Encontro de madrugada e R$ 1,5 mil em fogos de artifícios: o que se sabe sobre o caso do homem-bomba em Brasília

PF apura se homem recebeu alguma ajuda financeira ou foi incentivado por grupos extremistas O caso do chaveiro de Francisco Wanderley Luiz, o homem-bomba que lançou explosivos em direção ao Supremo Tribunal Federal é investigado pela Polícia Federal (PF), que já colheu uma série de depoimentos de testemunhas do atentado ocorrido na Praça dos Três Poderes. Os investigadores apuram se o homem agiu sozinho ou recebeu alguma ajuda para realizar o ataque. Veja o que se sabe até o momento: R$ 1,5 mil em fogos de artifício Francisco Wanderley Luiz gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes de explodir bombas na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). As compras aconteceram nos dias 5 e 6 de novembro em uma loja de Ceilândia, a 32 quilômetros do centro de Brasília e onde Francisco alugava uma casa. Os comerciantes prestaram depoimento à PF. Segundo as investigações, duas compras feitas foram pelo homem com um cartão de débito. Além de lançar bombas no Supremo, Francisco encheu o seu carro de fogos de artifício e acionou artefatos explosivos. Mensagem Francisco deixou uma casa revirada, com duas bombas dentro do fogão, antes de se dirigir à Praça dos Três Poderes. No espelho do banheiro da quitinete de 25 metros quadrados, em uma vila de Ceilândia, Francisco deixou uma mensagem escrita com um batom vermelho: "Debora Rodrigues. Por favor, não desperdice o batom. Isso é para deixar as mulheres bonitas, estátua de merda se usa TNT", numa referência a golpista presa por pichar a estátua da Justiça no dia 8 de janeiro Na ocasião, Debora escreveu "Perdeu, mané" com um botão vermelho na estátua, em referência a uma frase dita pelo ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF. Encontro na madrugada do ataque Uma testemunha ouvida pela Polícia Federal na sexta-feira relatou ter ouvido uma conversa de Francisco Wanderley Luiz, com outro homem na madrugada do dia do ataque. O diálogo foi relatado pelo morador de rua Ailton Bezerra, de 56 anos, e, teria ocorrido no estacionamento IV da Câmara dos Deputados, onde Francisco deixou seu carro e também mantinha um trailer alugado. Ao GLOBO, Bezerra afirmou ter dito aos agentes da PF que ouviu Francisco chegar de carro no estacionamento na madrugada do dia 13, dia dos ataques, por volta da 0h30. Minutos depois, um homem fala com ele: "A porta está aberta". Em seguida, o homem-bomba responde: "Vamos subir para cá". Bezerra não soube dizer, no entanto, se os dois chegaram juntos. Segundo ele, Francisco passou a noite no trailer estacionado no local. Imagens do circuito interno da Câmara mostram que Francisco acessou o prédio do Anexo IX da Casa às 8h15. Segundo a assessoria do Legislativo, ele foi ao banheiro e saiu do local na sequência. Bezerra disse ter contado à PF ter visto Francisco de volta ao seu carro por volta das 8h30, mas que não viu mais ninguém com ele. Por volta das 11 horas, de acordo com ele, o homem saiu e retornou às 18 horas. Foi então que pegou uma mochila dentro do veículo e foi em direção à Praça dos Três Poderes dizendo que iria a um evento. Visita ao STF em agosto Segundo a colunista Malu Gaspar, a Polícia Federal já identificou que o homem chegou a Brasília em julho deste ano. Em agosto deste ano, Francisco chegou a visitar o Supremo Tribunal Federal já com os planos para o atentado. Em suas redes, o homem compartilhou uma foto dentro do plenário da Corte com a legenda; “Deixaram a raposa entrar dentro do galinheiro (chiqueiro) ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo. Provérbios 16:18 (A soberba precede a queda).” Quebra de sigilo Para investigar se ele agiu sozinho ou se mantém conexões com outras pessoas ou grupos extremistas, a Polícia Federal pedirá a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático, o que será decidido pelo STF. Com isso, a PF espera ter acesso a mensagens, extratos e outras informações que possam auxliar na apuração.

