Boca de urna no Uruguai aponta vitória da esquerda nas eleições presidenciais
Segundo as projeções, as distâncias entre Yamandú Orsi e o candidato da coalizão de centro-direita governista, Álvaro Delgado, foram mínimas, de 3 a menos de 1% O esquerdista Yamandú Orsi, da opositora Frente Ampla, foi eleito presidente do Uruguai nas eleições deste domingo, marcando a volta do poder da esquerda no país após cinco anos, apontaram as três mais importantes bocas de urna do país após o encerramento da votação do segundo turno neste domingo. Segundo as projeções, as distâncias entre Orsi e o candidato da coalizão de centro-direita, Álvaro Delgado, foram mínimas, de 3% a menos de 1%, conforme indicavam as pesquisas eleitorais nas últimas semanas. O resultado oficial ainda não foi divulgado pelo órgão eleitoral, mas espera-se que seja conhecido após as 22h. Mentor de Orsi: 'Capaz que seja meu último voto', diz Mujica sobre as eleições no Uruguai 'Nunca celebraram': Livro conta como um grupo de guerrilheiras fugiu da prisão durante a ditadura no Uruguai A votação começou às 8h (mesmo horário em Brasília) e encerrou às 19h30. Cerca de 89% dos aptos a votar compareceram às urnas neste domingo, segundo dados do órgão eleitoral do país. Segundo as projeções, Orsi teve 49% dos votos e Delgado 46,6%, segundo o Canal 10, com base em dados da Equipos Consultores. Para o Canal 12, que citou a pesquisa Cifra, Orsi obteve 49,5% dos votos, contra 45,9% de Delgado. Além da projeção dos principais pesquisadores uruguaios, a Frente Ampla fez a sua própria e também deu a Orsi uma vantagem de três pontos sobre o adversário. Orsi, um professor de História de 57 anos, sucederá, em 1º de março, o presidente Luis Lacalle Pou, impedido constitucionalmente de disputar a reeleição. Ele governará o país até 2030, quando será comemorado o bicentenário da República do Uruguai. Sua campanha foi impulsionada pelo apoio do ex-presidente José "Pepe" Mujica, um ex-guerrilheiro aclamado como "o presidente mais pobre do mundo" por causa de seu estilo de vida modesto durante seu mandato de 2010 a 2015. O esquerdista assumirá uma nação reconhecida como uma das democracias mais sólidas da América do Sul, com um ambiente econômico estável, que ajudou a superar desafios como a pandemia e a seca, permitindo a recuperação do crescimento do PIB, estimado em 3%. Entre os desafios do novo presidente, porém, estão o aumento do custo de vida e a segurança pública, que preocupam a população, além da situação econômica deste país agropecuário, com 3,4 milhões de habitantes e 12 milhões de cabeças de gado. O candidato da Frente Ampla, Yamandú Orsi, vota nas eleições presidenciais do Uruguai EITAN ABRAMOVICH / AFP O secretário-geral do Partido Comunista, Juan Castillo, declarou em entrevista coletiva que a vitória de Orsi serve para "resolver grande parte das angústias que nossa população enfrenta" relacionadas ao "trabalho" e à "melhoria da economia", assim como para "abrir o Uruguai para o resto do mundo" e atender ao "direito à educação, seguridade social, saúde, habitação, tantos direitos adiados". — Vamos cumprir o programa de governo e o Uruguai será melhor, será feliz, será para todos e para todas — disse Castillo. Segundo turno apertado As pesquisas já apontavam para uma disputa acirrada neste domingo. Em 27 de outubro, no primeiro turno, Orsi obteve 43,9% dos votos, muito à frente de Delgado (26,7%) — que contou no segundo turno com o apoio de todos os partidos da coalizão governista, com 47,7% dos votos no total. Orsi liderou todas as pesquisas desde então, mas foi seguido de perto por Delgado, por uma diferença que diminuiu nos últimos dias e se situou dentro das margens de erro até o último momento. Mais cedo, os dois candidatos afirmaram que estavam abertos a negociar com o outro bloco, algo que parece inevitável já que nenhum deles terá maioria parlamentar. Após as eleições de outubro, a Frente