'Eram 15 crianças na rua e mesmo assim a polícia atirou', diz mãe de menino de 4 anos morto por PM em Santos
Ryan da Silva Andrade brincava na rua quando foi atingido na barriga; Polícia Militar alega que trocou tiros com suspeitos no local, o que é refutado por moradores da região Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan da Silva Andrade, criança de 4 anos de idade que foi morta durante uma ação policial em Santos na terça-feira (5), afirma que os policiais militares viram que a rua onde ocorreu o suposto confronto estava cheia de crianças antes de iniciarem os disparos. Moradores e familiares das vítimas ouvidos por O GLOBO afirmam que não houve troca de tiros nas ruas do Morro São Bento, bairro onde ocorreu o caso. A PM que alega que os agentes foram alvo de disparos antes de iniciarem um confronto. — Aquele local não é nem ponto de tráfico. Eles chegaram atirando e um dos tiros pegou no meu filho. Tinham aproximadamente 15 crianças (na rua), eles viram que tinha um monte de gente, moradores, e mesmo assim chegaram atirando — diz Beatriz, que conversou com a imprensa antes do velório de Ryan, em Santos. A versão da PM, divulgada durante coletiva de imprensa da corporação realizada nesta quarta (6), é de que policiais militares estavam em fim de expediente, patrulhando ruas, quando foram alvo de tiros de um grupo de cerca de dez pessoas e revidaram os disparos. O local seria nas proximidades de um ponto de venda de drogas. Além de Ryan, morreu também um adolescente de 17 anos de idade, Gregory Vasconcelos, e ficou ferido outro, de 15 anos. — Não teve confronto, não teve troca de tiros. Eles chegaram e mataram — diz a mãe. — Ele (Ryan) conseguiu caminhar até a área da casa minha prima. Ele levantou a camisa e quando eu olhei estava com um buraco (na barriga), ficou uns cinco minutos me olhando, ficando roxo e pálido. Eu perdi um pedaço de mim. Meu filho estava brincando na rua, todo alegre. Eu ainda estou em estado de choque. Eu não acredito — diz Beatriz, que afirma ainda se recuperar da perda do marido. A mulher perdeu o companheiro em fevereiro. Leonel Andrade Santos, de 36 anos, também morreu em uma ação policial no Morro São Bento. Ele foi atingido por tiros de fuzil após ter supostamente atirado contra policiais militares. Relatório elaborado pela Ouvidoria da Polícia e outras entidades, no entanto, ouviu familiares sobre o caso e eles relataram que o homem usava muletas no momento do confronto e não poderia ter atirado contra os policiais. Beatriz, na época, apresentou laudos que comprovariam que o marido era beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com deficiência. Após os tiros, os policiais teriam isolado o local e impedido a aproximação de familiares e moradores. Leonel estaria de muleta no momento do assassinato e o item não foi encontrado depois pela família. Em coletiva de imprensa nesta quarta (6) o porta-voz da Polícia Militar, coronel Emerson Massera, disse que o tiro que atingiu a criança "provavelmente partiu de uma arma de um policial militar". Segundo ele, cerca de oito suspeitos conseguiram fugir do local após o confronto e o policiamento na região da Baixada Santista será reforçado. O porta-voz afirma que nenhum dos agentes usava câmera corporal porque a ocorrência foi na área do 6º Batalhão da Baixada Santista, que não dispõe do equipamento. Massera ressaltou, por mais de uma vez, que os policiais não são tratados como culpados, mas como vítimas. — Os policiais precisaram se defender, por isso que efetuaram disparos contra esses criminosos e conseguiram acertar os dois, um dos criminosos faleceu. É interessante destacar que o criminoso, o menor infrator, ostentava nas redes sociais armas de fogo. Uma questão que a gente precisa retomar urgentemente é a discussão sobre a maioridade penal. É fato que o crime organizado, facções criminosas, o tráfico, utilizam a mão de obra de adolescentes no crime, e isso é algo que a sociedade precisa discutir — disse o coronel. 