'Foi assustador': onda de assédio sexual no Caminho de Santiago coloca mulheres peregrinas em risco
Espanha, Portugal e França intensificaram patrulhas após diversas denúncias, mas segurança ainda é questão incerta Peregrinas solitárias que percorrem o tradicional Caminho de Santiago relataram experiências de assédio sexual em áreas rurais da Espanha, Portugal e França. De acordo com o jornal inglês The Guardian, nove mulheres declararam terem sido vítimas de assédio durante a jornada ao longo dos últimos cinco anos, incluindo situações em que temeram por suas vidas. Incerteza no G20: Com vitória de Trump nos EUA, governo Lula teme mudança de posição em temas-chave Planos para o ano que vem: COP29 começa no Azerbaijão com desafios que podem impactar sucesso da COP30 no Brasil A maioria dos casos relatados ocorreu em trechos isolados da rota, onde as peregrinas ficavam sozinhas. Sete mulheres descreveram encontros com homens que se masturbavam, e algumas chegaram a ser perseguidas. Uma delas, Rosie, de 25 anos, contou que tentou acionar a polícia ao se deparar com um homem sem calça que estava se masturbando numa trilha florestal em Portugal. — Foi assustador. Me senti completamente sozinha. O Caminho é tão incrível, porque é tão difícil, tão desafiador fisicamente e mentalmente. Mas há esse elemento extra que as mulheres caminhantes enfrentam, esse problema de segurança enorme, que afeta toda a capacidade de enfrentar esses outros desafios ou aproveitá-los da maneira que outras pessoas fazem — relatou ela, que preferiu manter o sobrenome em anonimato. Nos últimos anos, a popularidade das várias rotas do Caminho de Santiago disparou, particularmente entre as mulheres. No ano passado, um recorde de 446 mil pessoas fizeram o Caminho, 53% delas mulheres, de acordo com Pedro Blanco, representante do governo central espanhol na Galícia. A jornalista e escritora Marie Albert, que percorreu o Caminho em 2019, expôs diversas agressões sofridas e criticou a falta de diálogo sobre os riscos que mulheres enfrentam na rota. — Dizem que essas rotas são seguras para as mulheres, mas falar o contrário ainda é tabu — afirmou, em entrevista ao The Guardian. Em 2019, enquanto Marie caminhava 700 km pelo norte da Espanha para chegar a Santiago de Compostela, ela enfrentou uma série de agressões. Um homem tentou beijá-la e outro se masturbou na frente dela, segundo a escritora. Um homem a assediou por mensagem de texto e outro a seguiu na rua. ‘Caça aos judeus’: Onda de violência contra torcedores israelenses em Amsterdã foi organizada em aplicativos de mensagens Embora seis das nove mulheres que conversaram com o Guardian tenham registrado os incidentes nas delegacias locais, apenas um dos agressores foi identificado. Um punhado de incidentes ao longo da rota virou manchete nos últimos anos. Em 2018, por exemplo, uma mulher venezuelana de 50 anos foi sequestrada e estuprada por dois homens enquanto caminhava pelo noroeste da Espanha. Em 2022, a polícia espanhola prendeu um homem acusado de manter uma peregrina alemã de 24 anos contra sua vontade em uma casa e de agredi-la sexualmente. Em 2019, a polícia em Portugal prendeu um homem de 78 anos que foi acusado de sequestrar e tentar estuprar uma peregrina da Alemanha. Preocupações com a segurança das peregrinas vieram à tona em 2015, depois que a americana Denise Thiem desapareceu em uma área rural da província de León, na Espanha. Seu desaparecimento levou vários peregrinos a se apresentarem com suas próprias histórias de ameaças ou assédio, antes que um tribunal condenasse um homem espanhol em 2017 a 23 anos de prisão pelo assassinato de Thiem. Em resposta às denúncias, o governo espanhol tem ampliado suas iniciativas de segurança. Em 2021, uma campanha foi lançada para oferecer pontos de assistência em 1.600 locais na Galícia, onde peregrinas podem acessar orientações sobre como acionar serviços de emergência. No entanto, Johnnie Walker, um dos administradores por trás do Camino de Santiago All Routes Group, um fórum de mídia social que conta com mais de 450 mil membros, afirma que há muito tempo existe uma frustração com a falta de estatísticas, mesmo com a intensificação dos esforços para combater esses incidentes. — À medida que o número de peregrinos cresceu, também cresceram os relatos de homens se expondo aos peregrinos. Em resposta, a Guardia Civil intensificou as patrulhas em várias rotas — disse Walker. Seu fórum há muito tempo aconselha os peregrinos na Espanha a baixar o aplicativo AlertCops , que permite que os caminhantes entrem em contato com a polícia diretamente. — Sempre há um equilíbrio a ser alcançado entre alertar as mulheres e causar alarme. No entanto, alguns de nós sentimos que essa questão agora precisa ser abordada de forma mais enérgica e coerente em todo o país — acrescentou. Tom Homan: Saiba quem é o czar da fronteira de Trump, encarregado de fazer deportações em massa de imigrantes No ano passado, a polícia em Portugal relatou cinco casos de exibicionismo contra peregrinas, mas nenhum dos responsáveis foi detido. Em comunicado recente
