Biden vem para a reunião do G-20
Presidente americano anunciou que esticará a viagem passando por Manaus, numa visita simbólica à Amazônia O presidente americano Joe Biden virá ao Brasil para a reunião do G-20 e anunciou que esticará a viagem passando por Manaus, numa visita simbólica à Amazônia. Grande ideia para um presidente que nada terá a fazer até janeiro, quando passará o cargo a Donald Trump. Carlos Alberto Sardenberg: Nos EUA a inflação caiu, mas não os preços Pablo Ortellado: É urgente entender razões do voto em Trump Em quatro anos, Biden não conseguiu avançar um só projeto original nas suas relações com o Brasil, muito menos com a Amazônia. No ocaso, virá ao Rio e passará por Manaus, com direito a fotografias na floresta e na companhia de lideranças indígenas. Será o segundo presidente americano a se sentir atraído pela Amazônia depois de perder uma eleição. Derrotado em 1912, quando tentou retornar à Casa Branca, Theodore Roosevelt decidiu explorar a floresta e quase morreu durante a expedição. À diferença de Biden, Roosevelt tinha gosto pela natureza e por aventuras. Como vice-presidente de Barack Obama, Biden esteve no Brasil há dez anos, com uma agenda vazia, típica do cargo que ocupava. O grande momento de sua passagem por Brasília foi a entrega de 43 documentos do governo americano relativos ao período da ditadura. Deles, 25 eram do domínio público. Os demais documentavam muito mais as lorotas dos porões que a embaixada transmitia do que as relações de Washington com os generais da ocasião. A PGR vai em cima de Bolsonaro Nas próximas semanas, o procurador-geral Paulo Gonet deverá enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pela sua atividade nas armações antidemocráticas que acabaram desembocando no 8 de janeiro. Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal em dois outros inquéritos. Um trata das joias sauditas e o outro, da emissão de atestados falsos de vacinas contra a Covid. A PGR concluiu seu trabalho há tempo, mas Gonet não queria enviar os documentos ao STF durante o processo eleitoral. Quem acompanha o caso informa: “Vem chumbo grosso.” A denúncia da PGR tornará mais pedregoso o caminho de Bolsonaro para se livrar da inelegibilidade. Bolsonaro com Trump O ex-presidente Jair Bolsonaro pretende pedir a liberação de seu passaporte para ir à posse de Donald Trump. Ele poderá receber inúmeros convites para celebrações do dia, mas convite para um dos cercadinhos da cerimônia em si, ele não deverá receber. Na sua primeira posse, Trump não convidou estrangeiros. Para os americanos, a posse de um presidente é uma coisa doméstica. Em Brasília, 37 deputados da oposição ao governo informaram que viajarão a Washington para a posse de Trump. Na realidade, irão aos Estados Unidos e, com sorte, passarão uns dias em Nova York. Trump no socorro a Bolsonaro Quem acredita na possibilidade de um socorro de Donald Trump a Bolsonaro para reverter sua inelegibilidade, finge que não conhece o poder do Departamento de Estado. Mesmo quando a Casa Branca ajudava a ditadura brasileira no que podia, os americanos não se metiam em encrencas desse tipo. Trump já deu e voltará a dar sinais de simpatia pelo ex-capitão. Mais, ele não pode. Coisa nunca vista A vitória de Donald Trump foi coisa nunca vista. Eleitoralmente, os republicanos fizeram barba, cabelo e bigode. Além disso, Trump voltará à Casa Branca com um mandato popular só comparável ao de Ronald Reagan em 1981. Reagan chacoalhou os Estados Unidos e o mundo. Desde 1952, todos os outros republicanos eleitos tinham pés fincados na tradição. Dwight Eisenhower havia comandado as tropas aliadas na Segunda Guerra. Richard Nixon tinha o pé descalço na pobreza da infância e o outro, calçado, na plutocracia. Os dois Bush, pai e filho, vinham da elite. O bode sumiu Numa decisão unânime, Copom elevou a taxa de juros para 11,25% e, felizmente, Lula ficou calado. Roberto Campos Neto faz falta ao palanque petista. A lavada republicana nos Estados