Neguinho da Beija-Flor anuncia último desfile na Sapucaí em 2025
Aos 75 anos, o intérprete o mais longevo da atualidade no carnaval carioca dará adeus à Avenida, mas continuará a carreira como cantor Será o fim de uma era. Aos 75 anos, o cantor e intérprete Neguinho da Beija-Flor anunciou que o seu último desfile na Sapucaí será em 2025. Em entrevista ao RJTV, o artista que há cinco décadas é a voz oficial da escola de samba de Nilópolis, na Baixada Fluminense, revelou a aposentadoria da Avenida. Atualmente, ele é o intérprete mais longevo do carnaval. Faça o quiz: passeios, curiosidades e 'climão': você sabe o que aconteceu no Rio no G20? Confira também: chefs pretos abrem espaço nas cozinhas cariocas, mas reconhecem que ainda há um longo caminho a percorrer No comando da Beija-Flor desde 1975 e a voz de todos os 14 campeonatos conquistados pela azul e branca, o baluarte se emocionou ao falar da decisão. Neguinho da Beija-Flor (à direita) na festa da vitória da escola em 1976. Ao lado dele, Arquivo O Globo "Depois do carnaval de 2025, que é uma homenagem ao mestre Laíla, eu encerro a minha carreira na Avenida Marquês de Sapucaí. A gente morre duas vezes, quando morre de verdade e quando para", disse ele em entrevista ao RJTV. Neguinho da Beija-flor, intérprete da azul e branco Domingos Peixoto O sambista relembrou ainda como foi a carreira e os momentos que marcaram a trajetória na Beija-Flor, como a vez que o samba dele ganhou o concurso e venceu o carnaval. "O tempo é inimigo da perfeição. O tempo é maravilhoso. Eu já cheguei a 75 anos, são 50 anos de convivência na escola que é minha família, esse momento é difícil", afirma Neguinho. O intérprete chorou ao anunciar a despedida. Sem conter as lágrimas, ele explicou que a partida é mais dolorosa por ter que se despedir da Beija-Flor de Nilópolis. O cantor, no entanto, não deixará os palcos. Após o anúncio, outros cantores e amigos estão prestando homenagens ao Neguinho nas redes sociais. Wander Pires, intérprete da Viradouro, fez uma postagem no Instagram afirmando que "a família Beija-Flor o ama": "Padrinho, amigo, irmão. Considero-me um sortudo, pois em meu início sempre abraçou a minha trajetória. Ser elogiado por você era de tamanha estranheza, meu maior ídolo e referência apoiando meus sonhos. Triste e reflexivo, porém muitíssimo emocionado, também penso que saber o momento certo de dizer adeus e aprender a começar um novo ciclo é uma das maiores virtudes do ser humano. Afinal, quem disse que sua voz não ecoará? Com você aprendemos a valorização do Intérprete, a importância do segmento, e sempre ser bom exemplo aos novos", escreveu o intérprete da Viradouro ao relembrar como Neguinho o acolheu quando ainda era um menino. Initial plugin text Em despedida aos fãs, Neguinho mostrou ao RJTV uma carta escrita por ele com o título "À minha amada Beija-Flor". Leia na íntegra: "O desfile de 2025 marcará minha despedida como intérprete de seus hinos na Passarela do Samba. No próximo Carnaval, escreverei, com a comunidade nilopolitana, o ponto final da trajetória cinquentenária, tempo de muita felicidade e alegria. Vamos atravessar a Passarela do Samba pela derradeira vez, eu com a minha voz e o orgulho de sempre, sustentando a força e a magia de nossa comunidade que brilha no altar dos bambas. Será mais um momento de nosso amor eterno. Lembro emocionado, querida escola, do início dessa história, quando cheguei jovenzinho para participar da disputa de samba, no inesquecível “Sonhar com rei dá leão”. Joãosinho Trinta, também recém-chegado, criara o enredo sobre o jogo do bicho e eu, então Neguinho da Vala, sonhava entrar para a ala de