'Pobre também tem direito ao belo', diz prefeita de Paris sobre resistência enfrentada na construção de moradias populares
Anne Hidalgo participa de debate com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, sobre desigualdades e mudanças climáticas O prefeito do Rio, Eduardo Paes, esteve com a prefeita de Paris, Anne Hildalgo, no painel “U20, cidades na linha de frente: enfrentamento às mudanças climáticas, pobreza e desigualdade no Sul e Norte Global” nesta sexta-feira, no Armazém da Utopia, na Zona Portuária. O debate concorrido entre os espectadores reuniu prefeitos de duas cidades que já sediaram os Jogos Olímpicos: o Rio, em 2016, e Paris, neste ano. Enquanto Hidalgo ressaltou a política urbana que destina 25% das habitações para as classes mais pobres, com a compra de imóveis ociosos por parte do município, Paes reconheceu que ainda é "incipiente" a oferta deste tipo de política no Rio. U20: 'As cidades têm muito mais capacidade de lidar com as mudanças climáticas do que os governos centrais', diz Paes De olho no G20: Marinha do Brasil realiza treinamento de segurança, com foco em operações no mar e resgate de autoridades — No Reviver Centro tem um percentual de habitações social, a gente cria incentivos. Eu diria que ainda é muito incipiente. Pode ter no Minha Casa Minha Vida um retrofit de imóveis já existentes. Isso permitiria uma intensificação de habitação social na até central da cidade. A gente está discutindo o terreno da Leopoldina — afirmou Paes durante o debate. A prefeita de Paris, por sua vez, ressaltou que uma das coisas que ajudou a cidade que governa a reduzir o déficit habitacional foi a coalizão de um grupo progressista, que criou políticas específicas para o tema. Anne Hidalgo comprou imóveis em prédios ociosos do centro da cidade e investiu na construção de moradias. — Isso ajudou muito a enfrentar o problema. Paris é uma cidade cara, onde é difícil morar. O jogo imobiliário faz com que os mais carentes e a classe média fiquem longe da cidade, gerando novos problemas de mobilidade e transporte coletivo. Um grupo de moradores descontentes com pobres morando ao lado deles dizia “aqui é muito bonito, não dá para essas pessoas viverem aqui” e nós dizíamos que sim, pobre também tem direito ao belo — afirmou Hidalgo. G20 Social: Porto do Rio vira um 'Mural das Etnias' vivo, num desfile da diversidade embalado pela música A prefeita parisiense ressaltou ainda que a divulgação semanal de dados sobre os efeitos das mudanças climáticas e dos resultados alcançados em ações de mitigação da prefeitura são como “anticorpos para os negacionistas” que querem impedir as ações da gestão municipal de combate às alterações no clima. — As pessoas precisam ver a transformação da cidade. Trazer dados quantitativos e qualitativos de tudo o que fazemos é uma forma de dotarmos de anticorpos contra os negacionistas climáticos e que tentam de nos intimidar e impedir de agir. Nas olimpíadas, fizemos ciclovias, o que reduziu o número de carros, plantamos mais árvores, criamos um tráfego limitado e um anel rodoviário no entorno de Paris que limita a velocidade a 50 km por hora. Foi uma gritaria, mas o tráfego, a poluição, o barulho, os acidentes e engarrafamentos diminuíram muito. Temos esses cinco indicadores que disponibilizamos em dados abertos semanalmente. Na primeira semana, os acidentes de trânsito reduziram 68% e a qualidade do ar melhorou 40% — detalhou. O encontro de prefeitos foi um dos mais concorridos desta sexta-feira. Da plateia, a prefeita da cidade de Bamako, capital do Mali, na África, assistiu ao debate e disse que vai levar inspirações para seu continente. — O que eles estão fazendo nos inspira a construir um mundo inclusivo, onde o ser humano está no centro de nossas ações, para um mundo melhor. Acho que estamos no mesmo caminho, na mesma sintonia. Nós precisamos trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento em equilíbrio com o planeta em vários aspectos, seja nos extremos climáticos, seja para combater o extremismo político, que tem sido cada vez mais violento — disse Mariame Diallo, prefeita de Bamako.