Unidos deveu-se a muitos fatores, e um deles foi a carestia. Em 1981 ela ajudou Reagan a derrotar Jimmy Carter. Lula aprendeu a conviver com juros altos. Haddad sob fogo amigo O fogo amigo abateu o ânimo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Seu pior momento ocorreu durante o bate-boca com Luiz Marinho, o ministro do Trabalho que se insurgiu contra a tunga da multa de 40% sobre o FGTS, paga pelos patrões quando demitem um empregado sem justa causa. O episódio pode servir de lição para a turma da ekipekonômika. Perdeu validade um truque que vinha dos tempos do tucanato. Com ele, plantavam-se notícias para preparar o terreno, simulando que propostas eram decisões. Seguiram o velho manual e deram com os burros n’água. Quando a ekipekonômika falava da tunga sobre a multa do FGTS, associava-a a medidas de combate aos supersalários de hierarcas. Haddad disse que “não adianta você anunciar uma coisa que não tem aderência.” Maneira educada de dizer que não adianta anunciar o que não vai acontecer. O problema é que
Presidente americano anunciou que esticará a viagem passando por Manaus, numa visita simbólica à Amazônia O presidente americano Joe Biden virá ao Brasil para a reunião do G-20 e anunciou que esticará a viagem passando por Manaus, numa visita simbólica à Amazônia. Grande ideia para um presidente que nada terá a fazer até janeiro, quando passará o cargo a Donald Trump. Carlos Alberto Sardenberg: Nos EUA a inflação caiu, mas não os preços Pablo Ortellado: É urgente entender razões do voto em Trump Em quatro anos, Biden não conseguiu avançar um só projeto original nas suas relações com o Brasil, muito menos com a Amazônia. No ocaso, virá ao Rio e passará por Manaus, com direito a fotografias na floresta e na companhia de lideranças indígenas. Será o segundo presidente americano a se sentir atraído pela Amazônia depois de perder uma eleição. Derrotado em 1912, quando tentou retornar à Casa Branca, Theodore Roosevelt decidiu explorar a floresta e quase morreu durante a expedição. À diferença de Biden, Roosevelt tinha gosto pela natureza e por aventuras. Como vice-presidente de Barack Obama, Biden esteve no Brasil há dez anos, com uma agenda vazia, típica do cargo que ocupava. O grande momento de sua passagem por Brasília foi a entrega de 43 documentos do governo americano relativos ao período da ditadura. Deles, 25 eram do domínio público. Os demais documentavam muito mais as lorotas dos porões que a embaixada transmitia do que as relações de Washington com os generais da ocasião. A PGR vai em cima de Bolsonaro Nas próximas semanas, o procurador-geral Paulo Gonet deverá enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pela sua atividade nas armações antidemocráticas que acabaram desembocando no 8 de janeiro. Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal em dois outros inquéritos. Um trata das joias sauditas e o outro, da emissão de atestados falsos de vacinas contra a Covid. A PGR concluiu seu trabalho há tempo, mas Gonet não queria enviar os documentos ao STF durante o processo eleitoral. Quem acompanha o caso informa: “Vem chumbo grosso.” A denúncia da PGR tornará mais pedregoso o caminho de Bolsonaro para se livrar da inelegibilidade. Bolsonaro com Trump O ex-presidente Jair Bolsonaro pretende pedir a liberação de seu passaporte para ir à posse de Donald Trump. Ele poderá receber inúmeros convites para celebrações do dia, mas convite para um dos cercadinhos da cerimônia em si, ele não deverá receber. Na sua primeira posse, Trump não convidou estrangeiros. Para os americanos, a posse de um presidente é uma coisa doméstica. Em Brasília, 37 deputados da oposição ao governo informaram que viajarão a Washington para a posse de Trump. Na realidade, irão aos Estados Unidos e, com sorte, passarão uns dias em Nova York. Trump no socorro a Bolsonaro Quem acredita na possibilidade de um socorro de Donald Trump a Bolsonaro para reverter sua inelegibilidade, finge que não conhece o poder