Montagem de equipe de Trump confirma tendência para políticas migratórias radicais em segundo mandato
Tom Homan, ex-chefe da agência migratória, será o novo 'czar das fronteiras', e Stephen Miller, que será vice-chefe de Gabinete, afirmou que deportações começam no 'dia um' A indicação de Tom Homan como o “czar das fronteiras” do segundo governo de Donald Trump, além da iminente nomeação de Stephen Miller para vice-chefe de Gabinete, confirmaram que o republicano, conforme prometeu ao longo de sua campanha, tornará a imigração uma pauta central de seu segundo mandato. Os dois foram responsáveis por elaborar, no primeiro governo Trump, algumas das políticas migratórias mais radicais dos EUA, como a que separou menores de idade de seus pais, e ambos sinalizam que medidas similares podem estar a caminho. Incerteza no G20: Com vitória de Trump nos EUA, governo Lula teme mudança de posição em temas-chave Crônica de uma revanche: Trump capitalizou insatisfação com os democratas e virou o jogo Ex-policial e agente de fronteira, Tom Homan foi um servidor de carreira dentro do governo, e trabalhou com seis presidentes ao longo de três décadas. Durante o governo do democrata Barack Obama, atuou como um dos diretores da Agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, em inglês), e foi o responsável por um número recorde de deportações. Com Trump, a quem diz admirar, foi o diretor interino da agência entre 2017 e 2018, quando adotou uma política de tolerância zero com imigrantes que entrassem nos EUA de maneira irregular, especialmente na fronteira com o México. Neste período, vigorou uma das mais controversas medidas do primeiro governo do republicano: a separação de pais e filhos menores de idade. Segundo estimativas, cerca de 5,5 mil menores de idade foram separados de seus responsáveis legais e mandados para instalações precárias. Galerias Relacionadas As separações foram alvo de duras críticas, incluindo de aliados, e Trump as pausou em 2018. Em 2021, o presidente Joe Biden a rescindiu em definitivo, mas dados do Departamento de Segurança Interna apontam que, até abril, ainda havia 1.401 menores cujas reuniões com os pais não foram confirmadas. Trump não disse se pensa em retomar a política de tolerância zero e separação de pais e filhos em seu segundo mandato. Stephen Miller Michael M. Santiago/Getty Images/AFP De acordo com a rede CNN, outro arquiteto da política de "tolerância zero", Stephen Miller, será indicado por Trump para o posto de vice-chefe de Gabinete, um cargo que deve lhe dar voz e poder de ação nas questões migratórias. Em entrevistas recentes, ele sugeriu que seriam construídos "campos em terrenos abertos" para abrigar pessoas que estejam perto de serem expulsas dos EUA, disse que a meta seria deportar até um milhão de pessoas por ano, e que as deportações começarão "no primeiro dia" do mandato de Trump. — Então você pega os imigrantes ilegais e então os move para os locais de detenção e é lá que os aviões estão esperando os agentes federais para então mover esses ilegais para casa. Você empregará a Guarda Nacional para executar a fiscalização da imigração — disse Miller, durante um discurso recente. Críticas às cidades-santuário Ao contrário de 2018, quando Tom Homan teve sua efetivação para comandar em definitivo a ICE negada pelo Senado, o cargo de “czar de fronteiras” não precisa do aval do Legislativo. E embora ainda haja dúvidas sobre como funcionará na prática o posto, ele deu algumas pistas sobre como trabalhará em uma entrevista à Fox News nesta segunda-feira. Segundo ele, haverá uma ação “operação bem direcionada e planejada, conduzida pelos homens da ICE", também descartando, neste momento, o emprego de militares, ao contrário do que indicou Miller. — Quando formos lá, saberemos quem estamos procurando, provavelmente saberemos onde eles estarão e isso será feito de maneira humana — disse Homan, antecipando ainda os locais que devem ser os primeiros alvos das ações. — As operações em locais de trabalho precisam acontecer. Onde encontramos a maioria das vítimas de tráfico sexual e tráfico de trabalho forçado? Nos locais de trabalho. Imigrantes passam por arame farpado para cruzar fronteira México-EUA JOHN MOORE/AFP Homan criticou as chamadas “cidades-santuário”, onde as autoridades locais limitam ou negam a cooperação com órgãos federais para a aplicação de leis