Big techs estreitam laços com Arábia Saudita enquanto país acelera aposta em IA
Grandes empresas de tecnologia, como Microsoft e Google, tem ampliado negócios com reino, que investe na indústria de olho em economia 'pós-petróleo' Para desenvolver o plano ambicioso de diversificar a economia baseada no petróleo e se tornar uma potência em inteligência artificial, o governo da Arábia Saudita aposta nas relações cada vez mais estreitas com o Vale do Silício. De olho nos bilhões que o reino tem investido na tecnologia, big techs como Google e Microsoft ampliam a presença no país. Plano de IA da Arábia Saudita: ‘Dados são o novo petróleo, e IA é a refinaria’, diz gerente de estudos da instituição saudita para o tema De chatbot a detector de doenças pelo olho humano: Arábia Saudita investe bilhões em IA mirando economia pós-petróleo Com US$ 42 bilhões em investimento ativo em economia digital, o que inclui IA, o reino saudita tem buscado ser mais atraente para empresas estrangeiras e acelerado negociações com as gigantes americanas. No início de setembro,o país firmou um acordo com a Nvidia para aperfeiçoar soluções do Allam, uma espécie de versão saudita do ChatGPT, mas especializada em língua árabe. A fabricante de chips, que vai fornecer infraestrutura para modelo de IA, tem há um ano instalado no país um Centro de Excelência em Inteligência Artificial Generativa, que cria conteúdos. Nas últimas semanas, as apostas do mercado financeiro foram na direção de que o vínculo entre a fabricante e o reino absolutista se estreite ainda mais. A expectativa é de que o governo americano passe a permitir o acesso da Arábia Saudita aos chips mais potentes de IA da Nvidia, o H200s. A exportação desses componentes foi restringida há dois anos pelos EUA para impedir que a China acessasse a tecnologia. Inteligência artificial: afinal, quando os bilhões investidos vão dar retorno? Apesar dos laços comerciais estreitos entre Pequim e o reino, a Arábia Saudita tem investido na atração de companhias americanas. Além da Nvidia, fechou novos acordos também com a Microsoft, a IBM e a Huawei no início do mês. As tratativas aconteceram durante o Gain Summit, evento global sobre inteligência artificial que acontece há três anos na capital Riad. O encontro contou com representantes de big techs, empresários do setor de tecnologia, pesquisadores e organizações internacionais. Chatbot saudita e atração de data centers Com a Microsoft e a IBM, a autoridade saudita para IA firmou memorandos de entendimento para que as empresas também criem seus centros de excelência para inteligência artificial no país. O acordo com a IBM também visa fomentar soluções comerciais para o ALLaM, o "ChatGPT saudita", que já é disponibilizado pela Microsoft para aplicações empresariais. Já com a Huawei, o governo do príncipe Mohammed Bin Salman irá trabalhar para treinar profissionais locais na área. A própria criação de um fórum internacional para debater inteligência artificial é parte dos esforços do país de se tornar mais influente na indústria global de tecnologia. A corrida saudita para uma economia "pós petróleo", ativo que responde por mais de quatro quintos da receita do país, está traçada no Visão 2030, o plano nacional de Bin Salman para diversificação econômica. Das 96 ações estratégicas, 70% estão alinhadas com inteligência artificial, segundo autoridades do país. Influencers e 'blocos' de Lego em Marte: investimento espacial privado salta US$ 12 bi em onze anos A ambição em IA passa pela construção de infraestrutura em tecnologia, com a atração de data centers (são 22 ativos de e 40 em desenvolvimento) e supercomputadores (o país tem dez deles). Desde 2019, o governo aportou US$ 149,3 milhões em infraestrutura de computação em nuvem. Uma das empresas que estabeleceu recentemente centro de processamento de dados no país foi o Google Cloud, no fim do ano passado. O mesmo movimento foi feito pela Microsoft meses antes. No início deste ano, a Amazon, a partir do braço de nuvem AWS, fez o mesmo, com abertura de uma região de nuvem no país, e anunciou planos de investir US$ 5,3 bilhões. A Oracle planeja aportar US$ 1,5 bilhão com foco em uma nuvem pública no reino. Fundo para investir em startups de IA A pesquisadora saudita Aseel Addawood, diretora sênior de Consultoria para IA da Oracle no Oriente Médio, diz que o país tem "tem se tornado atrativo para investidores estrangeiros", e que a aposta das empresa americana para o país vai na direção também de negócios com as startups que vêm sendo criadas no reino. — Uma empresa como a Oracle abrir cinco data centers num mesmo país significa que a empresa enxerga um futuro enorme para a inteligência artificial e a indústria de tecnologia da Arábia Saudita. Mas o reino não só busca um impulso de grandes empresas, mas também de startups. E faz isso com uma combinação de regulações, investimentos e eventos para aumentar a visibilidade sobre o país — diz Addawood. OpenAI cresce e 'queima' pilhas de dinheiro: Como a empresa vai levantar recursos para o ChatGPT? Para incenti
