Eleições EUA: Como uma vitória de Kamala ou Trump afetará os brasileiros
Eleição da democrata pode significar mais oportunidades; retorno do republicano deve ter efeitos na cotação do dólar e na economia devido ao tarifaço Faltam poucas horas para as urnas nos EUA fecharem e as autoridades eleitorais darem início à apuração dos votos, que será acompanhada com expectativa pelos americanos e o mundo — inclusive pelo Brasil. Embora as autoridades brasileiras avaliem que os EUA devam ficar mais protecionistas independente da vitória de Kamala Harris ou Donald Trump, os impactos serão sentidos de maneiras significativamente diferentes a depender de quem ocupe a Casa Branca: enquanto uma vitória da democrata pode significar a abertura de oportunidades para os brasileiros, o retorno do republicano pode ter efeitos na cotação do dólar e na economia brasileira com o seu prometido tarifaço. Eleições americanas 2024: Primeiras seções eleitorais são abertas; acompanhe ao vivo a disputa Trump x Kamala Eleições americanas: Por que Donald Trump pode votar se a Flórida barra participação de condenados? O presidente LuizLuiz Inácio Lula da Silva não esconde sua preferência por Kamala. Em entrevista ao canal francês TF1 na sexta-feira Lula chegou a dizer que estaria “torcendo” para a democrata ganhar. Mais do que a continuidade das políticas de Joe Biden, Kamala também promete flexibilizar regras migratórias (ao mesmo tempo em que apertará o cerco aos que entram no país em situação irregular) e as ações econômicas podem significar um dólar mais barato para o resto do mundo. Mas também há questões sobre até que ponto o Brasil seria prioritário em um governo cada vez mais voltado para a Ásia e para a competição com a China. Já um retorno de Trump deve, caso ele cumpra o que prometeu, significar uma reviravolta política ainda maior do que a vista em 2017, quando sucedeu Barack Obama na Casa Branca. Para além do tarifaço, o republicano prometeu também a maior deportação em massa da História dos EUA e incrementar o uso e a extração de petróleo. Veja abaixo as propostas centrais dos dois candidatos e como elas podem afetar sua vida a partir do dia 20 de janeiro de 2025, data da posse presidencial. Imigração Trump Quer deportar imigrantes em situação irregular do país. São cerca de 11 milhões de acordo com estimativas, sendo que 200 mil são brasileiros. A medida pode ter impacto social, com o retorno de cidadãos que estão nos EUA há muitos anos e que não têm mais laços no país, e financeiro, com a redução de remessas financeiras a famílias no Brasil. Apuração da eleição nos Estados Unidos: Veja contagem nos 7 estados que devem definir presidente Quer também dificultar a emissão de vistos de residência temporária, especialmente de trabalho, ampliando uma política adotada em seu primeiro mandato, quando a taxa de rejeição de novos documentos e renovações disparou. Por outro lado, pretende facilitar a obtenção da residência permanente para estrangeiros formados em universidades americanas: segundo o Education USA, órgão ligado ao governo, há 16 mil brasileiros estudando em instituições no país. Kamala Pretende facilitar o processo de emissão de vistos, incluindo de trabalho e de acompanhante, o chamado visto L-1, que chegou a ser suspenso por Trump quando era presidente. Quer aumentar o número de vistos para estudantes, incrementando a oferta de bolsas e benefícios. Prometeu facilitar a concessão da residência permanente, o "green card" — em 2023, 28 mil brasileiros receberam o documento — eliminando os limites por país e agilizar o caminho para a cidadania — em média, cerca de 10 mil brasileiros se naturalizam americanos todos os anos. Eleições EUA 2024: Após comício em 'joia da coroa', Kamala dá entrevistas a rádios e prepara festa em 'Harvard negra' Na fronteira, quer reforçar controles sobre travessias ilegais, eliminar brechas para a concessão de anistia e incrementar os gastos com vigilância, mas sem cogitar políticas de separação de famílias, como sinalizou Trump. Segundo o Serviço de Proteção de Fronteiras dos EUA, desde outubro do ano passado foram capturados 32.130 cidadãos brasileiros tentando entrar de forma irregular no país, quase todos através do México. Economia Trump O plano de impor uma tarifa de 10% sobre importados deve afetar exportadores em todo o mundo, inclusive no Brasil, que vendeu US$ 19 bilhões em bens para o mercado americano no primeiro semestre. Mas tarifas ainda maiores para a China, de até 60%, podem abrir novos espaços para as exportações brasileiras, como de itens cruciais em indústrias de alta tecnologia, muito embora a preferência seja seja pela produção interna, dentro da política de "America First". As promessas de benefícios e isenções fiscais podem, apontam economistas, elevar o déficit público, pressionar a inflação e eventualmente forçar uma elevação dos juros pelo Fed, fortalecendo o dólar e também contribuindo para uma expansão inflacionária no Brasil. Kamala Investidores acreditam que, com Kamala no poder, o dólar perderá força e se tornará menos atrativ
