Virada de jogo? Petrolíferas deixam energia verde de lado e lucram bilhões com combustíveis fósseis. Entenda
Há cerca de quatro anos, energia renovável parecia para muitas empresas e investidores não apenas mais limpa, mas também um negócio melhor do que petróleo e gás Quando as empresas de petróleo e gás fizeram compromissos ambiciosos há quatro anos para reduzir emissões de gases e transitar para a energia renovável, seus negócios estavam em queda. A demanda por combustíveis estava secando à medida que a pandemia se intensificava. Os preços despencaram. E grandes empresas ocidentais de petróleo estavam perdendo dinheiro, com prejuízos ultrapassando US$ 100 bilhões, segundo a consultoria energética Wood Mackenzie. Vaca Muerta: Brasil e Argentina assinam acordo para importação de gás da região COP29: Executivos do setor petrolífero marcam presença em Baku em meio a críticas de ativistas A energia renovável, na época, parecia para muitas empresas e investidores não apenas mais limpa, mas também um negócio melhor do que petróleo e gás. — Os investidores estavam focados no que eu diria que era a narrativa predominante de que tudo estava indo para vento e solar — disse Darren Woods, CEO da Exxon Mobil, em uma entrevista ao The New York Times na semana passada, durante uma conferência climática das Nações Unidas em Baku, Azerbaijão. — Recebi muita pressão para entrar no negócio de vento e solar — acrescentou. Woods resistiu, argumentando que a Exxon não tinha expertise nessas áreas. Em vez disso, a empresa investiu em áreas como hidrogênio e extração de lítio, mais alinhadas ao seu modelo de negócios tradicional. Initial plugin text Wall Street recompensou a empresa por essas apostas. O preço das ações da Exxon subiu mais de 70% desde o fim de 2019, elevando seu valor de mercado a um recorde de quase US$ 560 bilhões em outubro, embora tenha caído para cerca de US$ 524 bilhões recentemente. Na COP29: Conflito cresce enquanto sauditas resistem a reafirmar promessa sobre combustíveis fósseis O desempenho da gigante americana do petróleo contrasta com o da BP e da Shell, empresas de petróleo e gás baseadas em Londres que abraçaram tecnologias como energia eólica, solar e carregamento de veículos elétricos. As ações da BP caíram cerca de 19% nesse período, enquanto as da Shell subiram cerca de 15%. A aceitação renovada dos combustíveis fósseis pelo mercado destaca um dos principais desafios para reduzir as emissões globais: as mudanças climáticas apresentam riscos que se agravam ao longo de décadas. Setor elétrico: Governo prevê investimentos de até R$ 500 bi com renovação de contratos Cientistas dizem que cada fração de grau de aquecimento causado por combustíveis fósseis aumenta os riscos de ondas de calor mortais, incêndios florestais, secas, tempestades e extinção de espécies. Mas os investidores estão focados em lucrar no curto prazo. — Se quisermos combater as mudanças climáticas, precisamos tornar do interesse próprio das empresas e dos consumidores a produção e compra de alternativas de baixo carbono — disse Christopher Knittel, professor de economia de energia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A eleição de Donald Trump, que descreveu falsamente o aquecimento global como uma farsa, trouxe ainda mais otimismo para o setor de petróleo e gás. A diferença nos lucros que as empresas podem obter extraindo petróleo e gás em relação aos ganhos com energia eólica e solar tem favorecido amplamente os combustíveis fósseis nos últimos anos. O retorno médio sobre o capital das maiores empresas petrolíferas do mundo, um indicador-chave de lucratividade, ultrapassou 11% no ano passado, contra -8% em 2020, segundo uma análise da S&P Global Commodity Insights. No mesmo período, o retorno médio das principais empresas de energia renovável manteve-se em cerca de 2%. — Se você observar o retorno relativo para os acionistas, o mercado tem enviado um sinal muito claro de que deseja que as empresas de energia se concentrem em suas competências principais— disse Mark Viviano, sócio-gerente da Kimmeridge, uma empresa de investimentos em energia com sede em Denver e Nova York. —Isso não significa abandonar a transição energética, mas apenas ser mais pragmático sobre ela. Analistas explicam: Por que acordo fechado na COP29 