Ampla ficou com 16 das 30 cadeiras no Senado, e a coalizão governante, com 49 das 99 cadeiras na Câmara dos Deputados. Em março: Pré-candidato à Presidência no Uruguai é denunciado por mulher trans por agressão Orsi disse à imprensa após votar no departamento de Canelones — onde foi intendente durante uma década — que, tendo em conta o que mostraram as últimas sondagens, já esperava que o resultado fosse equilibrado. Também assegurou ter a "governabilidade" para impulsionar "as transformações de que o país precisa". O candidato da coalizão governista, Alvaro Delgado, vota em Montevidéu, Uruguai DANTE FERNANDEZ / AFP Delgado, por sua vez, havia declarado anteriormente que queria ser "o presidente de todos os uruguaios" e adicionou que chamaria seu adversário para ingressar em seu governo caso seja eleito. — Queremos ir ao encontro e buscar linhas de acordo — dissera o ex-secretário da Presidência de Lacalle Pou, confiando em "uma maioria silenciosa" que lhe daria a vitória porque o Uruguai está "melhor" do que em 2019. Apoiadores de Delgado reagem às projeções do boca de urna no Uruguai, que apontam vitória de Orsi EITAN ABRAMOVICH /
Segundo as projeções, as distâncias entre Yamandú Orsi e o candidato da coalizão de centro-direita governista, Álvaro Delgado, foram mínimas, de 3 a menos de 1% O esquerdista Yamandú Orsi, da opositora Frente Ampla, foi eleito presidente do Uruguai nas eleições deste domingo, marcando a volta do poder da esquerda no país após cinco anos, apontaram as três mais importantes bocas de urna do país após o encerramento da votação do segundo turno neste domingo. Segundo as projeções, as distâncias entre Orsi e o candidato da coalizão de centro-direita, Álvaro Delgado, foram mínimas, de 3% a menos de 1%, conforme indicavam as pesquisas eleitorais nas últimas semanas. O resultado oficial ainda não foi divulgado pelo órgão eleitoral, mas espera-se que seja conhecido após as 22h. Mentor de Orsi: 'Capaz que seja meu último voto', diz Mujica sobre as eleições no Uruguai 'Nunca celebraram': Livro conta como um grupo de guerrilheiras fugiu da prisão durante a ditadura no Uruguai A votação começou às 8h (mesmo horário em Brasília) e encerrou às 19h30. Cerca de 89% dos aptos a votar compareceram às urnas neste domingo, segundo dados do órgão eleitoral do país. Segundo as projeções, Orsi teve 49% dos votos e Delgado 46,6%, segundo o Canal 10, com base em dados da Equipos Consultores. Para o Canal 12, que citou a pesquisa Cifra, Orsi obteve 49,5% dos votos, contra 45,9% de Delgado. Além da projeção dos principais pesquisadores uruguaios, a Frente Ampla fez a sua própria e também deu a Orsi uma vantagem de três pontos sobre o adversário. Orsi, um professor de História de 57 anos, sucederá, em 1º de março, o presidente Luis Lacalle Pou, impedido constitucionalmente de disputar a reeleição. Ele governará o país até 2030, quando será comemorado o bicentenário da República do Uruguai. Sua campanha foi impulsionada pelo apoio do ex-presidente José "Pepe" Mujica, um ex-guerrilheiro aclamado como "o presidente mais pobre do mundo" por causa de seu estilo de vida modesto durante seu mandato de 2010 a 2015. O esquerdista assumirá uma nação reconhecida como uma das democracias mais sólidas da América do Sul, com um ambiente econômico estável, que ajudou a superar desafios como a pandemia e a seca, permitindo a recuperação do crescimento do PIB, estimado em 3%. Entre os desafios do novo presidente, porém, estão o aumento do custo de vida e a segurança pública, que preocupam a população, além da situação econômica deste país agropecuário, com 3,4 milhões de habitantes e 12 milhões de cabeças de gado. O candidato da Frente Ampla, Yamandú Orsi, vota nas eleições presidenciais do Uruguai EITAN ABRAMOVICH / AFP O secretário-geral do Partido Comunista, Juan Castillo, declarou em entrevista coletiva que a vitória de Orsi serve para "resolver grande parte