Apoiador de Marçal, Feliciano disse em 2016 que dono de clínica de laudo falso contra Boulos seria 'ministro da saúde'

Fala ocorreu em discurso ao então presidente interino Michel Temer durante convenção evangélica Dono da clínica responsável pelo laudo falso de Guilherme Boulos (PSOL) divulgado por Pablo Marçal (PRTB) nas redes, o biomédico Luiz Teixeira da Silva Junior foi apresentado pelo deputado federal Pr. Marco Feliciano (PL-SP) como "membro da equipe" durante um congresso evangélico em 2016. Durante discurso direcionado ao então presidente da República interino Michel Temer (MDB), que ocupava a cadeira após o Senado instaurar processo de impeachment de Dilma Rousseff, o parlamentar disse que o dono da clínica Mais Consulta "seria o ministro da Saúde do Brasil" caso ele fosse chefe do Executivo. Entenda: Boulos entra com representação no TRE contra laudo falso apresentado por Marçal Eleições em São Paulo: Dono de clínica de laudo falso de Boulos publicado por Marçal apaga perfil no Instagram — Quero agradecer a vida do novo membro da minha equipe que é o doutor Luiz. Pastor, olhe para esse menino. Se eu fosse presidente da República, ele seria o ministro da Saúde do Brasil. Ele é médico, representa uma grande empresa — disse Feliciano na ocasião. Fala de Marco Feliciano sobre dono de clínica de laudo falso contra Boulos Feliciano também cita que Silva é "membro da igreja" AD Alpha, do casal de cantores gospel Jairinho e Cassiane. O centro religiosos foi alvo do Ministério Público, em 2017, por um suposto envolvimento em um esquema de corrupção que envolvia o desvio de verbas da saúde pública. Às vésperas da eleição, a narrativa de que Marçal representaria melhor os princípios da direita do que o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) ganhou peso, com acenos de bolsonaristas como Feliciano. O parlamentar divulgou vídeo na terça-feira declarando voto no ex-coach, de quem diz ser amigo, e alegando que o candidato estaria sendo perseguido por “políticos e religiosos”. A gravação foi compartilhada pelo candidato do PRTB nas redes e em grupos de voluntários da campanha no WhatsApp. — Eu sou aliado, mas não sou alienado. Sou livre para pensar e apoiar quem eu desejar e espero que me respeitem por isso, é a democracia — disse o deputado. Condenação por falsa credencial O biomédico já foi condenado na Justiça no passado. Em 2021, a 22ª Vara Federal de Porto Alegre o considerou culpado de tentar usar credenciais falsas para obter o registro profissional de médico. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) afirma que Luiz Teixeira Júnior apresentou um diploma de graduação em Medicina e uma ata de colação de grau falsos, supostamente emitidos pela Fundação Educacional Serra dos Órgãos, ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul. A instituição de ensino informou às autoridades que o biomédico nunca foi aluno da instituição no curso. Outro elemento que indicou se tratar de um documento falsificado foi o fato da faculdade ter sido renomeada como Centro Universitário Serra dos Órgãos. Ele teria pago R$ 27 mil aos falsificadores. Segundo a sentença, Luiz da Silva Júnior apresentou "versão bastante inverossímil, no sentido de que contratara os serviços de um despachante para que sua formação acadêmica em Biomedicina fosse transmudada para Medicina". O biomédico disse ainda "ter sido vítima de um engodo" de um despachante. Para o juiz Adel Américo Dias de Oliveira, no entanto, dado formação e experiência do biomédico, não é aceitável que ele "desconhecesse a necessidade de submeter-se à prova de vestibular para ingresso em uma universidade e, somente então, após longos anos de estudo, viesse a angariar a diplomação pretendida". Luiz Teixeira da Silva Júnior foi condenado a 2 anos e quatro meses de reclusão, a serem cumpridos incialmente no regime semiaberto. A condenação foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que a substituiu por uma pena restritiva de direitos. Entenda o caso Marçal postou nas redes sociais na noite desta sexta-feira um receituário médico falso que detalharia um encaminhamento do adversário Guilherme Boulos (PSOL) para uma emergência psiquiátrica, em 2021. O mesmo documento afirma que o deputado federal teria testado positivo para cocaína no episódio. Boulos entrou na Justiça contra prisão de Marçal e do proprietário da clínica em questão. Em decisão posterior do TRE, na manhã deste sábado, o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, citou a “falsidade do documento” e mandou excluir conteúdos sobre o tema. A negativa do psolista veio em uma transmissão pelo Instagram iniciada pouco depois da postagem do ex-coach. Boulos indicou que o número de documento dele exposto na imagem está errado. O candidato também afirmou que o dono da clínica seria apoiador de Marçal. — O dono da clínica do documento que ele publica tem vídeo com Pablo Marçal, é apoiador dele. Ele falsificou um documento com um CRM de um médico que faleceu há dois anos para que ninguém fosse responsabilizado — disse o candidato em live. O laudo falso diz que Boulos estaria sendo encaminhado para uma emergência com quadro de "surto psicótico grave, delírio persecutório e ideias homicidas". O receituário falso aparece assinado pelo médico José Roberto de Souza, cujo CRM é 17064-SP. O profissional já é falecido, segundo os registros de órgãos médicos. A clínica seria a Mais Consultas, de São Paulo — mas, na imagem postada por Marçal, o logotipo mostra "Mais Consulta", no singular.