Morte de líder do Hezbollah é sério golpe contra o Irã, que pode não ter outra opção a não ser reagir, afirmam analistas

O Hezbollah é o aliado militar mais importante de Teerã em sua 'guerra por procuração', na qual patrocina grupos que funcionam como linha de frente em sua disputa com Israel A morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque aéreo neste sábado, enfraqueceu drasticamente um dos principais meios de enfrentamento do Irã contra seu arqui-inimigo, Israel. O Irã procura fazer com que as milícias que apoia na região — incluindo o Hezbollah no Líbano, o Hamas em Gaza e as forças na Síria, no Iêmen e no Iraque, que integram o chamado "Eixo da Resistência" — sirvam como linha de frente em sua longa guerra contra Israel. Porém, se seu recurso militar mais importante, o Hezbollah, tiver sido de fato dizimado, talvez o país não tenha outra opção a não ser reagir, afirmaram especialistas ao New York Times neste sábado. Perfil: Quem é Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto em ataque de Israel em Beirute Análise: Morte de líder do Hezbollah escancara fracasso de cálculo do grupo de lançar ataques sem expandir conflito com Israel A reação de Teerã terá impacto significativo na próxima etapa de um conflito crescente e que agora ameaça de fato engolfar a região. — As possíveis respostas do Irã variam de feias a desagradáveis — observou Ali Vaez, diretor do Projeto Irã do International Crisis Group, uma organização de prevenção de conflitos. Julien Barnes-Dacey, diretor do programa para o Oriente Médio e Norte da África do Conselho Europeu de Relações Exteriores, afirmou que o assassinato de Nasrallah por Israel aumenta significativamente o risco de uma perigosa conflagração regional no Oriente Médio. — É realmente uma questão saber se o Hezbollah tem a capacidade de lançar ataques com mísseis de grande alcance contra Israel neste momento — disse Barnes-Dacey, observando que, se não for o caso, "isso pode levar o Irã a ir atrás de armas nucleares, já que eles considerariam essa a única forma eficaz de enfren sr Israel ainda possível". Guga Chacra: Impacto de morte de Nasrallah é maior do que a de Saddam e Bin Laden A morte de Nasrallah é uma perda significativa para o Irã. Além de ser um líder carismático que inspirou gerações no sentimento anti-Israel, ele também era muito próximo do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. Nasrallah também era o principal elo de Khamenei com o mundo árabe. Galerias Relacionadas Khamenei publicou uma declaração de condolências depois que o Hezbollah confirmou a morte de seu líder, conclamando todos os muçulmanos a se levantarem contra Israel com todas as suas forças e a apoiarem o Hezbollah e o Líbano. "Todas as forças da resistência estão apoiando o Hezbollah", disse Khameni. "E o destino desta região será determinado pela resistência, com o Hezbollah no topo." Pontapé que faltava? Não é a primeira vez que Israel elimina liderança central do Hezbollah. Em 1992, as forças israelenses mataram o antecessor de Nasrallah, Abbas al-Musawi. — Israel assassinou vários líderes do Hamas nas últimas décadas e, em todas as ocasiões, esses grupos retornaram mais fortes, mais radicais e representando uma ameaça ainda maior para os israelenses — ponderou Barnes-Dacey. A morte de Nasrallah foi o ápice de uma frande investida iniciada com um ataque de Israel a uma instalação de armas sírias fornecedora do Hezbollah, seguido por uma sofisticada operação de sabotagem nos pagers e walkie-talkies do grupo que matou ou incapacitou vários de seus comandantes e prejudicou a capacidade de comunicação entre líderes e soldados do movimento. Veja lista: Israel já matou ao menos 10 líderes de Hezbollah e Hamas desde o início da guerra Os ataques aéreos subsequentes eliminaram ainda mais comandantes do Hezbollah. Mas, além de duras críticas em discursos e declarações, o Irã permaneceu à margem do conflito. O assassinato de Nasrallah pode ser o golpe que finalmente forçará o Irã a reagir. Ainda não está claro o grau de dano que os ataques israelenses causaram ao arsenal substancial de armas do Hezbollah, mas, se o movimento tiver sido significativamente incapacitado, o Irã pode não ter muitas opções para retaliação. Sem se envolver O Irã certamente tem a capacidade de atacar Israel, como provou em abril, quando lançou drones e mísseis em direção ao país. Mas Israel também poderia causar um revés muito grande para o Irã, tanto militar quanto economicamente, e isso é algo que Teerã deseja evitar, disse Vaez. — Eles sabem que qualquer ataque do Irã permitiria que Israel expandisse ainda mais a guerra e arrastasse Teerã para um confronto militar direto com os Estados Unidos — acrescentou. Encruzilhada perigosa: Como Irã tenta manter o apoio ao Hezbollah no Líbano e evitar uma guerra com Israel Vaez pontuou também que, se o Hezbollah ainda tiver recursos que possam ser utilizados contra Israel, essa é provavelmente a resposta imediata mais provável, pois "o Irã quer ficar fora da frente de batalha o máximo que puder". O Irã é, frisa Paul Salem, vice-presidente para Engajamento Internacional do M

Sep 29, 2024 - 02:38
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Morte de líder do Hezbollah é sério golpe contra o Irã, que pode não ter outra opção a não ser reagir, afirmam analistas

