Primeiros passos para tentar uma longevidade saudável financeiramente

Mudança na expectativa de vida vai de encontro à dificuldade cultural do brasileiro em pensar a longo prazo. Veja como tentar virar esse jogo As projeções atuais nos trazem notícias positivas no que diz respeito à longevidade. Uma pesquisa divulgada em agosto deste ano pelo IBGE indica que o número de pessoas com mais de 60 anos mais do que duplicou entre 2000 e 2023. Isso significa, em números, que o grupo dessa faixa etária saltou de 15,2 milhões para 33 milhões de pessoas no período apontado. Mas será que estamos preparados financeiramente para esse futuro? — Viver sem pensar a longo prazo, priorizando o prazer imediato, sem olhar para o que acontece na economia, é uma questão cultural do brasileiro — sinaliza a economista Gabriela Chaves, CEO de uma plataforma de educação financeira voltada para a comunidade negra e periférica. Em sua observação, esse comportamento é fruto não só de momentos de insegurança e incertezas, como os que atravessamos na pandemia, mas também de decepções coletadas ao longo do tempo. — Vivemos em uma sociedade que não nos convida a pensar no futuro. Além disso, o passado recente da economia brasileira molda a experiência e o referencial que as pessoas têm de investimentos de longo prazo — afirma. A grande questão, aqui, é que o futuro vai chegar de toda forma. Que tal então virar esse jogo e se preparar para aproveitar o amanhã da maneira mais saudável possível? Sim, estamos falando de economia. A primeira providência para tentar promover a longevidade financeira é começar a guardar dinheiro até tornar-se um hábito. — É uma ilusão achar que precisa ter dinheiro para começar a guardar. É importante dar início com o que tiver disponível — ensina Gabriela. Pode ser R$ 10, R$ 15, R$ 20. Parece pouco, mas, no fim de um período, a soma final fará a diferença. — E é melhor do que estar no zero. A ideia é, aos poucos, começar a construir uma reserva de emergência para, em seguida, pensar em investimentos de longo prazo. — É um desafio, mas, no longo prazo, é como você consegue ter uma margem maior de lucro. Porque você consegue diversificar o seu patrimônio para alcançar o objetivo maior, que é conquistar autonomia financeira. Gabriela Chaves, economista e CEO de uma plataforma de educação financeira voltada para a comunidade negra e periférica Divulgação/Neitan (@fotosneitan) É uma ilusão achar que precisa ter dinheiro para começar a guardar. É importante dar início com o que tiver disponível” Calculando a rota Para essa conta fechar, no entanto, é fundamental entender qual o seu custo de vida, valor determinado pela soma das despesas essenciais, de alimentação, saúde e moradia. Com isso na ponta do lápis, é hora de olhar para a sua renda e entender se é o caso de cortar gastos ou se você precisa aumentar seus rendimentos. — Eu não consigo, por exemplo, dizer para uma mãe que sustenta dois filhos e ganha um salário mínimo que ela precisa cortar gastos. O que ela precisa é aumentar a renda dela — explica. A partir desse diagnóstico é possível desenhar uma estratégia para tentar transformar a sua vida financeira. Mais uma vez, as atitudes a serem tomadas vão depender do contexto em que a pessoa está inserida. — Se ela é autônoma, precisa entender seu negócio para poder mexer no que não está funcionando e assim precificar ou posicionar melhor seu produto. Se é assalariada, precisa elaborar um plano de crescimento na carreira. Em ambos os casos, o pulo do gato está na qualificação. — Independentemente da sua área de atuação, sempre vai haver a possibilidade de se especializar e adquirir mais conhecimento — avalia. Aos que trabalham em empresas, Gabriela sugere fazer um planejamento profissional. Só assim conseguirão identificar as qualificações necessárias para progredir na carreira, que podem ser obtidas através de cursos de inglês ou de gestão, entre tantas disponíveis de forma gratuita na internet. — O principal é você entender os investimentos que faz com o seu tempo. Quando você usa esse tempo para estudar, está plantando sementes que darão frutos no futuro. E não inventaram ainda nada mais rentável e promissor do que investirmos em nós mesmos.

