Ataque de Israel bloqueia principal ligação entre Líbano e Síria; governo libanês diz que 2 mil pessoas morreram no país
Israelenses alegam que rodovia serve como linha de suprimentos para o Hezbollah; ONU alerta para o risco do país árabe 'repetir' situação em Gaza Um ataque israelense na fronteira entre o Líbano e a Síria bloqueou a principal ligação terrestre entre os dois países, que foi usada por centenas de milhares de pessoas que tentam escapar dos combates entre Israel e o Hezbollah, e dos bombardeios hoje concentrados em Beirute. Segundo os militares israelenses, a estrada também é uma linha de suprimentos para o grupo xiita. Nas últimas duas semanas, a ofensiva de Israel no país matou duas mil pessoas, afirmou o governo libanês. Situação incerta: Brasil decide adiar voo de repatriação de brasileiros no Líbano por 'medidas adicionais de segurança' Guga Chacra: Netanyahu optou por guerra em vez de cessar-fogo no Líbano Em entrevista à agência Reuters, o ministro dos Transportes do Líbano, Ali Hamieh, disse que o ataque deixou uma cratera de quatro metros de diâmetro perto do posto de fronteira de Masnaa, por onde, segundo ele, passaram cerca de 300 mil pessoas nos últimos 10 dias, em sua maioria cidadãos sírios. Ele reiterou que as instalações são controladas pelo Estado libanês, e não pelo Hezbollah — de acordo com o jornal L’Orient le Jour, cerca de dois quilômetros da estrada entre Líbano e Síria estão intransitáveis, mas não houve vítimas no local. Mapa de comunidades onde houve ordem de retirada emitida por Israel Editoria de Arte Apesar do bombardeio, apenas o tráfego de veículos foi interrompido, e as pessoas agora precisam atravessar um campo de escombros antes de cruzar em direção ao território sírio — em entrevista à BBC, Matthew Hollingworth, diretor do Programa da ONU para Alimentos, se mostrou preocupado com os efeitos do bloqueio sobre o envio de itens como alimentos e de ajuda humanitária a regiões afetadas pelo conflito, e pediu que rotas alternativas não sejam atingidas em ataques futuros. — Isso significa que bens que normalmente viriam por terra por essa travessia, a maneira mais barata e eficaz de trazer commodities para aquele país, também não poderão ser recebidos aqui — afirmou. — Nós realmente gostaríamos que eles permanecessem abertos, porque serão essenciais para as pessoas saírem e também para as commodities humanitárias entrarem. Em comunicado, o Exército israelense disse que o posto de controle era um ponto de passagem de armas para o Hezbollah, citando ainda a existência de um túnel de 3,5 km na mesma área de fronteira. O texto afirma ainda que as armas muitas vezes eram transportadas a bordo de veículos civis, e pediu ao Líbano que intensifique as inspeções. Desde o início da guerra, Israel tem ameaçado atacar qualquer veículo — por terra, ar e mar — suspeito de levar armas ao Hezbollah, e ameaçou agir no aeroporto de Beirute para impedir a chegada de eventuais aeronaves iranianas. "As IDF (Forças Armadas de Israel) não permitirão o contrabando dessas armas e não hesitarão em agir se forem forçadas a fazê-lo, como fizeram durante toda esta guerra", disse o porta-voz militar de Israel para a mídia árabe, Avichay Adraee, no X. Análise: Forças Armadas de Israel acumulam vitórias, mas também a pergunta: qual o objetivo final? No sul do Líbano, o Hezbollah anunciou a morte de 11 socorristas ligados à organização após ataques israelenses contra Marjayoun, Chakra e Khirbet Selem, todos nesta sexta-feira. Em Marjayoun, uma cidade de maioria cristã, o maior hospital está fora de serviço depois de um bombardeio contra um veículo em uma rua próxima. Ataque semelhante ocorreu em Khirbet Selm, e que teve como alvo um prédio usado pela Autoridade Islâmica da Saúde, associada ao grupo xiita. Na terça-feira, nove pessoas morreram em um bombardeio de Israel contra um prédio usado pela Autoridade Islâmica da Saúde na região central de Beirute — na ocasião, o grupo disse que sete dos mortos eram