Biden recua e pede que Israel não ataque instalações petrolíferas do Irã: 'Se fosse eles, pensaria em alternativas'

No dia anterior, presidente disse que 'discutia' com aliado sobre resposta ao ataque de mísseis de Teerã; declaração fez preços dos barris de combustível dispararem O presidente dos EUA, Joe Biden, voltou atrás nesta sexta-feira e pediu que Israel não ataque as instalações de petróleo do Irã, depois de afirmar no dia anterior que Washington estava "discutindo" com Israel possíveis ataques contra as refinarias petrolíferas iranianas como represália ao ataque iraniano com cerca de 180 mísseis na terça-feira. A declaração fez o preço do petróleo disparar, já que o Oriente Médio responde por cerca de um terço do suprimento global do combustível. 'Israel não vai durar': Líder supremo do Irã defende ataque com mísseis contra Israel e promete guerra continuada com Estado judeu Análise: Forças Armadas de Israel acumulam vitórias, mas também a pergunta 'qual o objetivo final?' — Se eu estivesse no lugar deles, estaria pensando em alternativas que não fossem atacar os campos de petróleo — disse Biden aos repórteres, acrescentando que ainda planejava falar com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu: — Estou assumindo que quando eles fizerem seu julgamento sobre como vão responder, então teremos uma discussão. Na véspera, ao ser questionado pelos repórteres sobre se os EUA apoiariam um ataque às instalações petrolíferas do Irã, Biden disse que "estamos discutindo isso". Um grande ataque de Israel à capacidade de exportação da nação persa poderia retirar do mercado 1,5 milhão de barris por dia, segundo analistas do Citigroup consultados pela Bloomberg. Se Israel atingir infraestruturas menores, 300 mil a 450 mil barris por dia de produção poderiam ser perdidos, disseram. Repatriação adiada: 'Beirute é o inferno na Terra', relata funcionário da Embaixada brasileira no Líbano em áudio A alta continuou nesta sexta, com o petróleo Brent, referência internacional, caminhando para um ganho semanal de cerca de 10%, o maior em dois anos. A quase U$ 79 por barril, os preços do petróleo ainda estão mais baixos do que durante grande parte do ano, mas a recente inversão é suficientemente grande para que, se sustentada, possa repercutir nos preços da gasolina e em outros custos sentidos pelos consumidores. Faltando menos de um mês para as eleições, um aumento nos preços do petróleo é uma notícia muito ruim para a vice-presidente Kamala Harris, candidata democrata à Casa Branca contra o ex-presidente republicano Donald Trump nas eleições de novembro. 'Mobilizar o mundo' Os temores de uma escalada do conflito no Oriente Médio se intensificaram depois que o Irã lançou quase 200 mísseis contra Israel na terça-feira e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu que a República Islâmica pagaria por seu "grande erro". O ataque, segundo a Guarda Revolucionária iraniana, foi uma resposta calculada à morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado na capital do país em uma ação atribuída a Israel, e aos assassinatos de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, e de um comandante iraniano em Beirute. Na quinta-feira, a missão do Irã na ONU disse que o governo iraniano alertou Washington de que retaliaria caso Israel respondesse ao ataque — no dia do ataque, Teerã já havia destacado que uma nova onda de ataques seria "ainda mais destrutiva". Por sua vez, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, afirmou à rede americana CNN na quarta-feira que a retaliação aos ataques do Irã acontecerá "em breve" e será "muito forte e duradoura". Fawzia Amin Sido: Jovem yazidi é resgatada de cativeiro do Hamas em Gaza após passar 10 anos sequestrada pelo Estado Islâmico Os militares israelenses prometeram por sua vez desferir "duros golpes" contra o Hezbollah no Líbano, onde suas tropas estão travando batalhas terrestres desde segunda-feira, quando deu início à incursão, apoiadas por ataques aéreos contra combatentes do movimento xiita libanês. O Exército israelense reportou que 250 combatentes do grupo morreram no Líbano desde então. Do seu lado, nove soldados morreram em confrontos diretos com combatentes, e dois outros foram mortos em um ataque com um drone procedente do Iraque. E, em meio à expectativa diante da promessa da represália israelense, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu que os aliados de Teerã na região vão continuar lutando contra as forças do Estado judeu e afirmou que "Israel não vai durar". Em um raro discurso público, Khamenei afirmou que o revide a agressões será dado no tempo certo. Nesse sentido, Biden disse que seu país está tentando mobilizar a comunidade internacional para evitar uma guerra total na região. — A coisa mais importante que podemos fazer é tentar mobilizar o resto do mundo e nossos aliados [para acalmar as tensões entre Israel e o Irã] — afirmou o presidente. Quase um ano após o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 ao território israelense, Israel anunciou em meados de setembro que o "centro de gravidade" do

Oct 4, 2024 - 23:58
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Biden recua e pede que Israel não ataque instalações petrolíferas do Irã: 'Se fosse eles, pensaria em alternativas'