'Só a polícia atirou', dizem testemunhas Mulher que foi atingida por tiro de raspão em ação policial na Baixada Santista na quarta-feira (5): caso terminou com criança de 4 anos e um adolescente de 17 anos mortos Maria Isabel Oliveira/ O Globo Familiares das vítimas e moradores do bairro ouvidos por O GLOBO sob condição de anonimato dizem que apenas os policiais militares atiraram durante o suposto confronto. Os tiros teriam começado após os agentes se depararem com a moto onde estava Gregory, o adolescente morto, e o rapaz de 15 anos, que conduzia o veículo e ficou ferido. Uma mulher de 24 anos, que tomou um tiro de raspão durante a ação, conta que estava saindo de casa acompanhada de Ryan, o menino que morreu, quando eles foram baleados. — Eu fui abrir o portão, estava com um pé para fora e outro para dentro (de casa) e tomei o tiro de raspão. Ele estava na porta de casa (Ryan) e quando vi, ele estava com a mão na barriga, foi onde ele tomou (o tiro). Eu falei para a polícia: vocês alvejaram uma criança de 4 anos. E disseram que tinham sido eles que atiraram (os rapazes da moto) — diz ela. A mulher af
Ryan da Silva Andrade brincava na rua quando foi atingido na barriga; Polícia Militar alega que trocou tiros com suspeitos no local, o que é refutado por moradores da região Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan da Silva Andrade, criança de 4 anos de idade que foi morta durante uma ação policial em Santos na terça-feira (5), afirma que os policiais militares viram que a rua onde ocorreu o suposto confronto estava cheia de crianças antes de iniciarem os disparos. Moradores e familiares das vítimas ouvidos por O GLOBO afirmam que não houve troca de tiros nas ruas do Morro São Bento, bairro onde ocorreu o caso. A PM que alega que os agentes foram alvo de disparos antes de iniciarem um confronto. — Aquele local não é nem ponto de tráfico. Eles chegaram atirando e um dos tiros pegou no meu filho. Tinham aproximadamente 15 crianças (na rua), eles viram que tinha um monte de gente, moradores, e mesmo assim chegaram atirando — diz Beatriz, que conversou com a imprensa antes do velório de Ryan, em Santos. A versão da PM, divulgada durante coletiva de imprensa da corporação realizada nesta quarta (6), é de que policiais militares estavam em fim de expediente, patrulhando ruas, quando foram alvo de tiros de um grupo de cerca de dez pessoas e revidaram os disparos. O local seria nas proximidades de um ponto de venda de drogas. Além de Ryan, morreu também um adolescente de 17 anos de idade, Gregory Vasconcelos, e ficou ferido outro, de 15 anos. — Não teve confronto, não teve troca de tiros. Eles chegaram e mataram — diz a mãe. — Ele (Ryan) conseguiu caminhar até a área da casa minha prima. Ele levantou a camisa e quando eu olhei estava com um buraco (na barriga), ficou uns cinco minutos me olhando, ficando roxo e pálido. Eu perdi um pedaço de mim. Meu filho estava brincando na rua, todo alegre. Eu ainda estou em estado de choque. Eu não acredito — diz Beatriz, que afirma ainda se recuperar da perda do marido. A mulher perdeu o companheiro em fevereiro. Leonel Andrade Santos, de 36 anos, também morreu em uma ação policial no Morro São Bento. Ele foi atingido por tiros de fuzil após ter supostamente atirado contra policiais militares. Relatório elaborado pela Ouvidoria da Polícia e outras entidades, no entanto, ouviu familiares sobre o caso e eles relataram que o homem usava muletas no momento do confronto e não poderia ter atirado contra os policiais. Beatriz, na época, apresentou laudos que comprovariam que o marido era beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com deficiência. Após os tiros, os policiais teriam isolado o local e impedido a aproximação de familiares e moradores. Leonel estaria de muleta no momento do assassinato e o item não foi encontrado depois pela família. Em coletiva de imprensa nesta quarta (6) o porta-voz da Polícia Militar, coronel Emerson Massera, disse que o tiro que