Meninos envenenados: criança que estava com as vítimas tem medo de suspeito do crime; conheça detalhes do caso
Três depoimentos prestados à Delegacia de Homicídios da Capital foram fundamentais para elucidar os assassinatos, derrubando a versão de acusado, ex-namorado da mãe de um dos menores Eram 19h59 de 30 de setembro, uma segunda-feira, quando Benjamin Ribeiro Rodrigues, de sete anos, chegou em estado grave e semi-inconsciente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Del Castilho. Apresentando abdômen dilatado, salivação excessiva e crises de convulsão, ele foi atendido com urgência pela equipe médica. Durante o procedimento, uma sonda foi inserida no menino, provocando a saída de um líquido vermelho-escuro. Trinta minutos depois, seu melhor amigo, Ythallo Raphael Tobias Rosa, de seis anos, também deu entrada na emergência. Vestindo roupas sujas de vômito roxo, Ythallo sofreu uma parada cardiorrespiratória e, apesar das tentativas de reanimação, não resistiu. Meninos envenenados: ex-padrasto suspeito do crime se entrega à polícia Chumbinho no estômago: Polícia identifica grãos amarronzados em resíduo gástrico de menino que morreu por suspeita de envenenamento Enquanto a médica retornava do atendimento de Ythallo, uma enfermeira chamou sua atenção para o que saía da sonda de Benjamin: uma quantidade de "substância enegrecida em grãos". Suspeitou-se de envenenamento por chumbinho devido à aparência do material, que foi fotografado por um dos socorristas. Benjamin chegou a sofrer uma parada cardiorrespiratória, revertida pelos médicos, mas foi transferido ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon. No dia 9 de outubro, sua morte cerebral foi confirmada. Os laudos de necropsia indicaram que a causa das mortes foi o envenenamento por terbufós, um praguicida altamente tóxico conhecido como variante do chumbinho. Benjamim Rodrigues Ribeiro e Ythallo Raphael, de 7 e 6 anos, vítimas de envenenamento Reprodução Benjamin chegou à UPA acompanhado da mãe e de seu ex-namorado, Rafael da Rocha Furtado, que os levou de moto. Já Ythallo foi levado por sua mãe e padrasto, após um atraso para conseguir transporte da comunidade da Primavera, em Cavalcanti, na Zona Norte do Rio. A princípio, a polícia suspeitou que Ythallo pudesse ter sido o alvo de vingança contra sua família. Inicialmente, havia também a informação de que Benjamin e Ythallo não se encontraram naquele dia. Caso Marielle: Élcio de Queiroz pede à Justiça para cumprir pena pelo duplo homicídio em presídio no Rio No entanto, no dia seguinte à morte de Ythallo, surgiu o depoimento de uma terceira criança, de 12 anos, que afirmou ter estado com os dois amigos. Segundo ele, uma mulher em uma moto teria oferecido bombons às crianças na favela, mas ele recusou, enquanto os outros aceitaram. Essa versão levou a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) a revisar as investigações iniciadas pela 44ª DP (Inhaúma). Após analisar imagens de câmeras de segurança do bairro, os policiais não encontraram registros da suposta mulher. Descartada essa hipótese, os investigadores se concentraram em reconstituir o dia 30 de setembro, entrevistando dezenas de testemunhas. Rafael Rocha (camisa escura) ao ser abordado por um policial na Porta do hospital Miguel Couto, onde Benjamim estava internado, no dia 01/10/2024 Gabriel de Paiva/Agência o Globo Os depoimentos da equipe da UPA de Del Castilho foram fundamentais para confirmar que Benjamin e Ythallo apresentaram os mesmos sintomas, indicando que foram envenenados juntos. Essa informação contradisse a versão de Rafael Furtado, que negava qualquer encontro entre os dois meninos. Segundo ele, Benjamin foi deixado na Escola Municipal Rostham Pedro de Farias por