Entrevista: 'Após Witzel, o breve, e Castro, o fraco, Paes terá que concorrer', diz Pedro Paulo

Braço direito do prefeito, presidente estadual do PSD avalia que ele ‘não terá alternativa’ e indica apoio a Lula, mas faz críticas ao governo; diz ainda que emendas são ‘redistributiva Aliado de primeira hora do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), o deputado federal Pedro Paulo (PSD), diz que não há alternativa para o gestor a não ser concorrer ao governo do estado em 2026. Reeleito em primeiro turno nas eleições municipais deste ano, Paes nega o projeto político, ao menos por enquanto. Ex-presidente: Bolsonaro elogia ex-ministro de Lula e Dilma e diz que 'sonha' em tê-lo em eventual primeiro escalão Aliados de Lula, Boulos e João Campos trocam farpas por eleições: 'Não está autorizado a me dar aulas' Em entrevista ao GLOBO, Pedro Paulo assume que queria ter sido indicado a vice por Paes, que terminou escolhendo Eduardo Cavaliere para o cargo. Há exatos oito anos, o deputado encabeçou a chapa municipal e terminou em terceiro lugar na disputa. Questionado, ele diz ainda ter o sonho de ser prefeito. Leia a entrevista completa: O senhor afirmou em entrevista, na última semana, que o prefeito Eduardo Paes ‘terá de ser candidato a governador’. Ele será candidato? Eduardo vai enfrentar um dilema pessoal, a família é contra, o peso de ser governador é grande. Mas não vai ter alternativa: terá que ser candidato. Não falo só por ser presidente do PSD e próximo a ele por tantos anos. Parto do diagnóstico dos principais problemas do estado: segurança pública e o problema fiscal. Como comunicar ao carioca a candidatura ao governo estadual depois de garantir que não sairia da prefeitura? O Eduardo tem um vice que é a garantia de continuidade. O (Eduardo) Cavaliere é um quadro jovem, mas experiente, muito preparado. Isso vai ter que ser explicado, mas não tenho dúvida de que muita gente votou no Eduardo com a expectativa de que ele seja um caminho para reverter a situação do estado. Precisamos de um governador com tamanho político para enfrentar esses problemas, que também passam pela esfera federal. O que é esse ‘tamanho político’ a que o senhor se refere? O governador Cláudio Castro (PL) não teria esse tamanho? Tivemos dois governadores recentemente: Witzel, o breve, e Cláudio Castro, o fraco. Não conseguiu enfrentar essas duas dimensões. Fui relator do Regime de Recuperação Fiscal, autor da lei que repactuou o regime, conheço o tema. Não atacamos o principal problema, que é a gigantesca dívida que precisa ser discutida com o governo federal de forma franca e com força política. Na segurança, o que seu grupo defende Para enfrentar milícias e tráfico, entrada de armas, é fundamental ter ajuda federal. E falo de tamanho político porque precisamos de coragem para refundar a polícia, reestruturar. Enfrentar também a questão da ADPF das Favelas, que tinha um mérito no início, mas teve efeito contrário. Aumentou o problema das áreas dominadas pelos grupos armados e ainda virou uma desculpa para ocultar a incompetência do governo Castro. Dizem que o Paes ‘não cumpre acordos’ e não consegue ir além da capital. Como driblar isso? O que não fazemos é acordo espúrio, é bom que saibam até que página vamos. Mas, obviamente, tem essa dificuldade de expansão. Como se faz uma campanha sem prefeitos que são forças regionais? É um estado que sempre teve dificuldade de fazer o prefeito da capital virar governador. O PSD vai trabalhar para ter essas forças. Dialogar com Washington Reis, do MDB, em Caxias. Com o Wladimir (Garotinho), do PP, que ganhou em Campos. Tem o Rogério Lisboa, do PP, de Nova Iguaçu. Mas sabemos da dificuldade. Estar vinculado ao Lula atrapalha essa construção, considerando a força do bolsonarismo no Rio? A estadual de fato é mais nacionalizada que a municipal, mas acho que o maior obstáculo que vamos ter é a apropriação que a política fez do estado, na esteira da fragilidade do Castro. O governador anunciou que vai deixar o governo e ir para a advocacia, e o presidente da Assembleia (Rodrigo Bacellar) diz que quer o TCE. É até um alento para o Rio eles se aposentarem. Castro anunciou aposentadoria compulsória antes das pessoas o demitirem. Não tem