Pela primeira vez, a eliminação de um câncer, o cervical, está ao nosso alcance

Apelamos aos líderes do G20 para apoiar o acesso expandido ao tratamento em todos os países A cada ano, mais de 350 mil mulheres morrem de câncer cervical e outras 660 mil são diagnosticadas. Como consequência, crianças ficam órfãs, famílias empobrecidas e comunidades diminuídas pela perda de mães, esposas, filhas e irmãs. Míriam Leitão: Após ser único país do G20 fora de aliança global contra fome, Argentina adere a acordo E, no entanto, diferentemente da maioria dos outros tipos de câncer, quase todos esses casos e mortes podem ser evitados. Temos vacinas poderosas que podem prevenir a infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) que causa o câncer cervical; diagnósticos para detectá-lo precocemente e tratamentos para aqueles que ele ataca. Com essas ferramentas, o câncer cervical não só pode ser interrompido; ele pode se tornar o primeiro câncer a ser eliminado. Alguns países de alta renda já estão próximos da eliminação, o que significa menos de quatro casos por cem mil mulheres. Malu Gaspar: O efeito das gafes de Janja que mais irritou o entorno de Lula Mas, em muitos países de baixa e média renda, essas ferramentas ainda não estão disponíveis, e é por isso que 94% das mortes por câncer cervical ocorrem neles. A dupla tragédia do câncer cervical é que isso não é apenas uma questão de saúde; é uma questão de equidade. Initial plugin text Ontem foi o Dia de Ação para a Eliminação do Câncer Cervical global, com campanhas de vacinação, campanhas de triagem e eventos em defesa da causa. Marcos emblemáticos foram iluminados em azul-petróleo, incluindo o icônico o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, que dá as boas-vindas aos líderes mundiais que chegam para a Cúpula do G20. Em 2018, a OMS lançou um chamado global à ação para eliminar o câncer cervical, que foi seguido em 2020 pela adoção por todos os 194 Estados-membros da OMS de uma Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer Cervical como um Problema de Saúde Pública. A estratégia pede que os países atinjam três metas até 2030: 90% das meninas totalmente imunizadas contra o HPV; 70% das mulheres recebendo exames oportunos; e 90% das pessoas com pré-câncer ou câncer acessando o tratamento. Essas metas não são apenas ambiciosas, são alcançáveis, mesmo em países de baixa e média renda. O Butão já atingiu as metas, o primeiro a fazê-lo na região do Sudeste Asiático. Desde a introdução da vacina contra o HPV em 2011, Ruanda atingiu uma cobertura vacinal de 90%, e anunciou seu objetivo nacional de atingir as metas 90-70-90 três anos antes do previsto, até 2027. Em dois distritos — Gicumbi e Karongi —, Ruanda já está atingindo essas metas. A Nigéria, que introduziu a vacina contra o HPV em outubro do ano passado, já vacinou 12,3 milhões de meninas. Temos as ferramentas e a oportunidade de eliminar o câncer cervical. Perceber essa oportunidade requer uma liderança política determinada. À medida que os líderes mundiais chegam ao Rio de Janeiro para a Cúpula de Líderes do G20, precisamos do comprometimento deles para maximizar o acesso às ferramentas que podem eliminar a doença. Primeiro, pedimos aos líderes do G20 que apoiem o acesso às vacinas contra o HPV para todas as meninas adolescentes, em todos os países. Desde que a OMS emitiu o chamado global para ação em 2018, mais de 60 países introduziram a vacina contra o HPV em seus programas de imunização, elevando o total para 144 países que estão rotineiramente protegendo meninas do câncer cervical na vida adulta. Com os avanços científicos, agora podemos prevenir o câncer cervical com apenas uma dose, o que 60 países estão fazendo agora. O maior fornecedor de vacinas contra o HPV para países de baixa e média renda é a Gavi, a Aliança para as Vacinas, que planeja imunizar 120 milhões de crianças até 2030. Mas esse plano exige que os investimentos em saúde sejam sustentados. Também estamos contando com os fabricantes para confirmar e honrar seus compromissos de fornecer vacinas contra o HPV para países de