Inovações na indústria têxtil: conheça tecnologias que reduzem o consumo de água na produção de roupas

De acordo com o World Resources Institute, a indústria de tingimento consome cerca de cinco bilhões de litros de água por ano, contribuindo para 20% da poluição industrial da água global No pequeno vilarejo de Nantou, em Taiwan, uma startup está chamando atenção global com um projeto que promete revolucionar o modo como os tecidos são tingidos, e assim, contribuir para a sustentabilidade ambiental da moda. A Alchemie Technology, uma empresa britânica, está na fase final de implementação de um processo de tingimento digital de tecidos, que visa reduzir a pegada de carbono e contribuir para o ecossistema através da inovação. Roma: Fontana di Trevi entra em obras e cobrança de ingresso fica cada vez mais perto de acontecer Ingresso para visitar a Fontana di Trevi? Entenda o projeto discutido pelas autoridades de Roma Conhecido como um dos maiores responsáveis pelo consumo de água e geração de resíduos tóxicos, o tingimento tradicional demanda imersão dos tecidos em água a altas temperaturas, gerando em média 30 toneladas de águas residuais para cada tonelada de tecido de poliéster tingido. A Alchemie Technology, uma empresa britânica, está na fase final de implementação de um processo de tingimento digital de tecidos Divulgação Para tingir tecidos, o processo convencional exige grandes quantidades de água e altas temperaturas, gerando também uma quantidade significativa de resíduos tóxicos. De acordo com o World Resources Institute, a indústria de tingimento consome cerca de cinco bilhões de litros de água por ano, contribuindo para 20% da poluição industrial da água global. A máquina Endeavour, desenvolvida pela Alchemie, possui uma tecnologia que aplica tinta de maneira semelhante à impressão a jato de tinta, sendo capaz de reduzir em 95% o consumo de água e até 85% o uso de energia. A Alchemie Technology, uma empresa britânica, está na fase final de implementação de um processo de tingimento digital de tecidos Divulgação Com seus 2.800 dispensadores, a máquina dispara cerca de 1,2 bilhão de gotas de tinta por metro linear de tecido, utilizando a quantidade exata de corante necessária para cada parte do material. O processo, além de ser mais rápido e menos custoso em recursos naturais, reduz a emissão de resíduos tóxicos, um problema ambiental que afeta a vida aquática em diversas regiões do mundo. O caminho para a sustentabilidade Mas a Alchemie não está sozinha. Outras empresas ao redor do mundo também estão desenvolvendo tecnologias para reduzir o impacto ambiental da produção de roupas. A empresa chinesa "NTX", por exemplo, criou um processo de tingimento sem calor, que promete economizar até 90% da água usada tradicionalmente e diminuir o uso de corantes em 40%. Enquanto isso, a sueca "Imogo" aposta em um método de aplicação de spray digital que também visa reduzir o desperdício de água e minimizar os impactos químicos no meio ambiente. A Alchemie Technology, uma empresa britânica, está na fase final de implementação de um processo de tingimento digital de tecidos Freepik Além disso, estima-se que a moda é responsável por cerca de 10% das emissões globais anuais de gases de efeito estufa. Dado o contexto ambiental cada vez mais alarmante, a indústria têxtil se vê pressionada a adotar práticas mais sustentáveis e menos agressivas aos recursos naturais. Essas novas tecnologias e diretrizes aparecem no contexto global de busca por práticas mais responsáveis. Apesar dos benefícios, as novas tecnologias ainda enfrentam desafios. Em Taiwan, onde o calor e a umidade são mais intensos que no Reino Unido, a máquina Endeavour precisa operar em um ambiente com ar condicionado para evitar danos e otimizar seu desempenho. Além disso, o desafio de escalar essa tecnologia em uma indústria global é complexo. Grandes marcas, como a Inditex, Zara, trabalham com milhares de fábricas, o que demandaria centenas de máquinas Endeavour para atender à demanda mundial de tingimento. Mas a Alchemie mantém grandes objetivos para o futuro próximo. Após os testes com poliéster em Taiwan, a empresa planeja expandir para a Ásia e Europa, com testes em algodão em fábricas de Portugal. Essa expansão poderá indicar um novo padrão industrial em que a economia de água e a redução de carbono serão prioridades, permitindo que empresas em todo o mundo possam adotar práticas sustentáveis e atender à crescente demanda por moda eco-friendly. A aposta em inovação no tingimento é uma das várias frentes da indústria para tentar mitigar o impacto ambiental. Em paralelo, o movimento de consumidores que exigem transparência e compromisso ambiental das marcas cresce rapidamente. Diversas marcas e varejistas já começam a adotar práticas mais conscientes, incentivadas também por regulações ambientais mais rígidas em muitos países. No entanto, especialistas advertem que apenas a adoção de tecnologias mais limpas não basta. É necessário que as empresas implementem uma economia circular, onde as roupas são feitas para serem duráveis, reparáveis e

Nov 12, 2024 - 04:30
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Inovações na indústria têxtil: conheça tecnologias que reduzem o consumo de água na produção de roupas