é o maior passo até agora para viabilizar mercado global de carbono A BP prometeu em 2020 reduzir sua produção de petróleo e gás em 40% até o fim da década. Menos de três anos depois, recuou e anunciou que aumentaria os gastos com combustíveis fósseis. A empresa cancelou investimentos de US$ 1,1 bilhão em energia eólica offshore no ano passado e recentemente afirmou que deseja vender outros ativos eólicos, embora continue investindo em energia renovável. — Seremos muito, muito focados em retornos, garantindo que os novos negócios concorram de forma competitiva com os negócios históricos por capital escasso — disse Murray Auchincloss, CEO da BP, em uma recente teleconferência com analistas financeiros. A Shell também suavizou ou abandonou algumas de suas metas de redução de emissões ao reduzir as expectativ
Há cerca de quatro anos, energia renovável parecia para muitas empresas e investidores não apenas mais limpa, mas também um negócio melhor do que petróleo e gás Quando as empresas de petróleo e gás fizeram compromissos ambiciosos há quatro anos para reduzir emissões de gases e transitar para a energia renovável, seus negócios estavam em queda. A demanda por combustíveis estava secando à medida que a pandemia se intensificava. Os preços despencaram. E grandes empresas ocidentais de petróleo estavam perdendo dinheiro, com prejuízos ultrapassando US$ 100 bilhões, segundo a consultoria energética Wood Mackenzie. Vaca Muerta: Brasil e Argentina assinam acordo para importação de gás da região COP29: Executivos do setor petrolífero marcam presença em Baku em meio a críticas de ativistas A energia renovável, na época, parecia para muitas empresas e investidores não apenas mais limpa, mas também um negócio melhor do que petróleo e gás. — Os investidores estavam focados no que eu diria que era a narrativa predominante de que tudo estava indo para vento e solar — disse Darren Woods, CEO da Exxon Mobil, em uma entrevista ao The New York Times na semana passada, durante uma conferência climática das Nações Unidas em Baku, Azerbaijão. — Recebi muita pressão para entrar no negócio de vento e solar — acrescentou. Woods resistiu, argumentando que a Exxon não tinha expertise nessas áreas. Em vez disso, a empresa investiu em áreas como hidrogênio e extração de lítio, mais alinhadas ao seu modelo de negócios tradicional. Initial plugin text Wall Street recompensou a empresa por essas apostas. O preço das ações da Exxon subiu mais de 70% desde o fim de 2019, elevando seu valor de mercado a um recorde de quase US$ 560 bilhões em outubro, embora tenha caído para cerca de US$ 524 bilhões recentemente. Na COP29: Conflito cresce enquanto sauditas resistem a reafirmar promessa sobre combustíveis fósseis O desempenho da gigante americana do petróleo contrasta com o da BP e da Shell, empresas de petróleo e gás baseadas em Londres que abraçaram tecnologias como energia eólica, solar e carregamento de veículos elétricos. As ações da BP caíram cerca de 19% nesse período, enquanto as da Shell subiram cerca de 15%. A aceitação renovada dos combustíveis fósseis pelo mercado destaca um dos principais desafios para reduzir as emissões globais: as mudanças climáticas apresentam riscos que se agravam ao longo de décadas. Setor elétrico: Governo prevê investimentos de até R$ 500 bi com renovação de contratos Cientistas dizem que cada fração de grau de aquecimento causado por combustíveis fósseis aumenta os riscos de ondas de calor mortais, incêndios florestais, secas, tempestades e extinção de espécies. Mas os investidores estão focados em lucrar no curto prazo. — Se quisermos combater as mudanças climáticas, precisamos tornar do interesse próprio das empresas e dos consumidores a produção e compra de alternativas de baixo carbono — disse Christopher Knittel, professor de economia de energia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A eleição de Donald Trump, que descreveu falsamente o aquecimento global como uma farsa, trouxe ainda mais otimismo para o setor de petróleo e gás. A diferença nos lucros que as empresas podem obter extraindo petróleo e gás em relação aos ganhos com energia eólica e solar tem favorecido amplamente os combustíveis fósseis nos últimos anos. O retorno médio sobre o capital das maiores empresas petrolíferas do