No dia anterior, presidente disse que 'discutia' com aliado sobre resposta ao ataque de mísseis de Teerã; declaração fez preços dos barris de combustível dispararem O presidente dos EUA, Joe Biden, voltou atrás nesta sexta-feira e pediu que Israel não ataque as instalações de petróleo do Irã, depois de afirmar no dia anterior que Washington estava "discutindo" com Israel possíveis ataques contra as refinarias petrolíferas iranianas como represália ao ataque iraniano com cerca de 180 mísseis na terça-feira. A declaração fez o preço do petróleo disparar, já que o Oriente Médio responde por cerca de um terço do suprimento global do combustível. 'Israel não vai durar': Líder supremo do Irã defende ataque com mísseis contra Israel e promete guerra continuada com Estado judeu Análise: Forças Armadas de Israel acumulam vitórias, mas também a pergunta 'qual o objetivo final?' — Se eu estivesse no lugar deles, estaria pensando em alternativas que não fossem atacar os campos de petróleo — disse Biden aos repórteres, acrescentando que ainda planejava falar com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu: — Estou assumindo que quando eles fizerem seu julgamento sobre como vão responder, então teremos uma discussão. Na véspera, ao ser questionado pelos repórteres sobre se os EUA apoiariam um ataque às instalações petrolíferas do Irã, Biden disse que "estamos discutindo isso". Um grande ataque de Israel à capacidade de exportação da nação persa poderia retirar do mercado 1,5 milhão de barris por dia, segundo analistas do Citigroup consultados pela Bloomberg. Se Israel atingir infraestruturas menores, 300 mil a 450 mil barris por dia de produção poderiam ser perdidos, disseram. Repatriação adiada: 'Beirute é o inferno na Terra', relata funcionário da Embaixada brasileira no Líbano em áudio A alta continuou nesta sexta, com o petróleo Brent, referência internacional, caminhando para um ganho semanal de cerca de 10%, o maior em dois anos. A quase U$ 79 por barril, os preços do petróleo ainda estão mais baixos do que durante grande parte do ano, mas a recente inversão é suficientemente grande para que, se sustentada, possa repercutir nos preços da gasolina e em outros custos sentidos pelos consumidores. Faltando menos de um mês para as eleições, um aumento nos preços do petróleo é uma notícia muito ruim para a vice-presidente Kamala Harris, candidata democrata à Casa Branca contra o ex-presidente republicano Donald Trump nas eleições de novembro. 'Mobilizar o mundo' Os temores de uma escalada do conflito no Oriente Médio se intensificaram depois que o Irã lançou quase 200 mísseis contra Israel na terça-feira e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu que a República Islâmica pagaria por seu "grande erro". O ataque, segundo a Guarda Revolucionária iraniana, foi uma resposta calculada à morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado na capital do país em uma ação atribuída a Israel, e aos assassinatos de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, e de um comandante iraniano em Beirute. Na quinta-feira, a missão do Irã na ONU disse que o governo iraniano alertou Washington de que retaliaria caso Israel respondesse ao ataque — no dia do ataque, Teerã já havia destacado que uma nova onda de ataques seria "ainda mais destrutiva". Por sua vez, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, afirmou à rede americana CNN na quarta-feira que a retaliação aos ataques do Irã acontecerá "em breve" e será "muito forte e duradoura". Fawzia Amin Sido: Jovem yazidi é resgatada de cativeiro do Hamas em Gaza após passar 10 anos sequestrada pelo Estado Islâmico Os militares israelenses prometeram por sua vez desferir "duros golpes" contra o Hezbollah no Líbano, onde suas tropas estão travando batalhas terrestres desde segunda-feira, quando deu início à incursão, apoiadas por ataques aéreos contra combatentes do movimento xiita libanês. O Exército israelense reportou que 250 combatentes do grupo morreram no Líbano desde então. Do seu lado, nove soldados morreram em confrontos diretos com combatentes, e dois outros foram mortos em um ataque com um drone procedente do Iraque. E, em meio à expectativa diante da promessa da represália israelense, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu que os aliados de Teerã na região vão continuar lutando contra as forças do Estado judeu e afirmou que "Israel não vai durar". Em um raro discurso público, Khamenei afirmou que o revide a agressões será dado no tempo certo. Nesse sentido, Biden disse que seu país está tentando mobilizar a comunidade internacional para evitar uma guerra total na região. — A coisa mais importante que podemos fazer é tentar mobilizar o resto do mundo e nossos aliados [para acalmar as tensões entre Israel e o Irã] — afirmou o presidente. Quase um ano após o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 ao território israelense, Israel anunciou em meados de setembro que o "centro de gravidade" do conflito havia se deslocado para o norte, para a fronteira libanesa. O Estado judeu alega que busca enfraquecer o Hezbollah para permitir o retorno de cerca de 60 mil deslocados desde que o grupo começou a disparar projéteis ao norte de seu território em apoio ao Hamas há um ano.

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