De acordo com o World Resources Institute, a indústria de tingimento consome cerca de cinco bilhões de litros de água por ano, contribuindo para 20% da poluição industrial da água global No pequeno vilarejo de Nantou, em Taiwan, uma startup está chamando atenção global com um projeto que promete revolucionar o modo como os tecidos são tingidos, e assim, contribuir para a sustentabilidade ambiental da moda. A Alchemie Technology, uma empresa britânica, está na fase final de implementação de um processo de tingimento digital de tecidos, que visa reduzir a pegada de carbono e contribuir para o ecossistema através da inovação. Roma: Fontana di Trevi entra em obras e cobrança de ingresso fica cada vez mais perto de acontecer Ingresso para visitar a Fontana di Trevi? Entenda o projeto discutido pelas autoridades de Roma Conhecido como um dos maiores responsáveis pelo consumo de água e geração de resíduos tóxicos, o tingimento tradicional demanda imersão dos tecidos em água a altas temperaturas, gerando em média 30 toneladas de águas residuais para cada tonelada de tecido de poliéster tingido. A Alchemie Technology, uma empresa britânica, está na fase final de implementação de um processo de tingimento digital de tecidos Divulgação Para tingir tecidos, o processo convencional exige grandes quantidades de água e altas temperaturas, gerando também uma quantidade significativa de resíduos tóxicos. De acordo com o World Resources Institute, a indústria de tingimento consome cerca de cinco bilhões de litros de água por ano, contribuindo para 20% da poluição industrial da água global. A máquina Endeavour, desenvolvida pela Alchemie, possui uma tecnologia que aplica tinta de maneira semelhante à impressão a jato de tinta, sendo capaz de reduzir em 95% o consumo de água e até 85% o uso de energia. A Alchemie Technology, uma empresa britânica, está na fase final de implementação de um processo de tingimento digital de tecidos Divulgação Com seus 2.800 dispensadores, a máquina dispara cerca de 1,2 bilhão de gotas de tinta por metro linear de tecido, utilizando a quantidade exata de corante necessária para cada parte do material. O processo, além de ser mais rápido e menos custoso em recursos naturais, reduz a emissão de resíduos tóxicos, um problema ambiental que afeta a vida aquática em diversas regiões do mundo. O caminho para a sustentabilidade Mas a Alchemie não está sozinha. Outras empresas ao redor do mundo também estão desenvolvendo tecnologias para reduzir o impacto ambiental da produção de roupas. A empresa chinesa "NTX", por exemplo, criou um processo de tingimento sem calor, que promete economizar até 90% da água usada tradicionalmente e diminuir o uso de corantes em 40%. Enquanto isso, a sueca "Imogo" aposta em um método de aplicação de spray digital que também visa reduzir o desperdício de água e minimizar os impactos químicos no meio ambiente. A Alchemie Technology, uma empresa britânica, está na fase final de implementação de um processo de tingimento digital de tecidos Freepik Além disso, estima-se que a moda é responsável por cerca de 10% das emissões globais anuais de gases de efeito estufa. Dado o contexto ambiental cada vez mais alarmante, a indústria têxtil se vê pressionada a adotar práticas mais sustentáveis e menos agressivas aos recursos naturais. Essas novas tecnologias e diretrizes aparecem no contexto global de busca por práticas mais responsáveis. Apesar dos benefícios, as novas tecnologias ainda enfrentam desafios. Em Taiwan, onde o calor e a umidade são mais intensos que no Reino Unido, a máquina Endeavour precisa operar em um ambiente com ar condicionado para evitar danos e otimizar seu desempenho. Além disso, o desafio de escalar essa tecnologia em uma indústria global é complexo. Grandes marcas, como a Inditex, Zara, trabalham com milhares de fábricas, o que demandaria centenas de máquinas Endeavour para atender à demanda mundial de tingimento. Mas a Alchemie mantém grandes objetivos para o futuro próximo. Após os testes com poliéster em Taiwan, a empresa planeja expandir para a Ásia e Europa, com testes em algodão em fábricas de Portugal. Essa expansão poderá indicar um novo padrão industrial em que a economia de água e a redução de carbono serão prioridades, permitindo que empresas em todo o mundo possam adotar práticas sustentáveis e atender à crescente demanda por moda eco-friendly. A aposta em inovação no tingimento é uma das várias frentes da indústria para tentar mitigar o impacto ambiental. Em paralelo, o movimento de consumidores que exigem transparência e compromisso ambiental das marcas cresce rapidamente. Diversas marcas e varejistas já começam a adotar práticas mais conscientes, incentivadas também por regulações ambientais mais rígidas em muitos países. No entanto, especialistas advertem que apenas a adoção de tecnologias mais limpas não basta. É necessário que as empresas implementem uma economia circular, onde as roupas são feitas para serem duráveis, reparáveis e recicláveis, reduzindo o ciclo linear de “produzir, consumir e descartar” que prevalece hoje. No Brasil, produzir uma única calça jeans gasta em média 5.196 mil litros de água No Brasil, a produção de jeans é um exemplo dos desafios enfrentados. O país é o terceiro maior produtor e o quarto maior consumidor de peças de jeans no mundo. Segundo o relatório Fios da Moda, uma única calça jeans de algodão pode gerar uma pegada de carbono de até 24,8 kg de CO₂ e demanda impressionantes 5.200 litros de água em seu ciclo de produção, desde o cultivo do algodão até o pós-consumo. A Alchemie Technology, uma empresa britânica, está na fase final de implementação de um processo de tingimento digital de tecidos Freepik Esse volume é quase o dobro do que uma pessoa precisa em um mês para atender às suas necessidades básicas, de acordo com a ONU, que recomenda um consumo diário de 100 litros por pessoa. Para enfrentar essa situação, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) lançou o Manual de Comunicação de Moda Sustentável em 2023, estabelecendo diretrizes para que as marcas de moda alinhem suas práticas com os objetivos de desenvolvimento sustentável e o acordo de Paris. A iniciativa reúne mais de 140 grandes marcas e varejistas e propõe uma nova abordagem, priorizando estilos de vida sustentáveis e incentivando consumidores a exigir responsabilidade ambiental de empresas e governos.

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