mundo, um indicador-chave de lucratividade, ultrapassou 11% no ano passado, contra -8% em 2020, segundo uma análise da S&P Global Commodity Insights. No mesmo período, o retorno médio das principais empresas de energia renovável manteve-se em cerca de 2%. — Se você observar o retorno relativo para os acionistas, o mercado tem enviado um sinal muito claro de que deseja que as empresas de energia se concentrem em suas competências principais— disse Mark Viviano, sócio-gerente da Kimmeridge, uma empresa de investimentos em energia com sede em Denver e Nova York. —Isso não significa abandonar a transição energética, mas apenas ser mais pragmático sobre ela. Analistas explicam: Por que acordo fechado na COP29 é o maior passo até agora para viabilizar mercado global de carbono A BP prometeu em 2020 reduzir sua produção de petróleo e gás em 40% até o fim da década. Menos de três anos depois, recuou e anunciou que aumentaria os gastos com combustíveis fósseis. A empresa cancelou investimentos de US$ 1,1 bilhão em energia eólica offshore no ano passado e recentemente afirmou que deseja vender outros ativos eólicos, embora continue investindo em energia renovável. — Seremos muito, muito focados em retornos, garantindo que os novos negócios concorram de forma competitiva com os negócios históricos por capital escasso — disse Murray Auchincloss, CEO da BP, em uma recente teleconferência com analistas financeiros. A Shell também suavizou ou abandonou algumas de suas metas de redução de emissões ao reduzir as expectativas de crescimento para seu negócio de energia renovável. — Não nos vemos como tendo vantagem na geração de energia renovável para criar retornos materiais sobre outros. E, por isso, estamos recuando— disse Wael Sawan, CEO da Shell, a analistas recentemente. Alckmin: Vice-presidente apresenta nova meta climática do Brasil na COP29; especialistas consideram plano 'pouco ambicioso' Nos Estados Unidos, onde o investimento ambientalmente consciente tornou-se cada vez mais politizado, investidores passaram de questionar regularmente executivos de petróleo e gás sobre seus planos de transição energética para se concentrar em projetos com maior probabilidade de gerar lucro imediato, disseram executivos. — Algumas pessoas se precipitaram e seguiram caminhos que, no final, eu diria, devastaram seus resultados financeiros. Agora voltaram ao centro — afirmou Toby Rice, CEO da produtora de gás natural EQT, com sede em Pittsburgh. Dito isso, o setor de petróleo e gás está sujeito a oscilações de preços que podem rapidamente criar fortunas ou destruí-las. Antes da pandemia de Covid-19, investidores se afastaram de produtores domésticos após perdas significativas enquanto as empresas buscavam crescimento da produção. A energia renovável tende a ser um negócio muito mais estável. No Brasil: Senado aprova projeto que regulamenta mercado de carbono no país Os investidores ainda esperam amplamente que as empresas de petróleo e gás reduzam suas emissões, entre outras coisas, fechando vazamentos de metano, um potente gás de efeito estufa. E, em todo o mundo, quase o dobro do dinheiro está sendo investido em energia limpa em relação aos combustíveis fósseis, de acordo com a Agência Internacional de Energia, uma organização baseada em Paris cujos membros incluem os Estados Unidos e outros países industrializados. — O objetivo final aqui ainda é amplamente apoiado. Estamos oscilando em torno de uma trajetória ascendente — disse Dan Pickering, diretor de investimentos da Pickering Energy Partners, uma empresa de investimentos com sede em Houston. O próximo ano pode representar um teste para as empresas de petróleo e seus acionistas. Entenda: Mas, afinal, o que é o mercado de crédito de carbono? Os preços do petróleo nos EUA caíram para menos de US$ 70 por barril, ante cerca de US$ 78 no ano passado, comprimindo os lucros corporativos. No próximo ano, a produção global deve ser mais de 1 milhão de barris por dia superior à demanda, afirmou a AIE na semana passada. — Vamos ver como essas empresas se saem se o preço do petróleo cair novamente — ressaltou Amy Myers Jaffe, diretora do Laboratório de Energia, Justiça Climática e Sustentabilidade da Universidade de Nova York. Initial plugin text
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