O Hezbollah é o aliado militar mais importante de Teerã em sua 'guerra por procuração', na qual patrocina grupos que funcionam como linha de frente em sua disputa com Israel A morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque aéreo neste sábado, enfraqueceu drasticamente um dos principais meios de enfrentamento do Irã contra seu arqui-inimigo, Israel. O Irã procura fazer com que as milícias que apoia na região — incluindo o Hezbollah no Líbano, o Hamas em Gaza e as forças na Síria, no Iêmen e no Iraque, que integram o chamado "Eixo da Resistência" — sirvam como linha de frente em sua longa guerra contra Israel. Porém, se seu recurso militar mais importante, o Hezbollah, tiver sido de fato dizimado, talvez o país não tenha outra opção a não ser reagir, afirmaram especialistas ao New York Times neste sábado. Perfil: Quem é Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto em ataque de Israel em Beirute Análise: Morte de líder do Hezbollah escancara fracasso de cálculo do grupo de lançar ataques sem expandir conflito com Israel A reação de Teerã terá impacto significativo na próxima etapa de um conflito crescente e que agora ameaça de fato engolfar a região. — As possíveis respostas do Irã variam de feias a desagradáveis — observou Ali Vaez, diretor do Projeto Irã do International Crisis Group, uma organização de prevenção de conflitos. Julien Barnes-Dacey, diretor do programa para o Oriente Médio e Norte da África do Conselho Europeu de Relações Exteriores, afirmou que o assassinato de Nasrallah por Israel aumenta significativamente o risco de uma perigosa conflagração regional no Oriente Médio. — É realmente uma questão saber se o Hezbollah tem a capacidade de lançar ataques com mísseis de grande alcance contra Israel neste momento — disse Barnes-Dacey, observando que, se não for o caso, "isso pode levar o Irã a ir atrás de armas nucleares, já que eles considerariam essa a única forma eficaz de enfren sr Israel ainda possível". Guga Chacra: Impacto de morte de Nasrallah é maior do que a de Saddam e Bin Laden A morte de Nasrallah é uma perda significativa para o Irã. Além de ser um líder carismático que inspirou gerações no sentimento anti-Israel, ele também era muito próximo do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. Nasrallah também era o principal elo de Khamenei com o mundo árabe. Galerias Relacionadas Khamenei publicou uma declaração de condolências depois que o Hezbollah confirmou a morte de seu líder, conclamando todos os muçulmanos a se levantarem contra Israel com todas as suas forças e a apoiarem o Hezbollah e o Líbano. "Todas as forças da resistência estão apoiando o Hezbollah", disse Khameni. "E o destino desta região será determinado pela resistência, com o Hezbollah no topo." Pontapé que faltava? Não é a primeira vez que Israel elimina liderança central do Hezbollah. Em 1992, as forças israelenses mataram o antecessor de Nasrallah, Abbas al-Musawi. — Israel assassinou vários líderes do Hamas nas últimas décadas e, em todas as ocasiões, esses grupos retornaram mais fortes, mais radicais e representando uma ameaça ainda maior para os israelenses — ponderou Barnes-Dacey. A morte de Nasrallah foi o ápice de uma frande investida iniciada com um ataque de Israel a uma instalação de armas sírias fornecedora do Hezbollah, seguido por uma sofisticada operação de sabotagem nos pagers e walkie-talkies do grupo que matou ou incapacitou vários de seus comandantes e prejudicou a capacidade de comunicação entre líderes e soldados do movimento. Veja lista: Israel já matou ao menos 10 líderes de Hezbollah e Hamas desde o início da guerra Os ataques aéreos subsequentes eliminaram ainda mais comandantes do Hezbollah. Mas, além de duras críticas em discursos e declarações, o Irã permaneceu à margem do conflito. O assassinato de Nasrallah pode ser o golpe que finalmente forçará o Irã a reagir. Ainda não está claro o grau de dano que os ataques israelenses causaram ao arsenal substancial de armas do Hezbollah, mas, se o movimento tiver sido significativamente incapacitado, o Irã pode não ter muitas opções para retaliação. Sem se envolver O Irã certamente tem a capacidade de atacar Israel, como provou em abril, quando lançou drones e mísseis em direção ao país. Mas Israel também poderia causar um revés muito grande para o Irã, tanto militar quanto economicamente, e isso é algo que Teerã deseja evitar, disse Vaez. — Eles sabem que qualquer ataque do Irã permitiria que Israel expandisse ainda mais a guerra e arrastasse Teerã para um confronto militar direto com os Estados Unidos — acrescentou. Encruzilhada perigosa: Como Irã tenta manter o apoio ao Hezbollah no Líbano e evitar uma guerra com Israel Vaez pontuou também que, se o Hezbollah ainda tiver recursos que possam ser utilizados contra Israel, essa é provavelmente a resposta imediata mais provável, pois "o Irã quer ficar fora da frente de batalha o máximo que puder". O Irã é, frisa Paul Salem, vice-presidente para Engajamento Internacional do Middle East Institute, de Washington, "bom em jogar um jogo longo". Em vez de reagir com uma ofensiva imediata contra Israel, Teerã poderia recuar, ajudar discretamente o Hezbollah a reparar os danos causados aos depósitos de armas e à liderança do grupo aliado, e ajudá-los a reconstruir o que restou. Ao contrário do Hamas, o Hezbollah não está cercado por Israel. O grupo tem acesso a suprimentos de armas de aliados iranianos na Síria e no Iraque por meio da fronteira libanesa relativamente porosa, destaca o especialista. — O Hezbollah, com o tempo, encontrará novos líderes — destacou Salem, acrescentando: — Esses líderes podem ser treinados e armados e receber um novo conjunto de táticas e estratégias. Eles sofreram uma perda tremenda. Mas esse não é o fim do Hezbollah.

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