Projeto Aquarius reúne Luedji Luna e Xênia França no Ibirapuera: ‘Vai ser papo de comadres, muito à vontade no palco’
Cantoras baianas se juntam ao rapper Rael e à Orquestra Experimental de Repertório, com regência de Wagner Polistchuk, em apresentação no domingo, 1º de dezembro Elas são a nova música brasileira — baiana, feminina, com a força das raízes, mas também com um apelo pop que conquistou o país e que se encarrega de levá-las mundo afora. As cantoras Luedji Luna e Xênia França são as convidadas especiais (ao lado do cantor e rapper paulistano Rael) da nova edição do Projeto Aquarius: um grande concerto gratuito que acontece no próximo domingo, dia 1º de dezembro, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a partir das 11h. Rael: 'Meu orgulho é que, embora o rap esteja mais focado no lifestyle, ainda existem as músicas de mensagem' Aquarius: projeto chega ao Ibirapuera com orquestra acompanhando Rael, Xênia França e Luedji Luna Ao longo do evento, que será realizado na área externa do Auditório Oscar Niemeyer, o maestro Wagner Polistchuk estará à frente da Orquestra Experimental de Repertório em um programa com obras de grandes compositores brasileiros, de Heitor Villa-Lobos e Caetano Veloso a Tom Jobim e Pixinguinha. Um sabor diferente será dado pelos músicos ao acompanhar Luedji, Xênia e Rael em seus próprios hits, com arranjos sinfônicos especialmente preparados para o Aquarius. Nativas de Salvador (Luedji) e de Candeias (Xênia), as duas baianas têm uma relação estreita — mas só se conheceram pessoalmente em São Paulo, cidade que acabaram fazendo de residência, em busca de melhores oportunidades profissionais. — Eu e a Xênia passamos por vários projetos juntos, Ayabass (trio com a cantora baiana Larissa Luz), “Acorda amor” (disco em que as duas, mais Maria Gadú, Liniker e Letrux, cantaram canções da resistência à ditadura), cantamos na novela (na regravação de “Lua soberana”, que abria o remake de “Renascer”)... Vai ser papo de comadres, muito à vontade no palco — promete Luedji. Grammy De todas as artistas do Brasil, diz ela, sem hesitar, “a Xênia é a que mais se aproxima de mim esteticamente”. — Assim como eu, ela mergulha no neo soul, no jazz... a Xênia tem um pouco mais de experimentação que eu, mas percebo que a gente cultiva as mesmas referências musicais, ouvimos a mesma MPB. E somos baianas vivendo em São Paulo, seguindo esse sonho de fazer a nossa música e de ser essa nova cara da música da Bahia no mundo — define a cantora de 37 anos. — A gente já está há alguns anos nesse movimento de quebrar o estereótipo do que é ser um artista baiano, do que é a música baiana. E é bom que nossos trabalhos estejam tomando essa proporção, com a Xênia ganhando Grammy (Latino, na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa por “Em nome da estrela”, de 2022) e os nossos trabalhos se tornando cada vez mais internacionais. Sábado, dia 23: em aquecimento para o Projeto Aquarius, Mercado Municipal de São Paulo recebe música instrumental A regravação de “Lua soberana” (canção de Ivan Lins e Vitor Martins, tema da primeira versão de “Renascer” na gravação de Sergio Mendes) cumpriu a tarefa de transformar Luedji e Xênia, até então destaques da música independente, em cantoras populares. — A novela é muito pop, ela tem essa dimensão. Acho que fazia todo sentido a gente cantando essa música numa novela que se passa na Bahia. Foi um grande presente, assim como foi poder cantar essa música com a Xênia, como minha convidada, no show do Rock in Rio (em setembro deste ano) — diz Luedji. Xênia, 35, que foi para São Paulo 20 anos atrás para trabalhar como modelo e acabou entrando na música ao gravar com o rapper Emicida, diz que 2024 “foi um ano foi bem especial para