Empresa inadimplente, endividada, sem experiência e capital: atrativo do novo Bernabéu vira dor de cabeça para o Real Madrid

Clube subcontratou a Anastia Gourmet Hostelería para construir restaurante no estádio, mas obra segue parada, mesmo com empresa já tendo recebido diversos repasses Vivendo má fase dentro de campo, o Real Madrid tem enfrentado problemas também fora dele. O Sky Bar, restaurante que será um dos principais atrativos do reformado Santiago Bernabéu, segue fechado e sem qualquer previsão do início de seu funcionamento. Segundo o jornal espanhol Marca, a demora é resultado de "flagrante incumprimento contratual por parte da empresa a quem o empreendimento foi arrendado, Anastia Gourmet Hostelería". Mercado: Real Madrid não pretende emprestar Endrick em janela de janeiro, diz jornalista Veja também: acordo de City com Guardiola afasta 'canto da sereia' de Madri por Haaland, que negocia renovação, diz jornal De acordo com a publicação, a empresa não só não cumpriu os prazos estabelecidos como "mantém uma dívida próxima de quatro milhões euros com diversos fornecedores e empresas que se encarregaram da execução das obras". O espaço (o "mais exclusivo do estádio") é fruto de um acordo assinado pelos representantes do clube José Ángel Sánchez e Manuel Redondo e Javier Utande, como representante de Anastia. Mesmo tendo pouco tempo de fundação (e um capital social de apenas 3 mil euros), a empresa venceu a licitação e levou a concessão. O Real Madrid previa arrecadar cerca de 15 milhões de euros anualmente. Entre os eventos, estariam dois shows da cantora Taylor Swift, que seriam realizados em 29 e 30 de maio. Para a ocasião, diversos acordos foram feitos com fornecedores, bem como parceiros para a administração do local. Galerias Relacionadas A Anastia Gourmet Hostelería teria, segundo o Marca, se aproveitado do prestígio e da imagem do clube para "gerar confiança nos fornecedores, marcas e profissionais que participaram no projeto". "[...] Confiando na pronta abertura do espaço e na reputação do clube, [empresas parceiras, como a Heineken] adiantaram avultadas somas de dinheiro, enquanto inúmeras marcas e empresas efetuaram adiantamentos para garantir a sua presença nas instalações e em eventos que aconteceriam lá. Porém, Anastia, única responsável pela gestão, não utilizou esses recursos para cobrir os custos da obra", explica a publicação. Segundo o Marca, o dinheiro repassado à empresa "nunca foi utilizado para financiar a obra como deveria ou para pagar aos diferentes fornecedores, que adiantaram o seu próprio dinheiro para cumprir os prazos estabelecidos". Por conta disso, o Real "exigiu que Anastia apresentasse uma solução imediata", o que resultou no repasse parcial do acordo com a empresa ao Grupo García-Delgado. Esse grupo, porém, prometeu entregar o serviço até o fim deste mês, o que não será cumprido. Após o García-Delgado também tentar fazer novo repasse do acordo, o Real Madrid decidiu romper o contrato unilateralmente. Primeiro contratado, o grupo Anistia entrou com uma ação judicial contra o clube no valor de 16 milhões de euros, "acusando a entidade madrilena de explorar um espaço que continuam a considerar seu". Novo Bernabéu A reforma ainda está em andamento e, quando concluída, contará com galerias comerciais, áreas lazer e restauração, além de duas lojas oficiais do Real Madrid. O estádio também recebeu uma cobertura fixa e retrátil, que pode ser desdobrada em 15 minutos, fazendo com que todos os lugares estejam protegidos da chuva. Logo no início da temporada 2023/24, a novo terraço 360º, no anel do primeiro anfiteatro, passou a ser utilizada. O skywalk — como foi nomeado — fica no 10º nível da arena. O Real Madrid pretende manter o espaço aberto durante todo o ano como uma das atrações do tour no estádio. A capacidade máxima aumentou e passou de 81.044 para 84.744. Além disso, o estádio também conta com um novo sistema de gramado retrátil. O campo de grama natural utilizado nos jogos foi dividido em placas horizontais, que são guardadas uma sobre a outra em um depósito subterrâneo, quando necessário. A reforma foi anunciada em 2019 pelo presidente Florentino Pérez com previsão de término para 14 de dezembro de 2022, na mesma data em que o estádio celebraria 72 anos. No entanto, segundo o jornal espanhol 'Marca', a entrega foi adiada devido à guerra na Ucrânia, que atrasou a chegada dos materiais. O estádio promoveu uma profunda mudança na parte urbana da capital da Espanha, mais especificamente no distrito de Chamartín. O preço dos imóveis disparou depois do início das obras. Segundo levantamento feito por uma empresa imobiliária local ao jornal espanhol El País, o metro quadrado dos bairros do distrito, uma região de classe alta composta por seis bairros, pulou de 4,2 mil euros em setembro de 2016 para 6,2 mil neste ano. Um apartamento pequeno, de 32 metros quadrados, pode custar cerca de 200 mil euros, enquanto uma casa de alto padrão, de pelo menos 200 metro quadrados, chegaria aos 1,2 milhões de euros. Ainda segundo o levantamento, os preços de imóveis alugados subiram 46%, com apenas 5% dos imóveis disponíveis, em média, com preços mensais abaixo dos 1.200 euros. As hospedagens mais tradicionais custam cerca de 500 eurospor noite, em média. No Airbnb, as noites nos arredores do estádio chegam a quase 300 euros.