socorristas. Entenda: Mais de 20 países articulam retirada de cidadãos do Líbano em meio à suspensão de voos por companhias aéreas Para a diretora regional do Fundo de População das Nações Unidas, os ataques contra a infraestrutura médica do Líbano são “catastróficos”. Em entrevista à al-Jazeera, Laila Baker disse que 40 instalações do tipo foram fechadas na última semana, e as que ainda estão abertas operam no limite por causa do elevado número de feridos, incluindo mulheres, crianças e profissionais da saúde. — Estamos vendo quase literalmente uma repetição do que estava acontecendo em Gaza com as violações israelenses do direito internacional humanitário — disse Laila Baker à rede do Catar. —O Líbano é um país pequeno, e Beirute é uma área muito demograficamente compactada. Se as bombas estão caindo no centro da cidade, essas são famílias, pessoas, cujas vidas foram destruídas. Segundo balanço do governo libanês, 2.023 pessoas morreram nas últimas duas semanas, quando, segundo ministro da Saúde, teve início a "agressão israelense contra o Líbano". O número inclui 127 crianças e 261 mulheres — outras 9
Israelenses alegam que rodovia serve como linha de suprimentos para o Hezbollah; ONU alerta para o risco do país árabe 'repetir' situação em Gaza Um ataque israelense na fronteira entre o Líbano e a Síria bloqueou a principal ligação terrestre entre os dois países, que foi usada por centenas de milhares de pessoas que tentam escapar dos combates entre Israel e o Hezbollah, e dos bombardeios hoje concentrados em Beirute. Segundo os militares israelenses, a estrada também é uma linha de suprimentos para o grupo xiita. Nas últimas duas semanas, a ofensiva de Israel no país matou duas mil pessoas, afirmou o governo libanês. Situação incerta: Brasil decide adiar voo de repatriação de brasileiros no Líbano por 'medidas adicionais de segurança' Guga Chacra: Netanyahu optou por guerra em vez de cessar-fogo no Líbano Em entrevista à agência Reuters, o ministro dos Transportes do Líbano, Ali Hamieh, disse que o ataque deixou uma cratera de quatro metros de diâmetro perto do posto de fronteira de Masnaa, por onde, segundo ele, passaram cerca de 300 mil pessoas nos últimos 10 dias, em sua maioria cidadãos sírios. Ele reiterou que as instalações são controladas pelo Estado libanês, e não pelo Hezbollah — de acordo com o jornal L’Orient le Jour, cerca de dois quilômetros da estrada entre Líbano e Síria estão intransitáveis, mas não houve vítimas no local. Mapa de comunidades onde houve ordem de retirada emitida por Israel Editoria de Arte Apesar do bombardeio, apenas o tráfego de veículos foi interrompido, e as pessoas agora precisam atravessar um campo de escombros antes de cruzar em direção ao território sírio — em entrevista à BBC, Matthew Hollingworth, diretor do Programa da ONU para Alimentos, se mostrou preocupado com os efeitos do bloqueio sobre o envio de itens como alimentos e de ajuda humanitária a regiões afetadas pelo conflito, e pediu que rotas alternativas não sejam atingidas em ataques futuros. — Isso significa que bens que normalmente viriam por terra por essa travessia, a maneira mais barata e eficaz de trazer commodities para aquele país, também não poderão ser recebidos aqui — afirmou. — Nós realmente gostaríamos que eles permanecessem abertos, porque serão essenciais para as pessoas saírem e também para as commodities humanitárias entrarem. Em comunicado, o Exército israelense disse que o posto de controle era um ponto de passagem de armas para o Hezbollah, citando ainda a existência de um túnel de 3,5 km na mesma área de fronteira. O texto afirma ainda que as armas muitas vezes eram transportadas a bordo de veículos civis, e pediu ao Líbano que intensifique as inspeções. Desde o início da guerra, Israel tem ameaçado atacar qualquer veículo — por terra, ar e mar — suspeito de levar armas ao Hezbollah, e ameaçou agir no aeroporto de Beirute para impedir a chegada de eventuais aeronaves iranianas. "As IDF (Forças Armadas de Israel) não