Nov 18, 2024 - 01:38
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Encontro de madrugada e R$ 1,5 mil em fogos de artifícios: o que se sabe sobre o caso do homem-bomba em Brasília

PF apura se homem recebeu alguma ajuda financeira ou foi incentivado por grupos extremistas O caso do chaveiro de Francisco Wanderley Luiz, o homem-bomba que lançou explosivos em direção ao Supremo Tribunal Federal é investigado pela Polícia Federal (PF), que já colheu uma série de depoimentos de testemunhas do atentado ocorrido na Praça dos Três Poderes. Os investigadores apuram se o homem agiu sozinho ou recebeu alguma ajuda para realizar o ataque. Veja o que se sabe até o momento: R$ 1,5 mil em fogos de artifício Francisco Wanderley Luiz gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes de explodir bombas na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). As compras aconteceram nos dias 5 e 6 de novembro em uma loja de Ceilândia, a 32 quilômetros do centro de Brasília e onde Francisco alugava uma casa. Os comerciantes prestaram depoimento à PF. Segundo as investigações, duas compras feitas foram pelo homem com um cartão de débito. Além de lançar bombas no Supremo, Francisco encheu o seu carro de fogos de artifício e acionou artefatos explosivos. Mensagem Francisco deixou uma casa revirada, com duas bombas dentro do fogão, antes de se dirigir à Praça dos Três Poderes. No espelho do banheiro da quitinete de 25 metros quadrados, em uma vila de Ceilândia, Francisco deixou uma mensagem escrita com um batom vermelho: "Debora Rodrigues. Por favor, não desperdice o batom. Isso é para deixar as mulheres bonitas, estátua de merda se usa TNT", numa referência a golpista presa por pichar a estátua da Justiça no dia 8 de janeiro Na ocasião, Debora escreveu "Perdeu, mané" com um botão vermelho na estátua, em referência a uma frase dita pelo ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF. Encontro na madrugada do ataque Uma testemunha ouvida pela Polícia Federal na sexta-feira relatou ter ouvido uma conversa de Francisco Wanderley Luiz, com outro homem na madrugada do dia do ataque. O diálogo foi relatado pelo morador de rua Ailton Bezerra, de 56 anos, e, teria ocorrido no estacionamento IV da Câmara dos Deputados, onde Francisco deixou seu carro e também mantinha um trailer alugado. Ao GLOBO, Bezerra afirmou ter dito aos agentes da PF que ouviu Francisco chegar de carro no estacionamento na madrugada do dia 13, dia dos ataques, por volta da 0h30. Minutos depois, um homem fala com ele: "A porta está aberta". Em seguida, o homem-bomba responde: "Vamos subir para cá". Bezerra não soube dizer, no entanto, se os dois chegaram juntos. Segundo ele, Francisco passou a noite no trailer estacionado no local. Imagens do circuito interno da Câmara mostram que Francisco acessou o prédio do Anexo IX da Casa às 8h15. Segundo a assessoria do Legislativo, ele foi ao banheiro e saiu do local na sequência. Bezerra disse ter contado à PF ter visto Francisco de volta ao seu carro por volta das 8h30, mas que não viu mais ninguém com ele. Por volta das 11 horas, de acordo com ele, o homem saiu e retornou às 18 horas. Foi então que pegou uma mochila dentro do veículo e foi em direção à Praça dos Três Poderes dizendo que iria a um evento. Visita ao STF em agosto Segundo a colunista Malu Gaspar, a Polícia Federal já identificou que o homem chegou a Brasília em julho deste ano. Em agosto deste ano, Francisco chegou a visitar o Supremo Tribunal Federal já com os planos para o atentado. Em suas redes, o homem compartilhou uma foto dentro do plenário da Corte com a legenda; “Deixaram a raposa entrar dentro do galinheiro (chiqueiro) ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo. Provérbios 16:18 (A soberba precede a queda).” Quebra de sigilo Para investigar se ele agiu sozinho ou se mantém conexões com outras pessoas ou grupos extremistas, a Polícia Federal pedirá a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático, o que será decidido pelo STF. Com isso, a PF espera ter acesso a mensagens, extratos e outras informações que possam auxliar na apuração.

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