Nomeações provocativas de Trump testam lealdade de Partido Republicano em futuro governo
Escolhas de Gaetz e Gabbard enviam mensagem a republicanos resistentes; nomes também deverão ser aprovados pelo Senado, onde o magnata deseja medir sua influência Donald Trump, eleito presidente dos EUA na semana passada, continua distribuindo cargos para seu segundo mandato. Mais do que parte do jogo democrático, todas as escolhas foram pensadas para enviar uma mensagem. Não foi diferente com os nomes de Matt Gaetz e Tulsi Gabbard, anunciados na quinta-feira como novo secretário de Justiça e diretora da Inteligência Nacional (DNI, na sigla em inglês), que supervisiona todas as 18 agências de inteligência do país. Apesar de coerentes com seu posicionamento, as nomeações mexeram com o establishment em Washington e serviram como aviso aos republicanos dentro do partido que ainda oferecem certa resistência ao magnata. Constituição veta: Trump flerta com reeleição após novo mandato em dia de retorno triunfal à capital dos EUA e à Casa Branca Análise: Pedido de Trump para tirar de Senado aprovação de alto escalão revela potencial mais radical de 2º mandato Também serão um teste para o Senado. Recebidas com euforia por aliados, as nomeações de Gabbard e Gaetz precisarão da confirmação da Casa, onde os republicanos têm uma vantagem estreita (52 a 48). Servirão também como teste da influência de Trump sobre o novo líder dos republicanos na Casa, John Thune, que derrotou a aposta do presidente eleito e do bilionário Elon Musk, Rick Scott. — "Vamos escolher algumas pessoas que causam gatilhos" — disse o ex-diretor de comunicações do primeiro mandato de Trump Anthony Scaramucci, parafraseando o presidente eleito, à CNN. — E essas são pessoas que causam gatilhos. Se aprovadas, os novos funcionários de seu Gabinete estarão incumbidos de expulsar aqueles que Trump vê como inimigo, observou uma análise da CNN. Sem bagagem Gabbard, escolhida por Trump como a nova diretora da DNI, representou o Havaí pelo Partido Democrata de 2013 a 2021 e ficou isolada ao se encontrar e defender o ditador sírio, Bashar al-Assad, em 2017. Deixou o partido em 2022. Apesar de não ter experiência em inteligência, a ex-democrata tem um histórico militar notável: é veterana de combate e ex-tenente-coronel da Reserva do Exército. Mas parece ter sido escolhida por compartilhar as crenças de Trump de que a comunidade de inteligência teria sido instrumentalizada contra ele, que deseja varrer os quadros desleais. Se for confirmada, supervisionará todas as 18 agências de inteligência do país. Fim do Departamento de Educação, agenda 'anti woke' e censura nas escolas: Veja os planos de Trump para o ensino nos EUA Gaetz por sua vez é investigado pela Comissão de Ética da Câmara desde 2021 sobre alegações de má conduta sexual e uso de droga ilícita, aceitação de presentes indevidos, distribuição de privilégios especiais, concessão de favores àqueles com quem tem um relacionamento pessoal, obstrução da Justiça, entre outros. Após anúncio de Trump na quarta, renunciou ao cargo e agora a comissão não tem mais jurisdição para apurar as alegações, que sempre negou, porque investiga apenas membros. Um funcionário republicano revelou à imprensa americana que a comissão se preparava para votar sobre a divulgação de um relatório altamente crítico sobre o deputado na sexta-feira. Com a renúncia e o fim da investigação, não ficou ainda imediatamente claro se o documento ainda será divulgado. Assim como Trump, Gaetz também foi investigado pelo Departamento de Justiça ao longo de dois anos pelo suposto relacionamento sexual com uma adolescente de 17 anos e uma possível violação das leis federais de tráfico sexual. Ele se vangloriou da situação, descrevendo-se como "o homem mais investigado do Congresso dos EUA". O departamento encerrou a investigação no ano passado sem apresentar nenhuma acusação. E, mesmo que seguisse adiante, restaria dúvidas quanto ao impacto entre os aliados