Eleição da democrata pode significar mais oportunidades; retorno do republicano deve ter efeitos na cotação do dólar e na economia devido ao tarifaço Faltam poucas horas para as urnas nos EUA fecharem e as autoridades eleitorais darem início à apuração dos votos, que será acompanhada com expectativa pelos americanos e o mundo — inclusive pelo Brasil. Embora as autoridades brasileiras avaliem que os EUA devam ficar mais protecionistas independente da vitória de Kamala Harris ou Donald Trump, os impactos serão sentidos de maneiras significativamente diferentes a depender de quem ocupe a Casa Branca: enquanto uma vitória da democrata pode significar a abertura de oportunidades para os brasileiros, o retorno do republicano pode ter efeitos na cotação do dólar e na economia brasileira com o seu prometido tarifaço. Eleições americanas 2024: Primeiras seções eleitorais são abertas; acompanhe ao vivo a disputa Trump x Kamala Eleições americanas: Por que Donald Trump pode votar se a Flórida barra participação de condenados? O presidente LuizLuiz Inácio Lula da Silva não esconde sua preferência por Kamala. Em entrevista ao canal francês TF1 na sexta-feira Lula chegou a dizer que estaria “torcendo” para a democrata ganhar. Mais do que a continuidade das políticas de Joe Biden, Kamala também promete flexibilizar regras migratórias (ao mesmo tempo em que apertará o cerco aos que entram no país em situação irregular) e as ações econômicas podem significar um dólar mais barato para o resto do mundo. Mas também há questões sobre até que ponto o Brasil seria prioritário em um governo cada vez mais voltado para a Ásia e para a competição com a China. Já um retorno de Trump deve, caso ele cumpra o que prometeu, significar uma reviravolta política ainda maior do que a vista em 2017, quando sucedeu Barack Obama na Casa Branca. Para além do tarifaço, o republicano prometeu também a maior deportação em massa da História dos EUA e incrementar o uso e a extração de petróleo. Veja abaixo as propostas centrais dos dois candidatos e como elas podem afetar sua vida a partir do dia 20 de janeiro de 2025, data da posse presidencial. Imigração Trump Quer deportar imigrantes em situação irregular do país. São cerca de 11 milhões de acordo com estimativas, sendo que 200 mil são brasileiros. A medida pode ter impacto social, com o retorno de cidadãos que estão nos EUA há muitos anos e que não têm mais laços no país, e financeiro, com a redução de remessas financeiras a famílias no Brasil. Apuração da eleição nos Estados Unidos: Veja contagem nos 7 estados que devem definir presidente Quer também dificultar a emissão de vistos de residência temporária, especialmente de trabalho, ampliando uma política adotada em seu primeiro mandato, quando a taxa de rejeição de novos documentos e renovações disparou. Por outro lado, pretende facilitar a obtenção da residência permanente para estrangeiros formados em universidades americanas: segundo o Education USA, órgão ligado ao governo, há 16 mil brasileiros estudando em instituições no país. Kamala Pretende facilitar o processo de emissão de vistos, incluindo de trabalho e de acompanhante, o chamado visto L-1, que chegou a ser suspenso por Trump quando era presidente. Quer aumentar o número de vistos para estudantes, incrementando a oferta de bolsas e benefícios. Prometeu facilitar a concessão da residência permanente, o "green card" — em 2023, 28 mil brasileiros receberam o documento — eliminando os limites por país e agilizar o caminho para a cidadania — em média, cerca de 10 mil brasileiros se naturalizam americanos todos os anos. Eleições EUA 2024: Após comício em 'joia da coroa', Kamala dá entrevistas a rádios e prepara festa em 'Harvard negra' Na fronteira, quer reforçar controles sobre travessias ilegais, eliminar brechas para a concessão de anistia e incrementar os gastos com vigilância, mas sem cogitar políticas de separação de famílias, como sinalizou Trump. Segundo o Serviço de Proteção de Fronteiras dos EUA, desde outubro do ano passado foram capturados 32.130 cidadãos brasileiros tentando entrar de forma irregular no país, quase todos através do México. Economia Trump O plano de impor uma tarifa de 10% sobre importados deve afetar exportadores em todo o mundo, inclusive no Brasil, que vendeu US$ 19 bilhões em bens para o mercado americano no primeiro semestre. Mas tarifas ainda maiores para a China, de até 60%, podem abrir novos espaços para as exportações brasileiras, como de itens cruciais em indústrias de alta tecnologia, muito embora a preferência seja seja pela produção interna, dentro da política de "America First". As promessas de benefícios e isenções fiscais podem, apontam economistas, elevar o déficit público, pressionar a