do Departamento de Estado. Mesmo quando a Casa Branca ajudava a ditadura brasileira no que podia, os americanos não se metiam em encrencas desse tipo. Trump já deu e voltará a dar sinais de simpatia pelo ex-capitão. Mais, ele não pode. Coisa nunca vista A vitória de Donald Trump foi coisa nunca vista. Eleitoralmente, os republicanos fizeram barba, cabelo e bigode. Além disso, Trump voltará à Casa Branca com um mandato popular só comparável ao de Ronald Reagan em 1981. Reagan chacoalhou os Estados Unidos e o mundo. Desde 1952, todos os outros republicanos eleitos tinham pés fincados na tradição. Dwight Eisenhower havia comandado as tropas aliadas na Segunda Guerra. Richard Nixon tinha o pé descalço na pobreza da infância e o outro, calçado, na plutocracia. Os dois Bush, pai e filho, vinham da elite. O bode sumiu Numa decisão unânime, Copom elevou a taxa de juros para 11,25% e, felizmente, Lula ficou calado. Roberto Campos Neto faz falta ao palanque petista. A lavada republicana nos Estados Unidos deveu-se a muitos fatores, e um deles foi a carestia. Em 1981 ela ajudou Reagan a derrotar Jimmy Carter. Lula aprendeu a conviver com juros altos. Haddad sob fogo amigo O fogo amigo abateu o ânimo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Seu pior momento ocorreu durante o bate-boca com Luiz Marinho, o ministro do Trabalho que se insurgiu contra a tunga da multa de 40% sobre o FGTS, paga pelos patrões quando demitem um empregado sem justa causa. O episódio pode servir de lição para a turma da ekipekonômika. Perdeu validade um truque que vinha dos tempos do tucanato. Com ele, plantavam-se notícias para preparar o terreno, simulando que propostas eram decisões. Seguiram o velho manual e deram com os burros n’água. Quando a ekipekonômika falava da tunga sobre a multa do FGTS, associava-a a medidas de combate aos supersalários de hierarcas. Haddad disse que “não adianta você anunciar uma coisa que não tem aderência.” Maneira educada de dizer que não adianta anunciar o que não vai acontecer. O problema é que faltava aderência à promessa do déficit zero. Secretaria-geral da ONU Até a semana passada, soprava um vento para que, no ano que vem, a Organização das Nações Unidas pusesse na sua secretaria-geral uma mulher, possivelmente latino-americana e provavelmente ligada à defesa do meio ambiente. Com a eleição de Trump, esse vento pode continuar a soprar, sem muita ênfase na defesa do meio ambiente. Milei com Trump Depois de ter decapitado o serviço diplomático argentino, o presidente Javier Milei dará um salto triplo, indo a Mar-a-Lago antes mesmo da posse de Trump. Desse encontro, caso ele aconteça, não sairá coisa boa. Faz tempo, quando foram pedir a Tancredo Neves que votasse no general Castello Branco, com o argumento que era um militar de muitas leituras, ele respondeu: “Leu os livros errados”. Às vésperas da eleição americana, Lula declarou sua simpatia por Kamala Harris, uma pequena impropriedade. Em seguida, ensinou: É o fascismo e o nazismo voltando a funcionar com outra cara. Uma grande impropriedade, por insultuosa. Fascismo e nazismo foram coisas parecidas, mas diferentes. A lavada republicana teve uma origem popular que, no início, faltava a Mussolini, Hitler e ao espanhol Francisco Franco. Lula ouviu as pessoas erradas. Escalada da PM de SP Primeiro, o menino Ryan da Silva Andrade, foi morto no que a PM diz ter sido um confronto com bandidos, em Santos. No lance seguinte, PMs da Força Tática da corporação foram para o cemitério onde o garoto estava sendo velado. Chegaram fardados para combates e portando armas. Até aí, de certa forma vivia-se um protocolo de coação. No lance seguinte, não deram atenção à autoridade do ouvidor das polícias de São Paulo, que contestou uma de suas abordagens. O governador Tarcísio de Freitas, quando oficial do Exército, serviu na tropa que foi para o Haiti nos anos 1990. Ele sabe como essa história pode terminar.
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