Marçal avança sobre eleitorado bolsonarista e gera clima de incredulidade na campanha de Nunes

Empresário tem 51% das intenções de voto entre eleitores de Jair Bolsonaro, contra 32% do atual prefeito de São Paulo, que conta com o apoio formal do PL O empresário Pablo Marçal (PRTB) avançou sobre o eleitorado bolsonarista na cidade de São Paulo e abriu 19 pontos percentuais de distância para o prefeito Ricardo Nunes (MDB) neste recorte da pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (3). Marçal atrai o apoio de 51% dos que votaram em Jair Bolsonaro (PL) em 2022, enquanto o candidato à reeleição consegue a promessa de votos de 32% desse grupo, apesar de ser o nome oficialmente apoiado pelo ex-presidente. O resultado ajuda a explicar a inversão de curvas entre os dois candidatos, que agora aparecem numericamente empatados na acirrada disputa por uma das vagas no segundo turno no próximo domingo. A liderança é dividida ainda com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que tem 29% dos votos válidos no levantamento geral, contra os mesmos 26% do atual prefeito e do ex-coach. O cálculo de votos válidos desconsidera o percentual de eleitores que pretendem votar em branco ou anular o voto, simulando o método da Justiça Eleitoral na apuração oficial dos resultados, e também descarta os indecisos. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos. Como mostrou as colunistas do GLOBO Vera Magalhães e Bela Megale, o resultado do Datafolha foi recebido com incredulidade pelo entorno de Nunes. O clima é de tensão, mesmo com membros da campanha afirmando que as medições internas mostram outro cenário, com o prefeito em crescimento e o empresário em estabilidade. No Palácio dos Bandeirantes, aliados do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) fazem paralelos com pesquisas de véspera do primeiro turno de 2022, que o colocava atrás do petista Fernando Haddad, mas ele acabou sete pontos na frente. O crescimento de Marçal entre bolsonaristas na reta final de campanha ocorre em um momento em que expoentes do grupo político passaram a declarar apoio publicamente ao ex-coach. Deputados que fazem parte do núcleo mais fiel a Bolsonaro no Congresso, como Nikolas Ferreira (PL-MG), Pr. Marco Feliciano (PL-SP) e Ricardo Salles (Novo-SP), escancararam a preferência nos últimos dias, a contragosto do PL, de líderes evangélicos como o pastor Silas Malafaia, do governador Tarcísio e do próprio ex-presidente. Bolsonaro deu alfinetadas em Marçal durante uma "live" aos seguidores na terça-feira (1º), ao afirmar que não cobra nada para fazer vídeos de apoio a candidatos a vereador pelo Brasil. Ao mesmo tempo, manteve certo distanciamento de Nunes diante da possibilidade de o candidato ficar de fora do segundo turno e não abriu espaço na agenda para aparecer ao lado do prefeito em São Paulo mesmo com roteiro esta semana pelo interior do estado. As broncas aos correligionários que embarcaram na candidatura do empresário ficaram restritas aos bastidores. Nunes agora também é superado por Marçal junto ao eleitorado que apoiou Tarcísio na eleição passada contra Fernando Haddad (PT), apesar da presença constante do governador em atos de campanha e na propaganda do candidato do MDB. O ex-coach marca 46% das intenções de voto nesse estrato, contra 35% de Nunes. Nem mesmo os apelos do governador em favor do "voto útil" para derrotar Boulos parece surtir efeito. Nas simulações feitas pelo Datafolha, Boulos é derrotado por Nunes, mas supera Marçal num confronto direto. O candidato à reeleição tem vantagem contra os dois adversários nos testes feitos pelo instituto, em linha com a previsão do PL de que um político de centro-direita, como Nunes, teria mais chances de derrotar o escolhido do presidente Lula (PT) do que um bolsonarista "de carteirinha". Ao longo da campanha, Marçal investiu em uma postura bélica em debates e se colocou como um candidato contra o "sistema" e o "comunismo", pecha que distribuiu inclusive a Nunes. O candidato do PRTB ainda conseguiu cativar evangélicos ao permear seus discursos com citações bíblicas e pautas caras a esse público, como críticas ao ensino de uma suposta "ideologia de gênero" nas escolas e ao direito ao aborto e promessas de prosperidade financeira, sobretudo nas periferias. Nunes, por outro lado, passou a ser alvo de ataques mesmo aceitando como candidato a vice o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo (PL), nome indicado diretamente por Bolsonaro. Parte do eleitorado bolsonarista associa o candidato ao "Centrão" e desconfia de sua orientação ideológica e do seu real comprometimento com os "princípios da direita". O fato de o MDB, em nível nacional, dirigir ministérios no governo Lula dificulta ainda mais o convencimento.