Grandes empresas de tecnologia, como Microsoft e Google, tem ampliado negócios com reino, que investe na indústria de olho em economia 'pós-petróleo' Para desenvolver o plano ambicioso de diversificar a economia baseada no petróleo e se tornar uma potência em inteligência artificial, o governo da Arábia Saudita aposta nas relações cada vez mais estreitas com o Vale do Silício. De olho nos bilhões que o reino tem investido na tecnologia, big techs como Google e Microsoft ampliam a presença no país. Plano de IA da Arábia Saudita: ‘Dados são o novo petróleo, e IA é a refinaria’, diz gerente de estudos da instituição saudita para o tema De chatbot a detector de doenças pelo olho humano: Arábia Saudita investe bilhões em IA mirando economia pós-petróleo Com US$ 42 bilhões em investimento ativo em economia digital, o que inclui IA, o reino saudita tem buscado ser mais atraente para empresas estrangeiras e acelerado negociações com as gigantes americanas. No início de setembro,o país firmou um acordo com a Nvidia para aperfeiçoar soluções do Allam, uma espécie de versão saudita do ChatGPT, mas especializada em língua árabe. A fabricante de chips, que vai fornecer infraestrutura para modelo de IA, tem há um ano instalado no país um Centro de Excelência em Inteligência Artificial Generativa, que cria conteúdos. Nas últimas semanas, as apostas do mercado financeiro foram na direção de que o vínculo entre a fabricante e o reino absolutista se estreite ainda mais. A expectativa é de que o governo americano passe a permitir o acesso da Arábia Saudita aos chips mais potentes de IA da Nvidia, o H200s. A exportação desses componentes foi restringida há dois anos pelos EUA para impedir que a China acessasse a tecnologia. Inteligência artificial: afinal, quando os bilhões investidos vão dar retorno? Apesar dos laços comerciais estreitos entre Pequim e o reino, a Arábia Saudita tem investido na atração de companhias americanas. Além da Nvidia, fechou novos acordos também com a Microsoft, a IBM e a Huawei no início do mês. As tratativas aconteceram durante o Gain Summit, evento global sobre inteligência artificial que acontece há três anos na capital Riad. O encontro contou com representantes de big techs, empresários do setor de tecnologia, pesquisadores e organizações internacionais. Chatbot saudita e atração de data centers Com a Microsoft e a IBM, a autoridade saudita para IA firmou memorandos de entendimento para que as empresas também criem seus centros de excelência para inteligência artificial no país. O acordo com a IBM também visa fomentar soluções comerciais para o ALLaM, o "ChatGPT saudita", que já é disponibilizado pela Microsoft para aplicações empresariais. Já com a Huawei, o governo do príncipe Mohammed Bin Salman irá trabalhar para treinar profissionais locais na área. A própria criação de um fórum internacional para debater inteligência artificial é parte dos esforços do país de se tornar mais influente na indústria global de tecnologia. A corrida saudita para uma economia "pós petróleo", ativo que responde por mais de quatro quintos da receita do país, está traçada no Visão 2030, o plano nacional de Bin Salman para diversificação econômica. Das 96 ações estratégicas, 70% estão alinhadas com inteligência artificial, segundo autoridades do país. Influencers e 'blocos' de Lego em Marte: investimento espacial privado salta US$ 12 bi em onze anos A ambição em IA passa pela construção de infraestrutura em tecnologia, com a atração de data centers (são 22 ativos de e 40 em desenvolvimento) e supercomputadores (o país tem dez deles). Desde 2019, o governo aportou US$ 149,3 milhões em infraestrutura de computação em nuvem. Uma das empresas que estabeleceu recentemente centro de processamento de dados no país foi o Google Cloud, no fim do ano passado. O mesmo movimento foi feito pela Microsoft meses antes. No início deste ano, a Amazon, a partir do braço de nuvem AWS, fez o mesmo, com abertura de uma região de nuvem no país, e anunciou planos de investir US$ 5,3 bilhões. A Oracle planeja aportar US$ 1,5 bilhão com foco em uma nuvem pública no reino. Fundo