migratórias. Ao mesmo tempo em que espera que essas cidades ajudem a ICE, também disse que o Departamento de Justiça poderá atuar para viabilizar operações nestes locais. — Cidades-santuário são santuários para criminosos — afirmou. Na entrevista, Homan, que é um convidado recorrente da Fox News, disse que não pensou duas vezes antes de aceitar o convite de Trump, e repetiu alguns argumentos usados pelo próprio republicano durante a campanha. — Estou nesta rede há anos reclamando sobre o que esta administração fez com esta fronteira. Tenho gritado e berrado sobre isso e o que eles precisam fazer para consertar. Então, quando o presidente me perguntou: "Você voltaria e consertaria?" Claro. Eu seria um hipócrita se nã
Tom Homan, ex-chefe da agência migratória, será o novo 'czar das fronteiras', e Stephen Miller, que será vice-chefe de Gabinete, afirmou que deportações começam no 'dia um' A indicação de Tom Homan como o “czar das fronteiras” do segundo governo de Donald Trump, além da iminente nomeação de Stephen Miller para vice-chefe de Gabinete, confirmaram que o republicano, conforme prometeu ao longo de sua campanha, tornará a imigração uma pauta central de seu segundo mandato. Os dois foram responsáveis por elaborar, no primeiro governo Trump, algumas das políticas migratórias mais radicais dos EUA, como a que separou menores de idade de seus pais, e ambos sinalizam que medidas similares podem estar a caminho. Incerteza no G20: Com vitória de Trump nos EUA, governo Lula teme mudança de posição em temas-chave Crônica de uma revanche: Trump capitalizou insatisfação com os democratas e virou o jogo Ex-policial e agente de fronteira, Tom Homan foi um servidor de carreira dentro do governo, e trabalhou com seis presidentes ao longo de três décadas. Durante o governo do democrata Barack Obama, atuou como um dos diretores da Agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, em inglês), e foi o responsável por um número recorde de deportações. Com Trump, a quem diz admirar, foi o diretor interino da agência entre 2017 e 2018, quando adotou uma política de tolerância zero com imigrantes que entrassem nos EUA de maneira irregular, especialmente na fronteira com o México. Neste período, vigorou uma das mais controversas medidas do primeiro governo do republicano: a separação de pais e filhos menores de idade. Segundo estimativas, cerca de 5,5 mil menores de idade foram separados de seus responsáveis legais e mandados para instalações precárias. Galerias Relacionadas As separações foram alvo de duras críticas, incluindo de aliados, e Trump as pausou em 2018. Em 2021, o presidente Joe Biden a rescindiu em definitivo, mas dados do Departamento de Segurança Interna apontam que, até abril, ainda havia 1.401 menores cujas reuniões com os pais não foram confirmadas. Trump não disse se pensa em retomar a política de tolerância zero e separação de pais e filhos em seu segundo mandato. Stephen Miller Michael M. Santiago/Getty Images/AFP De acordo com a rede CNN, outro arquiteto da política de "tolerância zero", Stephen Miller, será indicado por Trump para o posto de vice-chefe de Gabinete, um cargo que deve lhe dar voz e poder de ação nas questões migratórias. Em entrevistas recentes, ele sugeriu que seriam construídos "campos em terrenos abertos" para abrigar pessoas que estejam perto de serem expulsas dos EUA, disse que a meta seria deportar até um milhão de pessoas por ano, e que as deportações começarão "no primeiro dia" do mandato de Trump. — Então você pega os imigrantes ilegais e então os move para os locais de detenção e é lá que os aviões estão esperando os agentes federais para então mover esses ilegais para casa. Você empregará a Guarda Nacional para executar a fiscalização da imigração — disse Miller, durante um discurso recente. Críticas às cidades-santuário Ao contrário de 2018, quando Tom Homan teve sua efetivação para comandar em definitivo a ICE negada pelo Senado, o cargo de “czar de fronteiras” não precisa do aval do Legislativo. E embora ainda haja dúvidas sobre como funcionará na prática o posto, ele deu algumas pistas sobre como trabalhará em uma entrevista à Fox News nesta segunda-feira. Segundo ele, haverá uma ação “operação bem direcionada e planejada, conduzida pelos homens da ICE", também descartando, neste momento, o emprego de militares, ao contrário do que indicou Miller. — Quando