mim e para Luedji, um ano de muitas experiências juntas”. — Sou muito fã do trabalho dela. E essa abertura que o “Lua soberana” trouxe algo que eu nunca tinha imaginado, foi realmente um presente dos mestres espirituais. Eu sou uma artista independente, não tenho gravadora, até outro dia eu estava até sem agente... É o poder da própria música. Fico feliz que a qualidade do meu trabalho tenha me levado a tantos lugares legais — diz. — Sou muito devota da MPB brasileira mais clássica e fiquei alucinada com a oportunidade de cantar essa música, de participar de um momento desses da televisão e também de ganhar espaço na casa das pessoas. Porque um artista independente muitas vezes não tem essa chance de ser conhecido pela sua própria música. A oportunidade de trabalhar com uma orquestra, oferecida pelo Aquarius, deleita as duas cantoras. — Já tive algumas experiências cantando com orquestra e é sempre desafiador, mas também muito engrandecedor ver a sua música em uma nova dimensão, com outros arranjos. Amei cantar com a Orquestra Sinfônica Brasileira (na primeira etapa do Aquarius 2024, em outubro, no Rio) e dividir o palco com a Adriana Calcanhotto, que é minha referência desde muito nova — diz Luedji Luna. — Ainda vou descobrir qual vai ser a nova roupagem com essa orquestra em São Paulo, estou naquele momento de expectativa. Registro da edição de 2023 do
Cantoras baianas se juntam ao rapper Rael e à Orquestra Experimental de Repertório, com regência de Wagner Polistchuk, em apresentação no domingo, 1º de dezembro Elas são a nova música brasileira — baiana, feminina, com a força das raízes, mas também com um apelo pop que conquistou o país e que se encarrega de levá-las mundo afora. As cantoras Luedji Luna e Xênia França são as convidadas especiais (ao lado do cantor e rapper paulistano Rael) da nova edição do Projeto Aquarius: um grande concerto gratuito que acontece no próximo domingo, dia 1º de dezembro, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a partir das 11h. Rael: 'Meu orgulho é que, embora o rap esteja mais focado no lifestyle, ainda existem as músicas de mensagem' Aquarius: projeto chega ao Ibirapuera com orquestra acompanhando Rael, Xênia França e Luedji Luna Ao longo do evento, que será realizado na área externa do Auditório Oscar Niemeyer, o maestro Wagner Polistchuk estará à frente da Orquestra Experimental de Repertório em um programa com obras de grandes compositores brasileiros, de Heitor Villa-Lobos e Caetano Veloso a Tom Jobim e Pixinguinha. Um sabor diferente será dado pelos músicos ao acompanhar Luedji, Xênia e Rael em seus próprios hits, com arranjos sinfônicos especialmente preparados para o Aquarius. Nativas de Salvador (Luedji) e de Candeias (Xênia), as duas baianas têm uma relação estreita — mas só se conheceram pessoalmente em São Paulo, cidade que acabaram fazendo de residência, em busca de melhores oportunidades profissionais. — Eu e a Xênia passamos por vários projetos juntos, Ayabass (trio com a cantora baiana Larissa Luz), “Acorda amor” (disco em que as duas, mais Maria Gadú, Liniker e Letrux, cantaram canções da resistência à ditadura), cantamos na novela (na regravação de “Lua soberana”, que abria o remake de “Renascer”)... Vai ser papo de comadres, muito à vontade no palco — promete Luedji. Grammy De todas as artistas do Brasil, diz ela, sem hesitar, “a Xênia é a que mais se aproxima de mim esteticamente”. — Assim como eu, ela mergulha no neo soul, no jazz... a Xênia tem um pouco mais de experimentação que eu, mas percebo que a gente cultiva as mesmas referências musicais, ouvimos a mesma MPB. E somos baianas vivendo em São Paulo, seguindo esse sonho de fazer a nossa música e de ser essa nova cara da música da Bahia no mundo — define