Stevie B: estrela americana do funk carioca aposta no maior Baile dos Sonhos já visto
Cantor-empresário leva esta sexta ao Engenhão nomes como Noel, Freestyle, Gigolo Tony, MC Shy-D, Gucci Crew II e outros para cantar os clássicos das equipes de som dos anos 1980 Americano de Fort Lauderdale, na Flórida, Steven Bernard Hill, o Stevie B, ganhou no Brasil o título de Rei do Funk Melody. Por causa do sucesso de uma de suas canções, “Funky melody”, nos bailes da periferia do Rio nos anos 1980, coube a ele no país a coroa por um estilo musical que, nos Estados Unidos, é conhecido como freestyle — um hip-hop feito menos por afro-americanos e mais por descendentes de latinos e italianos. Aos 67 anos, mais de 30 deles como residente do Brasil, Stevie traz esta sexta-feira para o Rio o maior festival do freestyle já visto pelo país: o Baile dos Sonhos. Stevie B cede sample de 'Spring Love' a Anitta e Fat Joe: 'Algo muito sagrado' Luciano Camargo celebra carreira gospel e detalha relação com o irmão Zezé: 'Cada um na sua' A partir das 14h50, com abertura do DJ Corello, o Rei do Baile Charme, o Estádio Nilton Santos (Engenhão) recebe o maior escrete de estrelas internacionais que, nos tempos áureos dos bailes funk, só chegavam em disco. Em carne e osso, para um público estimado de 15 mil pessoas, passarão pelo palco montado no gramado artistas como Noel (de “Silent morning” e “Like a child”, sucessos de seu LP de 1988, que entraram até em trilhas de novelas da Globo), o Freestyle (dupla dos MCs e produtores de Miami Byron Smith e Garfield Baker, da robótica “It’s automatic”, rebatizada nos bailes de “Melô da Tchotchomere”), Gigolo Tony ( do “Smurf Rock”, a “Melô dos Smurfs”), Samuel, Nyasia, além do próprio Stevie B, que encerra o baile, a partir das 23h05, com hits como “Funky melody” e “Spring Love” (esta, recentemente sampleada por Anitta). O DJ Tubarão e as equipes de som Coisona e Cashbox representam o Rio. — O estádio vai sentir a porrada — promete Stevie, em bom português (que ele alterna ao longo da conversa, sem a menor cerimônia, com o inglês). — É o show dos meus sonhos, e cada ano vai ficando maior! Alguns dos nomes do Baile dos Sonhos estão vindo ao Brasil pela primeira vez, como é o caso do MC Shy-D (de “Rap will never die”, a “Melô da Pantera 4”; e “Gotta be tough”, a “Melô da Pantera 3”), MC Luscious (“Boom I got your boyfriend”, a “Melô do Boiola”), Gucci Crew II (de “Sally ‘that girl’”, a “Melô do Bêbado”) e o K.J. An Da’ Fellas (de “Get retarded”, a “Melô do Gol”). Stevie B diz que tenta atender a todos os sonhos dos velhos frequentadores dos bailes funk (e dos filhos e netos desses, que cresceram ouvindo as “melôs”). Ele tenta descobrir quem está disponível, quem quer vir — e quem pode vir ao Brasil (“alguns não têm passaporte ou documentação suficiente”). Shy-D, de Atlanta, ele convenceu a vencer o medo de avião para ver de perto sua fama. — É maravilhoso, porque eu pensava que a nossa música ficava restrita aos Estados Unidos. Estou muito grato e animado por finalmente ir ao Brasil — diz Peter Jones, de 58 anos, o MC Shy-D, que em “Gotta be tough”, de 1987, usou um sample de “Beijo (Interlude)”, música de sabor brasileiro do grupo Earth, Wind & Fire. — Meu pai costumava tocar muito esse disco do EW&F quando eu era mais novo! Em sua quarta viagem ao Brasil, Noel Pagan, o Noel, de 59 anos, diz ter recebido muito carinho dos brasileiros ao longo dos anos — em especial em 2020, quando sofreu um acidente de moto, e seus fãs no país mandaram muitas mensagens desejando uma pronta recuperação. — Eu me dei conta de que era famoso no Brasil quando cheguei ao aeroporto e tinha um monte de gente para me cumprimentar e pedir autógrafos e fotos — conta o americano. — Nessa primeira vez aí eu tinha uma banda, e havia câmeras de TV no palco para transmitir o show! Com disco de pagode