para investir em startups de IA A pesquisadora saudita Aseel Addawood, diretora sênior de Consultoria para IA da Oracle no Oriente Médio, diz que o país tem "tem se tornado atrativo para investidores estrangeiros", e que a aposta das empresa americana para o país vai na direção também de negócios com as startups que vêm sendo criadas no reino. — Uma empresa como a Oracle abrir cinco data centers num mesmo país significa que a empresa enxerga um futuro enorme para a inteligência artificial e a indústria de tecnologia da Arábia Saudita. Mas o reino não só busca um impulso de grandes empresas, mas também de startups. E faz isso com uma combinação de regulações, investimentos e eventos para aumentar a visibilidade sobre o país — diz Addawood. OpenAI cresce e 'queima' pilhas de dinheiro: Como a empresa vai levantar recursos para o ChatGPT? Para incentivar as startups de IA, o governo criou aceleradoras e fundos de investimento. Um deles tem US$ 200 milhões para aportar em negócios de inteligência artificial em fase inicial, com foco em iniciativas nacionais. Em uma frente mais ambiciosa com o Vale do Silício, o fundo soberano da Arábia Saudita tem negociado com a gestora de risco americana Andreessen Horowitz, uma das maiores do Vale do Silício, a criação de um fundo de US$ 40 bilhões. A atração de investimentos tem envolvido mudanças regulatórias pelo governo de Riad, que trouxeram mais segurança jurídica para operação no país, mas também exigências mais rígidas. Em 2021, o país impôs a regra de que multinacionais deveriam estabelecer sedes regionais no país para estarem aptas a terem contratos governamentais. Desde o fim do ano passado, Amazon, Google e Microsoft, entre outras, instalaram representações mais amplas no país. Reformas e repressão Com isso, o governo saudita busca competir com os Emirados Árabes Unidos, que há mais tempo se estabeleceram como o principal polo de entrada para negócios estrangeiros que desejam acessar o mercado do Oriente Médio, oferecendo vantagens como tributação mais baixa e regras culturais mais flexíveis. Lentamente, o reino de Bin Salman também flexibiliza normas rígidas da legislação local baseada na sharia, a lei islâmica, como o uso obrigatório de determinadas vestimentas pelas mulheres. As reformas acontecem em paralelo a uma concentração de poder por parte do príncipe herdeiro, acusado por organizações de direitos humanos de repressão a dissidentes e restrição à liberdade de expressão. Internacionalmente, um dos casos de maior repercussão foi o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em uma embaixada da Arábia Saudita em Istambul, em 2018. Ele era conhecido pelos artigos no Washington Post em que denunciava como o reino autocrata silenciava opositores. Apesar do alerta de especialistas em direitos humanos sobre violações no país, a Arábia Saudita é um aliado histórico dos Estados Unidos. As grandes empresas costumam alegar que aplicam seus sistemas de governança, incluindo em inteligência artificial, para impedir que suas tecnologias possam ser usadas em fins pouco éticos. Fique por dentro: O ambicioso plano da OpenAI para fazer a inteligência artificial fluir como energia Heather Domin, líder global de Iniciativas de IA Responsável da IBM diz que a empresa considera as políticas locais para o desenvolvimento da inteligência artificial em todas as regiões em que atua, com uma análise que envolve envolve apreciação de um conselho em aplicações que possam ser consideradas de alto risco. — Nós temos o que chamamos de processos para casos de uso e podemos dizer não (para determinados projetos) — diz Domin. — Nós sempre advogamos pela abordagem de risco nos casos de uso. Isso se aplica a qualquer região e, claro, ao contexto em que você está implementando (esses usos), o que vai importar. A executiva da IBM foi uma das palestrantes do Gain Summit. Além dela, participaram da programação nos palcos o vice-presidente corporativo da Microsoft, Antony Cook, diretores do Google para o Oriente Médio, e o chefe de arquitetura de IA para o setor público da Nvidia, John Ashley, entre outros nomes. As autoridades sauditas saudaram a presença internacional no evento, para o qual foram convidados dezenas de jornalistas da imprensa internacional. Abdullah Alswaha, ministro das Comunicações e Tecnologia da Informação da Arábia Saudita, disse que o reino era "o parceiro de escolha" para quem buscava desenvolver uma IA "para o planeta". *A repórter viajou a convite da Autoridade Saudita para Dados e Inteligência Artificial
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