Nov 14, 2024 - 09:56
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Primeiros passos para tentar uma longevidade saudável financeiramente

Mudança na expectativa de vida vai de encontro à dificuldade cultural do brasileiro em pensar a longo prazo. Veja como tentar virar esse jogo As projeções atuais nos trazem notícias positivas no que diz respeito à longevidade. Uma pesquisa divulgada em agosto deste ano pelo IBGE indica que o número de pessoas com mais de 60 anos mais do que duplicou entre 2000 e 2023. Isso significa, em números, que o grupo dessa faixa etária saltou de 15,2 milhões para 33 milhões de pessoas no período apontado. Mas será que estamos preparados financeiramente para esse futuro? — Viver sem pensar a longo prazo, priorizando o prazer imediato, sem olhar para o que acontece na economia, é uma questão cultural do brasileiro — sinaliza a economista Gabriela Chaves, CEO de uma plataforma de educação financeira voltada para a comunidade negra e periférica. Em sua observação, esse comportamento é fruto não só de momentos de insegurança e incertezas, como os que atravessamos na pandemia, mas também de decepções coletadas ao longo do tempo. — Vivemos em uma sociedade que não nos convida a pensar no futuro. Além disso, o passado recente da economia brasileira molda a experiência e o referencial que as pessoas têm de investimentos de longo prazo — afirma. A grande questão, aqui, é que o futuro vai chegar de toda forma. Que tal então virar esse jogo e se preparar para aproveitar o amanhã da maneira mais saudável possível? Sim, estamos falando de economia. A primeira providência para tentar promover a longevidade financeira é começar a guardar dinheiro até tornar-se um hábito. — É uma ilusão achar que precisa ter dinheiro para começar a guardar. É importante dar início com o que tiver disponível — ensina Gabriela. Pode ser R$ 10, R$ 15, R$ 20. Parece pouco, mas, no fim de um período, a soma final fará a diferença. — E é melhor do que estar no zero. A ideia é, aos poucos, começar a construir uma reserva de emergência para, em seguida, pensar em investimentos de longo prazo. — É um desafio, mas, no longo prazo, é como você consegue ter uma margem maior de lucro. Porque você consegue diversificar o seu patrimônio para alcançar o objetivo maior, que é conquistar autonomia financeira. Gabriela Chaves, economista e CEO de uma plataforma de educação financeira voltada para a comunidade negra e periférica Divulgação/Neitan (@fotosneitan) É uma ilusão achar que precisa ter dinheiro para começar a guardar. É importante dar início com o que tiver disponível” Calculando a rota Para essa conta fechar, no entanto, é fundamental entender qual o seu custo de vida, valor determinado pela soma das despesas essenciais, de alimentação, saúde e moradia. Com isso na ponta do lápis, é hora de olhar para a sua renda e entender se é o caso de cortar gastos ou se você precisa aumentar seus rendimentos. — Eu não consigo, por exemplo, dizer para uma mãe que sustenta dois filhos e ganha um salário mínimo que ela precisa cortar gastos. O que ela precisa é aumentar a renda dela — explica. A partir desse diagnóstico é possível desenhar uma estratégia para tentar transformar a sua vida financeira. Mais uma vez, as atitudes a serem tomadas vão depender do contexto em que a pessoa está inserida. — Se ela é autônoma, precisa entender seu negócio para poder mexer no que não está funcionando e assim precificar ou posicionar melhor seu produto. Se é assalariada, precisa elaborar um plano de crescimento na carreira. Em ambos os casos, o pulo do gato está na qualificação. — Independentemente da sua área de atuação, sempre vai haver a possibilidade de se especializar e adquirir mais conhecimento — avalia. Aos que trabalham em empresas, Gabriela sugere fazer um planejamento profissional. Só assim conseguirão identificar as qualificações necessárias para progredir na carreira, que podem ser obtidas através de cursos de inglês ou de gestão, entre tantas disponíveis de forma gratuita na internet. — O principal é você entender os investimentos que faz com o seu tempo. Quando você usa esse tempo para estudar, está plantando sementes que darão frutos no futuro. E não inventaram ainda nada mais rentável e promissor do que investirmos em nós mesmos.

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