Anne Hidalgo participa de debate com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, sobre desigualdades e mudanças climáticas O prefeito do Rio, Eduardo Paes, esteve com a prefeita de Paris, Anne Hildalgo, no painel “U20, cidades na linha de frente: enfrentamento às mudanças climáticas, pobreza e desigualdade no Sul e Norte Global” nesta sexta-feira, no Armazém da Utopia, na Zona Portuária. O debate concorrido entre os espectadores reuniu prefeitos de duas cidades que já sediaram os Jogos Olímpicos: o Rio, em 2016, e Paris, neste ano. Enquanto Hidalgo ressaltou a política urbana que destina 25% das habitações para as classes mais pobres, com a compra de imóveis ociosos por parte do município, Paes reconheceu que ainda é "incipiente" a oferta deste tipo de política no Rio. U20: 'As cidades têm muito mais capacidade de lidar com as mudanças climáticas do que os governos centrais', diz Paes De olho no G20: Marinha do Brasil realiza treinamento de segurança, com foco em operações no mar e resgate de autoridades — No Reviver Centro tem um percentual de habitações social, a gente cria incentivos. Eu diria que ainda é muito incipiente. Pode ter no Minha Casa Minha Vida um retrofit de imóveis já existentes. Isso permitiria uma intensificação de habitação social na até central da cidade. A gente está discutindo o terreno da Leopoldina — afirmou Paes durante o debate. A prefeita de Paris, por sua vez, ressaltou que uma das coisas que ajudou a cidade que governa a reduzir o déficit habitacional foi a coalizão de um grupo progressista, que criou políticas específicas para o tema. Anne Hidalgo comprou imóveis em prédios ociosos do centro da cidade e investiu na construção de moradias. — Isso ajudou muito a enfrentar o problema. Paris é uma cidade cara, onde é difícil morar. O jogo imobiliário faz com que os mais carentes e a classe média fiquem longe da cidade, gerando novos problemas de mobilidade e transporte coletivo. Um grupo de moradores descontentes com pobres morando ao lado deles dizia “aqui é muito bonito, não dá para essas pessoas viverem aqui” e nós dizíamos que sim, pobre também tem direito ao belo — afirmou Hidalgo. G20 Social: Porto do Rio vira um 'Mural das Etnias' vivo, num desfile da diversidade embalado pela música A prefeita parisiense ressaltou ainda que a divulgação semanal de dados sobre os efeitos das mudanças climáticas e dos resultados alcançados em ações de mitigação da prefeitura são como “anticorpos para os negacionistas” que querem impedir as ações da gestão municipal de combate às alterações no clima. — As pessoas precisam ver a transformação da cidade. Trazer dados quantitativos e qualitativos de tudo o que fazemos é uma forma de dotarmos de anticorpos contra os negacionistas climáticos e que tentam de nos intimidar e impedir de agir. Nas olimpíadas, fizemos ciclovias, o que reduziu o número de carros, plantamos mais árvores, criamos um tráfego limitado e um anel rodoviário no entorno de Paris que limita a velocidade a 50 km por hora. Foi uma gritaria, mas o tráfego, a poluição, o barulho, os acidentes e engarrafamentos diminuíram muito. Temos esses cinco indicadores que disponibilizamos em dados abertos semanalmente. Na primeira semana, os acidentes de trânsito reduziram 68% e a qualidade do ar melhorou 40% — detalhou. O encontro de prefeitos foi um dos mais concorridos desta sexta-feira. Da plateia, a prefeita da cidade de Bamako, capital do Mali, na África, assistiu ao debate e disse que vai levar inspirações para seu continente. — O que eles estão fazendo nos inspira a construir um mundo inclusivo, onde o ser humano está no centro de nossas ações, para um mundo melhor. Acho que estamos no mesmo caminho, na mesma sintonia. Nós precisamos trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento em equilíbrio com o planeta em vários aspectos, seja nos extremos climáticos, seja para combater o extremismo político, que tem sido cada vez mais violento — disse Mariame Diallo, prefeita de Bamako.
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