baixa e média renda nos próximos anos, para evitar as restrições de fornecimento que impediram o progresso no passado. Mas não podemos confiar apenas nas vacinas. O impacto da rápida expansão na vacinação de meninas agora não será visto por décadas, quando elas atingirem a idade adulta, quando o câncer cervical normalmente aparece. Para salvar vidas agora, devemos igualar o aumento na imunização com aumentos na triagem e no tratamento. Então, em segundo lugar, pedimos aos líderes do G20 que apoiem o acesso ao rastreio em todos os países. Décadas atrás, à medida que mais mulheres ganhavam acesso ao exame de Papanicolau em países desenvolvidos, a mortalidade associada ao câncer cervical caiu rapidamente. Hoje, testes ainda melhores estão disponíveis. Mais de 60 países agora incluem testes de HPV de alto desempenho como parte de seus programas de rastreio. As mulheres podem até coletar suas próprias amostras para o teste de HPV, removendo mais barreiras aos serviços que salvam vidas. Na Austrália

Nov 18, 2024 - 19:21
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Pela primeira vez, a eliminação de um câncer, o cervical,  está ao nosso alcance

Apelamos aos líderes do G20 para apoiar o acesso expandido ao tratamento em todos os países A cada ano, mais de 350 mil mulheres morrem de câncer cervical e outras 660 mil são diagnosticadas. Como consequência, crianças ficam órfãs, famílias empobrecidas e comunidades diminuídas pela perda de mães, esposas, filhas e irmãs. Míriam Leitão: Após ser único país do G20 fora de aliança global contra fome, Argentina adere a acordo E, no entanto, diferentemente da maioria dos outros tipos de câncer, quase todos esses casos e mortes podem ser evitados. Temos vacinas poderosas que podem prevenir a infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) que causa o câncer cervical; diagnósticos para detectá-lo precocemente e tratamentos para aqueles que ele ataca. Com essas ferramentas, o câncer cervical não só pode ser interrompido; ele pode se tornar o primeiro câncer a ser eliminado. Alguns países de alta renda já estão próximos da eliminação, o que significa menos de quatro casos por cem mil mulheres. Malu Gaspar: O efeito das gafes de Janja que mais irritou o entorno de Lula Mas, em muitos países de baixa e média renda, essas ferramentas ainda não estão disponíveis, e é por isso que 94% das mortes por câncer cervical ocorrem neles. A dupla tragédia do câncer cervical é que isso não é apenas uma questão de saúde; é uma questão de equidade. Initial plugin text Ontem foi o Dia de Ação para a Eliminação do Câncer Cervical global, com campanhas de vacinação, campanhas de triagem e eventos em defesa da causa. Marcos emblemáticos foram iluminados em azul-petróleo, incluindo o icônico o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, que dá as boas-vindas aos líderes mundiais que chegam para a Cúpula do G20. Em 2018, a OMS lançou um chamado global à ação para eliminar o câncer cervical, que foi seguido em 2020 pela adoção por todos os 194 Estados-membros da OMS de uma Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer Cervical como um Problema de Saúde Pública. A estratégia pede que os países atinjam três metas até 2030: 90% das meninas totalmente imunizadas contra o HPV; 70% das mulheres recebendo exames oportunos; e 90% das pessoas com pré-câncer ou câncer acessando o tratamento. Essas metas não são apenas ambiciosas, são alcançáveis, mesmo em países de baixa e média renda. O Butão já atingiu as metas, o primeiro a fazê-lo na região do Sudeste Asiático. Desde a introdução da vacina contra o HPV em 2011, Ruanda atingiu uma cobertura vacinal de 90%, e anunciou seu objetivo nacional de atingir as metas 90-70-90 três anos antes do previsto, até 2027. Em dois distritos — Gicumbi e Karongi —, Ruanda já está atingindo essas metas. A Nigéria, que introduziu a vacina contra o HPV em outubro do ano passado, já vacinou 12,3 milhões de meninas. Temos as ferramentas e a oportunidade de eliminar o câncer cervical. Perceber essa oportunidade requer uma liderança política determinada. À medida