembro do ano passado até agosto deste ano — explica o geógrafo Jaison Cervi, gerente de Pesquisas e Classificações Territoriais do IBGE. O Rei do Picolé. Empresa criada pela nutricionista Ester Lopes, de Rio Claro (SP) Guito Moreto/Agência O Globo Censo 2022: veja os bairros do Rio que mais perderam e ganharam moradores desde 2010 Há três anos, a nutricionista Ester Paula Lopes, de 37 anos, deixou uma vida de conforto e o Land Rover em Rio Claro, no interior de São Paulo, para abrir o próprio negócio na maior favela do Brasil. A loja dela, O Rei do Picolé, é toda colorida e chama atenção principalmente das crianças. — O meu público-alvo são pessoas de comunidades. Como a Rocinha é a maior de todas, eu decidi vir para cá. E foi a melhor escolha. Fui muito acolhida. Os vizinhos viam minha luta, fazendo as coisas sozinha, e me ajudavam. Com eles eu consegui montar a decoração da loja, fazer a fiação elétrica. Isso é muito lindo — conta Ester. Ela se formou na Unicamp e na Escola Sorvete, de Francisco Sant’Ana, conhecida por ser referência nacional no setor. Pouco a pouco ela foi comprando o maquinário e conquistando clientela. Hoje, parte do lucro dos picolés é doada para ajudar moradores em necessidade. — É um dinheiro que volta para a comunidade. Comecei com uma loja pequenininha, morava em cima. Agora já cresceu, está aqui embaixo e consegui ir para uma casa mais confortável. Eu que faço tudo, das receitas, que são todas balanceadas, até a embalagem. É muito trabalho, às vezes 16 horas, mas vale a pena. Deixei uma vida para trás em São Paulo e não me arrependo — conta empresária. Censo 2022: Nove das 22 cidades da Região Metropolitana do Rio viram sua população encolher em 12 anos Crescimento da Rocinha Dados do Instituto Pereira Passos (IPP) mostram que a Rocinha não cresceu horizontalmente. De 2010 a 2019, a favela, cercada pela Mata Atlântica, estagnou sua expansão alternando ao longo dos anos variações decimais positivas ou negativas de seu território. Mas como o Censo de 2022 pode mostrar o aumento populacional e de domicílios na favela? Pela primeira vez, a pesquisa do IBGE quantificou o estilo de moradia e revelou que a Rocinha também sustenta o título de mais vertical do país, com 9.443 apartamentos, o que indica que ela cresceu com a construção de pequenos prédios. A Rocinha Editoria Arte Favelas seguem tendência de toda a cidade O Censo de 2022 mostrou que, desde 2010, todo o município do Rio perdeu 110 mil habitantes. Cerca de 40% deles são de favelas cariocas. O levantamento aponta que, apesar do crescimento de alguma comunidade, no total são menos 43 mil moradores dessas áreas. Entre as 20 favelas mais populosas do país, além da Rocinha, ainda figuram Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, e Jacarezinho, na Zona Norte. Favelas mais populosas do Rio O levantamento do IBGE historicamente não agrupa algumas favelas. Rio das Pedras, por exemplo, é dividida em duas pela Avenida Engenheiro Souza Filho. Caso fosse considerada uma só, continuaria em 2ª no ranking de mais populosa do Rio, mas reduziria a distância para a Rocinha com 64.988 moradores. O mesmo ocorre em grandes complexos como a Maré e Alemão. Neles, apenas as favelas são contabilizadas.