volta das 13h15, acompanhado pela mãe. Mais tarde, Furtado teria buscado o menino às 17h15 e, durante o trajeto, Benjamin reclamou de sede e dor abdominal. Ainda segundo Furtado, ele teria comprado refrigerante para o menino, mas negou ter adquirido açaí, bebida que mais tarde seria apontada como veículo do veneno. Trama intrincada: Escolha de Fábio Galvão como superintendente da PF do Rio desagrada policiais já investigados por ele Apesar das alegações de Furtado, a terceira criança confirmou que Benjamin e Ythallo se encontraram e que Benjamin compartilhou com o amigo açaí que estava bebendo. Outras testemunhas reforçaram as contradições na versão de Furtado. O avô de Benjamin relatou ter visto o neto tomando açaí na garupa da moto do motoboy, embora Furtado negasse ter comprado a bebida. Já o pai de Benjamin destacou que o menino tinha o hábito de recusar alimentos ou bebidas de pessoas estranhas, corroborando a hipótese de que o envenenamento ocorreu por meio de algo oferecido por alguém em quem ele confiava. Caso Marielle: um dos jurados sorteados pediu para não participar do julgamento de Lessa por medo A DHC concluiu que Rafael Furtado envenenou Benjamin com o objetivo de manter um vínculo com a mãe do menino. Segundo o delegado Marcus Drucker, Furtado pode ter agido motivado pela última negativa de reconciliação com a ex-companheira. Embora Benjamin fosse o alvo princi
Três depoimentos prestados à Delegacia de Homicídios da Capital foram fundamentais para elucidar os assassinatos, derrubando a versão de acusado, ex-namorado da mãe de um dos menores Eram 19h59 de 30 de setembro, uma segunda-feira, quando Benjamin Ribeiro Rodrigues, de sete anos, chegou em estado grave e semi-inconsciente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Del Castilho. Apresentando abdômen dilatado, salivação excessiva e crises de convulsão, ele foi atendido com urgência pela equipe médica. Durante o procedimento, uma sonda foi inserida no menino, provocando a saída de um líquido vermelho-escuro. Trinta minutos depois, seu melhor amigo, Ythallo Raphael Tobias Rosa, de seis anos, também deu entrada na emergência. Vestindo roupas sujas de vômito roxo, Ythallo sofreu uma parada cardiorrespiratória e, apesar das tentativas de reanimação, não resistiu. Meninos envenenados: ex-padrasto suspeito do crime se entrega à polícia Chumbinho no estômago: Polícia identifica grãos amarronzados em resíduo gástrico de menino que morreu por suspeita de envenenamento Enquanto a médica retornava do atendimento de Ythallo, uma enfermeira chamou sua atenção para o que saía da sonda de Benjamin: uma quantidade de "substância enegrecida em grãos". Suspeitou-se de envenenamento por chumbinho devido à aparência do material, que foi fotografado por um dos socorristas. Benjamin chegou a sofrer uma parada cardiorrespiratória, revertida pelos médicos, mas foi transferido ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon. No dia 9 de outubro, sua morte cerebral foi confirmada. Os laudos de necropsia indicaram que a causa das mortes foi o envenenamento por terbufós, um praguicida altamente tóxico conhecido como variante do chumbinho. Benjamim Rodrigues Ribeiro e Ythallo Raphael, de 7 e 6 anos, vítimas de envenenamento Reprodução Benjamin chegou à UPA acompanhado da mãe e de seu ex-namorado, Rafael da Rocha Furtado, que os levou de moto. Já Ythallo foi levado por sua mãe e padrasto, após um atraso para conseguir transporte da comunidade da Primavera, em Cavalcanti, na Zona Norte do Rio. A princípio, a polícia suspeitou que Ythallo pudesse ter sido o alvo de vingança contra sua família. Inicialmente, havia também a informação de que Benjamin e Ythallo não se encontraram naquele dia. Caso Marielle: Élcio de