Espanha, Portugal e França intensificaram patrulhas após diversas denúncias, mas segurança ainda é questão incerta Peregrinas solitárias que percorrem o tradicional Caminho de Santiago relataram experiências de assédio sexual em áreas rurais da Espanha, Portugal e França. De acordo com o jornal inglês The Guardian, nove mulheres declararam terem sido vítimas de assédio durante a jornada ao longo dos últimos cinco anos, incluindo situações em que temeram por suas vidas. Incerteza no G20: Com vitória de Trump nos EUA, governo Lula teme mudança de posição em temas-chave Planos para o ano que vem: COP29 começa no Azerbaijão com desafios que podem impactar sucesso da COP30 no Brasil A maioria dos casos relatados ocorreu em trechos isolados da rota, onde as peregrinas ficavam sozinhas. Sete mulheres descreveram encontros com homens que se masturbavam, e algumas chegaram a ser perseguidas. Uma delas, Rosie, de 25 anos, contou que tentou acionar a polícia ao se deparar com um homem sem calça que estava se masturbando numa trilha florestal em Portugal. — Foi assustador. Me senti completamente sozinha. O Caminho é tão incrível, porque é tão difícil, tão desafiador fisicamente e mentalmente. Mas há esse elemento extra que as mulheres caminhantes enfrentam, esse problema de segurança enorme, que afeta toda a capacidade de enfrentar esses outros desafios ou aproveitá-los da maneira que outras pessoas fazem — relatou ela, que preferiu manter o sobrenome em anonimato. Nos últimos anos, a popularidade das várias rotas do Caminho de Santiago disparou, particularmente entre as mulheres. No ano passado, um recorde de 446 mil pessoas fizeram o Caminho, 53% delas mulheres, de acordo com Pedro Blanco, representante do governo central espanhol na Galícia. A jornalista e escritora Marie Albert, que percorreu o Caminho em 2019, expôs diversas agressões sofridas e criticou a falta de diálogo sobre os riscos que mulheres enfrentam na rota. — Dizem que essas rotas são seguras para as mulheres, mas falar o contrário ainda é tabu — afirmou, em entrevista ao The Guardian. Em 2019, enquanto Marie caminhava 700 km pelo norte da Espanha para chegar a Santiago de Compostela, ela enfrentou uma série de agressões. Um homem tentou beijá-la e outro se masturbou na frente dela, segundo a escritora. Um homem a assediou por mensagem de texto e outro a seguiu na rua. ‘Caça aos judeus’: Onda de violência contra torcedores israelenses em Amsterdã foi organizada em aplicativos de mensagens Embora seis das nove mulheres que conversaram com o Guardian tenham registrado os incidentes nas delegacias locais, apenas um dos agressores foi identificado. Um punhado de incidentes ao longo da rota virou manchete nos últimos anos. Em 2018, por exemplo, uma mulher venezuelana de 50 anos foi sequestrada e estuprada por dois homens enquanto caminhava pelo noroeste da Espanha. Em 2022, a polícia espanhola prendeu um homem acusado de manter uma peregrina alemã de 24 anos contra sua vontade em uma casa e de agredi-la sexualmente. Em 2019, a polícia em Portugal prendeu um homem de 78 anos que foi acusado de sequestrar e tentar estuprar uma peregrina da Alemanha. Preocupações com a segurança das peregrinas vieram à tona em 2015, depois que a americana Denise Thiem desapareceu em uma área rural da província de León, na Espanha. Seu desaparecimento levou vários peregrinos a se apresentarem com suas próprias histórias de ameaças ou assédio, antes que um tribunal condenasse um homem espanhol em 2017 a 23 anos de prisão pelo assassinato de Thiem. Em resposta às denúncias, o governo espanhol tem ampliado suas iniciativas de segurança. Em 2021, uma campanha foi lançada para oferecer pontos de assistência em 1.600 locais na Galícia, onde peregrinas podem acessar orientações sobre como acionar serviços de emergência. No entanto, Johnnie Walker, um dos administradores por trás do Camino de Santiago All Routes Group, um fórum de mídia social que conta com mais de 450 mil membros, afirma que há muito tempo existe uma frustração com a falta de estatísticas, mesmo com a intensificação dos esforços para combater esses incidentes. — À medida que o número de peregrinos cresceu, também cresceram os relatos de homens se expondo aos peregrinos. Em resposta, a Guardia Civil intensificou as patrulhas em várias rotas — disse Walker. Seu fórum há muito tempo aconselha os peregrinos na Espanha a baixar o aplicativo AlertCops , que permite que os caminhantes entrem em contato com a polícia diretamente. — Sempre há um equilíbrio a ser alcançado entre alertar as mulheres e causar alarme. No entanto, alguns de nós sentimos que essa questão agora precisa ser abordada de forma mais enérgica e coerente em todo o país — acrescentou. Tom Homan: Saiba quem é o czar da fronteira de Trump, encarregado de fazer deportações em massa de imigrantes No ano passado, a polícia em Portugal relatou cinco casos de exibicionismo contra peregrinas, mas nenhum dos responsáveis foi detido. Em comunicado recente, a polícia portuguesa afirmou que patrulhas foram intensificadas entre maio e outubro em algumas rotas de Portugal para garantir mais segurança aos peregrinos. Segundo o The Guardian, quando questionada se havia uma contagem oficial de peregrinos que relataram incidentes de assédio nos últimos cinco anos, a delegação do governo central espanhol na Galícia disse em um comunicado que não tinha conhecimento de nenhum caso de agressão sexual envolvendo peregrinas.
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