Refinamento dos dados do IBGE mostram que a comunidade da Zona Sul do Rio tem mais moradores do que 5.112 cidades do país. Rio perdeu 43,3 mil pessoas em favelas Dados do Censo 2022 Favelas e Comunidades Urbanas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a Rocinha, na Zona Sul do Rio, permanece com o título de maior favela do país. A comunidade cresceu desde 2010, data do último censo: chegou a 72.021 moradores, 4% a mais, divididos em mais de 30 mil domicílios. O crescimento da Rocinha, no entanto, vai na direção oposta ao de toda cidade do Rio. A capital fluminense perdeu 43,3 mil moradores de comunidades e viu São Paulo ultrapassar e assumir o posto de cidade com o maior número de pessoas morando em favelas do país. Dados atuais: Veja quais são as maiores favelas do Rio pelo Censo 2022 Novo cenário: Capital perde favelas, mas interior do RJ tem aumento; Angra, Arraial do Cabo e Teresópolis estão entre as mais favelizadas pelo Censo 2022 Favelas mais populosas do Brasil Um dos nortes para o IBGE considerar uma área favela é a precarização da posse do terreno. Em 2023, um dado preliminar da pesquisa foi divulgado apontando a Sol Nascente, em Brasília, como a maior favela do país. No entanto, após o refinamento dos dados, o IBGE concluiu que a Rocinha nunca perdeu o posto. Os números mostram que, caso fosse um município independente, a favela do Rio superaria outras 5.112 cidades brasileiras, equivalente a 91,7%, em termos populacionais. — Os dados que foram apresentados para a Rocinha e para a São Nascente foram preliminares. Eles não estavam consolidados. Houve todo um processo de atualização do mapeamento entre dezembro do ano passado até agosto deste ano — explica o geógrafo Jaison Cervi, gerente de Pesquisas e Classificações Territoriais do IBGE. O Rei do Picolé. Empresa criada pela nutricionista Ester Lopes, de Rio Claro (SP) Guito Moreto/Agência O Globo Censo 2022: veja os bairros do Rio que mais perderam e ganharam moradores desde 2010 Há três anos, a nutricionista Ester Paula Lopes, de 37 anos, deixou uma vida de conforto e o Land Rover em Rio Claro, no interior de São Paulo, para abrir o próprio negócio na maior favela do Brasil. A loja dela, O Rei do Picolé, é toda colorida e chama atenção principalmente das crianças. — O meu público-alvo são pessoas de comunidades. Como a Rocinha é a maior de todas, eu decidi vir para cá. E foi a melhor escolha. Fui muito acolhida. Os vizinhos viam minha luta, fazendo as coisas sozinha, e me ajudavam. Com eles eu consegui montar a decoração da loja, fazer a fiação elétrica. Isso é muito lindo — conta Ester. Ela se formou na Unicamp e na Escola Sorvete, de Francisco Sant’Ana, conhecida por ser referência nacional no setor. Pouco a pouco ela foi comprando o maquinário e conquistando clientela. Hoje, parte do lucro dos picolés é doada para ajudar moradores em necessidade. — É um dinheiro que volta para a comunidade. Comecei com uma loja pequenininha, morava em cima. Agora já cresceu, está aqui embaixo e consegui ir para uma casa mais confortável. Eu que faço tudo, das receitas, que são todas balanceadas, até a embalagem. É muito trabalho, às vezes 16 horas, mas vale a pena. Deixei uma vida para trás em São Paulo e não me arrependo — conta empresária. Censo 2022: Nove das 22 cidades da Região Metropolitana do Rio viram sua população encolher em 12 anos Crescimento da Rocinha Dados do Instituto Pereira Passos (IPP) mostram que a Rocinha não cresceu horizontalmente. De 2010 a 2019, a favela, cercada pela Mata Atlântica, estagnou sua expansão alternando ao longo dos anos variações decimais positivas ou negativas de seu território. Mas como o Censo de 2022 pode mostrar o aumento populacional e de domicílios na favela? Pela primeira vez, a pesquisa do IBGE quantificou o estilo de moradia e revelou que a Rocinha também sustenta o título de mais vertical do país, com 9.443 apartamentos, o que indica que ela cresceu com a construção de pequenos prédios. A Rocinha Editoria Arte Favelas seguem tendência de toda a cidade O Censo de 2022 mostrou que, desde 2010, todo o município do Rio perdeu 110 mil habitantes. Cerca de 40% deles são de favelas cariocas. O levantamento aponta que, apesar do crescimento de alguma comunidade, no total são menos 43 mil moradores dessas áreas. Entre as 20 favelas mais populosas do país, além da Rocinha, ainda figuram Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, e Jacarezinho, na Zona Norte. Favelas mais populosas do Rio O levantamento do IBGE historicamente não agrupa algumas favelas. Rio das Pedras, por exemplo, é dividida em duas pela Avenida Engenheiro Souza Filho. Caso fosse considerada uma só, continuaria em 2ª no ranking de mais populosa do Rio, mas reduziria a distância para a Rocinha com 64.988 moradores. O mesmo ocorre em grandes complexos como a Maré e Alemão. Neles, apenas as favelas são contabilizadas.
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