Queiroz pede à Justiça para cumprir pena pelo duplo homicídio em presídio no Rio No entanto, no dia seguinte à morte de Ythallo, surgiu o depoimento de uma terceira criança, de 12 anos, que afirmou ter estado com os dois amigos. Segundo ele, uma mulher em uma moto teria oferecido bombons às crianças na favela, mas ele recusou, enquanto os outros aceitaram. Essa versão levou a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) a revisar as investigações iniciadas pela 44ª DP (Inhaúma). Após analisar imagens de câmeras de segurança do bairro, os policiais não encontraram registros da suposta mulher. Descartada essa hipótese, os investigadores se concentraram em reconstituir o dia 30 de setembro, entrevistando dezenas de testemunhas. Rafael Rocha (camisa escura) ao ser abordado por um policial na Porta do hospital Miguel Couto, onde Benjamim estava internado, no dia 01/10/2024 Gabriel de Paiva/Agência o Globo Os depoimentos da equipe da UPA de Del Castilho foram fundamentais para confirmar que Benjamin e Ythallo apresentaram os mesmos sintomas, indicando que foram envenenados juntos. Essa informação contradisse a versão de Rafael Furtado, que negava qualquer encontro entre os dois meninos. Segundo ele, Benjamin foi deixado na Escola Municipal Rostham Pedro de Farias por volta das 13h15, acompanhado pela mãe. Mais tarde, Furtado teria buscado o menino às 17h15 e, durante o trajeto, Benjamin reclamou de sede e dor abdominal. Ainda segundo Furtado, ele teria comprado refrigerante para o menino, mas negou ter adquirido açaí, bebida que mais tarde seria apontada como veículo do veneno. Trama intrincada: Escolha de Fábio Galvão como superintendente da PF do Rio desagrada policiais já investigados por ele Apesar das alegações de Furtado, a terceira criança confirmou que Benjamin e Ythallo se encontraram e que Benjamin compartilhou com o amigo açaí que estava bebendo. Outras testemunhas reforçaram as contradições na versão de Furtado. O avô de Benjamin relatou ter visto o neto tomando açaí na garupa da moto do motoboy, embora Furtado negasse ter comprado a bebida. Já o pai de Benjamin destacou que o menino tinha o hábito de recusar alimentos ou bebidas de pessoas estranhas, corroborando a hipótese de que o envenenamento ocorreu por meio de algo oferecido por alguém em quem ele confiava. Caso Marielle: um dos jurados sorteados pediu para não participar do julgamento de Lessa por medo A DHC concluiu que Rafael Furtado envenenou Benjamin com o objetivo de manter um vínculo com a mãe do menino. Segundo o delegado Marcus Drucker, Furtado pode ter agido motivado pela última negativa de reconciliação com a ex-companheira. Embora Benjamin fosse o alvo principal, a morte de Ythallo foi considerada acidental, já que ele ingeriu a bebida compartilhada pelo amigo. Caso Marielle: 'Crime, polícia e política não se separam no Rio', diz Freixo sobre morte de Marielle Rafael Furtado foi indiciado por duplo homicídio qualificado, por motivo torpe. Após a denúncia do Ministério Público, sua prisão preventiva foi decretada pela juíza da 3ª Vara Criminal da Capital, Tula Correa de Mello, na última quinta-feira (21-11). Caso Marielle: ex-secretário de Segurança Richard Nunes diz que grilagem era principal motivação, e não crime de ódio Apesar da prisão, as investigações continuam. Com a quebra dos sigilos telefônico e telemático de Furtado, os policiais buscam identificar onde ele adquiriu o veneno, além de aprofundar a apuração do duplo homicídio. O blog Segredos do Crime procurou a defesa de Rafael Furtado, mas não obteve resposta. Para proteger testemunhas e familiares das vítimas, seus nomes foram omitidos, embora constem nos autos da Justiça.
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