sequer uma política pública de legado, e nem o seu partido o deixará ter candidato para defender o que não fez. Castro perdeu o controle do governo. Uma coisa é governar com políticos, como na prefeitura. Tem plano estratégico, se trocar secretário não muda o eixo principal. Quem governa é o prefeito. No estado, Castro entrega para a Alerj, e aquilo vira um governo paralelo, fazem o que querem. Seu gabinete fez um amplo estudo sobre as emendas. Estão num patamar correto? Não discuto se é legítimo ou não o parlamento ter esse volume. Há problemas de transparência, rastreabilidade. Mas a emenda virou um canal importante para o recurso chegar aos municípios com menor IDH, menor população. É claro que os critérios podem melhorar. O projeto que aprovamos melhorou um pouco, com mais transparência, colocou dentro do arcabouço fiscal. Mas dá para ter mais avanços, como cart

Nov 11, 2024 - 04:16
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Entrevista: 'Após Witzel, o breve, e Castro, o fraco, Paes terá que concorrer', diz Pedro Paulo

Braço direito do prefeito, presidente estadual do PSD avalia que ele ‘não terá alternativa’ e indica apoio a Lula, mas faz críticas ao governo; diz ainda que emendas são ‘redistributiva Aliado de primeira hora do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), o deputado federal Pedro Paulo (PSD), diz que não há alternativa para o gestor a não ser concorrer ao governo do estado em 2026. Reeleito em primeiro turno nas eleições municipais deste ano, Paes nega o projeto político, ao menos por enquanto. Ex-presidente: Bolsonaro elogia ex-ministro de Lula e Dilma e diz que 'sonha' em tê-lo em eventual primeiro escalão Aliados de Lula, Boulos e João Campos trocam farpas por eleições: 'Não está autorizado a me dar aulas' Em entrevista ao GLOBO, Pedro Paulo assume que queria ter sido indicado a vice por Paes, que terminou escolhendo Eduardo Cavaliere para o cargo. Há exatos oito anos, o deputado encabeçou a chapa municipal e terminou em terceiro lugar na disputa. Questionado, ele diz ainda ter o sonho de ser prefeito. Leia a entrevista completa: O senhor afirmou em entrevista, na última semana, que o prefeito Eduardo Paes ‘terá de ser candidato a governador’. Ele será candidato? Eduardo vai enfrentar um dilema pessoal, a família é contra, o peso de ser governador é grande. Mas não vai ter alternativa: terá que ser candidato. Não falo só por ser presidente do PSD e próximo a ele por tantos anos. Parto do diagnóstico dos principais problemas do estado: segurança pública e o problema fiscal. Como comunicar ao carioca a candidatura ao governo estadual depois de garantir que não sairia da prefeitura? O Eduardo tem um vice que é a garantia de continuidade. O (Eduardo) Cavaliere é um quadro jovem, mas experiente, muito preparado. Isso vai ter que ser explicado, mas não tenho dúvida de que muita gente votou no Eduardo com a expectativa de que ele seja um caminho para reverter a situação do estado. Precisamos de um governador com tamanho político para enfrentar esses problemas, que também passam pela esfera federal. O que é esse ‘tamanho político’ a que o senhor se refere? O governador Cláudio Castro (PL) não teria esse tamanho? Tivemos dois governadores recentemente: Witzel, o breve, e Cláudio Castro, o fraco. Não conseguiu enfrentar essas duas dimensões. Fui relator do Regime de Recuperação Fiscal, autor da lei que repactuou o regime, conheço o tema. Não atacamos o principal problema, que é a gigantesca dívida que precisa ser discutida com o governo federal de forma franca e com força política. Na segurança, o que seu grupo defende Para enfrentar milícias e tráfico, entrada de armas, é fundamental ter ajuda federal. E falo de tamanho político porque precisamos de coragem para refundar a polícia, reestruturar. Enfrentar também a questão da ADPF das Favelas, que tinha um mérito no início, mas teve efeito contrário. Aumentou o problema das áreas dominadas pelos grupos armados e ainda virou uma desculpa para ocultar a incompetência do governo Castro. Dizem que o Paes ‘não cumpre acordos’ e não consegue ir além da capital. Como driblar isso? O que não fazemos é acordo espúrio, é bom que saibam até que página vamos. Mas, obviamente, tem