Irmão de estudante morto pela PM: ‘O cara atirou na barriga para matar’

Pedro Acosta Cardenas, irmão mais velho do jovem, questiona por que policial disparou mesmo com o estudante já encurralado dentro do hotel O irmão do estudante de medicina morto pela Polícia Militar (PM) em São Paulo questiona o porquê do disparo contra o jovem mesmo com ele encurralado e rendido pelos policiais. Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi morto com um tiro na barriga na madrugada de quarta-feira (20) dentro de um hotel na Vila Mariana, zona sul da cidade. Pedro Acosta Cardenas, de 35 anos, irmão mais velho do estudante, conta que Acosta era um menino alegre, cheio de amigos e bastante tranquilo. Segundo ele, não era da índole do jovem ser agressivo. Cardenas conta que, por volta das 2h da madrugada, o irmão o comunicou que iria sair, e disse que voltaria logo. Cerca de uma hora e meia depois, a namorada de Acosta telefonou para contar o ocorrido. – Pelas imagens do hotel, dá para ver que meu irmão estava rendido. Não tinha por onde ele escapar. Ele não está reagindo, não está brincando com o policial, ele está se defendendo. E aí o outro atira nele, à queima roupa. Se ele queria castigar, imobilizar ou prender mesmo, por que não segurou, fez uma chave de braço, chutou… Tem tantos jeitos. Na pior das hipóteses, por que não atirou na mão ou no pé? O cara mirou na barriga. Atirou para matar – lamentou. Vídeo de uma câmera de segurança do estabelecimento, obtido pelo G1, mostra que o primeiro policial chega ao local com uma arma em punho e tenta agarrar o jovem pelo braço, que luta para se desvencilhar. O segundo policial, ao chegar, desfere um chute no estudante, que consegue segurar o pé do agente de segurança e o faz cair. É nesse momento que o primeiro policial dispara um tiro, que atinge a região da barriga do jovem. Cardenas enfatiza que o jovem não tinha histórico criminal. Filho caçula de um casal de médicos, era “inteligente, gostava de sair e se divertir”, conta o irmão. A família tem origem peruana, mas vive no Brasil há bastante tempo. Na faculdade, Acosta era conhecido como “Bilau”. Nas redes sociais, apresentava-se como mestre de cerimônia e compositor. Seu nome artístico era MC Boy da VM. O rapaz era estudante da universidade Anhembi Morumbi e jogava futebol pela atlética da instituição. Câmeras corporais Os dois policiais envolvidos na morte do estudante, Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, usavam câmeras corporais no momento da abordagem e acionaram o dispositivo para dar início às gravações. As imagens serão anexadas ao inquérito policial militar que investiga o caso. Os dois agentes foram afastados de atividades operacionais até a conclusão das investigações, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). No Boletim de Ocorrência do caso, consta que os PMs não usavam câmeras corporais, informação equivocada. No BO, os policiais relataram que o estudante “estava bastante alterado, agressivo, e resistiu à abordagem policial, entrando em vias de fato com a equipe policial e, em determinado momento, tentou subtrair a arma de fogo” de um deles. O GLOBO apurou que as imagens não mostram essa tentativa de retirar a arma do agente por parte do estudante. Acosta chegou a ser socorrido ao hospital Ipiranga e passou por cirurgia, mas não resistiu ao ferimento e morreu. O caso será investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a Corregedoria da Polícia Militar também abriu inquérito para apurar a atuação dos dois policiais, que já prestaram depoimento. Em nota, a SSP informou que os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações. “Toda a conduta dos agentes é investigada. As imagens das câmeras corporais que registraram o fato serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)”.

Nov 21, 2024 - 15:08
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Irmão de estudante morto pela PM: ‘O cara atirou na barriga para matar’

Pedro Acosta Cardenas, irmão mais velho do jovem, questiona por que policial disparou mesmo com o estudante já encurralado dentro do hotel O irmão do estudante de medicina morto pela Polícia Militar (PM) em São Paulo questiona o porquê do disparo contra o jovem mesmo com ele encurralado e rendido pelos policiais. Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi morto com um tiro na barriga na madrugada de quarta-feira (20) dentro de um hotel na Vila Mariana, zona sul da cidade. Pedro Acosta Cardenas, de 35 anos, irmão mais velho do estudante, conta que Acosta era um menino alegre, cheio de amigos e bastante tranquilo. Segundo ele, não era da índole do jovem ser agressivo. Cardenas conta que, por volta das 2h da madrugada, o irmão o comunicou que iria sair, e disse que voltaria logo. Cerca de uma hora e meia depois, a namorada de Acosta telefonou para contar o ocorrido. – Pelas imagens do hotel, dá para ver que meu irmão estava rendido. Não tinha por onde ele escapar. Ele não está reagindo, não está brincando com o policial, ele está se defendendo. E aí o outro atira nele, à queima roupa. Se ele queria castigar, imobilizar ou prender mesmo, por que não segurou, fez uma chave de braço, chutou… Tem tantos jeitos. Na pior das hipóteses, por que não atirou na mão ou no pé? O cara mirou na barriga. Atirou para matar – lamentou. Vídeo de uma câmera de segurança do estabelecimento, obtido pelo G1, mostra que o primeiro policial chega ao local com uma arma em punho e tenta agarrar o jovem pelo braço, que luta para se desvencilhar. O segundo policial, ao chegar, desfere um chute no estudante, que consegue segurar o pé do agente de segurança e o faz cair. É nesse momento que o primeiro policial dispara um tiro, que atinge a região da barriga do jovem. Cardenas enfatiza que o jovem não tinha histórico criminal. Filho caçula de um casal de médicos, era “inteligente, gostava de sair e se divertir”, conta o irmão. A família tem origem peruana, mas vive no Brasil há bastante tempo. Na faculdade, Acosta era conhecido como “Bilau”. Nas redes sociais, apresentava-se como mestre de cerimônia e compositor. Seu nome artístico era MC Boy da VM. O rapaz era estudante da universidade Anhembi Morumbi e jogava futebol pela atlética da instituição. Câmeras corporais Os dois policiais envolvidos na morte do estudante, Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, usavam câmeras corporais no momento da abordagem e acionaram o dispositivo para dar início às gravações. As imagens serão anexadas ao inquérito policial militar que investiga o caso. Os dois agentes foram afastados de atividades operacionais até a conclusão das investigações, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). No Boletim de Ocorrência do caso, consta que os PMs não usavam câmeras corporais, informação equivocada. No BO, os policiais relataram que o estudante “estava bastante alterado, agressivo, e resistiu à abordagem policial, entrando em vias de fato com a equipe policial e, em determinado momento, tentou subtrair a arma de fogo” de um deles. O GLOBO apurou que as imagens não mostram essa tentativa de retirar a arma do agente por parte do estudante. Acosta chegou a ser socorrido ao hospital Ipiranga e passou por cirurgia, mas não resistiu ao ferimento e morreu. O caso será investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a Corregedoria da Polícia Militar também abriu inquérito para apurar a atuação dos dois policiais, que já prestaram depoimento. Em nota, a SSP informou que os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações. “Toda a conduta dos agentes é investigada. As imagens das câmeras corporais que registraram o fato serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)”.

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