Após decepção, a 'paciência estratégica' da China com o Brasil
Para analista chinês, pressão americana pesou na decisão do país de não aderir à Nova Rota da Seda A decisão do Brasil de não aderir à Nova Rota da Seda, o trilionário de infraestrutura da China, foi uma decepção para os chineses, mas não significa que irá interromper o ciclo de aproximação entre os dois países que se intensificou desde a volta do presidente Lula ao poder. A avaliação é de Li Xing, professor do Instituto de Estratégias Internacionais de Guandong, entidade que presta assessoria ao serviço diplomático chinês. Lula e Xi Jinping: Acordos com China abrem espaço para acesso a novos mercados para produtores agrícolas do Brasil Especialista: Adesão do Brasil à Nova Rota da Seda poderia 'irritar os EUA', diz ex-secretário de Comércio Exterior O governo chinês tem "paciência estratégica" para aguardar o momento em que o Brasil finalmente amadurecerá a decisão de entrar na iniciativa, diz ele. Enquanto isso, as relações políticas e econômicas continuarão se aprofundando, prevê, mesmo sem a adesão formal ao projeto de investimentos chinês, oficialmente chamado de "Cinturão e Rota". Para Li, prova dessa tendência são os 37 acordos de cooperação firmados entre os dois países em Brasília nesta quarta, durante a visita de Estado do presidente da China, Xi Jinping. Do ponto de vista chinês, foi um “choque” saber que o Brasil não iria aderir à Nova Rota da Seda, diz Li, principalmente depois da visita calorosa de Lula à China no ano passado e das declarações de autoridades brasileiras dando a entender que isso ocorreria. O professor atribui o recuo a “divergências internas” no governo brasileiro e à pressão americana. — Os EUA não aceitam que o país mais importante da América Latina esteja dando as mãos à China, porque consideram a região o seu quintal. Por isso a dificuldade do governo americano em ver o Brasil como parte da Cinturão e Rota. A China sabe que cada país tem as suas dificuldades e que não precisa exercer mais pressão, mantém a paciência estratégica. Hoje a China hoje compete com os EUA não apenas em termos comerciais, políticos, econômicos e militares, mas no mais importante: em paciência estratégica — diz Li. Menu: Lula oferece jantar com pratos brasileiros e diz que Xi Jinping 'tem servido de inspiração' Segundo ele, a suposta paciência estratégica vem da convicção da China de que "o tempo está a seu favor", que o país está avançando enquanto os EUA estão em declínio comparativo, em termos de poder nacional abrangente. — Por isso a China não precisa ter pressa. Não há necessidade de pressionar o Brasil. Assinar um documento tem valor simbólico, mas a substância é muito mais importante do que o superficial. Na China nós dizemos: enquanto outros tem política, nós temos estratégias. Se há motivos políticos para o Brasil não aderir à iniciativa sobre a mesa, a China pode garantir que continue havendo cooperação debaixo da mesa. Para o professor, um dos motivos da decepção com a decisão do Brasil entre os chineses foi causada pela sensação de que o presidente Lula resistiria às pressões externas contra a adesão do Brasil ao projeto chinês. — Todos esperavam que Lula seria forte o suficiente para mudar as coisas, para resistir às pressões externas. Mas vimos que há uma grande distância entre o que ele demonstrou aqui na China e a realidade. Assim como muitos chineses, eu passei do choque à compreensão. Entendo a situação do Brasil e as pressões externas a que o país está submetido. Mas a China é um país pragmático e não ficará aborrecido com o Brasil por não ter assinado. A assinatura é apenas um gesto. Temos muitas cooperações — diz Li. Leia bastidores: Visita de Xi Jinping ao Palácio da Alvorada tem tensão entre equipes e cochicho de Dilma com Alckmin O professor diz que o Brasil atualmente "é extremamente importante na política externa da China", que reconhece o valor da aproximação ocorrida no último ano — em Brasília, Xi chegou a dizer que a relação bilateral está no melhor momento da história. Não faltam motivos para a valorização estratégica do país para a China, garante Li. — O Brasil é o maior país da América Latina, é vizinho dos EUA, é um dos maiores países do Sul Global, é rico em recursos naturais e um dos membros mais importantes do Brics. É muito importante para a China ter o apoio do Brasil às suas posições políticas internacionais, em termos de segurança, desenvolvimento e de civilização. Todas as iniciativas da China precisam do apoio do Brasil. E no momento em que o Brasil fica do lado da China, outros países menores da América do Sul seguem o mesmo caminho.
