1 milhão de pessoas já foram deslocadas no Líbano após escalada de ataques israelenses, estima premier
Intensidade do conflito faz Exército libanês apelar por preservação da unidade nacional e pedir que civis não se envolvam em 'ações que possam afetar a paz' Um dia após a confirmação da morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque aéreo em Beirute, o primeiro-ministro do Líbano, Nijab Mikati, afirmou que as autoridades libanesas já estimam que 1 milhão de pessoas foram deslocadas pelas ofensivas do Estado judeu contra o grupo xiita no país. A rápida escalada das hostilidades fez com que o Exército libanês apelasse, também neste domingo, pela preservação da unidade nacional. Em comunicado, as Forças Armadas pediram que os civis não se envolvam “em ações que possam afetar a paz nesta fase perigosa e delicada” do conflito. Guga Chacra: Libaneses pagam o preço da guerra do Irã contra Israel Análise: Morte de Nasrallah é golpe contra Hezbollah e 'Eixo da Resistência', mas impactos no Oriente Médio são incertos “O inimigo israelense está trabalhando para implementar seus planos destrutivos e semear a divisão entre os libaneses”, diz a nota. A coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, também pediu unidade. No X, ela escreveu que, “neste momento crítico para o Líbano, quando a incerteza é grande, é hora de o país se concentrar no interesse comum que une seu povo”. O apelo foi ecoado ainda por Mikati, que no sábado declarou ser uma “responsabilidade nacional” o abandono das “diferenças políticas” para a preservação da ordem civil num contexto “histórico e excepcional”. O Hezbollah, que exerce grande poder no Líbano e cujo poderio militar é amplamente considerado superior ao do Exército libanês, tem sido alvo de críticas de alguns políticos do país por sua decisão de atacar Israel em solidariedade ao grupo terrorista Hamas na guerra em Gaza. Desde o início do conflito no enclave palestino, em outubro passado, o grupo xiita e as forças do Estado judeu têm trocado ofensivas dos dois lados da fronteira quase diariamente. Foi só recentemente, porém, que autoridades israelenses intensificaram os ataques sob a justificativa de que os mais de 60 mil civis do norte do país deslocados pelos bombardeios devem voltar para suas casas. A escalada começou há quase duas semanas, quando Israel atacou uma instalação de armas sírias fornecedora do Hezbollah, e depois realizou uma sofisticada operação de sabotagem nos pagers e walkie-talkies do grupo, que foram detonados quase simultaneamente, prejudicando a capacidade de comunicação entre líderes e soldados do movimento. No total, pelo menos 1,6 mil pessoas já foram mortas nos ataques contra o território libanês, incluindo comandantes graduados do grupo xiita, mas também 104 crianças e 194 mulheres, além de dois adolescentes brasileiros. Em apenas dois dias de bombardeios, segundo o Ministério da Saúde do Líbano, 14 paramédicos foram mortos. Os ataques israelenses continuaram neste domingo, incluindo em Dahiyeh e no Vale do Bekaa. O Exército de Israel afirmou ter atacado “dezenas” de alvos do Hezbollah, e a Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou uma série de ofensivas na cidade de Baalbek, no leste, com fábricas, armazéns e áreas residenciais entre os alvos. Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, 21 pessoas foram mortas no leste do país em bombardeios israelenses, e um grupo de resposta a emergências vinculado ao Movimento Amal, aliado do grupo xiita, disse que cinco de seus socorristas foram assassinados no sul. Na sequência, o Hezbollah afirmou que seus combatentes lançaram “uma salva de foguetes Fadi-1” contra uma base israelense nas Colinas de Golã “em defesa do Líbano e de seu povo e em resposta” aos ataques de Israel a cidades, vilas e civis. O Exército israelense reportou “aproximadamente oito” lançamentos do Líbano que caíram em áreas não povoadas perto do território anexado por Israel e que é legalmente parte da Síria, segundo a ONU. Resposta humanitária Ainda neste domingo, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU anunciou o lançamento de uma operação de emergência para fornecer assistência alimentar também a 1 milhão de libaneses afetados pela recente escalada do conflito. A agência de combate à fome declarou que a aceleração dos ataques entre Israel e a organização político-militar reforçou a necessidade de uma “resposta humanitária imediata”, considerando a “fragilidade de uma população já sobrecarregada por crises acumuladas”. O PMA relatou ter atendido mais de 66 mil pessoas em abrigos do país, mas pontuou que, para continuar com as operações, são precisos US$ 105 milhões (R$ 570,5 mi) até o final do ano. — O Líbano está em um ponto de ruptura e não pode suportar outra guerra. Uma nova escalada seria altamente prejudicial para as pessoas da região, que já passaram por muitas dificuldades — disse Corinne Fleischer, diretora regional do PMA para o Oriente Médio, Norte de África e Europa Oriental. — O Programa Mundial de Alimentos está no local, mas precisamos urgentemente de fundos. Mais urg