de Trump, que é réu em quatro casos criminais e considerado culpado em um deles. Sua trajetória profissional não faz jus ao cargo, normalmente ocupado por pessoas com mais experiência. Gaetz é formado em Direito e trabalhou para um escritório de advocacia na Flórida antes de ser eleito. O secretário de Justiça indicado por Joe Biden, Merrick Garland, era juiz sênior do tribunal federal de apelação. Em seu primeiro governo (2017-2021), Trump indicou o senador Jeff Sessions e posteriormente William Barr, que tinha décadas de experiência em administrações presidenciais republicanas. Elon Musk, 'falcões', 'czar' da fronteira e mais: Quem Trump já anunciou para compor governo? — Poucas questões nos EUA são mais importantes do que acabar com a instrumentalização partidária do nosso sistema de Justiça — argumentou Trump durante o anúncio da escolha do deputado. O presidente eleito prometeu demitir o procurador especial Jack Smith, responsável pelos casos relacionados à invasão do Capitólio em dia 6 de janeiro de 2021, e à retirada e manuseio de documentos confidenciais por Trump em sua ma
Escolhas de Gaetz e Gabbard enviam mensagem a republicanos resistentes; nomes também deverão ser aprovados pelo Senado, onde o magnata deseja medir sua influência Donald Trump, eleito presidente dos EUA na semana passada, continua distribuindo cargos para seu segundo mandato. Mais do que parte do jogo democrático, todas as escolhas foram pensadas para enviar uma mensagem. Não foi diferente com os nomes de Matt Gaetz e Tulsi Gabbard, anunciados na quinta-feira como novo secretário de Justiça e diretora da Inteligência Nacional (DNI, na sigla em inglês), que supervisiona todas as 18 agências de inteligência do país. Apesar de coerentes com seu posicionamento, as nomeações mexeram com o establishment em Washington e serviram como aviso aos republicanos dentro do partido que ainda oferecem certa resistência ao magnata. Constituição veta: Trump flerta com reeleição após novo mandato em dia de retorno triunfal à capital dos EUA e à Casa Branca Análise: Pedido de Trump para tirar de Senado aprovação de alto escalão revela potencial mais radical de 2º mandato Também serão um teste para o Senado. Recebidas com euforia por aliados, as nomeações de Gabbard e Gaetz precisarão da confirmação da Casa, onde os republicanos têm uma vantagem estreita (52 a 48). Servirão também como teste da influência de Trump sobre o novo líder dos republicanos na Casa, John Thune, que derrotou a aposta do presidente eleito e do bilionário Elon Musk, Rick Scott. — "Vamos escolher algumas pessoas que causam gatilhos" — disse o ex-diretor de comunicações do primeiro mandato de Trump Anthony Scaramucci, parafraseando o presidente eleito, à CNN. — E essas são pessoas que causam gatilhos. Se aprovadas, os novos funcionários de seu Gabinete estarão incumbidos de expulsar aqueles que Trump vê como inimigo, observou uma análise da CNN. Sem bagagem Gabbard, escolhida por Trump como a nova diretora da DNI, representou o Havaí pelo Partido Democrata de 2013 a 2021 e ficou isolada ao se encontrar e defender o ditador sírio, Bashar al-Assad, em 2017. Deixou o partido em 2022. Apesar de não ter experiência em inteligência, a ex-democrata tem um histórico militar notável: é veterana de combate e ex-tenente-coronel da Reserva do Exército. Mas parece ter sido escolhida por compartilhar as crenças de Trump de que a comunidade de inteligência teria sido instrumentalizada contra ele, que deseja varrer os quadros desleais. Se for confirmada, supervisionará todas as 18 agências de inteligência do país. Fim do Departamento de Educação, agenda 'anti woke' e censura nas escolas: Veja os planos de Trump para o ensino nos EUA Gaetz por sua vez é investigado pela Comissão de Ética da Câmara desde 2021 sobre alegações de má conduta sexual e uso de droga ilícita, aceitação de presentes indevidos, distribuição de privilégios especiais, concessão de favores àqueles com quem tem um relacionamento