que os líderes mundiais chegam ao Rio de Janeiro para a Cúpula de Líderes do G20, precisamos do comprometimento deles para maximizar o acesso às ferramentas que podem eliminar a doença. Primeiro, pedimos aos líderes do G20 que apoiem o acesso às vacinas contra o HPV para todas as meninas adolescentes, em todos os países. Desde que a OMS emitiu o chamado global para ação em 2018, mais de 60 países introduziram a vacina contra o HPV em seus programas de imunização, elevando o total para 144 países que estão rotineiramente protegendo meninas do câncer cervical na vida adulta. Com os avanços científicos, agora podemos prevenir o câncer cervical com apenas uma dose, o que 60 países estão fazendo agora. O maior fornecedor de vacinas contra o HPV para países de baixa e média renda é a Gavi, a Aliança para as Vacinas, que planeja imunizar 120 milhões de crianças até 2030. Mas esse plano exige que os investimentos em saúde sejam sustentados. Também estamos contando com os fabricantes para confirmar e honrar seus compromissos de fornecer vacinas contra o HPV para países de baixa e média renda nos próximos anos, para evitar as restrições de fornecimento que impediram o progresso no passado. Mas não podemos confiar apenas nas vacinas. O impacto da rápida expansão na vacinação de meninas agora não será visto por décadas, quando elas atingirem a idade adulta, quando o câncer cervical normalmente aparece. Para salvar vidas agora, devemos igualar o aumento na imunização com aumentos na triagem e no tratamento. Então, em segundo lugar, pedimos aos líderes do G20 que apoiem o acesso ao rastreio em todos os países. Décadas atrás, à medida que mais mulheres ganhavam acesso ao exame de Papanicolau em países desenvolvidos, a mortalidade associada ao câncer cervical caiu rapidamente. Hoje, testes ainda melhores estão disponíveis. Mais de 60 países agora incluem testes de HPV de alto desempenho como parte de seus programas de rastreio. As mulheres podem até coletar suas próprias amostras para o teste de HPV, removendo mais barreiras aos serviços que salvam vidas. Na Austrália — que está a caminho de se tornar um dos primeiros países do mundo a atingir a eliminação —, mais de um quarto de todos os testes de rastreio agora é feito dessa forma. Apelamos aos líderes para irem além dos testes ad hoc e oportunistas, investindo em programas de triagem organizados que darão suporte a uma alta cobertura para toda a população. Isso é essencial para atingir a meta de 70%. No entanto, os altos preços dos testes e as margens de lucro dos fornecedores ainda são uma barreira. Vários países também estão investigando o uso de inteligência artificial para aumentar a precisão da triagem em contextos com recursos limitados. Quando mulheres são encontradas com lesões pré-cancerígenas, muitas agora são tratadas com dispositivos portáteis alimentados por bateria, que podem ser operados em locais remotos. Em terceiro lugar, apelamos aos líderes do G20 para apoiar o acesso expandido ao tratamento em todos os países. Casos avançados precisam ser encaminhados para cirurgia, radioterapia e cuidados paliativos. Em muitos casos, mulheres com câncer cervical morrem simplesmente porque os tratamentos usados em países de alta renda não estão disponíveis onde vivem. Em países onde o equipamento de radioterapia está quebrado, as mulheres esperam em vão, enquanto seus tumores crescem. Nenhuma mulher deveria ter de viajar para o exterior em busca de uma cura, ou morrer esperando, quando o equipamento para curá-la está instalado em seu próprio país. A pandemia de Covid-19 demonstrou o poder extraordinário das vacinas, testes e tratamentos para salvar vidas, mas também as desigualdades no acesso que resultam em mortes evitáveis. Como parte da ação do Dia Mundial de Ação pela Eliminação do Câncer Cervical, ontem, pedimos a todos os líderes, todos os setores e todas as comunidades que se juntem a nós para acabar com o câncer cervical de uma vez por todas. *Tedros Adhanom Ghebreyesus é diretor-geral da Organização Mundial da Saúde

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