atingiu a criança "provavelmente partiu de uma arma de um policial militar". Segundo ele, cerca de oito suspeitos conseguiram fugir do local após o confronto e o policiamento na região da Baixada Santista será reforçado. O porta-voz afirma que nenhum dos agentes usava câmera corporal porque a ocorrência foi na área do 6º Batalhão da Baixada Santista, que não dispõe do equipamento. Massera ressaltou, por mais de uma vez, que os policiais não são tratados como culpados, mas como vítimas. — Os policiais precisaram se defender, por isso que efetuaram disparos contra esses criminosos e conseguiram acertar os dois, um dos criminosos faleceu. É interessante destacar que o criminoso, o menor infrator, ostentava nas redes sociais armas de fogo. Uma questão que a gente precisa retomar urgentemente é a discussão sobre a maioridade penal. É fato que o crime organizado, facções criminosas, o tráfico, utilizam a mão de obra de adolescentes no crime, e isso é algo que a sociedade precisa discutir — disse o coronel. 'Só a polícia atirou', dizem testemunhas Mulher que foi atingida por tiro de raspão em ação policial na Baixada Santista na quarta-feira (5): caso terminou com criança de 4 anos e um adolescente de 17 anos mortos Maria Isabel Oliveira/ O Globo Familiares das vítimas e moradores do bairro ouvidos por O GLOBO sob condição de anonimato dizem que apenas os policiais militares atiraram durante o suposto confronto. Os tiros teriam começado após os agentes se depararem com a moto onde estava Gregory, o adolescente morto, e o rapaz de 15 anos, que conduzia o veículo e ficou ferido. Uma mulher de 24 anos, que tomou um tiro de raspão durante a ação, conta que estava saindo de casa acompanhada de Ryan, o menino que morreu, quando eles foram baleados. — Eu fui abrir o portão, estava com um pé para fora e outro para dentro (de casa) e tomei o tiro de raspão. Ele estava na porta de casa (Ryan) e quando vi, ele estava com a mão na barriga, foi onde ele tomou (o tiro). Eu falei para a polícia: vocês alvejaram uma criança de 4 anos. E disseram que tinham sido eles que atiraram (os rapazes da moto) — diz ela. A mulher afirma também que os policias militares estavam em um carro branco, à paisana, quando realizaram os disparos. A versão da polícia afirma que os agentes envolvidos estavam em motocicletas. Outra testemunha conta que estava em frente de casa, acompanhada de sete crianças que moram na região, quando começou o tiroteio. — Não teve troca de tiro. Os meninos da biqueira (ponto de venda de drogas) não estavam na biqueira quando a polícia chegou. E os meninos da moto também não estavam com arma. Eu olhei na mão dos meninos e não tinha arma nenhuma. Então não tem como eles alegarem que foi troca de tiro? As únicas pessoas que começaram a atirar foram os policiais — diz uma moradora. A versão registrada no boletim de ocorrência da Polícia Militar diz que foram apreendidos com os rapazes que estavam na moto um rádio transmissor e duas pistolas. — Quando a gente olhou, eles começaram a atirar pra cá, pra cima, na direção do portão. Foi muito tiro, muito tiro. Só no portão da minha casa tem três tiros marcados na parede — afirma a mulher. Uma familiar de uma das vítimas diz que Gregory, o adolescente que morreu, não tinha envolvimento com atividades ilícitas. — Eles não estavam armados, estavam só sem capacete, sem camiseta, e são menores de idade. Eles não solicitaram abordagem nem averiguaram, só atiraram e acabaram também atingindo a criança. Nunca pensei que isso poderia acontecer porque ele (Gregory) não tem envolvimento (com o crime). E se ele estava fazendo algo de errado, não tinha necessidade de matar — diz ela. A reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para comentar as declarações feitas pelas testemunhas. A pasta reiterou a versão dada pelo porta-voz da PM mais cedo e disse que "os agentes envolvidos na ocorrência estão afastados da atividade operacional".
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