Rússia recrutou centenas de mercenários do Iêmen para lutar na guerra na Ucrânia, diz jornal
Recrutas foram atraídos por promessas de empregos bem remunerados e cidadania russa, mas, ao chegarem ao país, foram forçados a se alistar no Exército e enviados para o front As Forças Armadas da Rússia recrutaram centenas de iemenitas para lutar na Ucrânia, por meio de uma operação de tráfico de pessoas ligada ao grupo rebelde houthi, informou o Financial Times neste domingo. Os recrutas, segundo reportagem, foram atraídos por promessas de empregos bem remunerados e cidadania russa, mas, ao chegarem à Rússia, foram forçados a se alistar no Exército russo e enviados para a linha de frente na guerra na Ucrânia. Contexto: Como Coreia do Norte, China, Irã e Rússia formaram um 'quarteto do caos' para os EUA Ligações com Teerã: Rússia forneceu dados de satélite para houthis atacarem navios no Mar Vermelho em meio à guerra em Gaza, afirma jornal Segundo o FT, a empresa responsável pelo recrutamento, Al Jabri General Trading & Investment, foi identificada como tendo laços com Abdulwali Abdo Hassan al-Jabri, um político proeminente dos houthis. O recrutamento dos iemenitas teria começado em julho deste ano e, segundo relatos, muitos foram levados à força para a Rússia e para a linha de frente na Ucrânia, onde enfrentaram condições de guerra precárias, como abrigos em locais minados, e sofreram muitas baixas. — Eu assinei porque estava com medo — disse um recruta ao FT, que relatou como ele e outros companheiros foram então colocados em ônibus para a Ucrânia, receberam treinamento militar rudimentar e foram enviados para uma base militar perto de Rostov. A presença dos iemenitas na guerra mostra como o conflito tem envolvido cada vez mais soldados de outros países, incluindo tropas norte-coreanas que chegaram para lutar contra as forças ucranianas na província russa de Kursk, à medida que as baixas aumentam e o Kremlin tenta evitar uma mobilização total. Entenda: O que a Coreia do Norte ganha enviando tropas para lutar na Rússia contra a Ucrânia? O recrutamento também destaca como Moscou tem se aproximado cada vez mais de Teerã, aliado dos houthis, numa aliança estratégica em oposição ao Ocidente. Washington já alertou recentemente sobre uma crescente coordenação entre países anti-Ocidente, que pode criar uma ameaça mais ampla e urgente para a segurança internacional. 'Quarteto do caos' De acordo com The Economist, o grupo formado pela Rússia, Irã, Coreia do Norte e China, batizado de "quarteto do caos" pela revista, estaria trocando ativamente armas, suprimentos industriais e, mais importante, conhecimento. O intercâmbio entre eles funcionaria assim: Teerã e Pyongyang fornecem drones a Moscou, enquanto este compartilha informações com Teerã sobre como bloquear drones e desabilitar sistemas de GPS. Moscou também envia armamento militar ocidental apreendido para o regime dos aiatolás para que possam analisar os kits, além de oferecer ajuda aos houthis. Pequim, por sua vez, participaria com envio de microeletrônicos e maquinários para Moscou. O governo dos EUA estima que 90% das importações de microeletrônicos da Rússia e 70% de seu maquinário agora vêm da China, sendo que grande parte disso é de uso duplo (cívico-militar), o que significa que pode ser usado para fabricar armas que alimentam a indústria de guerra russa. O grupo ganhou até um acrônimo: Crink, formado por suas iniciais em inglês. Quem são os houthis? O movimento Houthi, também conhecido como Ansarallah (Apoiadores de Deus), é uma das partes envolvidas na guerra civil do Iêmen, que já dura quase uma década. Ele surgiu nos anos 1990, quando seu líder, Hussein al-Houthi, lançou o “Believing Youth” (Juventude Crente), um movimento de reavivamento religioso de uma subseção secular do Islã xiita chamada Zaidismo. Os zaidis governaram o Iêmen durante séculos, mas foram marginalizados pelo regime sunita que chegou ao poder após a guerra civil de 1962. O movimento de al-Houthi foi fundado para representar os zaidis e resistir ao sunismo radical, principalmente às ideias wahabitas da Arábia Saudita. Seus seguidores ficaram conhecidos como houthis. Eles assumiram o controle de grande parte do Norte do Iêmen desde que invadiram a capital, Sana, em 2014, aumentando gradualmente suas capacidades militares e vencendo efetivamente uma guerra contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita que passou anos tentando derrotá-los. Agora que os combates mais intensos na guerra civil do Iêmen diminuíram em grande parte, o grupo armado tem funcionado cada vez mais como um governo de fato.