pessoal, obstrução da Justiça, entre outros. Após anúncio de Trump na quarta, renunciou ao cargo e agora a comissão não tem mais jurisdição para apurar as alegações, que sempre negou, porque investiga apenas membros. Um funcionário republicano revelou à imprensa americana que a comissão se preparava para votar sobre a divulgação de um relatório altamente crítico sobre o deputado na sexta-feira. Com a renúncia e o fim da investigação, não ficou ainda imediatamente claro se o documento ainda será divulgado. Assim como Trump, Gaetz também foi investigado pelo Departamento de Justiça ao longo de dois anos pelo suposto relacionamento sexual com uma adolescente de 17 anos e uma possível violação das leis federais de tráfico sexual. Ele se vangloriou da situação, descrevendo-se como "o homem mais investigado do Congresso dos EUA". O departamento encerrou a investigação no ano passado sem apresentar nenhuma acusação. E, mesmo que seguisse adiante, restaria dúvidas quanto ao impacto entre os aliados de Trump, que é réu em quatro casos criminais e considerado culpado em um deles. Sua trajetória profissional não faz jus ao cargo, normalmente ocupado por pessoas com mais experiência. Gaetz é formado em Direito e trabalhou para um escritório de advocacia na Flórida antes de ser eleito. O secretário de Justiça indicado por Joe Biden, Merrick Garland, era juiz sênior do tribunal federal de apelação. Em seu primeiro governo (2017-2021), Trump indicou o senador Jeff Sessions e posteriormente William Barr, que tinha décadas de experiência em administrações presidenciais republicanas. Elon Musk, 'falcões', 'czar' da fronteira e mais: Quem Trump já anunciou para compor governo? — Poucas questões nos EUA são mais importantes do que acabar com a instrumentalização partidária do nosso sistema de Justiça — argumentou Trump durante o anúncio da escolha do deputado. O presidente eleito prometeu demitir o procurador especial Jack Smith, responsável pelos casos relacionados à invasão do Capitólio em dia 6 de janeiro de 2021, e à retirada e manuseio de documentos confidenciais por Trump em sua mansão em Mar-a-Lago após deixar a Casa Branca. Também prometeu uma represália aos desafetos, alegando por vezes que os processos se tratavam de uma "caça às bruxas". 'Desencadear um colapso' As polêmicas de Gaetz não se restringem aos embaraços com a Justiça. Foi ele o responsável por liderar os esforços pela destituição do então presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, no ano passado. A ação foi movida após o parlamentar atuar em uma negociação bipartidária que impediu que um "apagão" no governo de Biden, que ficaria sem verba para manter a atuação de serviços federais. Incentiva boicotes: O 'influencer' anti-diversidade que persegue empresas americanas e fez Ford, Toyota e Jack Daniel's mudarem suas políticas Também convidou um negacionista do Holocausto para o tradicional discurso do Estado da União, em 2018, e tentou expulsar de uma audiência no Congresso sobre violência armada dois pais que perderam os filhos em uma chacina, após os responsáveis terem se oposto a uma declaração do deputado sobre o controle de armas. O deputado foi um dos principais defensores dos esforços de Trump em sua tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020, que perdeu para Biden, e pediu o fim do FBI e de outras agências. O republicano coleciona desafetos, inclusive dentro do próprio partido, com alguns colegas manifestando alegria ao vê-lo deixar o Congresso. Outros, porém, teriam se surpreendido com a nomeação de Gaetz para o Departamento de Justiça durante uma reunião entre legisladores republicanos, segundo a agência Axios, enquanto um outro teria soltado um palavrão. O senador democrata da Pensilvânia, John Fetterman, descreveu a nomeação de Gaetz à rede CNN como uma "espécie de trollagem": — [Nomeação foi feita] Apenas para desencadear um colapso. (Com New York Times)
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