Para analista chinês, pressão americana pesou na decisão do país de não aderir à Nova Rota da Seda A decisão do Brasil de não aderir à Nova Rota da Seda, o trilionário de infraestrutura da China, foi uma decepção para os chineses, mas não significa que irá interromper o ciclo de aproximação entre os dois países que se intensificou desde a volta do presidente Lula ao poder. A avaliação é de Li Xing, professor do Instituto de Estratégias Internacionais de Guandong, entidade que presta assessoria ao serviço diplomático chinês. Lula e Xi Jinping: Acordos com China abrem espaço para acesso a novos mercados para produtores agrícolas do Brasil Especialista: Adesão do Brasil à Nova Rota da Seda poderia 'irritar os EUA', diz ex-secretário de Comércio Exterior O governo chinês tem "paciência estratégica" para aguardar o momento em que o Brasil finalmente amadurecerá a decisão de entrar na iniciativa, diz ele. Enquanto isso, as relações políticas e econômicas continuarão se aprofundando, prevê, mesmo sem a adesão formal ao projeto de investimentos chinês, oficialmente chamado de "Cinturão e Rota". Para Li, prova dessa tendência são os 37 acordos de cooperação firmados entre os dois países em Brasília nesta quarta, durante a visita de Estado do presidente da China, Xi Jinping. Do ponto de vista chinês, foi um “choque” saber que o Brasil não iria aderir à Nova Rota da Seda, diz Li, principalmente depois da visita calorosa de Lula à China no ano passado e das declarações de autoridades brasileiras dando a entender que isso ocorreria. O professor atribui o recuo a “divergências internas” no governo brasileiro e à pressão americana. — Os EUA não aceitam que o país mais importante da América Latina esteja dando as mãos à China, porque consideram a região o seu quintal. Por isso a dificuldade do governo americano em ver o Brasil como parte da Cinturão e Rota. A China sabe que cada país tem as suas dificuldades e que não precisa exercer mais pressão, mantém a paciência estratégica. Hoje a China hoje compete com os EUA não apenas em termos comerciais, políticos, econômicos e militares, mas no mais importante: em paciência estratégica — diz Li. Menu: Lula oferece jantar com pratos brasileiros e diz que Xi Jinping 'tem servido de inspiração' Segundo ele, a suposta paciência estratégica vem da convicção da China de que "o tempo está a seu favor", que o país está avançando enquanto os EUA estão em declínio comparativo, em termos de poder nacional abrangente. — Por isso a China não precisa ter pressa. Não há necessidade de pressionar o Brasil. Assinar um documento tem valor simbólico, mas a substância é muito mais importante do que o superficial. Na China nós dizemos: enquanto outros tem política, nós temos estratégias. Se há motivos políticos para o Brasil não aderir à iniciativa sobre a mesa, a China pode garantir que continue havendo cooperação debaixo da mesa. Para o professor, um dos motivos da decepção com a decisão do Brasil entre os chineses foi causada pela sensação de que o presidente Lula resistiria às pressões externas contra a adesão do Brasil ao projeto chinês. — Todos esperavam que Lula seria forte o suficiente para mudar as coisas, para resistir às pressões externas. Mas vimos que há uma grande distância entre o que ele demonstrou aqui na China e a realidade. Assim como muitos chineses, eu passei do choque à compreensão. Entendo a situação do Brasil e as pressões externas a que o país está submetido. Mas a China é um país pragmático e não ficará aborrecido com o Brasil por não ter assinado. A assinatura é apenas um gesto. Temos muitas cooperações — diz Li. Leia bastidores: Visita de Xi Jinping ao Palácio da Alvorada tem tensão entre equipes e cochicho de Dilma com Alckmin O professor diz que o Brasil atualmente "é extremamente importante na política externa da China", que reconhece o valor da aproximação ocorrida no último ano — em Brasília, Xi chegou a dizer que a relação bilateral está no melhor momento da história. Não faltam motivos para a valorização estratégica do país para a China, garante Li. — O Brasil é o maior país da América Latina, é vizinho dos EUA, é um dos maiores países do Sul Global, é rico em recursos naturais e um dos membros mais importantes do Brics. É muito importante para a China ter o apoio do Brasil às suas posições políticas internacionais, em termos de segurança, desenvolvimento e de civilização. Todas as iniciativas da China precisam do apoio do Brasil. E no momento em que o Brasil fica do lado da China, outros países menores da América do Sul seguem o mesmo caminho.
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