formos lá, saberemos quem estamos procurando, provavelmente saberemos onde eles estarão e isso será feito de maneira humana — disse Homan, antecipando ainda os locais que devem ser os primeiros alvos das ações. — As operações em locais de trabalho precisam acontecer. Onde encontramos a maioria das vítimas de tráfico sexual e tráfico de trabalho forçado? Nos locais de trabalho. Imigrantes passam por arame farpado para cruzar fronteira México-EUA JOHN MOORE/AFP Homan criticou as chamadas “cidades-santuário”, onde as autoridades locais limitam ou negam a cooperação com órgãos federais para a aplicação de leis migratórias. Ao mesmo tempo em que espera que essas cidades ajudem a ICE, também disse que o Departamento de Justiça poderá atuar para viabilizar operações nestes locais. — Cidades-santuário são santuários para criminosos — afirmou. Na entrevista, Homan, que é um convidado recorrente da Fox News, disse que não pensou duas vezes antes de aceitar o convite de Trump, e repetiu alguns argumentos usados pelo próprio republicano durante a campanha. — Estou nesta rede há anos reclamando sobre o que esta administração fez com esta fronteira. Tenho gritado e berrado sobre isso e o que eles precisam fazer para consertar. Então, quando o presidente me perguntou: "Você voltaria e consertaria?" Claro. Eu seria um hipócrita se não o fizesse — afirmou. — Acho que o chamado é claro: tenho que voltar e ajudar porque todas as manhãs... Estou chateado com o que esta administração [Biden] fez com a fronteira mais segura da minha vida, então vou voltar e fazer o que puder para consertá-la. Pessoas segurando cartazes pedindo "deportação em massa" de imigrantes, durante Convenção Nacional Republicana Alex Wong/Getty Images/AFP No final de outubro, em uma entrevista à CBS, ele havia dado detalhes sobre uma outra promessa de Trump: a deportação em massa de milhões de imigrantes em situação irregular. Segundo ele, “famílias poderão ser deportadas juntas”, mas disse que tudo será feito “da forma mais humana possível”. — Não será uma varredura em massa de bairros. Não será a construção de campos de concentração. Eu li tudo. É ridículo — disse Homan à CBS. Meses antes, em discurso na Convenção Nacional Republicana, o tom não foi tão ameno. — Eu tenho uma mensagem para os milhões de estrangeiros ilegais que Joe Biden liberou em nosso país em violação à lei federal: é melhor vocês começarem a fazer as malas agora — afirmou. O que Homan não explicou de maneira mais detalhada foi sua ligação com o chamado Projeto 2025, um plano de governo pautado por ideias conservadoras, incluindo medidas de restrição ao aborto e ao acesso a métodos contraceptivos, do qual Trump tentou se afastar, ao menos publicamente. Homan, segundo a CNN, contribuiu para um capítulo do “guia” de reformas e propostas para um “novo presidente conservador” — segundo a rede americana, ele foi um dos 140 ex-integrantes do governo Trump envolvidos com o texto de 900 páginas. Em julho, Trump disse “não ter ideia” de quem está por trás do Projeto 2025. Novos (velhos) nomes Desde a sua vitória, na semana passada, Trump tem anunciado a conta-gotas alguns dos nomes de seu futuro governo. Na sexta-feira, ele confirmou que Susie Wiles, principal arquiteta de sua campanha, seria a chefe de Gabinete. Primeira mulher a ocupar o posto, ela é conhecida justamente por seu trabalho nos bastidores, e também por lidar de forma ordenada ao estilo caótico de governar do republicano. Além do lado político, Wiles ajudou Trump a lidar com os advogados encarregados de defendê-lo nos quatro processos criminais contra ele, e que parecem cada vez mais fadados ao arquivamento. No domingo, além do anúncio de Tom Homan, Trump também confirmou Elise Stefanik como a nova embaixadora dos EUA na ONU. Outrora crítica do republicano, a quem atacou duramente na campanha à Presidência em 2016, Stefanik se converteu ao trumpismo nos últimos anos, e passou para a linha de frente na defesa do agora presidente eleito. A escolha de Stefanik confirma que a relação da Casa Branca com a ONU deve ser de atrito pelos próximos quatro anos: recentemente, ela afirmou que Washington deveria reconsiderar suas contribuições financeiras à organização caso alguns países sigam apresentando resoluções contra Israel, chamadas por ela de “antissemitas”.
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