compositores. O saudoso carnavalesco permitiu que eu tentasse - e deu certo. Com o samba composto por mim, fomos campeões. De lá para cá, você ganhou 14 carnavais, e me concedeu o privilégio de estar presente em todos. Fomos tricampeões duas vezes, levamos o Cristo mendigo coberto pela censura, na imagem mais conhecida do Carnaval. E o mais importante: inserimos a Beija-Flor de Nilópolis na história da maior festa popular do Brasil. Em lugar de protagonista. Consolidou-se a Maravilhosa e Soberana, como está no nosso hino-exaltação, “Deusa da Passarela”, que tive a honra de compor. E virou seu merecido apelido no planeta Carnaval. Por você, venci o câncer, cantando na avenida ainda sob tratamento. Tenho fé que me curei graças a Deus e ao abençoado remédio do Carnaval. Nunca esquecerei como a comunidade me recebeu, na volta aos ensaios, em nossa quadra sagrada. O aplauso e a montanha de carinho estão para sempre tatuados na memória. Por isso e muito mais, jamais cogitei receber salário da Beija-Flor. Nunca assinei contrato nem me submeti a qualquer burocracia. Nossa relação é única e dispensa protocolos. Costumo repetir que se alguém deve algo, sou eu a você, minha escola. Tenho muito orgulho de carregá-la em meu nome oficial, o da carteira de identidade: Luiz Antonio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes. Guardo como um tesouro a primeira carteira de integrante da ala de compositores.
Aos 75 anos, o intérprete o mais longevo da atualidade no carnaval carioca dará adeus à Avenida, mas continuará a carreira como cantor Será o fim de uma era. Aos 75 anos, o cantor e intérprete Neguinho da Beija-Flor anunciou que o seu último desfile na Sapucaí será em 2025. Em entrevista ao RJTV, o artista que há cinco décadas é a voz oficial da escola de samba de Nilópolis, na Baixada Fluminense, revelou a aposentadoria da Avenida. Atualmente, ele é o intérprete mais longevo do carnaval. Faça o quiz: passeios, curiosidades e 'climão': você sabe o que aconteceu no Rio no G20? Confira também: chefs pretos abrem espaço nas cozinhas cariocas, mas reconhecem que ainda há um longo caminho a percorrer No comando da Beija-Flor desde 1975 e a voz de todos os 14 campeonatos conquistados pela azul e branca, o baluarte se emocionou ao falar da decisão. Neguinho da Beija-Flor (à direita) na festa da vitória da escola em 1976. Ao lado dele, Arquivo O Globo "Depois do carnaval de 2025, que é uma homenagem ao mestre Laíla, eu encerro a minha carreira na Avenida Marquês de Sapucaí. A gente morre duas vezes, quando morre de verdade e quando para", disse ele em entrevista ao RJTV. Neguinho da Beija-flor, intérprete da azul e branco Domingos Peixoto O sambista relembrou ainda como foi a carreira e os momentos que marcaram a trajetória na Beija-Flor, como a vez que o samba dele ganhou o concurso e venceu o carnaval. "O tempo é inimigo da perfeição. O tempo é maravilhoso. Eu já cheguei a 75 anos, são 50 anos de convivência na escola que é minha família, esse momento é difícil", afirma Neguinho. O intérprete chorou ao anunciar a despedida. Sem conter as lágrimas, ele explicou que a partida é mais dolorosa por ter que se despedir da Beija-Flor de Nilópolis. O cantor, no entanto, não deixará os palcos. Após o anúncio, outros cantores e amigos estão prestando homenagens ao Neguinho nas redes sociais. Wander Pires, intérprete da Viradouro, fez uma postagem no Instagram afirmando que "a família Beija-Flor o ama": "Padrinho, amigo, irmão. Considero-me um sortudo, pois em meu início sempre abraçou a minha trajetória. Ser elogiado por você era de tamanha estranheza, meu maior ídolo e referência apoiando meus sonhos. Triste