Recrutas foram atraídos por promessas de empregos bem remunerados e cidadania russa, mas, ao chegarem ao país, foram forçados a se alistar no Exército e enviados para o front As Forças Armadas da Rússia recrutaram centenas de iemenitas para lutar na Ucrânia, por meio de uma operação de tráfico de pessoas ligada ao grupo rebelde houthi, informou o Financial Times neste domingo. Os recrutas, segundo reportagem, foram atraídos por promessas de empregos bem remunerados e cidadania russa, mas, ao chegarem à Rússia, foram forçados a se alistar no Exército russo e enviados para a linha de frente na guerra na Ucrânia. Contexto: Como Coreia do Norte, China, Irã e Rússia formaram um 'quarteto do caos' para os EUA Ligações com Teerã: Rússia forneceu dados de satélite para houthis atacarem navios no Mar Vermelho em meio à guerra em Gaza, afirma jornal Segundo o FT, a empresa responsável pelo recrutamento, Al Jabri General Trading & Investment, foi identificada como tendo laços com Abdulwali Abdo Hassan al-Jabri, um político proeminente dos houthis. O recrutamento dos iemenitas teria começado em julho deste ano e, segundo relatos, muitos foram levados à força para a Rússia e para a linha de frente na Ucrânia, onde enfrentaram condições de guerra precárias, como abrigos em locais minados, e sofreram muitas baixas. — Eu assinei porque estava com medo — disse um recruta ao FT, que relatou como ele e outros companheiros foram então colocados em ônibus para a Ucrânia, receberam treinamento militar rudimentar e foram enviados para uma base militar perto de Rostov. A presença dos iemenitas na guerra mostra como o conflito tem envolvido cada vez mais soldados de outros países, incluindo tropas norte-coreanas que chegaram para lutar contra as forças ucranianas na província russa de Kursk, à medida que as baixas aumentam e o Kremlin tenta evitar uma mobilização total. Entenda: O que a Coreia do Norte ganha enviando tropas para lutar na Rússia contra a Ucrânia? O recrutamento também destaca como Moscou tem se aproximado cada vez mais de Teerã, aliado dos houthis, numa aliança estratégica em oposição ao Ocidente. Washington já alertou recentemente sobre uma crescente coordenação entre países anti-Ocidente, que pode criar uma ameaça mais ampla e urgente para a segurança internacional. 'Quarteto do caos' De acordo com The Economist, o grupo formado pela Rússia, Irã, Coreia do Norte e China, batizado de "quarteto do caos" pela revista, estaria trocando ativamente armas, suprimentos industriais e, mais importante, conhecimento. O intercâmbio entre eles funcionaria assim: Teerã e Pyongyang fornecem drones a Moscou, enquanto este compartilha informações com Teerã sobre como bloquear drones e desabilitar sistemas de GPS. Moscou também envia armamento militar ocidental apreendido para o regime dos aiatolás para que possam analisar os kits, além de oferecer ajuda aos houthis. Pequim, por sua vez, participaria com envio de microeletrônicos e maquinários para Moscou. O governo dos EUA estima que 90% das importações de microeletrônicos da Rússia e 70% de seu maquinário agora vêm da China, sendo que grande parte disso é de uso duplo (cívico-militar), o que significa que pode ser usado para fabricar armas que alimentam a indústria de guerra russa. O grupo ganhou até um acrônimo: Crink, formado por suas iniciais em inglês. Quem são os houthis? O movimento Houthi, também conhecido como Ansarallah (Apoiadores de Deus), é uma das partes envolvidas na guerra civil do Iêmen, que já dura quase uma década. Ele surgiu nos anos 1990, quando seu líder, Hussein al-Houthi, lançou o “Believing Youth” (Juventude Crente), um movimento de reavivamento religioso de uma subseção secular do Islã xiita chamada Zaidismo. Os zaidis governaram o Iêmen durante séculos, mas foram marginalizados pelo regime sunita que chegou ao poder após a guerra civil de 1962. O movimento de al-Houthi foi fundado para representar os zaidis e resistir ao sunismo radical, principalmente às ideias wahabitas da Arábia Saudita. Seus seguidores ficaram conhecidos como houthis. Eles assumiram o controle de grande parte do Norte do Iêmen desde que invadiram a capital, Sana, em 2014, aumentando gradualmente suas capacidades militares e vencendo efetivamente uma guerra contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita que passou anos tentando derrotá-los. Agora que os combates mais intensos na guerra civil do Iêmen diminuíram em grande parte, o grupo armado tem funcionado cada vez mais como um governo de fato.
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