a cantora de 37 anos. — A gente já está há alguns anos nesse movimento de quebrar o estereótipo do que é ser um artista baiano, do que é a música baiana. E é bom que nossos trabalhos estejam tomando essa proporção, com a Xênia ganhando Grammy (Latino, na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa por “Em nome da estrela”, de 2022) e os nossos trabalhos se tornando cada vez mais internacionais. Sábado, dia 23: em aquecimento para o Projeto Aquarius, Mercado Municipal de São Paulo recebe música instrumental A regravação de “Lua soberana” (canção de Ivan Lins e Vitor Martins, tema da primeira versão de “Renascer” na gravação de Sergio Mendes) cumpriu a tarefa de transformar Luedji e Xênia, até então destaques da música independente, em cantoras populares. — A novela é muito pop, ela tem essa dimensão. Acho que fazia todo sentido a gente cantando essa música numa novela que se passa na Bahia. Foi um grande presente, assim como foi poder cantar essa música com a Xênia, como minha convidada, no show do Rock in Rio (em setembro deste ano) — diz Luedji. Xênia, 35, que foi para São Paulo 20 anos atrás para trabalhar como modelo e acabou entrando na música ao gravar com o rapper Emicida, diz que 2024 “foi um ano foi bem especial para mim e para Luedji, um ano de muitas experiências juntas”. — Sou muito fã do trabalho dela. E essa abertura que o “Lua soberana” trouxe algo que eu nunca tinha imaginado, foi realmente um presente dos mestres espirituais. Eu sou uma artista independente, não tenho gravadora, até outro dia eu estava até sem agente... É o poder da própria música. Fico feliz que a qualidade do meu trabalho tenha me levado a tantos lugares legais — diz. — Sou muito devota da MPB brasileira mais clássica e fiquei alucinada com a oportunidade de cantar essa música, de participar de um momento desses da televisão e também de ganhar espaço na casa das pessoas. Porque um artista independente muitas vezes não tem essa chance de ser conhecido pela sua própria música. A oportunidade de trabalhar com uma orquestra, oferecida pelo Aquarius, deleita as duas cantoras. — Já tive algumas experiências cantando com orquestra e é sempre desafiador, mas também muito engrandecedor ver a sua música em uma nova dimensão, com outros arranjos. Amei cantar com a Orquestra Sinfônica Brasileira (na primeira etapa do Aquarius 2024, em outubro, no Rio) e dividir o palco com a Adriana Calcanhotto, que é minha referência desde muito nova — diz Luedji Luna. — Ainda vou descobrir qual vai ser a nova roupagem com essa orquestra em São Paulo, estou naquele momento de expectativa. Registro da edição de 2023 do Projeto Aquarius em São Paulo, também realizada no Parque Ibirapuera Edilson Dantas ‘Superexpectativa’ No Aquarius, Luedji Luna cantará “Asas” e “Banho de folhas”, músicas de seu primeiro álbum, “Um corpo no mundo”, de 2017. — Originalmente, “Asas” é uma canção que não tem cordas, mas que combina muito com orquestra, já cantei ela com a Sinfônica da Bahia, com a Jazz Orquestra em São Paulo e com a OSB, no Aquarius. E “Banho de folhas” é o meu hit... se não fizer, o povo pede, então, já entrego logo (risos) — diz. — Essa música tem uma força tão grande que fica bem em qualquer contexto, com orquestra ou com arranjo de house music (como ela mostrou recentemente no, Rio, na estreia do show “Luedji Luna canta Sade”). Já Xênia França brinca que está “mal acostumada” por cantar com orquestras, como é o caso da Jazz Sinfônica, com que se apresentou em São Paulo no ano passado: — Com uma orquestra, você tem a sensação de estar de fato dentro da música. Foi mágico ouvir as músicas que eu compus com outras vozes, ouvir outros elementos com os quais elas ainda não tinham sido gravadas. Agora estou numa