das angústias que nossa população enfrenta" relacionadas ao "trabalho" e à "melhoria da economia", assim como para "abrir o Uruguai para o resto do mundo" e atender ao "direito à educação, seguridade social, saúde, habitação, tantos direitos adiados". — Vamos cumprir o programa de governo e o Uruguai será melhor, será feliz, será para todos e para todas — disse Castillo. Segundo turno apertado As pesquisas já apontavam para uma disputa acirrada neste domingo. Em 27 de outubro, no primeiro turno, Orsi obteve 43,9% dos votos, muito à frente de Delgado (26,7%) — que contou no segundo turno com o apoio de todos os partidos da coalizão governista, com 47,7% dos votos no total. Orsi liderou todas as pesquisas desde então, mas foi seguido de perto por Delgado, por uma diferença que diminuiu nos últimos dias e se situou dentro das margens de erro até o último momento. Mais cedo, os dois candidatos afirmaram que estavam abertos a negociar com o outro bloco, algo que parece inevitável já que nenhum deles terá maioria parlamentar. Após as eleições de outubro, a Frente Ampla ficou com 16 das 30 cadeiras no Senado, e a coalizão governante, com 49 das 99 cadeiras na Câmara dos Deputados. Em março: Pré-candidato à Presidência no Uruguai é denunciado por mulher trans por agressão Orsi disse à imprensa após votar no departamento de Canelones — onde foi intendente durante uma década — que, tendo em conta o que mostraram as últimas sondagens, já esperava que o resultado fosse equilibrado. Também assegurou ter a "governabilidade" para impulsionar "as transformações de que o país precisa". O candidato da coalizão governista, Alvaro Delgado, vota em Montevidéu, Uruguai DANTE FERNANDEZ / AFP Delgado, por sua vez, havia declarado anteriormente que queria ser "o presidente de todos os uruguaios" e adicionou que chamaria seu adversário para ingressar em seu governo caso seja eleito. — Queremos ir ao encontro e buscar linhas de acordo — dissera o ex-secretário da Presidência de Lacalle Pou, confiando em "uma maioria silenciosa" que lhe daria a vitória porque o Uruguai está "melhor" do que em 2019. Apoiadores de Delgado reagem às projeções do boca de urna no Uruguai, que apontam vitória de Orsi EITAN ABRAMOVICH / AFP O presidente, que também votou em Canelones, celebrou as eleições como um "momento especial no país", e disse estar disposto a começar a transição para o novo governo já no dia seguinte ao pleito. — Na segunda-feira começa a haver uma transição, com a qual naturalmente começa a haver uma espécie de partilha de decisões, não as cotidianas, não as cíclicas, mas o que vem para a frente — disse o presidente. Em 2019, a vitória de Lacalle Pou foi por 37.042 votos e o candidato da Frente Ampla não quis reconhecer a derrota até a apuração final. 'Me interessa o destino dos jovens' A Frente Ampla espera voltar ao governo, perdido em 2020 após três mandatos consecutivos, um deles com Mujica (2010-2015). O ex-guerrilheiro de 89 anos, que se recupera de um câncer no esôfago, votou cedo em Montevidéu. Pepe Mujica vota em eleição presidencial no Uruguai Santiago Mazzarovich / AFP — Meu futuro mais próximo é o cemitério, mas me interessa o destino dos jovens, que quando tiverem a minha idade vão viver em um mundo muito diferente — disse Mujica, cercado por jornalistas, pedindo às pessoas que se preparem para "o advento da sociedade da inteligência". 'Vou continuar com a minha vida normalmente': Mujica descarta tratar tumor fora do Uruguai e agradece apoio Apesar da saúde frágil, Mujica teve uma participação ativa no final da campanha. Em reuniões com moradores e várias entrevistas, ele criticou a avareza de alguns políticos, as corporações e o presidente em fim de mandato Lacalle Pou. Também questionou o "consumismo abominável", e falou sobre seu legado em uma espécie de despedida que emocionou muitas pessoas. Com AFP.
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