permitirão o contrabando dessas armas e não hesitarão em agir se forem forçadas a fazê-lo, como fizeram durante toda esta guerra", disse o porta-voz militar de Israel para a mídia árabe, Avichay Adraee, no X. Análise: Forças Armadas de Israel acumulam vitórias, mas também a pergunta: qual o objetivo final? No sul do Líbano, o Hezbollah anunciou a morte de 11 socorristas ligados à organização após ataques israelenses contra Marjayoun, Chakra e Khirbet Selem, todos nesta sexta-feira. Em Marjayoun, uma cidade de maioria cristã, o maior hospital está fora de serviço depois de um bombardeio contra um veículo em uma rua próxima. Ataque semelhante ocorreu em Khirbet Selm, e que teve como alvo um prédio usado pela Autoridade Islâmica da Saúde, associada ao grupo xiita. Na terça-feira, nove pessoas morreram em um bombardeio de Israel contra um prédio usado pela Autoridade Islâmica da Saúde na região central de Beirute — na ocasião, o grupo disse que sete dos mortos eram socorristas. Entenda: Mais de 20 países articulam retirada de cidadãos do Líbano em meio à suspensão de voos por companhias aéreas Para a diretora regional do Fundo de População das Nações Unidas, os ataques contra a infraestrutura médica do Líbano são “catastróficos”. Em entrevista à al-Jazeera, Laila Baker disse que 40 instalações do tipo foram fechadas na última semana, e as que ainda estão abertas operam no limite por causa do elevado número de feridos, incluindo mulheres, crianças e profissionais da saúde. — Estamos vendo quase literalmente uma repetição do que estava acontecendo em Gaza com as violações israelenses do direito internacional humanitário — disse Laila Baker à rede do Catar. —O Líbano é um país pequeno, e Beirute é uma área muito demograficamente compactada. Se as bombas estão caindo no centro da cidade, essas são famílias, pessoas, cujas vidas foram destruídas. Segundo balanço do governo libanês, 2.023 pessoas morreram nas últimas duas semanas, quando, segundo ministro da Saúde, teve início a "agressão israelense contra o Líbano". O número inclui 127 crianças e 261 mulheres — outras 9.526 pessoas ficaram feridas. — Tememos que o Líbano seja uma nova Gaza — disse, durante um evento na França, o ministro da Informação libanês, Ziad Makary. — Como é possível viver com 2.000 vítimas, 10.000 feridos e 1.200.000 pessoas deslocadas no Líbano numa semana? Makary afirmou que a decisão de Israel de assassinar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na semana passada, foi "criminosa", e levou “um país inteiro e talvez toda a região a uma guerra que nunca terá fim”, disse ele à AFP. — Ele assassinou Ismail Haniyeh (chefe do Hamas) quando estava negociando o cessar-fogo. E assassinou Hasan Nasrallah quando estava negociando o cessar-fogo. Então ele sabia o que iria acontecer — concluiu o ministro, que chamou a atitude dos EUA até o momento de "não católica". Na quinta-feira, a força de manutenção de paz da ONU localizada na divisa entre Líbano e Israel, a Unifil, revelou ter recebido um pedido do governo israelense para que os militares deixassem algumas de suas posições antes do início da invasão terrestre, mas que a demanda foi negada. — Tínhamos tomado uma decisão muito atenciosa, completa e profundamente discutida de que seria melhor para a Unifil, para as forças de paz e em termos de nossa responsabilidade com o mandato permanecer nessas posições —disse, em declarações à imprensa, o chefe da missão, Jean-Pierre Lacroix, afirmando ainda que a Unifil exerce um papel de contato entre israelenses e libaneses desde sua criação, em 1978. Hoje, há cerca de 10 mil capacetes azuis na área. Além do comando da Unifil, o governo da Irlanda, que contriubui com a missão, recebeu um pedido israelense para que suas forças deixassem ao menos um posto de fronteira, revelou o jornal The Irish Times, mas a resposta foi negativa. Outros governos, afirma a publicação, também teriam sido procurados. (Com AFP)
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