superexpectativa, porque escolhi músicas que não tinha cantado com a Jazz Sinfônica, para experimentar mesmo, pelo simples prazer, para ouvir outras coisas do meu repertório — conta ela, que escolheu “Magia” e “Renascer”, faixas de “Em nome da estrela”. — Ouvi ontem os arranjos, chorei e tudo mais! Com sua apresentação no Aquarius e o novo show, dedicado ao repertório da cantora nigeriana Sade Adu, Luedji Luna marca a despedida do ciclo do bem-sucedido álbum “Bom mesmo é estar debaixo d’água”, de 2020. Agora, ela acabou de participar de uma faixa do novo álbum de Rael, a ser lançado ano que vem, e prepara um álbum de inéditas para o primeiro semestre de 2025. Um disco gravado no Brasil, mas “com muitas participações de artistas gringos”. — Não posso dar muito spoiler, mas é um álbum que eu estou fazendo com muito tempo e muito carinho, bastante profundo — diz Luedji, que em dezembro e janeiro faz shows no Canadá e nos Estados Unidos (Toronto, Montreal, Nova Orleans, Nova York, Los Angeles, Miami e Havaí) e depois segue tentando viabilizar uma segunda edição do seu festival de música, “essa plataforma onde artistas do jazz, do rap, do neo soul e R&B, do Brasil e do mundo, possam se expressar”. — A semente foi plantada e eu estou aberta para colher o que o Universo quiser trazer para mim. Modéstia à parte, acho que o que tem acontecido de mais interessante na MPB são os artistas negros. Acabamos de ver o Jota.pê ganhando três Grammys, tem a Liniker que está aí arrasando com o disco “Caju”... é o famoso “dar a César o que é de César”! Já para Xênia França (que participou do disco de Jota.pê e do álbum póstumo de Erasmo Carlos, “Erasmo Esteves”, também ganhador de um Grammy Latino), há que se atentar para uma história “de invisibilidade dos artistas pretos que construíram a identidade da música brasileira”. — O talento de nomes como Dona Ivone Lara era tão grande e tão absurdo que, mesmo ela vivendo numa época em que a mulher não podia assinar as próprias músicas, ainda assim ela se tornou uma pedra preciosa, uma pessoa impossível de ficar escondida — diz. — Acho que esse é o caso do Jota.pê, o talento dele é uma dessas coisas que o Universo coloca nas nossas vidas por puro capricho. Mas acho que as coisas são diferentes hoje, os artistas agora têm a possibilidade de lançar músicas sem esse guarda-chuva das gravadoras, acho que isso tira um pouco dos empecilhos. Desta vez, a gente pode ter a possibilidade de conhecer, através de suas próprias narrativas, os artistas que tiveram uma história não tão privilegiada. Nova York e Japão Artista que já se apresentou no Central Park em Nova York em 2018, e que este ano cantou pela primeira vez no Japão, Xênia festeja a sua participação em “Place of worship”, faixa de “1978”, mais novo álbum do astro americano do neo soul, o cantor José James. E planeja mais voos pelo mundo. — A música só me leva por caminhos especiais, estou sempre cercada de artistas dedicados, sejam os mais jovens, que estão começando agora e dando um sentido à própria vida através da arte, seja gente já consagrada — orgulha-se. —Talvez eu não tenha planejado muito, mas esse era o caminho que eu esperava mesmo, o de estar entre aqueles que admiro. O Ministério da Cultura apresenta o Aquarius São Paulo através da Lei de Incentivo à Cultura. O evento conta ainda com a Cidade de São Paulo como Cidade Anfitriã, patrocínio master da Fundação Theatro Municipal, patrocínio de Santander Brasil e VIVO, apoio de Paper Excellence, do Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e da Sabesp; tem a rádio CBN como Rádio Oficial e produção da SrCom. A realização é do GLOBO através do Ministério da Cultura, Governo Federal.
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