inflação e eventualmente forçar uma elevação dos juros pelo Fed, fortalecendo o dólar e também contribuindo para uma expansão inflacionária no Brasil. Kamala Investidores acreditam que, com Kamala no poder, o dólar perderá força e se tornará menos atrativo para o capital externo, que poderá migrar para mercados emergentes, como o Brasil. Esse movimento é creditado às políticas fiscais da democrata, que preveem, dentre outros pontos, ações para limitar a manipulação de preços por grandes corporações, reduzindo a inflação. Um dólar mais fraco significa cotações mais baixas no Brasil, reduzindo as pressões inflacionárias e permitindo, além do cumprimento das metas por parte do Banco Central, abrirá caminho para novos cortes na Selic. Momentos decisivos: Kamala usa defesa da democracia como aceno a eleitores indecisos em argumento final da campanha Com a crescente competição com a China, iniciada por Trump, mantida por Biden e também uma promessa de Kamala, e a busca pela redução da dependência de importações chinesas, o Brasil pode se apresentar como um fornecedor dos chamados minerais críticos, como níquel, cobalto, cobre, grafite e terras raras, que integram iniciativas ligadas à transição energética, uma pauta democrata. Meio Ambiente Trump Disse que, mais uma vez, abandonará o Acordo de Paris para o Clima em seu primeiro dia de mandato caso vença, sinalizando um potencial abandono de mais compromissos, como as contribuições para o Fundo Amazônia: até agora, Washington contribuiu com R$ 219 milhões à iniciativa. Quer intensificar o uso de combustíveis fósseis, com novos projetos de extração. Além de elevar suas emissões, isso deve baratear o preço do barril no mercado internacional, com impactos nas bombas de combustíveis. Mas eventuais novas guerras no Oriente Médio podem acabar com a era da gasolina barata. Kamala Sua vitória pode viabilizar, ao lado de um Congresso aliado (uma perspectiva incerta até agora), a concretização de uma promessa de Biden, a de um aporte de US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia. Mas mesmo nos cenários mais positivos para o Brasil, especialistas dizem que o valor não deve passar de US$ 50 milhões. Intenções de voto: Kamala e Trump têm disputa acirrada em estados decisivos, revelam novas pesquisas Há a expectativa de um maior apoio a políticas de combate e prevenção ao desmatamento. No auge das queimadas, em setembro, o Brasil pediu apoio a vários países, incluindo os EUA, para enfrentar e evitar os incêndios. Em 2019, enquanto era procuradora-geral da Califórnia, criticou o então governo de Jair Bolsonaro por sua gestão ambiental, e disse que ele precisava ser responsabilizado pela destruição da Amazônia. Tecnologia Trump Com Elon Musk como cabo eleitoral, sinaliza que deixará a cargo das próprias empresas as regras sobre o uso de plataformas como o X e sobre o desenvolvimento de inteligência artificial. Um cenário que sugere novos embates com a Justiça brasileira, e que pode afetar processos democráticos futuros, como as eleições de 2026. Kamala Sua vitória significará a continuidade das atuais políticas de Joe Biden, em especial da ordem executiva assinada em outubro do ano passado, focada na segurança e confiabilidade de tecnologias de inteligência artificial. Durante a campanha, circulou um vídeo seu, de 2019, no qual defendia que o Departamento de Justiça responsabilizasse as plataformas de mídia social por conteúdos extremistas, mas em setembro a Casa Branca criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal que bloqueou o X no país, alegando que ela feria a "liberdade de expressão". Democracia Trump Como afirmaram especialistas ao longo do último ano, os ataques de 8 de janeiro de 2023 guardaram uma semelhança intrínseca com a invasão do Capitólio, promovida por seus apoiadores no dia 6 de janeiro de 2021. E a motivação era a mesma: tentar anular um processo eleitoral legítimo, sob argumentações jamais comprovadas, e para isso fazendo uso da violência. No poder, ficaria no ar a incógnita se agiria, como o fez Biden, para barrar aventuras antidemocráticas por parte de extremistas. Vale lembrar que até hoje não reconheceu a derrota para o democrata em 2020, e diz abertamente que pode novamente não fazê-lo caso perca nesta terça-feira. Kamala Assim como Biden até sua desistência, se apresentou como uma candidata em defesa da democracia e contra a expansão das autocracias pelo planeta. Pouco depois dos atentados de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, afirmou que aquele foi um "claro ataque ao processo democrático brasileiro". Sua vitória, aliada a um hipotético enfraquecimento do trumpismo, poderia também minar discursos extremistas no Brasil, que usam os movimentos do ex-presidente republicano como uma espécie de norte para discursos, ideias e até teorias da conspiração "importadas".
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