e reflexivo, porém muitíssimo emocionado, também penso que saber o momento certo de dizer adeus e aprender a começar um novo ciclo é uma das maiores virtudes do ser humano. Afinal, quem disse que sua voz não ecoará? Com você aprendemos a valorização do Intérprete, a importância do segmento, e sempre ser bom exemplo aos novos", escreveu o intérprete da Viradouro ao relembrar como Neguinho o acolheu quando ainda era um menino. Initial plugin text Em despedida aos fãs, Neguinho mostrou ao RJTV uma carta escrita por ele com o título "À minha amada Beija-Flor". Leia na íntegra: "O desfile de 2025 marcará minha despedida como intérprete de seus hinos na Passarela do Samba. No próximo Carnaval, escreverei, com a comunidade nilopolitana, o ponto final da trajetória cinquentenária, tempo de muita felicidade e alegria. Vamos atravessar a Passarela do Samba pela derradeira vez, eu com a minha voz e o orgulho de sempre, sustentando a força e a magia de nossa comunidade que brilha no altar dos bambas. Será mais um momento de nosso amor eterno. Lembro emocionado, querida escola, do início dessa história, quando cheguei jovenzinho para participar da disputa de samba, no inesquecível “Sonhar com rei dá leão”. Joãosinho Trinta, também recém-chegado, criara o enredo sobre o jogo do bicho e eu, então Neguinho da Vala, sonhava entrar para a ala de compositores. O saudoso carnavalesco permitiu que eu tentasse - e deu certo. Com o samba composto por mim, fomos campeões. De lá para cá, você ganhou 14 carnavais, e me concedeu o privilégio de estar presente em todos. Fomos tricampeões duas vezes, levamos o Cristo mendigo coberto pela censura, na imagem mais conhecida do Carnaval. E o mais importante: inserimos a Beija-Flor de Nilópolis na história da maior festa popular do Brasil. Em lugar de protagonista. Consolidou-se a Maravilhosa e Soberana, como está no nosso hino-exaltação, “Deusa da Passarela”, que tive a honra de compor. E virou seu merecido apelido no planeta Carnaval. Por você, venci o câncer, cantando na avenida ainda sob tratamento. Tenho fé que me curei graças a Deus e ao abençoado remédio do Carnaval. Nunca esquecerei como a comunidade me recebeu, na volta aos ensaios, em nossa quadra sagrada. O aplauso e a montanha de carinho estão para sempre tatuados na memória. Por isso e muito mais, jamais cogitei receber salário da Beija-Flor. Nunca assinei contrato nem me submeti a qualquer burocracia. Nossa relação é única e dispensa protocolos. Costumo repetir que se alguém deve algo, sou eu a você, minha escola. Tenho muito orgulho de carregá-la em meu nome oficial, o da carteira de identidade: Luiz Antonio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes. Guardo como um tesouro a primeira carteira de integrante da ala de compositores. Está lá a data, 11 de junho de 1975, do começo de tudo. Dos companheiros originais, ainda estão aqui o patrono Anísio Abrahão David e a querida Pinah. Começamos juntos a aventura de conduzir uma pequenina escola da Baixada Fluminense ao panteão das gigantes de nossa cultura popular. E chegamos lá, com a participação de muitos outros sambistas que vieram depois e seguirão rumo ao futuro. Chegou a minha hora. Em 2025, cantarei a exaltação de meu parceiro Laíla – a quem conheci ainda antes do primeiro Carnaval, na lendária roda de samba do Bola Preta –, como epílogo dessa odisseia que durou meio século de folia e felicidade. Superou muito meus melhores sonhos. E continuarei lhe amando. Você pode contar comigo por toda a eternidade. Obrigado por tudo, minha escola, minha vida, meu amor. Olha a Beija-Flor aí, gente!".
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