essa dificuldade de expansão. Como se faz uma campanha sem prefeitos que são forças regionais? É um estado que sempre teve dificuldade de fazer o prefeito da capital virar governador. O PSD vai trabalhar para ter essas forças. Dialogar com Washington Reis, do MDB, em Caxias. Com o Wladimir (Garotinho), do PP, que ganhou em Campos. Tem o Rogério Lisboa, do PP, de Nova Iguaçu. Mas sabemos da dificuldade. Estar vinculado ao Lula atrapalha essa construção, considerando a força do bolsonarismo no Rio? A estadual de fato é mais nacionalizada que a municipal, mas acho que o maior obstáculo que vamos ter é a apropriação que a política fez do estado, na esteira da fragilidade do Castro. O governador anunciou que vai deixar o governo e ir para a advocacia, e o presidente da Assembleia (Rodrigo Bacellar) diz que quer o TCE. É até um alento para o Rio eles se aposentarem. Castro anunciou aposentadoria compulsória antes das pessoas o demitirem. Não tem sequer uma política pública de legado, e nem o seu partido o deixará ter candidato para defender o que não fez. Castro perdeu o controle do governo. Uma coisa é governar com políticos, como na prefeitura. Tem plano estratégico, se trocar secretário não muda o eixo principal. Quem governa é o prefeito. No estado, Castro entrega para a Alerj, e aquilo vira um governo paralelo, fazem o que querem. Seu gabinete fez um amplo estudo sobre as emendas. Estão num patamar correto? Não discuto se é legítimo ou não o parlamento ter esse volume. Há problemas de transparência, rastreabilidade. Mas a emenda virou um canal importante para o recurso chegar aos municípios com menor IDH, menor população. É claro que os critérios podem melhorar. O projeto que aprovamos melhorou um pouco, com mais transparência, colocou dentro do arcabouço fiscal. Mas dá para ter mais avanços, como carteiras de projetos — fazer uma junção entre projetos do governo e como as emendas podem financiá-los. Com o poder das emendas, vivemos um semipresidencialismo? Concordo que o parlamento assumiu muito poder, mas não tenho dúvida de que falta ao governo um ajuste potente para que reduzir ou não as emendas não seja tão decisivo na hora de calcular cortes. Podia ter feito o dever de casa no momento correto. Já começamos a colher problemas como juros, núcleos de inflação. É preciso enfrentar a realidade. Enquadrar despesas de Educação e Saúde no arcabouço fiscal. Isso não é prejudicar professores e médicos, e sim colocar a regra que o governo criou. Também vamos precisar revisitar a despesa previdenciária. O ministro Carlos Lupi, da Previdência, falou que cai fora se o governo “cortar direitos”. Não dá para ministro fazer ameaça ao governo. Acham que não existe limitação orçamentária? E como se faz uma reunião fazendária chamando áreas que vão sofrer os cortes? O presidente tem que determinar, junto com Fazenda e Planejamento, e seguir a vida. Lula deveria ser mais enfático. Também vejo o governo com dificuldade de endereçar pautas que estão no dia a dia das pessoas, como a segurança. Tem ainda a questão dos evangélicos, uma dificuldade grande de trabalhar esse eleitorado. Como se trabalha? Por que não um Ministério da Família, e começar a dialogar com a frente evangélica? Tem um recado desses paladinos da prosperidade que o governo não está entendendo. O que defende para o PSD na eleição presidencial? O partido está no governo Lula, mas o Kassab é um grande aliado do Tarcísio de Freitas.Nós do PSD do Rio vamos estar com o presidente Lula, sendo ele candidato. O presidente Kassab é genial e pragmático. Diz que, se o Lula estiver bem, o candidato é ele; se não estiver, pode abrir a possibilidade para o Tarcísio. Sem o Lula, o PSD vai ter dificuldade de manter uma coesão, abre-se um mundo de especulações. Depois da escolha de Paes pelo Cavaliere, perdeu a vez na fila sucessória? Imagina ser vice-prefeito do Rio com a possibilidade de virar prefeito. Quem não gostaria? Mas isso é do jogo, é página virada. Já estou olhando para frente. Assumindo a prefeitura em 2026, é natural que Cavaliere seja o candidato em 2028, isso nem se discute. O senhor já foi candidato a prefeito. Mantém o sonho? Nunca vou deixar de ter.

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