Oct 4, 2024 - 03:13
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Marçal avança sobre eleitorado bolsonarista e gera clima de incredulidade na campanha de Nunes

Empresário tem 51% das intenções de voto entre eleitores de Jair Bolsonaro, contra 32% do atual prefeito de São Paulo, que conta com o apoio formal do PL O empresário Pablo Marçal (PRTB) avançou sobre o eleitorado bolsonarista na cidade de São Paulo e abriu 19 pontos percentuais de distância para o prefeito Ricardo Nunes (MDB) neste recorte da pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (3). Marçal atrai o apoio de 51% dos que votaram em Jair Bolsonaro (PL) em 2022, enquanto o candidato à reeleição consegue a promessa de votos de 32% desse grupo, apesar de ser o nome oficialmente apoiado pelo ex-presidente. O resultado ajuda a explicar a inversão de curvas entre os dois candidatos, que agora aparecem numericamente empatados na acirrada disputa por uma das vagas no segundo turno no próximo domingo. A liderança é dividida ainda com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que tem 29% dos votos válidos no levantamento geral, contra os mesmos 26% do atual prefeito e do ex-coach. O cálculo de votos válidos desconsidera o percentual de eleitores que pretendem votar em branco ou anular o voto, simulando o método da Justiça Eleitoral na apuração oficial dos resultados, e também descarta os indecisos. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos. Como mostrou as colunistas do GLOBO Vera Magalhães e Bela Megale, o resultado do Datafolha foi recebido com incredulidade pelo entorno de Nunes. O clima é de tensão, mesmo com membros da campanha afirmando que as medições internas mostram outro cenário, com o prefeito em crescimento e o empresário em estabilidade. No Palácio dos Bandeirantes, aliados do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) fazem paralelos com pesquisas de véspera do primeiro turno de 2022, que o colocava atrás do petista Fernando Haddad, mas ele acabou sete pontos na frente. O crescimento de Marçal entre bolsonaristas na reta final de campanha ocorre em um momento em que expoentes do grupo político passaram a declarar apoio publicamente ao ex-coach. Deputados que fazem parte do núcleo mais fiel a Bolsonaro no Congresso, como Nikolas Ferreira (PL-MG), Pr. Marco Feliciano (PL-SP) e Ricardo Salles (Novo-SP), escancararam a preferência nos últimos dias, a contragosto do PL, de líderes evangélicos como o pastor Silas Malafaia, do governador Tarcísio e do próprio ex-presidente. Bolsonaro deu alfinetadas em Marçal durante uma "live" aos seguidores na terça-feira (1º), ao afirmar que não cobra nada para fazer vídeos de apoio a candidatos a vereador pelo Brasil. Ao mesmo tempo, manteve certo distanciamento de Nunes diante da possibilidade de o candidato ficar de fora do segundo turno e não abriu espaço na agenda para aparecer ao lado do prefeito em São Paulo mesmo com roteiro esta semana pelo interior do estado. As broncas aos correligionários que embarcaram na candidatura do empresário ficaram restritas aos bastidores. Nunes agora também é superado por Marçal junto ao eleitorado que apoiou Tarcísio na eleição passada contra Fernando Haddad (PT), apesar da presença constante do governador em atos de campanha e na propaganda do candidato do MDB. O ex-coach marca 46% das intenções de voto nesse estrato, contra 35% de Nunes. Nem mesmo os apelos do governador em favor do "voto útil" para derrotar Boulos parece surtir efeito. Nas simulações feitas pelo Datafolha, Boulos é derrotado por Nunes, mas supera Marçal num confronto direto. O candidato à reeleição tem vantagem contra os dois adversários nos testes feitos pelo instituto, em linha com a previsão do PL de que um político de centro-direita, como Nunes, teria mais chances de derrotar o escolhido do presidente Lula (PT) do que um bolsonarista "de carteirinha". Ao longo da campanha, Marçal investiu em uma postura bélica em debates e se colocou como um candidato contra o "sistema" e o "comunismo", pecha que distribuiu inclusive a Nunes. O candidato do PRTB ainda conseguiu cativar evangélicos ao permear seus discursos com citações bíblicas e pautas caras a esse público, como críticas ao ensino de uma suposta "ideologia de gênero" nas escolas e ao direito ao aborto e promessas de prosperidade financeira, sobretudo nas periferias. Nunes, por outro lado, passou a ser alvo de ataques mesmo aceitando como candidato a vice o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo (PL), nome indicado diretamente por Bolsonaro. Parte do eleitorado bolsonarista associa o candidato ao "Centrão" e desconfia de sua orientação ideológica e do seu real comprometimento com os "princípios da direita". O fato de o MDB, em nível nacional, dirigir ministérios no governo Lula dificulta ainda mais o convencimento.

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