dos anos 1990, Mart'nália antecipa festa dos seus 60 anos: 'O tempo vai passando e vou com ele' Segundo Stevie B (que produz nos Estados Unidos uma versão mais bombada do Baile dos Sonhos, o Freestyle Festival), tudo começou em 2019, com o baile que promoveu no corredor do Engenhão, para quatro mil pessoas, com a americana Trinere (do hit “I’ll be all you ever need”, a “Melô do Ravioli”, porque no refrão os funkeiros cantavam “ravioli eu comi”) e alguns artistas brasileiros, como o MC Bob Rum (do “Rap do Silva”) e o DJ Grandmaster Raphael. — E isso me deu a impressão de que a coisa poderia ser maior, o corredor ficou muito cheio. Depois, em 2023, fizemos um no Riocentro, na Barra (com Trinere, Freestyle, Samuel e Joey Restivo, do Linear — grupo do hit “Sending all my love” —, entre outros), e vimos que mesmo ali tinha ficado pequeno. Foi quando decidimos ir para um estádio — conta o cantor, que leva o Baile dos Sonhos ainda para Cariacica, no Espírito Santo (amanhã), Brasília (dia 23) e, pela primeira vez, a São Luís do Maranhão (dia 30). — Espero ano que vem duplicar esse público de 15 mil. E quem sabe chegar a 50 mil! O cantor americano Stevie B, em 1995 Divulgação Um dos artistas que desenvolveram o freestyle
Cantor-empresário leva esta sexta ao Engenhão nomes como Noel, Freestyle, Gigolo Tony, MC Shy-D, Gucci Crew II e outros para cantar os clássicos das equipes de som dos anos 1980 Americano de Fort Lauderdale, na Flórida, Steven Bernard Hill, o Stevie B, ganhou no Brasil o título de Rei do Funk Melody. Por causa do sucesso de uma de suas canções, “Funky melody”, nos bailes da periferia do Rio nos anos 1980, coube a ele no país a coroa por um estilo musical que, nos Estados Unidos, é conhecido como freestyle — um hip-hop feito menos por afro-americanos e mais por descendentes de latinos e italianos. Aos 67 anos, mais de 30 deles como residente do Brasil, Stevie traz esta sexta-feira para o Rio o maior festival do freestyle já visto pelo país: o Baile dos Sonhos. Stevie B cede sample de 'Spring Love' a Anitta e Fat Joe: 'Algo muito sagrado' Luciano Camargo celebra carreira gospel e detalha relação com o irmão Zezé: 'Cada um na sua' A partir das 14h50, com abertura do DJ Corello, o Rei do Baile Charme, o Estádio Nilton Santos (Engenhão) recebe o maior escrete de estrelas internacionais que, nos tempos áureos dos bailes funk, só chegavam em disco. Em carne e osso, para um público estimado de 15 mil pessoas, passarão pelo palco montado no gramado artistas como Noel (de “Silent morning” e “Like a child”, sucessos de seu LP de 1988, que entraram até em trilhas de novelas da Globo), o Freestyle (dupla dos MCs e produtores de Miami Byron Smith e Garfield Baker, da robótica “It’s automatic”, rebatizada nos bailes de “Melô da Tchotchomere”), Gigolo Tony ( do “Smurf Rock”, a “Melô dos Smurfs”), Samuel, Nyasia, além do próprio Stevie B, que encerra o baile, a partir das 23h05, com hits como “Funky melody” e “Spring Love” (esta, recentemente sampleada por Anitta). O DJ Tubarão e as equipes de som Coisona e Cashbox representam o Rio. — O estádio vai sentir a porrada — promete Stevie, em bom português (que ele alterna ao longo da conversa, sem a menor cerimônia, com o inglês). — É o show dos meus sonhos, e cada ano vai ficando maior! Alguns dos nomes do Baile dos Sonhos estão vindo ao Brasil pela primeira vez, como é o caso do MC Shy-D (de “Rap will never die”, a “Melô da Pantera 4”; e “Gotta be tough”, a “Melô da Pantera 3”), MC Luscious (“Boom I got your boyfriend”, a “Melô do Boiola”), Gucci Crew II (de “Sally ‘that girl’”, a “Melô do Bêbado”) e o K.J. An Da’ Fellas (de “Get retarded”, a “Melô do Gol”). Stevie B diz que tenta atender a todos os sonhos dos velhos frequentadores dos bailes funk (e dos filhos e netos desses, que cresceram ouvindo as “melôs”). Ele tenta descobrir quem está