Intensidade do conflito faz Exército libanês apelar por preservação da unidade nacional e pedir que civis não se envolvam em 'ações que possam afetar a paz' Um dia após a confirmação da morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque aéreo em Beirute, o primeiro-ministro do Líbano, Nijab Mikati, afirmou que as autoridades libanesas já estimam que 1 milhão de pessoas foram deslocadas pelas ofensivas do Estado judeu contra o grupo xiita no país. A rápida escalada das hostilidades fez com que o Exército libanês apelasse, também neste domingo, pela preservação da unidade nacional. Em comunicado, as Forças Armadas pediram que os civis não se envolvam “em ações que possam afetar a paz nesta fase perigosa e delicada” do conflito. Guga Chacra: Libaneses pagam o preço da guerra do Irã contra Israel Análise: Morte de Nasrallah é golpe contra Hezbollah e 'Eixo da Resistência', mas impactos no Oriente Médio são incertos “O inimigo israelense está trabalhando para implementar seus planos destrutivos e semear a divisão entre os libaneses”, diz a nota. A coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, também pediu unidade. No X, ela escreveu que, “neste momento crítico para o Líbano, quando a incerteza é grande, é hora de o país se concentrar no interesse comum que une seu povo”. O apelo foi ecoado ainda por Mikati, que no sábado declarou ser uma “responsabilidade nacional” o abandono das “diferenças políticas” para a preservação da ordem civil num contexto “histórico e excepcional”. O Hezbollah, que exerce grande poder no Líbano e cujo poderio militar é amplamente considerado superior ao do Exército libanês, tem sido alvo de críticas de alguns políticos do país por sua decisão de atacar Israel em solidariedade ao grupo terrorista Hamas na guerra em Gaza. Desde o início do conflito no enclave palestino, em outubro passado, o grupo xiita e as forças do Estado judeu têm trocado ofensivas dos dois lados da fronteira quase diariamente. Foi só recentemente, porém, que autoridades israelenses intensificaram os ataques sob a justificativa de que os mais de 60 mil civis do norte do país deslocados pelos bombardeios devem voltar para suas casas. A escalada começou há quase duas semanas, quando Israel atacou uma instalação de armas sírias fornecedora do Hezbollah, e depois realizou uma sofisticada operação de sabotagem nos pagers e walkie-talkies do grupo, que foram detonados quase simultaneamente, prejudicando a capacidade de comunicação entre líderes e soldados do movimento. No total, pelo menos 1,6 mil pessoas já foram mortas nos ataques contra o território libanês, incluindo comandantes graduados do grupo xiita, mas também 104 crianças e 194 mulheres, além de dois adolescentes brasileiros. Em apenas dois dias de bombardeios, segundo o Ministério da Saúde do Líbano, 14 paramédicos foram mortos. Os ataques israelenses continuaram neste domingo, incluindo em Dahiyeh e no Vale do Bekaa. O Exército de Israel afirmou ter atacado “dezenas” de alvos do Hezbollah, e a Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou uma série de ofensivas na cidade de Baalbek, no leste, com fábricas, armazéns e áreas residenciais entre os alvos. Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, 21 pessoas foram mortas no leste do país em bombardeios israelenses, e um grupo de resposta a emergências vinculado ao Movimento Amal, aliado do grupo xiita, disse que cinco de seus socorristas foram assassinados no sul. Na sequência, o Hezbollah afirmou que seus combatentes lançaram “uma salva de foguetes Fadi-1” contra uma base israelense nas Colinas de Golã “em defesa do Líbano e de seu povo e em resposta” aos ataques de Israel a cidades, vilas e civis. O Exército israelense reportou “aproximadamente oito” lançamentos do Líbano que caíram em áreas não povoadas perto do território anexado por Israel e que é legalmente parte da Síria, segundo a ONU. Resposta humanitária Ainda neste domingo, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU anunciou o lançamento de uma operação de emergência para fornecer assistência alimentar também a 1 milhão de libaneses afetados pela recente escalada do conflito. A agência de combate à fome declarou que a aceleração dos ataques entre Israel e a organização político-militar reforçou a necessidade de uma “resposta humanitária imediata”, considerando a “fragilidade de uma população já sobrecarregada por crises acumuladas”. O PMA relatou ter atendido mais de 66 mil pessoas em abrigos do país, mas pontuou que, para continuar com as operações, são precisos US$ 105 milhões (R$ 570,5 mi) até o final do ano. — O Líbano está em um ponto de ruptura e não pode suportar outra guerra. Uma nova escalada seria altamente prejudicial para as pessoas da região, que já passaram por muitas dificuldades — disse Corinne Fleischer, diretora regional do PMA para o Oriente Médio, Norte de África e Europa Oriental. — O Programa Mundial de Alimentos está no local, mas precisamos urgentemente de fundos. Mais urgentemente, as pessoas na região precisam de paz. Com AFP e New York Times.
Qual é a sua reação?