'Yellowstone' volta à Paramount+ sem Kevin Costner, mas John Dutton continua presente. Saiba como
Existe “Yellowstone” sem Kevin Costner? A estreia da segunda metade da quinta temporada, na última segunda-feira, na Paramount+, respondeu a essa pergunta. Como se sabe, por razões alheias à dramaturgia, o ator deixou a produção antes do fim, obrigando os roteiristas a traçar mudanças de rumo na história. O impasse movimentou os bastidores da série, que estava fora do ar desde janeiro do ano passado. (leia aqui uma entrevista que fiz com o ator sobre a série) O novo episódio, “Desejo é tudo o que você precisa”, mostrou que John Dutton já não precisa de Costner para estar na trama. A presença incorpórea do personagem continuou dominando tudo. E sem que o enredo apelasse para o flash-back. Dutton morreu e não é spoiler: todo mundo sabia que isso aconteceria. Mesmo assim, nas redes, o público só falou dele. Na ficção também. O capítulo girou integralmente em torno disso. E ponto para os roteiristas, que evitaram o “quem matou?”. O episódio elucidou logo essa questão. Kevin Costner em 'Yellowstone' Divulgação Quando a trama recomeça, Jamie (Wes Bentley) é o procurador geral de Montana. John era governador. As armações políticas voltam a movimentar a história, mas o novelão predomina. “Yellowstone” voltou com o pé ainda mais afundado no pedal do drama familiar. O desejo de vingança de Beth (Keilly Reilly) veio com tudo. A fazendeira de temperamento mercurial até apareceu gritando desesperada, mas só rapidamente. No geral, ela foi vista em lágrimas e engasgada, sussurrando, incapaz de projetar para o mundo a dor do seu luto. Ela e Kayce (Luke Grimes) serão os aliados naturais contra Jamie. Promete. Clique aqui para me seguir no Instagram A voltagem do episódio teria se mantido lá no alto se a ação ficasse no presente. Mas o enredo recua seis semanas. Essa marcha ré não serve a explicar a morte de Dutton, é só uma distração. Rip (Cole Hauser) surge no Texas, onde foi mover um rebanho junto com outros cowboys. A câmera se abre para planos demorados na paisagem desértica e as cenas são um pretexto para a única mulher do grupo falar sobre homofobia. Nesse passado recente, Beth está cumprindo trabalho comunitário, catando lixo em Montana. Kayce e a mulher, Monica (Kelsey Chow), se instalam numa nova casa. Pura enrolação. Porém, quando a ação volta para os dias atuais, a temperatura sobe e “Yellowstone” prova que tem muito fôlego ainda. Esse calor faz pensar que John Dutton não é o único fantasma que impulsiona a série. É que o motor da narrativa sempre foi a sucessão, a preservação de terras e a sobrevivência dos valores familiares através da gerações. Esse bastão vem sendo transmitido de Dutton para Dutton desde a época da conquista do Velho Oeste, como vimos em “1883” e “1923”, dois de seus spin-offs. Manter viva a memória é, portanto, uma missão para os personagens que ficam, com Kevin Costner ou sem ele. Montana, afinal, é um red state, gosta de tradição, é impossível assistir a “Yellowstone” sem lembrar disso.
Existe “Yellowstone” sem Kevin Costner? A estreia da segunda metade da quinta temporada, na última segunda-feira, na Paramount+, respondeu a essa pergunta. Como se sabe, por razões alheias à dramaturgia, o ator deixou a produção antes do fim, obrigando os roteiristas a traçar mudanças de rumo na história. O impasse movimentou os bastidores da série, que estava fora do ar desde janeiro do ano passado. (leia aqui uma entrevista que fiz com o ator sobre a série) O novo episódio, “Desejo é tudo o que você precisa”, mostrou que John Dutton já não precisa de Costner para estar na trama. A presença incorpórea do personagem continuou dominando tudo. E sem que o enredo apelasse para o flash-back. Dutton morreu e não é spoiler: todo mundo sabia que isso aconteceria. Mesmo assim, nas redes, o público só falou dele. Na ficção também. O capítulo girou integralmente em torno disso. E ponto para os roteiristas, que evitaram o “quem matou?”. O episódio elucidou logo essa questão. Kevin Costner em 'Yellowstone' Divulgação Quando a trama recomeça, Jamie (Wes Bentley) é o procurador geral de Montana. John era governador. As armações políticas voltam a movimentar a história, mas o novelão predomina. “Yellowstone” voltou com o pé ainda mais afundado no pedal do drama familiar. O desejo de vingança de Beth (Keilly Reilly) veio com tudo. A fazendeira de temperamento mercurial até apareceu gritando desesperada, mas só rapidamente. No geral, ela foi vista em lágrimas e engasgada, sussurrando, incapaz de projetar para o mundo a dor do seu luto. Ela e Kayce (Luke Grimes) serão os aliados naturais contra Jamie. Promete. Clique aqui para me seguir no Instagram A voltagem do episódio teria se mantido lá no alto se a ação ficasse no presente. Mas o enredo recua seis semanas. Essa marcha ré não serve a explicar a morte de Dutton, é só uma distração. Rip (Cole Hauser) surge no Texas, onde foi mover um rebanho junto com outros cowboys. A câmera se abre para planos demorados na paisagem desértica e as cenas são um pretexto para a única mulher do grupo falar sobre homofobia. Nesse passado recente, Beth está cumprindo trabalho comunitário, catando lixo em Montana. Kayce e a mulher, Monica (Kelsey Chow), se instalam numa nova casa. Pura enrolação. Porém, quando a ação volta para os dias atuais, a temperatura sobe e “Yellowstone” prova que tem muito fôlego ainda. Esse calor faz pensar que John Dutton não é o único fantasma que impulsiona a série. É que o motor da narrativa sempre foi a sucessão, a preservação de terras e a sobrevivência dos valores familiares através da gerações. Esse bastão vem sendo transmitido de Dutton para Dutton desde a época da conquista do Velho Oeste, como vimos em “1883” e “1923”, dois de seus spin-offs. Manter viva a memória é, portanto, uma missão para os personagens que ficam, com Kevin Costner ou sem ele. Montana, afinal, é um red state, gosta de tradição, é impossível assistir a “Yellowstone” sem lembrar disso.
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