disponível, quem quer vir — e quem pode vir ao Brasil (“alguns não têm passaporte ou documentação suficiente”). Shy-D, de Atlanta, ele convenceu a vencer o medo de avião para ver de perto sua fama. — É maravilhoso, porque eu pensava que a nossa música ficava restrita aos Estados Unidos. Estou muito grato e animado por finalmente ir ao Brasil — diz Peter Jones, de 58 anos, o MC Shy-D, que em “Gotta be tough”, de 1987, usou um sample de “Beijo (Interlude)”, música de sabor brasileiro do grupo Earth, Wind & Fire. — Meu pai costumava tocar muito esse disco do EW&F quando eu era mais novo! Em sua quarta viagem ao Brasil, Noel Pagan, o Noel, de 59 anos, diz ter recebido muito carinho dos brasileiros ao longo dos anos — em especial em 2020, quando sofreu um acidente de moto, e seus fãs no país mandaram muitas mensagens desejando uma pronta recuperação. — Eu me dei conta de que era famoso no Brasil quando cheguei ao aeroporto e tinha um monte de gente para me cumprimentar e pedir autógrafos e fotos — conta o americano. — Nessa primeira vez aí eu tinha uma banda, e havia câmeras de TV no palco para transmitir o show! Com disco de pagode dos anos 1990, Mart'nália antecipa festa dos seus 60 anos: 'O tempo vai passando e vou com ele' Segundo Stevie B (que produz nos Estados Unidos uma versão mais bombada do Baile dos Sonhos, o Freestyle Festival), tudo começou em 2019, com o baile que promoveu no corredor do Engenhão, para quatro mil pessoas, com a americana Trinere (do hit “I’ll be all you ever need”, a “Melô do Ravioli”, porque no refrão os funkeiros cantavam “ravioli eu comi”) e alguns artistas brasileiros, como o MC Bob Rum (do “Rap do Silva”) e o DJ Grandmaster Raphael. — E isso me deu a impressão de que a coisa poderia ser maior, o corredor ficou muito cheio. Depois, em 2023, fizemos um no Riocentro, na Barra (com Trinere, Freestyle, Samuel e Joey Restivo, do Linear — grupo do hit “Sending all my love” —, entre outros), e vimos que mesmo ali tinha ficado pequeno. Foi quando decidimos ir para um estádio — conta o cantor, que leva o Baile dos Sonhos ainda para Cariacica, no Espírito Santo (amanhã), Brasília (dia 23) e, pela primeira vez, a São Luís do Maranhão (dia 30). — Espero ano que vem duplicar esse público de 15 mil. E quem sabe chegar a 50 mil! O cantor americano Stevie B, em 1995 Divulgação Um dos artistas que desenvolveram o freestyle na Flórida, Stevie B começou seguindo o exemplo do ídolo Michael Jackson e conseguiu chegar em 1990 ao topo da parada americana com a balada a “Because I love you”. Seguiu-se um revés comercial que o acabou levando a um dos destinos mais improváveis: o Brasil, onde suas músicas nunca deixaram de tocar nos bailes e influenciaram artistas como o MC Marcinho e o cantor Latino. Em 1993, com a agenda vazia e em meio à mágoa com a indústria fonográfica, seu telefone tocou: eram convites para shows naquele estranho país, que ele achava ser na África. Metade do ano no Rio Stevie veio e se surpreendeu: cantou em incontáveis bailes (“Não sabia que tinha tantos fãs aqui!”), fez contatos com as equipes de som e gravadoras, e conheceu a brasileira Paula, sua mulher até hoje e mãe de seu filho Azul Wynter, produtor de nomes de peso da música mundial como Post Malone, Kanye West e Justin Bieber. Do Brasil, o cantor diz adorar o clima tropical, a comida saudável (desde que deixou a tentação da carne, no começo do ano, ele emagreceu quase 20 quilos), as montanhas cheias de vegetação e a praia. É no Rio de Janeiro onde ele passa a metade do ano em que não está nos EUA, produzindo o Freestyle Festival. — No sábado (da semana retrasada) eu estava em San Diego, fazendo o último show, e no dia seguinte já estava no Rio, preparando o Baile dos Sonhos de verão no Brasil. Tem mais coisas que vou anunciar — diz Stevie.
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